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LOTEAMENTO BIOCLIMÁTICO VERDE PARA MATO GROSSO (LOBIVE-MT):, Notas de estudo de Urbanismo

Conforme será demonstrado, o clima é um aspecto funcional entre os condicionantes de projeto, e, sua amenização pode contribuir e contribuirá para a melhoria da ambiência, não apenas ambiental natural-física, mas psicológica. As novas cidades precisam ser feitas levando isso em conta. Portanto, se faz essa proposta de pesquisa acerca de uma configuração urbana que priorize a ambiência Bioclimática e agradável no âmbito psicológico e social.

Tipologia: Notas de estudo

2017

Compartilhado em 14/11/2017

isaac-alves-de-oliveira-9
isaac-alves-de-oliveira-9 🇧🇷

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Baixe LOTEAMENTO BIOCLIMÁTICO VERDE PARA MATO GROSSO (LOBIVE-MT): e outras Notas de estudo em PDF para Urbanismo, somente na Docsity! o . LOTEAMENTO BIOCLIMÁTICO VERDE PARA MATO GROSSO (LOBIVE-MT): ARQUETIPO DE LOTEAMENTO BIOCLIMATICO PARA O CONTEXTO DE MATO GROSSO PARA SER APLICADO EM BARRA BUGRES-MT Yo ISAAC ALVES DE OLIVEIRA LOTEAMENTO BIOCLIMÁTICO VERDE PARA MATO GROSSO (LOBIVE-MT): ARQUÉTIPO DE LOTEAMENTO BIOCLIMÁTICO PARA O CONTEXTO DE MATO GROSSO PARA SER APLICADO EM BARRA BUGRES-MT Monografia apresentada à Universidade do Estado de Mato Grosso como parte dos requisitos do Trabalho de Conclusão de Curso do Curso de Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Wesley Afonso da Silva Dias Barra do Bugres 2017 AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço aos meus pais, tanto pela minha existência, quanto por eu ter o privilégio de ser um universitário que fez e faz o curso que queria e quer, sem precisar de trabalhar. “Se eu for mal na faculdade ou relaxar, estarei desprezando do esforço dos meus pais” é o que acredito. Não poderia deixar de agradecer ao meu grande colega e inquilino provisório, Vicente. Este trabalho de conclusão de curso foi inspirado num projeto feito no segundo semestre do ano anterior ao qual foi escrita essa monografia (2015) onde Vicente era meu parceiro de dupla na matéria, que não por acaso, era lecionada pelo Wesley Dias, o orientador deste trabalho. Agradeço a Deus pelas coisas desagradáveis que me aconteceram, afinal tudo de bom ou ruim, fracassos ou vitórias, ajudaram-me a chegar até aqui, e, se tivessem ocorrido diferente, eu não seria hoje, melhor ou pior, o que sou. "O que rejeita a instrução menospreza a própria alma, mas o que escuta a repreensão adquire entendimento. ” Provérbios 15:32. ABSTRACT As will be shown, the weather is a functional aspect of the design constraints, its mitigation can contribute and contributes to improving the ambience, not only natural and physical environment, but the psychological ambience, the new cities need to be made taking this into account. Therefore, it is this research proposal about an urban setting that prioritizes Bioclimatic and pleasant ambience in the psychological and social context. Keywords: Urban design, ambience, Bioclimatic, urbanism, weather. Figura 24: Arvores podadas e alocadas incorretamente abaixo de redes ................. 81 Figura 25: Arvores de Grande Porte em calçadas. ................................................... 81 Figura 26: Mapa geral do núcleo urbano de Barra do Bugres - MT .......................... 83 Figura 27: Sombreamento do trecho da Av. Joaquim Mariano de Miranda em frente ao Pelachim ............................................................................................................... 84 Figura 28: : Sombreamento estimado do trecho do cruzamento da Av. Joaquim Mariano de Miranda e a R. José Antônio de Faria. ................................................... 86 Figura 29: Sombreamento estimado da Rua José Antônio de Faria. ........................ 88 Figura 30:Iluminação noturna da Rua José Antônio de Faria.................................... 89 Figura 31: Planta e mapa de árvores em continuidade de copas no canteiro central .................................................................................................................................. 90 Figura 32: Vista de árvores em continuidade de copas no canteiro central .............. 90 Figura 33: Mapa geral do núcleo urbano de Chapada dos Guimarães - MT ............. 91 Figura 34: Trecho destacando a Quadra da igreja de Santana e rua Cipriano Curvo .................................................................................................................................. 92 Figura 35: vistas a partir da Rua Cipriano Curvo ....................................................... 92 Figura 36: Tangara da serra, Barra do Bugres e Chapada dos Guimarães e suas linhas de força ........................................................................................................... 93 Figura 37: Localização do sitio de intervenção em Barra do Bugres - MT ................ 98 Figura 38: Visão de satélite e de rua da Gleba ......................................................... 99 Figura 39: Quadra padrão, destacando os jardins de chuva e as asas deltas ........ 101 Figura 40: Trecho Vila Goiânia, destacando o Cinturão Verde ............................... 101 Figura 41: Trecho do projeto destacando as praçasde convenivencia .................... 102 Figura 42: Perspectiva da via arterial, com mobiliários na calçada. ........................ 103 Figura 43: Traçado Geral destacando a resultante de desnível e as linhas de nível ................................................................................................................................ 104 Figura 44: Trecho mostrando a Hierarquia das vias ................................................ 105 Figura 45: Perspectiva da Via Arterial ..................................................................... 106 Figura 46:Planta mostrando os sentidos das vias na praça de convivência ........... 106 Figura 47: Perspectiva da praça de convivência e via local .................................... 107 Figura 48: Perspectiva da via coletora .................................................................... 107 Figura 49: Trecho da projeto mostrando o esquema de arborização: ..................... 108 Figura 50: Planta mostrando a arborização da praça de convivência ..................... 108 Figura 51: faixas de serviço e arborização .............................................................. 109 Figura 52: Pomar, distâncias ................................................................................... 110 Figura 53: perspectiva e esquerda do jardim de chuva e o estacionamento ........... 112 Figura 54: Trechos da planta de infraestrutura........................................................ 113 Figura 55: trecho da Setorização ............................................................................ 115 Figura 56: Volumetria padrão .................................................................................. 115 Figura 57: Afastamentos dos tipos lotes e área construível .................................... 116 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11 1.1. Tema ............................................................................................................ 11 1.2. Justificativa ................................................................................................... 12 1.3. Metodologia de Desenvolvimento do Projeto e Estrutura de Pesquisa ........ 14 2. ASPECTOS RELATIVOS AO DESENHO URBANO ........................................... 15 2.1. Técnicas e Conceitos do Desenho Urbano .................................................. 15 2.2. Forma Urbana e o Processo Desenho Urbano ............................................. 21 2.3. Traçado e Malha Urbana .............................................................................. 29 3. ASPECTOS RELATIVOS AOS ESPAÇOS LIVRES DE EDIFICAÇÃO ............... 37 3.1. Espaços livres e Paisagem Urbana .............................................................. 37 3.2. Ruas e Vias Urbanas de Trânsito ................................................................. 42 3.3. Áreas Verdes ................................................................................................ 52 4. ASPECTOS RELATIVOS AO CLIMA E AMBIENTE ........................................... 65 4.1. Clima Urbano ................................................................................................ 65 4.2. Conforto Ambiental ....................................................................................... 69 4.3. Critérios Ambientais Na Escolha Do Sítio ..................................................... 70 5. ANALISES DE CASO EM TANGARÁ DA SERRA, BARRA DO BUGRES E CHAPADA DOS GUIMARÃES ................................................................................. 73 5.1. Tangará da Serra.......................................................................................... 73 5.2. Barra do Bugres............................................................................................ 83 5.3. Chapada dos Guimarães .............................................................................. 91 5.4. As três Cidades ........................................................................................... 93 6. PROPOSTA .......................................................................................................... 97 6.1. Sitio e Localização ........................................................................................ 97 6.2. Traçado ...................................................................................................... 100 6.3. Distribuição das Vias .................................................................................. 105 6.4. Arborização ................................................................................................ 108 6.5. Infraestrutura .............................................................................................. 112 6.6. Setorização e Volumetria. ........................................................................... 114 6.7. Pranchas de Apresentação ........................................................................ 116 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 123 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 124 13 Um problema também ligado à distribuição urbanística é o isolamento de áreas verdes “Relação entre árvores e temperaturas vira tema de estudo em universidade [...] Pesquisa realizada em Goiás mostra que em uma mesma cidade há climas diferentes em bairros que possuem mais verdes ou mais asfalto. ”, esse foi o título e subtítulo de uma notícia da Edição do dia 19/10/2015 do “Jornal Hoje” da rede Globo de televisão, na notícia é dito que em “bairro de comércio, onde não há árvores, tudo é asfaltado e o trânsito é ruim o dia todo” no meio da tarde fazia aproximadamente 40º graus, “A equipe do Jornal Nacional foi pra uma área verde de Goiânia, em um dos maiores parques que tem na cidade. [...] o termômetro marcava 32.2 [ º Celsius]. ”, estava apresentando também drásticas mudanças de umidade relativa do ar, segundo o jornal: “A umidade relativa do ar também melhorou. Subiu de 14 para 40%”. Gouvêa (2002), Mascaró e Mascaró (2009 & 2010), também fizeram estudos nesse sentido, sendo que escolheu expor apenas o estudo de VASCONCELOS & ZAMPARONI (2011) por ter sido feito na capital de Mato Grosso. Será exposta aqui a opinião de autores sobre a distribuição de praças que, como será mostrado, são consideradas intrinsecamente áreas verdes. Segundo Macedo (1995, p.16) as Áreas Verdes são definidas por “Toda área urbana ou porção do território ocupada por qualquer tipo de vegetação e que tenham um valor social. Neles estão contidos bosques, campos, matas, jardins alguns tipos de praças e parques etc.” Assim sendo, o objetivo da pesquisa é fundamentar, para enfim, propor um arquétipo de loteamento para o clima tropical do cerrado, em especifico o tropical de savana, segundo ALVARES, Clayton Alcarde; GONÇALVES, e outros (2014), que focará no clima mato-grossense, usando Barra do Bugres para implantação a fim de exemplo para o arquétipo. E como dito antes, também se faz necessário que através dessa pesquisa se aprofunde no objetivo de um desenho urbano agradável em quesito de imagem. Barra do Bugres foi escolhida para implantação desse loteamento por uma questão de acessibilidade de informações para elaboração do projeto, uma vez que é onde está estabelecido o campus de Barra do Bugres da Universidade do Estado de Mato Grosso e que todos os problemas abordados são gerais do clima, latitude e contemporaneidades acerca do trânsito e o urbanismo, não é tão importante o local enquanto cidade. 14 1.3. Metodologia de Desenvolvimento do Projeto e Estrutura de Pesquisa O desenvolvimento do projeto foi compreendido por: a) Pesquisa bibliográfica segmentada em três capítulos de três subtítulos: O capítulo dos aspectos relativos ao desenho urbano, abarcando suas técnicas e conceitos, a forma urbana e processo do desenho urbano, a prática como traçado e malha urbana; O capitulo tratando dos espaços livres, relacionando-os com a paisagem urbana, das vias urbanas que também se tratam de espaços livres e formam o “sistema circulatório” do organismo cidade e sobre as áreas verdes que são enfoque do trabalho; O capitulo tratando sobre o clima e ambiente, complementar ao tema das áreas verdes e justificar mais ainda sua importância. Analises de caso, também dividas em três subtítulos, feitas nas cidades de Tangará da Serra e de Barra do Bugres; Tangará da Serra essa que já foi distrito de Barra do Bugres e hoje segundo o IBGE tem cerca de três vezes a população dessa, que mesmo assim no tocante às fundamentações são bem distintas, conforme será comparado. b) A proposta e estudo preliminar inclui analise dos levantamentos acerca da área de intervenção, aplicação da fundamentação e da pesquisa bibliográfica, com pesquisas adicionais para elencar o programa de necessidades e para elaboração do partido urbanístico-arquitetônico, o trabalho inclui criar croquis, concepção conceitual de projeto, e outros artifícios, a fim de possuir uma materialização volumétrica do projeto. c) Anteprojeto e detalhamento, contará com aprimoramento da etapa anterior com soluções descritas por completo através dos elementos: Pranchas no formato A1 em estilo Opera Prima apresentando além das informações necessárias a cada planta, pranchas: com a localização em relação à cidade, mostrando o traçado, a distribuição das vias, a distribuição da arborização, as cotas e esquema das linhas de infraestrutura, a setorização, volumétrica física e computadorizada, bem como renderizações que facilitem e valorizem o entendimento do projeto. O texto foi decorrido no gênero expositivo-argumentativo, sem conclusões parciais ao longo dos capítulos, apresentando aspectos do tema, os descrevendo e enumerando de forma a permitir a identificação clara do tema central do texto. Com conclusão constituída por uma síntese da demonstração feita no desenvolvimento. 15 2. ASPECTOS RELATIVOS AO DESENHO URBANO 2.1. Técnicas e Conceitos do Desenho Urbano Segundo Hepner (2010) apesar de importantes contribuições teóricas no período do final do século XX à dimensão físico-espacial (Mencionados com ênfase por ele: SANTOS & VOGEL, 1981; TURKIENICZ, 1984; BATISTA, 1984; HOLANDA, 1984; KRAFTA, 1986; e principalmente, DEL RIO, 1990) essa que segundo o autor estava praticamente abandonada na prática do planejamento no Brasil, que ele diz ser falho devido a poucos reflexos na maneira que continuou sendo praticado no período seguinte, com pequena penetração na academia e quase ausente nos órgãos públicos ligados ao planejamento. Hepner (2010) diz que o porquê disso é atribuído também à barreira que a distância linguística impõe sobre a transmissão das ideias, e até mesmo na própria dificuldade que encontramos ao transpor o conceito de “urban design” para o português. Ainda que a expressão urban design traduza-se usualmente como “desenho urbano”, a ideia contida no ato do design perde-se enormemente ao tomarmos o termo “desenho”, que possui uma conotação muito mais limitada, atrelada a uma atividade de cunho exclusivamente artístico e livre da maioria das complexidades inerentes ao assunto que discutiremos. Tampouco podemos traduzi-la alternativamente para “projeto urbano”, enfatizando assim o aspecto técnico-propositivo da atividade, pois daí obtém-se outro sentido completamente diferente e que, como demonstraremos mais adiante, é nocivo para a manutenção de seu significado original. Esta dificuldade de se encontrar um sinônimo à altura é real e já foi enfrentada na tradução de alguns importantes textos da literatura urbanística para a língua portuguesa, em detrimento dos leitores, os quais sequer tomam conhecimento de tais incongruências. Apenas para citar três exemplos dos mais relevantes, percebemos que a expressão urban design é traduzida por “desenho urbano” em Morte e vida das grandes cidades; por “projeto urbano” em Condição Pós-moderna; e permanece como “designurbano” em A imagem da cidade. (HEPNER, 2010, p. 16). Macedo (1995) também comenta sobre a falta de aplicação teórica, mas falando sobre o tocante do leigo e como percebe espaços livres de maneira mensurável, mas não identificável e que autores elaboraram trabalhos que direcionam essa percepção e avaliação. Mas diz que por mais que essas teorias 18 da vida de seus habitantes. Assim, são utilizados teorias, procedimentos e técnicas de Arquitetura, Psicologia, Ambiental, Geografia, História, Paisagismo, Planejamento, Ciência Política, Engenharia, Transportes, Administração de Imóveis, Microeconomia e tantas outras. (DEL RIO, 1990, p. 48). Segundo ele no capitulo “Por uma Definição de Desenho Urbano”, o Desenhar Urbano é “campo disciplinar que trata a dimensão físico-ambiental da cidade, enquanto conjunto de sistemas físico-espaciais e sistemas de atividades que interagem com a população através de suas vivências, percepções e ações cotidianas. ” (DEL RIO, 1990, p. 54). O ideal é que o desenho urbano origine-se com uma visão crítica da realidade urbana, visões essas que surgem à medida que a forma urbana muda, por isso ele deve ser cíclico e continuo, envolvendo a concepção de um desígnio alternativo, deve contar com debate e negociação para que se torne causa legítima e comum à coletividade, sendo intrínseco ao processo construção e reconstrução da cidade, demandando a formulação e aplicação de métodos variados para implementá-lo e concluindo de fato com a materialização espacial. “Um desenho urbano ideal” não pode ocorrer então, por a sociedade sempre estar em constante transformação, mas sim ter um ideal de atitudes a originar o desenho (HEPNER 2010). Falas nesse sentido são ditas também por Lynch (1999) se referindo à produção da cidade: A cidade [...] é o produto de muitos construtores que constantemente modificam a estrutura por razões particulares [...] há uma constante mudança no pormenor. Apenas parcialmente é possível controlar o seu crescimento e a sua forma. Não existe um resultado final, mas somente uma continua sucessão de fases. [...]. (LYNCH, 1999, p. 12). De outro lado Sitte (1992) ressalta que não é valido o pastiche e que devemos projetar como os antigos, mas no nosso contexto: “A história da construção urbana se dissociou da história da arquitetura e das outras belas-artes” (p.93). Segundo ele a reprodução da antiguidade não tem objetivo próprio, nem atende uma necessidade interessante, é apenas fruto do entusiasmo pelo esplendor da arte antiga. Dá exemplo de uma reprodução de um templo grego e satiriza a falta do fórum e da acrópole. Então para ele deve ser resgatado não o que “era visto” pelos antigos, sim “como era visto” no que se refere à visão da realidade urbana. Mas não é o que ocorre nas políticas públicas segundo Hepner (2010) elas costumam “[...]. Partir dos métodos pré-existentes, ao invés de selecioná-los ou 19 desenvolvê-los de acordo com um desígnio alternativo para a cidade e sua forma, impede que sejam pensadas maneiras alternativas de praticar o desenho urbano.”. (p. 34) e “Quando o desenho urbano parte de uma intenção desatrelada à concepção de um método de implementação” (p. 37) pode ser rejeitado por ser irreal, ou quando aceito de forma autoritária visando apenas seu resultado na renovação urbana não a participação. Esta dicotomia existente no desenho urbano entre produto e processo de implementação, no entanto, é praticamente inexistente no planejamento urbano. O planejamento raramente admite a existência de um produto, sendo neste âmbito exclusivamente um intermediador de interesses e um programador de ações e investimentos. O compromisso do planejamento é, de maneira bastante geral, o desenvolvimento urbano equilibrado, socialmente justo, economicamente saudável e ambientalmente responsável. [...]. (HEPNER, 2010, p. 37). Talvez isso possa ser atribuído a simplesmente uma questão de um tradicionalismo cego: “De um modo geral qualquer mudança está sujeita a ser encarada com desagrado, mesmo perante a evidência de que se trata de uma melhoria. Nas cidades a continuidade é uma característica desejável”. Cullen (1971, p. 18). BARNETT (1982: 12), apud Del RIO (1990) cita sobre a necessidade de se “ser realista” na concepção do desenho urbano levando em grande consideração as necessidades funcionais, para empenho até mesmo dos resultados artísticos: E para que possam produzir resultados significativos, tanto do ponto de vista prático quanto do artístico, ainda segundo BARNETT (1982: 12) os desenhadores urbanos devem se livrar da noção negativa de que seu trabalho ficaria ‘contaminado’ se partissem para a compreensão dos processos decisórios políticos e do mercado de capitais. Aquela tradicional postura ingênua, ainda hoje comum e típica dos arquitetos, que tapam o sol com a peneira quanto aos processos imobiliários e especulativos, formação e reprodução do lucro nos projetos urbanos, não pode ter mais vez no campo do Desenho Urbano, sob pena de distanciamento do real e da capacidade de implementação. (DEL RIO, 1990, p. 49). Segundo Hertz (1998), apud Lyra (2007): a urbanização necessita de projetos criteriosos no âmbito climático local em cidades tropicais por causa da degradação do clima natural, dificultador, do estabelecimento de condições térmicas adequadas, portanto o clima é também uma necessidade funcional. O clima será trabalhado com mais afinco no capitulo “ASPECTOS RELATIVOS AO CLIMA E AMBIENTE”. 20 Hepner (2010) diz também coisas complementares a essas falas de Del Rio (1990) como: que desenho urbano está geralmente vinculado à formulação de uma visão que será vacilante se não estiver associada à concepção e desenvolvimento de métodos viabilizados por meio da aplicação de habilidades e recursos para sua implementação, deve também ser apropriada em seu contexto socioeconômico. E aponta que “Uma das causas da relativa obscuridade teórica e metodológica que reina em relação ao desenho urbano é a falta de clareza sobre suas finalidades práticas gerais. ” (p. 35). Ele dá o exemplo de várias formas de o desenho urbano se efetivar: O desenho urbano pode, por exemplo, se efetivar através de intensa ação pública, incluindo numerosas desapropriações, obras de infraestrutura e construção de edifícios de caráter público. Pode, alternativamente, sustentar-se exclusivamente pela ação de empreendedores imobiliários privados, agindo em concerto ou em competição mais ou menos acirrada. Pode ocorrer através de parcerias entre agentes públicos e privados, com variadas proporções de participação e controle do processo por parte de cada um. Pode se basear em um projeto criteriosamente detalhado, em uma concepção abstrata ou em um código normativo genérico. Pode ser concebido em caráter estritamente técnico, ideológico ou mesmo mercadológico. Os métodos são tão variados quanto as concepções existentes para a forma urbana. No entanto, geralmente é possível identificar uma correlação entre a forma urbana idealizada e os métodos empregados para sua implementação. (HEPNER, 2010, p. 36). Segundo Cullen (1971) um grande número de arquitetos tem se ocupado com planos diretos, planos nacionais e outros projetos de grande escala, muitas vezes excluindo os interesses de âmbito local e particular. E por isso o arquiteto começou o senso do real, não conseguindo ver diretamente as coisas, por só as vê-las mentalmente. Uma arquitetura verdadeiramente expressiva e viril só poderá florescer com a satisfação pessoal, com o prazer suscitado pelo próprio processo criativo, para além da consideração do objeto em vista. (CULLEN, 1971, p. 94). [...] já que sem o prazer sensual a prática da arquitetura degenera inevitavelmente numa rotina sem sentido, ou quando muito, num exercício de mera agilidade intelectual. (CULLEN, 1971, p. 95). O desenho urbano pode apresentar tanto à expressão de projetos de caráter coletivos e democráticos, quanto ao fortalecimento de coalizões entre poderosos promotores imobiliários privados e as classes dominantes. Segundo Hepner (2010) 23 [...] A segunda variável se mede pela capacidade de alguma instância centralizadora [...] de impor a adesão e o respeito ao desenho por parte dos agentes que tomam parte do processo. (HEPNER, 2010, p. 42). Acerca do Desenho consciente ressalta: [...] a existência de um desenho consciente não garante que a forma urbana se conformará integralmente ao mesmo, pois a transposição da intenção à realidade passa por uma série de constrangimentos, tais como a disponibilidade de recursos, a efetividade prática da legislação urbanística, e de modo geral do empenho e coesão por parte dos atores envolvidos para perseguir a adequação das intervenções ao desenho. (HEPNER, 2010, p. 42). A forma urbana é mais do que aparência externa da soma de todos os objetos do contexto urbano. Ela resulta de como estes objetos, são percebidos pela sociedade e pelos significados que lhes são atribuídos. Cada intervenção conjuga-se com seu contexto produzindo significados que vão além do significado dos segmentos. Por isso forma urbana não pode ser analisada apenas em uma dimensão objetiva, mas também como uma realidade subjetiva provinda de uma concepção geradora da sua forma ao longo do tempo (HEPNER, 2010). Mas para Cullen (1971) a cidade deve ser como uma melodia, com sequências de acordes coerentes, onde pavimento é um dos mais importantes elementos para contribuição da unificação e coesão da cidade (em música chamamos essa função de “base”) por mais ricas em texturas e cores que sejam as construções se assentam num pavimento, quando o pavimento é ausente nos dá impressão de desarticulação. Cullen (1971) reforça essa ideia nessas falas sobre o transitável aos pedestres como humanizador, enquanto as vias motorizadas têm o efeito oposto: É a rede de caminhos para peões que transforma a cidade numa estrutura transitável, ligando diversos locais por meio de degraus, pontes, pavimentos com padrões distintos, ou quaisquer outros elementos de conexão que permitam manter a continuidade e acessibilidade. Enquanto as vias motorizadas são fluidas e impessoais, os caminhos para peões, insinuantes e ágeis, conferem à cidade sua dimensão humana. (CULLEN, 1971, p. 56). Lynch (1999) também propõe uma forma de organização “melódica”: Os acontecimentos e características ao longo de um caminho – elementos marcantes, mudanças de espaço, sensações dinâmicas – podem ser organizados numa linha melódica, sentidos e imaginados como uma forma que é apreendida com intervalos substanciais de tempo. [...] A forma pode 24 ser a sequência clássica: introdução – desenvolvimento – clímax – conclusão, ou pode traduzir-se por forma mais sutis, como as que evitam conclusões finais. (LYNCH, 1999, pp. 111-112). Lamas (1993) diz que quatro aspectos distintos podem ser reconhecidos na forma urbana: Aspecto funcional, relacionado às funções e atividades desempenhadas num espaço determinável, atividades básicas humanas e usos específicos atribuídos aos espaços; O aspecto quantitativo, relativos a atributos muito objetivos do espaço, como suas dimensões físicas e outros mais abstratos como densidades de pessoas, fluxos, coeficientes de aproveitamento construtivo e formas de propriedade como o parcelamento; O aspecto qualitativo ou ambiental, que se trata dos espaços relacionados a condições de conforto humano; O aspecto figurativo abrangente às propriedades estéticas do espaço urbano à percepção e interpretação pelas pessoas. Macedo (1995) apresenta três fatores a ser sempre considerados na avaliação de um espaço livre para se qualificar na sua durabilidade e estabilidade, que lembram muito esses aspetos descritos por Lamas: Avaliação Funcional – se a conformação morfológica e dimensional está correta para as finalidades; Adequação ambiental – se permite condições de salubridade e conforto ambiental adequado para várias atividades; Adequação estética – difícil de avaliar pela variação de expectativas sociais. A temática do Espaço Livre será mais aprofundada no próximo capitulo. Porém, Hepner (2010) ressalta a que esses fatores são facilmente observáveis, mas que a interpretação dos aspectos de Lamas acerca da forma urbana precisa ir mais longe: A análise da forma urbana baseada na identificação de aspectos funcionais, quantitativos, qualitativos ou figurativos limita-se apenas ao que pode ser extraído através de sua observação. Entretanto, a interpretação destes aspectos depende não somente do observador, mas também – e principalmente –, do contexto socioeconômico e cultural, ou seja, da “dupla morfologia” existente na cidade. Este tipo de análise centrada na forma pouco nos informa sobre como estas formas foram produzidas, ou porque foram produzidas de tal maneira e não de outra, ainda que assim se tenha atingido determinadas intenções figurativas ou funcionais que possam ser reconhecidas. Neste sentido, a forma urbana deve ser encarada como resultante de um processo de produção contínuo e geralmente não- uniforme, que se desenvolve dentro de uma sociedade ao longo do tempo 25 para suprir suas necessidades por espaços urbanos com diferentes funções e significados. (HEPNER, 2010, p. 28). Cullen (1971) no geral diz que o urbanismo moderno é demasiadamente difuso e ilógico, e diz que a cidade deve ser legível e complexa, mas que isso não é o mesmo que ser um caos: [...] metrópole, cidade, arcádia, parque, zona industrial, zona rural e o solo virgem. Estas são as categorias tradicionais, [...] qualquer que seja sua forma futura, o que parece bem assente é o próprio princípio da categorização, pois se não existirem distinções entre as coisas teremos uma mistura enjoativa que só será suportável enquanto se resistir a vontade de vomitar. [...] esse padrão tradicional está em vias de extinção: (CULLEN, 1971, p. 69). Cullen (1971) acredita que a dispersão no urbanismo algo negativo e “desurbanismo”, pois para ele o contexto urbano implica necessariamente nas possibilidades de encontro, não isolacionismo. Outra crítica feita por ele sobre o “desurbanismo” é a monotonia edificativa “Quando se registram variações tipológicas, tendem a surgir relações entre os elementos edificados que podem ser utilizados de forma eficaz para animar o conjunto. [...]” (p. 146), já quando acontece o oposto: “Pelo contrário, quando os edifícios são idênticos, sem preocupações de alinhamentos e de cotas, não se obtém uma variedade, mas sim uma monotonia, lamentável e triste. AAA... OOO...” (p. 146). Segundo Lynch (1999) ainda: “A imagem de um bom ambiente dá, a quem a possui, um sentido importante de segurança emocional”. (LYNCH, 1999, p. 14). E: Na realidade, um meio ambiente característico e legível não oferece apenas segurança, mas também intensifica a profundidade e a intensidade da experiência humana. Embora a vida no exterior da cidade moderna esteja longe de ser impossível, a mesma ação diária poderia adquirir um novo significado quando levada a cabo numa estrutura mais viva. A cidade é potencialmente o símbolo poderoso de uma sociedade complexa. Se for bem desenvolvida do ponto de vista óptico, pode ter um forte significado expressivo. (LYNCH, 1999, p. 15) Empreendo uma “ressignificação” do termo “desenho” relativo ao “desenho urbano” Hepner (2010) recorre ao arquiteto João Vilanova Artigas, em seu texto intitulado que possibilita aproximar técnica e arte para traduzir o desígnio do homem frente à sua visão ideal de mundo. O que Artigas indica com isto é que o desenho seria um meio capaz de conjugar um anseio expressivo, ou artístico, à aplicação de uma técnica 28 minuciosamente todos os motivos pitorescos das cidades antigas, estabelecendo um paralelo entre eles e as condições modernas, para que assim possamos esclarecer os aspectos artísticos desta questão, bem como identificar com precisão o que ainda pode ser resgatado, em nosso benefício, das belezas dos conjuntos urbanos antigos, conservando-as ao menos como patrimônio. (SITTE, 1992, p. 30). Uma fala interessante segundo Cullen (1971) é que se os urbanistas têm como objeto principal a comunicação com o público, não é bem pela via “democracia” que ocorre o convencimento, é mais para a via emocional. Uma vez que ele diz que qualquer mudança por mais evidências que mostrem em ser uma melhoria está sujeita a resistência e desagrado. Segundo Hepner (2010) a produção do espaço das cidades ocorre de maneira gradativa e transcorre de forma fragmentada e difusa. Por mais que o planejamento urbano estatal atue como um mediador, tendo em vista que determinadas formas atendem à determinadas demandas funcionais, figurativas e outras que possam existir, sua capacidade de influenciar a maneira como a forma urbana é configurada esbarra em diversas limitações. Isso é devido muitas vezes à maneira como o espaço urbano é visto pelas entidades do planejamento: um bem abstrato. Assim planos diretores e leis de zoneamento se detém praticamente apenas em impor limites para a edificação e utilização do espaço privado, baseando na distribuição pretendida de funções e atividades e parâmetros de capacidade de suporte da infraestrutura. Há insignificante controle do aspecto final da forma urbana, aparenta que ela seja configurada de maneira aleatória. Mas os diversos grupos tendem a apresentar suas próprias demandas e não enxergam assim, eles têm suas visões de como essas demandas podem ser satisfeitas, por isso abundantemente conflitam entre si. Portanto: Ao estudo da forma urbana e da maneira como a sociedade a produz e configura, assim como dos meios de promoção, intervenção e ordenação deste processo, dá-se o nome de desenho urbano. O desenho urbano é uma área específica do urbanismo, distinta do planejamento urbano, mas de tal modo entremeada ao mesmo, a ponto de obscurecer as diferenças existentes entre ambos. (HEPNER, 2010, p. 30). Essas falas de Hepner podem ser também ressaltadas por Lynch (1999): [...]. Cada indivíduo cria e sustenta a sua própria imagem, mas parece haver uma concórdia substancial entre membros do mesmo grupo. São essas imagens de grupo, mostrando o consenso entre um número significativo de 29 membros, que interessam aos planejadores de cidades aspirantes a um modelo de ambiente que muitos possam desfrutar. (LYNCH, 1999, p. 17). Alguns problemas são oriundos principalmente por parte das autoridades do poder público, pela escolha de objetivos a serem atendidos que são em parte ou completamente equívocos, ou também pode haver um conflito de grupos, basicamente divididos em aqueles que querem o aspecto de funcional do urbanismo e preservar a paisagem. Segundo Cullen (1971), as autoridades, para solução dos conflitos numa única resultante, recorrem a princípios que “ou funcionam ou tentam fazer do mal o menos: ” Ele ainda chama isso de “regra geral”. Um exemplo prático, seria uma avenida que possui uma iluminação deficiente, pelo fato de ter arvores de grande porte e copa densa no canteiro central, enquanto só apresenta postes de iluminação em um lado da rua, diante da exigência de melhor iluminação dessa rua por um grupo, o poder público local sugere para resolver o problema da iluminação, cortar as árvores, o que seria um grande problema, porque o clima local é quente e inclusive por isso, conforme observado, os pedestres costumam passar por essa avenida ao longo do canteiro a fim de evitar o sol (Tal necessidade dos pedestres terem preferência é também um argumento de Cullen (1971), Gouvêa (2002), Mascaró & Mascaró (2009) e outros). O grupo que antes queria iluminação eficiente nessa rua logo desiste da exigência. Aí estão os conflitos e a regra geral, a regra geral deveria ser condicionar conforto para os transeuntes (tanto psicologicamente pela segurança, quanto pelo conforto térmico), mas a regra aqui, para o poder público local, é a iluminação mínima com menor gasto. A regra geral deveria ser a iluminação eficiente e o conforto dos pedestres. Cullen (1971) sugere que se tomem soluções criativas para evitar danos à paisagem sem abandonar o funcional. Como dito anteriormente por Sitte (1993) “A necessidade é mestra”. Ele faz também critica a padronização e ortogonalidade que são marcas do urbanismo moderno, diz que elementos com agradável impressão arquitetônica muito dificilmente podem ser redutíveis a regras gerais. Questões acerca do traçado serão tratadas mais à fundo a seguir: 2.3. Traçado e Malha Urbana Ao se olhar para planta de uma cidade, devemos de cara, ver sua função primordial, isso porque a organização dos seus elementos reflete linhas de força que representam circunstâncias que originaram a cidade. De outro lado, quando uma 30 cidade se revela amorfa sem essas linhas evidentes, em geral, é por causa do fracasso na relação entre forma e função, assim as linhas de força se tornaram caóticas ou ausentes. Algumas cidades, desde tempos recentes, têm tido por essas razões caráter amorfo, mas isso possibilita também oportunidade ao urbanista. Afinal a missão do urbanista é de apaziguar embates de identificar funções ativas, através de sua metodologia que tem caráter de particularização, ele tendo êxito na identificação e interpretação visual das mais relevantes linhas, poderá determinar em boa parte se a cidade será morfologicamente caracterizada e inteligível (CULLEN 1971). Macedo (1995) falando sobre espaços livres do urbanismo moderno da década de 50: que dele se consolidaram as principais linhas do projeto paisagístico contemporâneo, ele diz também que o urbanismo moderno era marcado por um cenário ideal de prédios isolados, imersos em um verde continuo. A figura idealizada valorizava a criação de espaços livres morfologicamente indefinidos de relvados e arvoredos, sob um fundo composto de um céu azul, anil, permeado por estes pilotis de prédios isolados. Contesta-se a cidade tradicional e seus espaços hierarquizados em detrimento da formula aplicada na nova capital, na qual as superquadras são padrões, os modelos vivos. (MACEDO, 1995, p. 36). Ele aponta que essas fórmulas deram certo relativamente para nova capital Brasília, mas que em cidades tradicionais foram fracassos significativos. Esses padrões aplicados na cidade convencional, praticamente obrigou a população a intervir bruscamente para adequá-las. Ademais Macedo (1995) diz que em Brasília o sucesso é parcial, é observada uma grande quantidade de espaços que nunca são usados pela população e também à hierarquização de caminhos que recuperaram hierarquias urbanas tradicionais que não foram levadas em conta na concepção de Brasília. Estes fatos e outros mais nos levam a concluir que a imagem ‘modernista’ de espaço livre urbano verde e fluido é ineficaz e para uma futura conceituação e concepção de novos espaços. Esta deve ser substituída por uma visão menos romântica e mais objetiva, que vise atender às diferentes necessidades sociais de uso de tais espaços, de modo a sobrepujar tais conceitos e utilizar novos e mais adequados à vida urbana contemporânea. (MACEDO, 1995, p. 38). Gouvêa (2002) tem uma proposta radicalmente diferente dessa moderna para Brasília, exatamente pelas falhas práticas desses espaços em Brasília, e diz que 33 objeto de projeto, com uso, destinação e forma especificados, procurando criar uma cidade densa, diversificada e de baixos custos de implantação e manutenção. ” (p. 70); Definir sistema de espaços livres com dimensões em função do uso. Onde as praças também tenham seu sistema, sendo elas entendidas como espaços de encontro, esse deverá ser também hierarquizado, devendo ter uma organização formal diferenciada sendo ela subjugada a algum edifício âncora; Não se limitar aos mínimos estabelecidos pela lei e aumentando se necessário para atender à sensibilidade das áreas ou exigências socioculturais; Estabelecer uma hierarquia viária com ruas locais, ruas coletoras e vias principais, dimensionadas além de em função do fluxo, das possibilidades de ampliação e atividades de uso cotidiano. Lynch (1999) já, propõe que alguns aspectos à serem fixos num bairro garantindo certa homogeneidade: Um bairro urbano, na sua definição mais simples, é uma área de caráter homogêneo, reconhecida por indicações que são continuas dentro desta área e descontinuas num outro local. A homogeneidade pode traduzir-se em características espaciais, [...] pode verificar no tipo de edifícios [...] pode ainda ser notada no estilo ou na topografia. Pode ser uma característica típica dos edifícios [...]. Por vezes, é também na continuidade de cor, textura, material, pavimento, detalhes nas fachadas, iluminação, vegetação ou contornos. Quanto mais estes aspectos se sobrepõem, maior é a sensação de uma região homogênea. Acontece que uma unidade temática de três ou quatro desses aspectos é particularmente útil na delimitação de uma área. [...] Tais aspectos podem ser fixos num bairro, enquanto outros fatores se mostram variados quanto o desejamos. (LYNCH, 1999, pp. 116) Lynch (199, p. 117) também fala que “além disto, um bairro pode ser delineado por meio da clareza e fecho das suas fronteiras. ”, fazendo com que isso permite uma percepção clara. “Qualquer ilha pequena tem, de fato, uma particularidade devida a esta característica. E se a região é visível como um todo, [...] o isolamento é completo.”. Gouvêa (2002) apresenta condicionantes acerca da organização do espaço urbano pertinentes ao trabalho: a) Traçado/Planta Geral: Dimensionar os espaços livres urbanos de forma a serem sombreados com a projeção dos edifícios lindeiros, que deverão ser auxiliados com a vegetação; Ponderar traçados acompanhando as curvas de nível principalmente em solos de maior facilidade de erosão e em áreas de muita 34 declividade; O autor diz que o traçado xadrez moderno é eficiente em sítios de inclinação inferior a 5%. b) Dimensão da área urbanizada: Alternar com as áreas urbanizadas de alta e média densidade, zonas verdes e massas d’agua, evitando dimensão superior a 1,5km composta apenas por área edificada; Reservar um mínimo de 15% da área da Gleba para áreas verdes ou 12m² por habitante em máximo de 30m². c) Densidade: Gouvêa (2002) sugere a adoção de um sistema de hierarquia de densidade populacional com menor densidade em locais sensíveis ecologicamente. E sugere também: Adotar soluções para aumentar a porosidade de locais de média e altas densidades (maior que 300 hab./ha), procurando favorecer os ventos dominantes e os umedecê-los; Utilizar no geral, materiais claros em áreas densamente ocupadas; Selecionar lócus com solos resistentes mecanicamente, em função das edificações; usar vegetação abundantemente em zonas de alta densidade e espaços livres em geral combinadas a massas d’ agua com localização estratégica, usando a vegetação também para retardar a erosão do solo. d) Equipamentos comunitários e índices urbanísticos: Em função da nossa proposta ser limitada ao externo ao lote, com exceção de suas dimensões, como dito anteriormente, não transcreveremos aqui as condicionantes tocantes às edificações propriamente. À frente sintetizamos em tabelas (Tabelas 1 e Tabela 2) os índices e especificação das inclusas nessas categorias. Sobre o Traçado/Planta geral relacionado ainda à topografia, Lynch (1999) defende como uma grelha ideal uma que tenha certa consistência na direção, na inter-relação topológica e no espaço, sendo as constantes direcionais e topológicas já são suficientemente satisfatórias. A imagem se torna mais nítida se todos os caminhos em direção a um único sentido topológico ou a um ponto topológico ou um ponto cardeal forem passiveis de distinção visual a outros caminhos. [...] A cor, as plantas ou o pormenor podem ser usados do mesmo modo. A denominação e a numeração, os acidentes num espaço, a topografia, o detalhe, diferenciação dentro da rede, podem dar à estrutura um sentido progressivo ou até crescente. (LYNCH, 1999, p. 111). 35 Tabela 1: Equipamentos Urbanos e Suas Abrangências TABELA DE ESPECIFICAÇÃO DO EQUIPAMENTOS URBANOS E SUAS ABRANGÊNCIAS Equipamento Descrição Complementar N° de habitantes por Equipamento Área mínima (m²) Raio de Abrangência Máximo (m) Centro de Educação Infantil: Abrange creche, maternal e jardim de infância. - - - 3.000 300 Centro de Ensino Fundamental: Não necessária - - - 8.000 1.500 Centro de Ensino médio: Não necessária - - - 11.000 3.000 Centro de Ensino Especial: Atende alunos portadores de deficiências, que impeçam de se integrarem em escolas regulares. - - - 10.000 - - - Posto de Saúde: Não necessária 3.000 360 8.000 Centro de Saúde: Preferencialmente, em centro de bairros com fácil acesso por transporte coletivo. 30.000 2.400 5.000 Hospital Regional: Internação e emergência. Deve dispor pronto-socorro 24 horas 200.000 31.000 Regional Hospital Especializado: Não necessária 50.000 - - - - - - Hospital base São de capacidade e complexidade de assistência notáveis 500.000 50.000 Regional Posto policial Não necessária 20.000 900 2.000 Delegacia circuncriminal Não necessária 50.000 à 100.000 6.000 - - - Companhia independente da polícia militar Não necessária 200.000 20.000 - - - Companhia regional de incêndio Não necessária 75.000 4.000 15.000 Batalhão de incêndio Não necessária 120.000 10.000 - - - (CDS) Centro de desenvolvimento Social 100.000 3.500 - - - (USLI) Unidade de semiliberdade e núcleo de convivência 200.000 360 - - - Posto de atendimento ao Trabalhador Não necessária 200.000 100 - - - Casa Aberta Abrigo ao menor abandonado e maior abandonado 200.000 3.000 - - - Cemitério Não necessária 1.2m² por hab. já prevendo 100.000 hab. - - - Fonte: Do Autor, dados a partir de: GOUVÊA, 2002. 38 elemento essencial duma cidade, que necessita de ser povoado com objetos de modo a separar os fluxos desassociados em grupo. Os objetos separadores dos fluxos mencionados por Cullen (1971) soam bem relacionados com os limites por Lynch (1999), limites são definidos como: elementos lineares requerentes de certa continuidade que não servem ou não são considerados caminhos pelo observador/transeunte, como: rios, muros, loteamentos e outros. O limite se atribuído qualidades motoras e visuais, pode ser mais uma costura, mas uma linha de intercâmbio entre duas áreas do que uma barreira. [...] O limite pode ser reforçado se o pudermos avistar de alguma distância ou no caso de ele próprio marcar uma distância ou no caso de ele próprio marcar uma diferença nítida numa área e ser o elemento de junção de duas regiões fronteiras. [...]. Quando duas regiões contrastantes se situam numa quase justaposição [figura 2], é possível concentrar a atenção visual de modo simples, salvaguardando-se o avistar nítido do seu limite comum. (LYNCH, 1999, p. 112) Se um limite importante possui muitas relações visuais e também de circulação com a restante estrutura urbana, torna-se uma característica em relação à qual muito pode ser organizado. Um dos processos para aumentar a visibilidade de um limite é o desenvolvimento dos seus acessos ou uso [...]. Um outro poderá ser a construção de limites de grande altura, visíveis a longa distância. (LYNCH, 1999, p. 113) Na figura 2, abaixo, temos um exemplo de justa posição por Cullen (1971). A imagem à esquerda é um dos raríssimos exemplos de uma relação direta entre duas categorias distintas de paisagem: vila e campo. O caráter inequívoco de cada uma delas sai reforçado de tão vivo o encontro, não havendo lugar para qualquer ambiguidade. [...]. Na imagem [à direita] [...] opondo, desta vez o rural ao industrial [...] constitui um bom exemplo do que deve ser a categorização da paisagem [...]. (CULLEN, 1971, p. 60) Figura 2 Exemplos de Justaposição Editado a partir de disponível em: CULLEN, 1971. 39 Por haver também os casos onde as naturezas de duas regiões não têm contraste, Lynch (1999, p. 112) sugere diferenciar ambos os lados do limite orientando o observador no sentido de “exterior – interior”. Este efeito pode ser conseguido através do uso de materiais contrastantes, de plantas ou de uma linha côncava usada logicamente. O limite também pode ser delineado de modo a facilitar a orientação ao longo do seu percurso, apresentando um desnível, alguns pontos identificáveis em determinados intervalos, ou individualizando um dos extremos em relação ao outro. Quando o limite não é continuo ou circular, é importante que os seus extremos tenham fins definidos, pontos de apoio reconhecíveis que completem e localizem a linha divisória. (LYNCH, 1999, p. 112) Gouvêa (2002) também propõe o uso dos desníveis para projetação dos espaços livres, privilegiando áreas com desníveis mais notáveis para implementação de mobiliários. Segundo Cullen (1971) é muito mais eficaz fazer um talude em uma área que se deseja que não transitem que por placas, por exemplo, entre outras barreiras “[...] gradeamento, fosso, arbustos e desníveis. Todos permitem um acesso visual, mas impedem o acesso físico” (p. 52), aí ele falando de uma estátua numa praça. A arte de jogar com diferentes níveis é uma parte importante de arte da paisagem urbana. Variações no nível do terreno podem ocorrer quer diretamente, resultante do perfil do local quer artificialmente, surgindo das solicitações que o urbanista deve satisfazer. Mas seja qual for a sua origem, as nossas reações aos níveis são acentuadas antes de mais pela sensibilidade particular que sentimos em relação à nossa posição no mundo. (CULLEN, 1971, p. 176) Segundo Cullen (1971), os desníveis além de terem aplicações puramente funcionais, causam várias sensações pela relação direta entre o observador e seu meio, “Estar acima do nível de referência produz uma sensação de autoridade e privilegio; estar abaixo, uma sensação de intimidade e proteção. [...]. Os objetos adquirem significados através de sua relação com níveis. ” (p. 176). Um edifício acaba com um ar de monumento quando projetado no alto de uma encosta, como um objeto num pedestal, podendo ocorrer similar com um edifício alto em relação ao skyline. Apesar do valor funcional do desnível, nem sempre se terá casos em que pode escolher entre soluções alternativas com apenas referências utilitárias. Cullen (1971) dá exemplo de uma situação que se deseja separar um espaço com cadeiras 40 e mesas, de um espaço de circulação em uma praça ou parque, para decidir qual ficará no nível mais alto dependerá da sensação que queremos privilegiar a cada espaço. Segundo ele: estar acima do nível passa uma sensação de posição privilegiada, indício de diferentes níveis causam sensação de vivacidade, estar abaixo do nível causa sensação de intimidade e aconchego, e um plano inclinado que une dois desníveis causa uma sensação de elegância. Macedo (1995) apresenta nove ações como fundamentais ao planejamento dos espaços livres urbanos, aqui essas simplificadas: Aceite de um real sistema urbano de espaços livres de edificação, abarcando todos seus tipos; Abandono da postura crédula em relação às metragens de área verde por habitante, como o índice de 12/m², como uma solução para os problemas de carência de áreas de lazer e de conservação de recursos ambientais; Estabelecimento de critérios de distribuição de espaços livres públicos de acordo com as carências sociais, acessibilidade e manutenção dos recursos ambientais finitos; Estabelecimento prévio do crescimento urbano direcionando a priorizar áreas pertinentes à construção e efetivação de espaços livres; Revisão dos padrões de distribuição dos espaços livres nas quadras redefinindo seus limites, se desejáveis, inclusive da privatização do lazer; Idealização de quadras urbanas e seus espaços livres que devem ser tratados como sistemas e não como espaços residuais, especialmente nas quadras de sistema mais complexos; A revisão dos padrões de projeto dos espaços livres, buscando adequar cada um deles ao contexto do território no qual está situado; Reconhecimento do papel da rua como espaço de lazer e a revisão de seus padrões de projeto; A inclusão de áreas de beira-água utilizados pela comunidade como participantes efetivos de espaços livres de edificação urbanos. A proposta de Gouvêa (2002) acerca dos espaços livres é que: Em conjuntos residenciais que recebam vento oriundo de setores industriais sugere-se a implantação de uma barreira verde configurada respeitando os parâmetros de conforto ambiental; No sistema viário utilizar equipamentos acessíveis a portadores de necessidades especiais; Utilizar nos espaços livres em geral, espécimes vegetais que incitem às atividades lúdicas (exemplos do autor na figura abaixo); Evitar plantar arvores frutíferas com frutos médios à grandes ou que soltem resinas nos estacionamentos, caminhos de pedestres e áreas de permanência prolongada como praças e etc; priorização em selecionar espécimes que sirvam de alojamento e 43 fim e a singularidade do próprio lugar é realçada pelo contraste sentido em relação à imagem total. (LYNCH, 1999, p.116). Macedo (1995) afirma que ruas assumem na cidade brasileira desde tempos bem antigos, também como espaço de lazer para população, em atividades como conversas e jogos. E que com o aumento do trafego nas cidades isso acabou quase por sumir dos hábitos, mas se mantem nas ruas tranquilas de bairros suburbanos residenciais de baixa densidade. Tanto nessas ruas, que eram destinadas especialmente ao lazer nos fins de semana, quando tinham seus espaços fechados ao trânsito de veículos, como em toda e qualquer rua tranquila, observa-se frequente o uso do leito carroçável para estes fins, principalmente os jogos de crianças e adolescentes. (MACEDO, 1995, p. 22). Cullen (1971) também ataca a ortogonalidade e o desprazer estético que ela causa: A racionalização de todos os espaços unicamente em ruas ou, pior que isso, numa grelha ortogonal uniforme de ruas, parece ser contrária a natureza humana, e fundamentalmente ilógica uma vez que parece não se basear no caráter intrínseco das cidades tal como a conhecemos. (CULLEN, 1971, p.48). Segundo Cullen (1971), a ondulação pelo contrário é prazerosa e que de qualquer jeito que se apresente sempre proporciona grande gama de possibilidades. E analisando essas falas fica implícito que o avanço dos automóveis junto as configurações muito ortogonais das ruas contribuiu para essa diminuição do uso da rua como espaço de lazer apontada por Macedo (1995). Sitte (1992) também ressalta a gelidez do traçado ortogonal das vias: “Linhas e ângulos retos tornaram- se as características típicas de cidades insensíveis. [...]. Uma alameda demasiada longa e de toda reta tem um efeito entediante mesmo no mais belo dos lugares. ” (p.95). “[...]. Uma curva, bem pronunciada no sentido descendente, pode ser uma imagem inesquecível. ” (p. 110). De outro lado Lynch (1999) sobre a curva e retidão da via: A linha de deslocação deveria ter uma direção clara. O computador humano perturba-se com muitas e sucessivas voltas, ou com curvas graduais ambíguas que, no fundo produzem mudanças de direção mais significativas. [...] não podemos negar que uma rua reta possibilita orientarmo-nos em ruas onde curvas de noventa graus bem definidas ou viragens ligeiras, que nunca saem da direção principal, predominam. (LYNCH, 1999, p.108). 44 Gouvêa (2002) falando em proposições de partidos para a malha urbana viária ainda ressalta que o xadrez moderno pode ser viável em áreas de baixa inclinação, e, que em de maiores inclinações devesse utilizar linhas de vias acompanhando o desnível e ou nas diagonais entre as curvas. Mas se refere ao tocante à erosão. Apesar de o segundo caso ser mais claramente mais interessante ao ponto de vista de Cullen (1971) e Sitte (1992). Macedo (1995, p.23) explica ainda que as ruas podem constituir e constituem uma grande gama de usos “... espaços de lazer, possibilitando encontros informais, jogos e até algumas atividades de trabalho, como a lavagem e conserto de veículos...” e da ênfase em que Vilas, vielas e ruas com acesso restrito de veículos se mostram os espaços mais adequados para o lazer por oferecer condições ideais para seus usuários. A diversidade do uso “é favorecida pela constituição formal desses espaços – pisos simples, pavimentados – que por este mesmo motivo se adaptam às mais diversas situações do jogo de bola, ao pular corda e a roda.”. Lynch (1999) argumenta sobre a legibilidade da cidade enquanto a orientação, como citado anteriormente, e também diretamente das ruas: Toda a imagem de uma cidade se torna difícil se as ruas de maior importância são dificilmente identificáveis ou facilmente inidentificáveis ou facilmente confundíveis. [...] É uma necessidade lógica que as ruas, uma vez identificáveis, tenham também continuidade. As pessoas estão, normalmente, dependentes desta qualidade. (LYNCH, 1999, p. 63). Lynch (1999) usa como exemplos de características que conferem continuidade fachadas de edifícios, vegetação marcante das avenidas e o tipo de construções ao longo da rua. Ele, porém, evidência que as ruas podem ter qualidades direcionais sem serem identificáveis ou continuas: [...] uma direção ao longo de uma linha pode ser facilmente distinguida do inverso. Isto pode ser obtido através de um desnível, uma mudança regular, numa qualidade que cresce progressivamente numa direção, com vista atingir um máximo. [...] Uma curva prolongada é também uma mudança, uma forte alteração na direção em que movemos. (LYNCH, 1999, p. 65) O estudo de Lynch (1999) concluiu também que ruas com origens e términos bem conhecidos tem identidade mais marcante. Esta espécie de diferenciação fim-forma-fim, que é conseguida pelos extremos de uma rua, pode também ser criada pelos extremos de uma rua, 45 pode também ser criada por outros elementos, que podem ser vistos juntos ao fim ou ao fim aparente de uma rua. [...] Elementos acerca dos quais conhecemos a sua posição num lado da especifico da rua, servem também de orientação: [...] Tendo uma rua direcional, pode também possuir a característica [...] de ser ”graduada”. Podemos ser capazes de calcular a nossa posição em relação ao comprimento total da rua, ter consciência da distância percorrida ou da ainda a percorrer. (LYNCH, 1999, p. 66) [...] A marca de regiões identificáveis, o modo como uma rua nelas entra e delas sai, constituía também um meio eficaz de apontar direções e graduar uma rua. (LYNCH, 1999, p. 67) Segundo Lynch (1999), as ruas devem ter suas qualidades direcionais alinhadas de modo a que o transeunte perceba suas variações, o autor diz que ruas com curvas sutis e com cruzamentos alinhados fazem que o transeunte tenha uma ilusão de que elas sempre mantem a mesma direção, uma mudança direcional abrupta de outro lado realça a “[...] clareza óptica limitando o corredor espacial e criando locais proeminentes com vista a conseguir estruturas distintas. ” (p. 67). Ele observou também que a dissociação com os arredores leva os transeuntes a evitar esses percursos, mesmo os experientes. Cullen (1971), também chama atenção a legibilidade da forma urbana, de outro lado, propõe a criação de um código universal de cores e padrões para indicação das vias, assim como uma nova ordem estética funcional da paisagem urbana, para mais simples leitura da rua. Ele justifica que usar artifícios a impedir o automóvel ao pavimento restrito aos pedestres se causa uma sensação doméstica. Gouvêa (2002) por sua vez, como dito anteriormente diz que se deve estabelecer uma hierarquia viária com ruas locais, ruas coletoras e vias principais, dimensionadas além de em função do fluxo, das possibilidades de ampliação e atividades de uso cotidiano. O que contribui para proporcionar a proposta de Cullen (1971). Lynch (1999), dentre proposições para o desenho das vias propõe que: As vias deveriam ter uma qualidade particular capaz de as demarcar dos canais circundantes [...] de tal modo que dessem continuidade a via. [...]. Isto leva-nos a algo que pode ser chamado uma hierarquia visual e caminhos, análoga à recomendação familiar de uma hierarquia funcional: uma distinção sensorial dos canais mais significativos e a sua unificação como elementos perceptuais contínuos. Este é o esqueleto da imagem da cidade. (LYNCH, 1999, p. 108). 48 das subdivisões criadas, que são a escala humana de proposta de incidentes do sentido do desenrolar ou da vedação da identificação. (CULLEN, 1999, p.108). Cullen (1971) usa de exemplo a comparação os dois casos de plantas esquemáticas de cruzamentos da figura 6. Sendo o primeiro a representação de duas vias se cruzando em ângulo reto, onde ele diz que é causada desorientação por todas as entradas (ou saídas), serem iguais. Já no segundo caso, com o cruzamento um pouco defasado obstrui um pouco a perspectiva gerando elementos construídos como referências. Segundo ele isso já seria argumento suficiente para descartar o primeiro caso, e, ainda propõe localizar em pontos de delimitação edifícios de equipamentos urbanos. Segundo Lynch (1999), obstáculos muitas vezes complicam as estruturas, porém em outros casos eles podem ser classificadores e concentrar fluxos diversos em canais. A imagem anterior também serve para ilustrar uma quebra de estrutura e concentração de fluxos. Figura 6: Cruzamento perpendicular regular e cruzamento deslocado Fonte: CULLEN (1971) Lynch 1999) fala de cruzamentos em Boston com mais de quatro ramais que sempre eram motivo de problemas, mas adverte que: “[...] Mesmo um cruzamento de cinco ruas não perpendiculares pode tornar-se simples. ” (Lynch, 1999, p.69). Ele dá exemplo disso em Copley Square – Boston: Além disso, segundo Lynch (1999, p. 113): “Quaisquer quebras no movimento, cruzamentos ou pontos de mudança de direção, são locais de acentuada percepção. ” Por isso cruzamentos são propícios para localizar um elemento marcante por que o seu “Crucial é sua localização”. O espaço controlado e a importância do caráter do cruzamento servem para realçar a relação do ângulo entre a Avenida Huntington e a Rua Boylston. O Park Square, por outro lado, é apenas um adicionamento perpendicular que na sua falta de não consegue revelar a sua estrutura. (Lynch, 1999, p.69). 49 Figura 7: Cruzamento de cinco ruas e trecho Editado a partir de disponível em: LYNCH, 1999 e Google Mapas, acesso em 29/05/2016. [...] pudemos concluir que edifícios vulgares, situados em pontos decisivos na orientação, são mais facilmente retidos na memória, enquanto estruturas distintas ao longo de uma rota caíram no esquecimento. Um elemento marcante é, contudo, mais forte quanto é visível através de um longo período de tempo ou distância espacial, e mais útil se a direção de onde o avistamos pode ser identificada. Se a pudermos identificar, quer ao longe quer ao pé, quer nos movamos devagar ou rapidamente, quer de dia quer à noite, tornar-se-á um ponto de apoio para a percepção do complexo e mutável mundo urbano. (LYNCH, 1999, p.115). Lynch (1999, p. 115) diz também que: “Os cruzamentos são os pontos de apoio conceituais de nossas cidades. ” para tanto é necessário que o cruzamento adquira “identidade pela espécie singular e continua de seus pavimentos, paredes, iluminação, vegetação, topografia ou horizonte do cruzamento. O essencial [...] seja distinto, um local inesquecível a não ser confundido com qualquer outro.”. Ainda traz essas falas acerca: 50 O nó central pode definir-se bem melhor se tiver limites nítidos, fechado e não se prolongue incertamente para cada um dos seus extremos; será ainda mais notável e possuir um ou dois objetos, focos de atenção. Mas, se puder ter uma forma espacial coerente, será <<irresistível>>. (LYNCH, 1999, p.115). Se a interrupção de um percurso ou aparecimento de um ponto decisivo num caminho coincidir com o cruzamento, este atrairá ainda mais atenções. O encontro entre caminho e cruzamento tem de ser bem nítido, tal como o é quando existem ruas intersectando outras. O viajante deve notar como entra no cruzamento, onde a interrupção ocorre e de que forma ele sai deste cruzamento. (LYNCH, 1999, p.116). Ele também diz que a cidade é normalmente organizada como um conjunto de ruas, onde a intersecção é o ponto de ligação e decisão do movimento. Se isto for claro, o observador construirá imagem satisfatória. A intersecção pode ser difícil de definir, mas ela deve se mostrar simples também para a estrutura dos caminhos ser simples. A simplicidade das intersecções deve ser mais topologia do que geométrica; é preferível o cruzamento irregular de duas ruas bem perpendiculares (figura 6), que um de três ruas formando um triângulo equilátero. Conjuntos paralelos, eixos simples de: uma, duas ou três ruas cruzando em linha reta com eixos ligados também são estruturas simplificadas. Mascaró e Mascaró (2010) sugerem a adoção de que em ruas com estacionamentos paralelos sejam adotados o tipo da configuração da figura 8. Segundo eles essa configuração tem essas vantagens: O estacionamento ser bem organizado com dois carros por espaço; os automóveis podem ficar embaixo das árvores; e, os canteiros delimitam as faixar de rolamento e de estacionamento. Figura 8: Estacionamentos recuados em relação a rua Editado a partir de disponível em: MASCARÓ & MASCARÓ, 2010. Mascaró & Mascaró (2010) também fazem proposições acerca da arborização das vias e adotam a tabela a seguir para ser seguida na implantação as arvores nas ruas. É necessária também uma descrição complementar das características que definem as arvores como dos respectivos portes mencionados Mascaró & Mascaró 53 espaço que possua vegetação. Diz também que o termo é empregado para denominar áreas de lazer público que não necessariamente precisam ser arborizadas. Ele Culpa tal ocorrência devido a uma submissão ao “hipotético índice de 12m²/habitante” de área verde segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Macedo (1995) diz que os critérios para formalização desse índice de áreas verdes devem ser para uma distribuição eficaz e funcional: localização, porte, forma de acessibilidade, suporte físico de onde estão instaladas. Ele argumenta que se o índice de 12m² fosse aplicado deveria obedecer a parâmetros de distribuição. Na figura 9 foram adaptados os três hipotéticos exemplos de distribuição possível de áreas verdes usadas por Macedo (1995): Figura 9: Distribuição de áreas verdes utilizando o índice de 12m² de área verde Adaptado de: MACEDO (1995) Todos os casos apresentam a mesma área verde, só que com certeza os exemplos 02 e 03 apresentam-se muito mais convenientes, pela forma de distribuição e acessibilidade de seus espaços, em termos de lazer urbano, 54 que no exemplo 01, que possui na realidade apenas uma excelente área de conservação de mata e de encostas. (MACEDO, 1995, p. 19): Ele afirma que a distribuição do tipo 03 com áreas menores iguais distribuídas por todo o tecido urbano homogeneamente, é a que privilegia mais igualmente os moradores em termos de acessibilidade e distribuição. Gouvêa (2002) trabalha com índices de 5m²/habitante para praças e parques, ou 0,6% da área total parcelada para praças e largos, incluída nos 15% de área verde. Além disso, ele estabelece essas condições para implementação dessas áreas: Estabelecimento da diferenciação física das praças, é recomendado nas praças com mais de 4km² a organização de espaços para lazer passivo e ativo; Projetar praças em vários níveis em topografia e também em vegetação (arbóreas, arbustivas e gramíneas), devendo estudar também o emprego de esguichos e ou espelhos da agua. Falas nesse sentido são reforçadas por Romero (2000): Nas regiões quente-secas, a presença de água no espaço urbano se faz imprescindível. Esta pode ser obtida através de fontes localizadas em praças, parques ou largos; esta água deve ser protegida com vegetação, formando uma abóbada com a folhagem para abrigá-la da radiação quente e deslumbrante e conservar o frescor advindo da sua presença. (ROMERO, 2000, p. 59) Indicação segundo Gouvêa (2002) do Estabelecimento de hierarquia de parques seguindo o computado dentro dos 40% para espaços públicos e dos 15% destinados para as áreas verdes, sugere sempre atentar ao uso das espécies nativas locais e do cerrado (no nosso caso é o mesmo): a) Parques, praças de vizinhança: Dimensão de área mínima de 6km², podendo ser dissociadas em áreas de 1km², atendem 10.000 habitantes e tem raio de influência de 600m. b) Parque de bairro: Deve ser localizado e área de fácil acesso ao bairro, dimensão mínima de 20km² atendendo à 20.000 habitantes e tem o raio de influência de 2,4km. c) Parque da cidade: Localização privilegiada sendo bem acessível por transporte coletivo deve ter dimensão de acordo com as diretrizes do plano diretor, poderá adotar a dimensão mínima do parque de bairro. Deve ter preferência de áreas contiguas a cursos d’agua existente. Gouvêa (2002), preservar as nascentes integrando-as as praças e parques urbanos, respeitando os afastamentos previstos em lei das áreas construídas; Os parques urbanos também deveram oferecer as 55 diversificações como recomendadas a praças e essas diversificações também definiram os espaços como meio de sinalização, deve sempre ser atentada a adequação ao equilíbrio ecológico local. Também é dito que se deve buscar nos sistemas de caminhos respeitarem a topografia existente, sendo os desníveis interessantes à implantação de mobiliário urbano e até massas d’agua. Sitte (1992) sobre praças diz que estas devem ser dimensionadas para recebermos impressões pela proporção com os edifícios que ela deve ser subjugada, fala inclusive que são demasiadamente exageradas as escalas das praças modernas, à sua época, por vezes causando um sentimento de desconforto e até agorafobia em alguns casos. Cullen (1971) também apresenta argumento nesse sentido, que é mais um reforço à ideia de áreas verdes com distribuição mais fragmentada e com menores dimensões, evitando largos muito extensos, principalmente se forem ausentes de volumes que sejam. Segundo ele o pedestre se desespera diante extensões amplas ritmadas por grandes largos de cimento. Lynch (1999) por sua vez diz que: “Um panorama vasto causará, por vezes, um caos ou será expressão de solidão, mas cenário bem organizado parece ser o principal de uma cidade agradável. ” (LYNCH, 1999, pp. 53-54). Cullen (1971) tem também outro ponto pertinente às áreas verdes de menores dimensões em maior número, ele sugere “uma forma de organização da cidade, que conduzira a uma distribuição mais equitativa de privilégios [...] pracetas arborizadas e reservadas apenas ao trânsito local. ” (p. 100) podendo ser as pracetas pública para escala da cidade, exclusiva, popular e local. Ele defende as pracetas com distribuição mais equitativa e fala de como evitar sua “morte” ficando para trás espaços que não valem a pena o gasto de ser mantidos que não permitem trânsito dos pedestres. O ponto de áreas verdes de menores dimensões e maior frequência também é reforçado por Romero (2000): Os espaços públicos devem ser de pequenas proporções com presença de água e sombreados pelos edifícios altos e por dispositivos complementares (galerias, marquises etc.); [...] é no edifício que a umidade deve ser obtida através da solução dos pátios com presença de água e vegetação resguardada pela sombra da edificação. O princípio do pátio pode ser introduzido para o controle dos espaços públicos a partir de uma morfologia 58 recursos empregados e a simbioses da complexidade-ambiguidade ajudam a definir a qualidade da paisagem. (MASCARÓ & MASCARÓ, 2010, p. 13) Na figura 11 extraída dos exemplos Mascaró & Mascaró (2010, p. 24), temos apresentados algumas aplicações da vegetação nas calçadas criando organizações e sensações no espaço. No item 1: “Planos vegetais que organizam e dominam o espaço urbano”, no item 3 “Árvores que formam uma cobertura vegetal sem modificar o perfil da edificação.”, no 2 uma rua sem vegetação, com os muros estreitando seu espaço e no 4 “A vegetação protege o muro e amplia psicologicamente os espaços urbanos, melhorando sua ambiência.”. Figura 11: Árvores e suas impressões espaciais nas vias Editado a partir de disponível em: MASCARÓ & MASCARÓ (2010) Mascaró & Mascaró (2010) mostram outros exemplos da vegetação em vias com nessa abordagem, como as arvores isoladas, que eles afirmam ser a situação predominante. Segundo eles a árvore isolada pode servir de ponto focal de locus de habitação pequenos, ser eixo de rua de aspecto de bulbo de acesso a bairro, ou meta visual (figura 12). Os autores apontam ainda que essa situação é ideal para arvores de grande porte e que “Os efeitos de sombreamento, diminuição da temperatura e elevação da umidade relativa do ar só serão sentidos sob sua copa.”. (p 26) e ressaltam o possibilidade de trabalhar com espécies menores ao seu entorno. Na mesma figura temos o exemplo de um corredor proporcionado pela colocação das arvores em série. Por mais que proporcione sensação de segurança em relação aos carros, prejudica a segurança pessoal. Apesar de ser interessante entrelaçamento das copas, isso pode prejudicar a ventilação urbana. 59 Mascaró & Mascaró (2010) também dizem que é interessante o contraste de espaços abertos e fechados e a variedade nos caminhos dos passeios. Porém isso expõe os motoristas e pedestres a mudanças de temperatura e umidade relativa do ar e ofuscamentos. Por isso os Autores dizem que estudo de ambas variáveis é o único modo a seguir na definição do uso caráter e ambiência para o recinto. Figura 12: Outras impressões do emprego de árvores nas vias Editado a partir de disponível em: MASCARÓ & MASCARÓ, 2010. Os agrupamentos arboreos maciçospodem ter varias funções: barreiras ambientais, definidores do espaço ou acontecimento espacial (funções ornamentais) em grande espaço aberto, como um parque, por exemplo. (MASCARÓ & MASCARÓ, 2010, p. 27) Por fim de otimização, resumimos as características uteis ao nosso contexto climático do Mato Grosso desses dois tipos de composição homogênea ou heterogênea na tabela 4 na página seguinte. Tanto os maciços homogêneos como os heterogêneos, quanto forem constituídos por espécies plantadas a distancias inferiores às somas de seus raios, terão seus galhos entrelaçados quando chegarem à idade adulta. Nessa situação, as arvores crescerão verticalmente em busca de luz, deformando sua copa. Sob elas a temperatura do ar será menor e sua umidade relativa mais elevada que a do ambiente ensolarado. O sombreamento poderá ser significativo. Essa situação é indicada para a estação quente [...]. (MASCARÓ & MASCARÓ, 2010, p. 27) 60 Tabela 4: Comparação de Agrupamentos Arbóreos AGRUPAMENTOS ÁRBOREOS MACIÇOS HETEROGÊNEOS MACIÇOS HOMOGÊNEOS Vista Superior Vista da Elevação Vento Diversos tipos de copas e alturas provocam efeito de barreira de vento e se desejado pode direcionar o vento para cima com efeito de barreira. Não existe efeito de barreira, o vento passa através do maciço, a permeabilidade ao vento varia de acordo com a espécie escolhida. Sombra e Insolação Várias possibilidades de sombreamento do espaço urbano, no exemplo da imagem aconselha-se usar o lado leste em vias de trânsito rápido. E ao oeste o trânsito, pedestres e os locais de lazer. Proporciona diferentes valores de transmitância luminosa. O sombreamento é bastante uniforme e sua eficácia está relacionada com transmitância luminosa da espécie escolhida. Não a divisão de usos nem preferência pela orientação solar. Umidade e temperatura Apresenta alguma variação de temperatura e umidade relativa do ar sob suas copas, possibilita usos variáveis. A temperatura e umidade do ar são quase constantes, variação no geral de acordo com a vegetação escolhida. Fonte: Do autor, ilustrações editadas e dados a partir de MASCARÓ & MASCARÓ (2010) Gouvêa (2002) por sua vez, sugere que nos lados que recebem o sol Oeste e Norte deveram ser plantadas nas calçadas arvores perenes de copa densa de médios e grandes portes. No lado que recebe o sol Leste e Sul arvores de pequeno porte e ou om folhagens pouco densas visando permitir a penetração dos raios solares e diz que também é positivo para redes aéreas. Mascaró & Mascaró (2010) fazem proposições acerca das redes de infraestrutura, apresentam o conhecido “cabo ecológico”, um cabo reforçado que é mais difícil de partir com contato dos galhos de arvores que eventualmente poderão ser atravessadas por cabos de tensão. 63 Figura 15: Esquema de arborização a respeitar distancia, entre os equipamentos e as redes. (Larguras dos passeios, recuos de jardim e outros definidos a título de exemplo) Editado a partir de disponível em: MASCARÓ & MASCARÓ, 2010 Segundo Mascaró e Mascaró (2010), as diferentes vegetações: Caracterizam os espaços da cidade por suas formas, cores e modo de agrupamento; são elementos de composição e de desenho urbano ao contribuir para organizar, definir e até delimitar esses espaços. Desempenham funções importantes para o recinto urbano e para seus habitantes, ajudam no controle do clima e da poluição, na conservação da agua, na redução da erosão e na economia de energia. Além disso, promovem a biodiversidade e o bem-estar dos habitantes, valorizam áreas, servem como complementação alimentícia e fonte de remédios para as 64 populações carentes, embelezando seus deteriorados espaços de moradia. (MASCARÓ & MASCARÓ, 2010, p.13) As áreas verdes, segundo Vasconcelos & Zamparoni (2011) Apud García (1999) tem alta importância na amenização do clima, são entendidas inclusive as áreas verdes como ilhas de frescor devido a sua umidade ser sempre maior que nas áreas com ausência de vegetação, assim como a temperatura menor, sendo que essas áreas verdes inclusive afetam essas outras áreas indiretamente, suavizando inclusive as ilhas de calor. Função pertinente para região como mostrado mais à frente no capitulo. García (1999) explicita em seu estudo que a vegetação suaviza a temperatura e a intensidade das ilhas de calor, além de aumentar a umidade do ar, pois as copas das árvores protegem a superfície ensombrada da radiação solar direta. Portanto, quando se fala de grandes áreas verdes urbanas ou de parques e jardins urbanos, o fenômeno fica bem aparente, já que nesses espaços as temperaturas são menores se comparadas às registradas nos arredores urbanos edificados. Tanto que se pode falar das ilhotas ou ilhas de frescor dentro do microclima urbano. Assim, nesses parques as temperaturas são mais baixas, e a umidade relativa do ar e produção de oxigênio são maiores. (VASCONCELOS & ZAMPARONI, 2011, p.22) O estudioso também afirma que se pode sentir o efeito dos parques na diminuição da temperatura urbana quando o tempo apresenta ventos fracos ou na calmaria, bem como em noites com céu limpo ou com pouca nebulosidade, e quando a ilha de calor está bem desenvolvida. Nesse momento, a gradiente de temperatura entre o parque e os arredores é capaz de provocar uma ligeira brisa (que para alguns autores são chamadas de brisas de parque). Logo, com ventos fracos ou moderados, o alcance do parque pode chegar a algumas centenas de metros fora de seus limites, de modo que, caso acompanhe a direção dominante do vento, provoca línguas de ar fresco que se desdobram pelos bairros circunvizinhos. (VASCONCELOS & ZAMPARONI, 2011, p.22) Romero (2000, p,12) reforça a importância das áreas verdes sobre o clima: A vegetação contribui de forma significativa ao estabelecimento dos microclimas. O próprio processo de fotossíntese auxilia na umidificação do ar através do vapor d’água que libera. Em geral, a vegetação tende a estabilizar os efeitos do clima sobre seus arredores imediatos, reduzindo os extremos ambientais. 65 4. ASPECTOS RELATIVOS AO CLIMA E AMBIENTE Mais questões acerca o clima e conforto serão desenroladas nesse capitulo. 4.1. Clima Urbano Mascaró & Mascaró (2009) Apud MORIZE diz que o tempo climático possui algo de constante e previsível dentre suas grandes variações e “... é o estado atmosférico em um determinado momento, considerado em relação a todos os fenômenos meteorológicos: temperatura, umidade e ventos.”. O clima por sua vez seria definido como o observável marcante e permanente do tempo, num lugar em meio finitas variações. Abaixo no mapa climático do Estado Brasileiro de Mato Grosso de acordo com a classificação climática de KÖPPEN (figura 16) estão mostrados os microclimas que abrangem o Estado, que é divido no sentido noroeste e sudeste em porções similares que possibilita climas intermediários do clima tropical de floresta e tropical de savana. Figura 16: Zonas Climáticas que abrangem Mato Grosso Extraído e editado a partir de: ALVARES, GONÇALVES e outros, 2014 Segundo Mascaró & Mascaró (2009) o clima (Aw) apresenta temperaturas médias superiores a 22°C e chuvas intensas na estação em que o sol está alto, e, seca quando o Sol está baixo. (Am) diferencia pelas temperaturas médias superiores a 18°C e as precipitações concentradas em um espaço de tempo menor com maior intensidade. Porém conforme a figura 17 as temperaturas colhidas nas estações meteorológicas são mais quentes que sugerem as características das zonas climáticas anteriormente citadas. 68 Bonifácia e outras áreas de baixa densidade construída e terrenos vazios, próxima à Mata Ciliar do Ribeirão da Ponte e o Centro de Zoonoses. Na estação chuvosa entre os dias selecionados teve maior diferença média diária de 1 grau, enquanto no dia de menor diferença media a diferença foi de 0,1 graus, enquanto a diferença de umidade relativa média diária: a média maior coincidiu com o dia de maior valor de diferença de temperatura e foi de 6,8%, a menor taxa também coincidiu com o dia de menor diferença de temperatura e foi de 2,5%. Na estação seca entre os dias selecionados teve maior diferença média diária de 1,1 graus, enquanto no dia de menor diferença media a diferença foi de 0,3 graus, enquanto a diferença de umidade relativa média diária: a média menor maior não coincidiu com o dia de maior valor de diferença de temperatura e foi de 4%, a menor taxa coincidiu com o dia de menor diferença de temperatura e foi de 1,7%. Desta forma os dados apresentam algumas diferenças na estação chuvosa de: temperatura – 0,6ºC, umidade – 3,4%, já na estação seca: temperatura – 0,7ºC, umidade – 5,3%. Essa pequena diferença pode ser explicada, pois entre o centro principal e o bairro dos Bandeirantes está situado o Parque Antônio Pires de Campos (Morro da Luz) a uma distância de aproximadamente 300m da estação, o que ajuda a amenizar a temperatura e elevar a umidade do ar proveniente do centro. Além disso, a estação dos Bandeirantes está localizada numa altitude superior (possui 218m) não só em relação ao centro da cidade (que está numa baixada) como da estação Duque de Caxias, com 193m. (VASCONCELOS & ZAMPARONI, 2011, p. 30). Portanto, através dos dados analisados, percebe-se que apesar da distância entre as duas estações ser de aproximadamente 2,3km, existe diferença nos valores analisados durante um mesmo período, assim o que provavelmente interferiu nos dados foi o grau de urbanização em torno das estações climatológicas. (VASCONCELOS & ZAMPARONI, 2011, p. 30). Vasconcelos & Zamparoni (2011) concluem que é identificado que todos têm responsabilidade com relação à problemática do estudo. Dão exemplo de medidas como: os cidadãos começar a intervir nas próprias casas, manter árvores nos quintais. Que os órgãos de planejamento que cuidem das políticas urbanas públicas que regulam o uso do solo devem trabalhar essa problemática também. E, que isso influi e resulta na qualidade ambiental urbana e de vida humana. 69 4.2. Conforto Ambiental Uma serie de variáveis também, determinam as condições de conforto térmico. Mas são avaliáveis em indivíduos vestidos apropriadamente, com boa saúde e aclimatados. E, as sensações de conforto dos habitantes variam de acordo com os climas locais onde habitam. Portando a escolha de um de índice de conforto deverá ser norteada com as condições ambientais, com a atividade desenvolvida e por um ou de outro aspecto do conforto (FROTA & SCHIFFER, 2009). Mascaró & Mascaró (2009) afirmam que os canais de percepção do clima urbano mais significativo para arquitetos e engenheiros é o do conforto térmico, justificam que isso se dá não só pelas implicações de bem-estar, como no desempenho enérgico da cidade. A necessidade de consumir energia na obtenção de conforto ambiental apropriado, não se limita só a um problema decorrente das condições do clima, o desconforto gerado por uma organização urbana e arquitetônica incompatível com o meio. O tamanho e como vive a população, são também fatores determinantes da intensidade de consumo. Em grandes cidades, o estilo de vida leva a um consumo bem maior devido aos deslocamentos distantes necessários, seja à verticalidade e densificação das áreas, e sem dúvida o gasto para proporcionar uma infraestrutura e conforto. (MASCARÓ & MASCARÓ, 2009) Frota & Schiffer (2009) apresentam para as condições climáticas brasileiras, três índices de conforto: A Carta Bioclimática, de Olgyay; Temperatura Efetiva, de Yaglou e Houghthen; ou Temperatura Efetiva Corrigida, de Vernon e Warner; O Índice de Conforto Equatorial ou Índice de Cingapura, de Webb. Por sua vez, Lyra (2007) em sua dissertação, aponta os índices adotados por Frota & Schiffer (2009) como da classe dos “Índices Subjetivos” e ressalta a problemática nas suas adoções: Gonçalves, Valle e Garcia (2001, p.2) sugerem outra classificação, dividindo os índices em dois grupos: os subjetivos e os biofísicos. “Nos índices subjetivos, as respostas subjetivas e fisiológicas dos indivíduos são utilizadas como variáveis dependentes. Os índices biofísicos são baseados em princípios físicos de transferência de calor”. Esses autores afirmam que os índices subjetivos, de forma generalizada, envolvem tratamentos estatísticos dos dados experimentais, julgando a satisfação ou insatisfação de uma determinada população, sendo questionável a aplicabilidade para 70 outros contextos climáticos diferentes daqueles em que foram gerados. (, LYRA, 2007, p. 38). Porém, a pesquisa na capital Cuiabá comprova que é ideal a adoção de mais áreas verdes e vegetação, portanto podem ser generalizados como positivas para o Estado, pela baixa variação climática e microclimática entre as localidades do estado fundamentando-se em dados meteorológicos anteriormente citados. Afinal as áreas verdes são mecanismos urbanos de atenuação do clima tanto no sentido de diminuir a temperatura e aumentar a umidade e na parte predominante do ano é quente e seco o clima de Mato Grosso. 4.3. Critérios Ambientais Na Escolha Do Sítio Para Romero (2000) há variáveis especificas que precisam ser controladas para regiões de clima quente-seco: Nas regiões de clima quente-seco, as variáveis climáticas que precisam ser controladas são: insolação elevada, diferenças acentuadas de temperatura entre o dia e a noite, umidade relativa do ar baixa, ventos carregados de pó e areia. [...]. (ROMERO, 2000, p. 47) Segundo ela: “Nas regiões quente-secas, os lotes devem ser estreitos e longos, e as edificações contíguas. A ventilação é provocada internamente, evitando que a excessiva luminosidade da região afete, através da reflexão, o interior das construções”. (ROMERO, 2000, p. 58) Além das condicionantes de Gouvêa (2002) já mencionadas e citadas, ele também sugere sustentabilidade, sendo necessárias para cumprir tal sustentabilidade em complemento às condicionantes anteriores: propor espaços públicos que revelem entendimento ecológico e cultural da realidade regional; organizar a malha urbana de forma minimizar resíduos, reutilizar e reciclar materiais; minimizar também as distâncias à serem percorridas, onde o ideal é que o cidadão consiga resolver suas atividades sem necessitar usar o transporte motorizado; desenvolver espaços sombreados e arborizados, com controle da umidade de acordo com os períodos de seca e alta umidade; trabalhar na produção de novos espaços, ou em revitalizações, procurando organiza-los com baixos gastos de energia e baixos impactos ambientais em todo seu período de uso. Gouvêa (2002) também apresenta sobre condicionantes acerca da seleção do sitio, resumidas aqui: 73 5. ANALISES DE CASO EM TANGARÁ DA SERRA, BARRA DO BUGRES E CHAPADA DOS GUIMARÃES 5.1. Tangará da Serra Tangará da Serra, segundo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), teve população estimada em 2015 de 94.289 e em 2010 de 83.431 desses 75.921 eram moradores urbanos, sendo em 2010 o município dotado do IDHM (índice de Desenvolvimento humano municipal) de 0,729 e dotado de densidade demográfica de 7,37 hab/km². Tangará da Serra, conforme a figura 19, tem um traçado predominante de xadrez moderno orientadas as vias predominantemente ao sentido Noroeste- Sudeste com perpendiculares no sentido Nordeste- Sudoeste. Ela possui divisão territorial orientada por duas avenidas perpendiculares que a divide em zonas N, S, E e W. A Avenida Brasil, destacada em lilás no mapa com orientação Sudoeste- Nordeste é a via de maior fluxo contando com grande número de comércios e dando acesso a 2 escolas estaduais de ensino médio. A outra Avenida destacada, que está no sentido Noroeste-Sudeste em roxo é a Avenida Tancredo Neves possui mais lotes ocupados ao norte quando cruza a Avenida Brasil. Figura 19: Mapa geral de Tangará da Serra - MT Editado a partir de disponível em: GOOGLE MAPS, junho de 2016. 74 Será agora tratado dos impactos em sombreamento da orientação de algumas avenidas principais de Tangará da Serra. Esse cruzamento (Tabela 5 e figura 20) não é tão complicado por ter três vias passando por ele e principalmente pelo fato de ambas as ruas que o cruzam ter apenas um sentido de fluxo, sendo apenas a avenida de duas mãos, ela apresenta um canteiro em forma de amendoim que não possui arborização. A Avenida Mato Grosso é retilínea possui orientação Leste-Oeste, ela é também de caráter misto, possuindo inclusive edificações institucionais, que são bem arborizadas, em compensação a isso as calçadas dos lotes comerciais não voltados a alimentação são mal arborizados, ou sem nenhuma arborização. Figura 20: Sombreamento estimado do trecho do cruzamento da Av. Mato Grosso, a R. Antônio da Silva e a R. Sebastião Barreto. Fonte: Autor Isaac Alves de Oliveira É mostrado na “Vista ao Leste” que durante o dia todo o lado Norte da avenida, onde se tem prédios comerciais de dois à três pavimentos, é sombreado quase até a metade da avenida pela manhã e que a sombra chega a passar o meio da avenida no fim da tarde, esse lado é também onde os postes de iluminação e as redes aéreas estão alocadas, na “Vista ao Sul” temos uma das testadas da quadra do Hospitais das Clinicas, que possui boa quantidade de arborização que sombreia as até as partes mais baixas do muro em todo período, sombreando eficientemente os pedestres também. Na esquina mostrada à direita da “Vista ao Oeste” tem um restaurante a qual a arborização interna ao lote demonstra como o sombreamento das vias de sentido Nordeste-Sudoeste é eficiente nas ruas, como a Rua Antônio aí mostrada. O canteiro da Avenida Mato Grosso não apresenta árvores por isso não foi considerada a projeção de sombra do canteiro, ela também demonstrado na tabela, tem edifícios de portes variados portes de 1 aos 3 pavimentos. 75 Tabela 5: sombreamento da Avenida Mato Grosso no cruzamento com a Rua Antônio Da Silva SOMBREAMENTO DA AVENIDA MATO GROSSO COM VISTAS A PARTIR DO CRUZAMENTO COM A R. ANTONIO DA SILVA E R. SEBASTIÃO BARRETO Editado a partir de: GOOGLE Maps, acesso em Junho de 2016 Estrela dos ventos marcando trecho de onde as fotos foram tiradas* Em destaque em rosa a Avenida Mato Grosso* Horários Das Fotografias 08:00~08:30 16:30~17:00 Vista ao Leste Vista ao Sul Vista ao Oeste Fonte: Autor Isaac Alves de Oliveira 78 Esse ponto (Tabela 7 e figura 22) também está na Avenida Brasil, nessa parte o trânsito é movimentado, mas menos que o outro ponto da avenida, esse ponto se localiza próximo a rotatória axial de tangará que é o ponto de encontro da Avenida Tancredo Neves, que apesar de ter consideravelmente menos trânsito é uma via importante para o fluxos dos extremos da cidade tendo uma extremidade alcançando uma rotatória que encontra uma via que leva ao anel viário e outra extremidade à chamada Vila Olímpica, ponto de lazer livre bem frequentado pela população, fora possuir vários edifícios de saúde ao seu decorrer. Esse ponto foi interessante também por ter propiciado uma boa visualização da sombra feita por parte do canteiro e como se porta a rua onde a um “vazio” de prédios Conforme a “Vista ao Oeste”. Podemos ver na “Vista ao Sudeste” como a sombra do canteiro central cobre boa parte da calçada recuada da agencia dos Correios ao fim da tarde, o outro lado da rua está bem sombreado ao fim da tarde, graças a arvores de grande porte existente dentro de lote do lado noroeste da rua, conforme a “Vista Oeste”. Figura 22: Sombreamento estimado do trecho da Av. Brasil em frente o Correios e o CISC Fonte: Autor Isaac Alves de Oliveira Na “Vista ao Norte” vemos como as fachadas voltadas para Sudeste e Sudoeste ficam sombreadas no começo da manhã, durante a tarde somente a parte do prédio voltada para o Sudeste se faz sombreada. A Avenida Brasil nesse trecho tem edifícios de portes variados portes de 1 aos 2 pavimentos, apesar de nas imagens só aparecerem edifícios terreos. Mas o canteiro da Av. Brasil continua a apresentar árvores de grande porte, elas foram consideradas na projeção de sombra do canteiro também. 79 Tabela 7: Sombreamento da Avenida Brasil em frente do Correios e do CISC SOMBREAMENTO DA AVENIDA BRASIL COM VISTAS A PARTIR DA FRENTE DO CORREIOS DO CENTRO E DO CENTRO INTEGRADO DE SEGURANÇA E CIDANIA (CISC) Editado a partir de: GOOGLE Maps, acesso em Junho de 2016 Estrela dos ventos marcando trecho de onde as fotos foram tiradas* Em destaque em rosa a Avenida Brasil* Horários Das Fotografias 08:00~08:30 16:30~17:00 Vista ao Sudeste Vista ao Norte Vista ao Oeste Fonte: Autor Isaac Alves de Oliveira 80 Em Tangará da Serra o lazer de rua, nos loteamentos da malha predominante, está quase extinto pelo fluxo de automóveis, fenômeno ressaltado por Macedo (1995) anteriormente, ele também ressaltou que ainda é presente em bairros afastados ou com entraves para o fluxo de automóveis direto por eles, nesse trecho destacado na figura 23, onde ressalta o “Residencial Paris”, temos um exemplo interessante disso e também de fato as ruas ainda são comumente usadas principalmente para o lazer infantil. Isso se dá, porque o loteamento faz valer a definição de vias locais, coletoras e arteriais, aí isso é obtido graças a rua coletora (destacada em amarelo) ser separada da arterial (em azul) por um canteiro (em verde) e pela descontinuidade das vias locais (perpendiculares a arterial, canteiro e coletora). Outro ponto interessante desse destaque é o cinturão verde oriundo das matas ciliares, que certamente será limitador da expansão urbana que ainda tem áreas vazias para avançar. Os pontos que se tem essas Áreas São sempre bem frescos e mais úmidos, conforme dito anteriormente por vários autores citados anteriormente. Figura 23: Trecho Vila Goiânia, Jardim Acapulco e Residencial Paris. Editado a partir de: GOOGLE MAPS, junho de 2016. 83 5.2. Barra do Bugres Barra do Bugres, segundo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), teve população estimada em 2015 de 33.700 e em 2010 de 31.793 desses 25.996 eram moradores urbanos, sendo em 2010 o município dotado do IDHM (índice de Desenvolvimento humano municipal) de 0,693 e dotado de densidade demográfica de 5,25 hab/km². Barra do Bugres, conforme a figura 26, tem um traçado predominante retangular nas quadras, as vias não têm uma unidade de orientação, mas são predominantemente orientadas ao sentido Norte-Sul com suas “perpendiculares” no sentido Leste-Oeste, exceto na parte Sudoeste onde as ruas são paralelas e perpendiculares à Avenida Rio branco e ou MT-247, que como destaca no mapa tem um sentido Leste-Oeste um pouco rotacionado no sentido horário (cerca de 20°). A cidade possui uma divisão de fluxo pelos lados da Avenida Marechal Rondon, ou MT-343 ou como é popularmente referida “BR”. A Avenida Marechal Rondon é a Avenida em roxo no sentido Norte-Sul no Mapa acima. As partes Leste e Oeste apresentam certa independência, mas ao leste estão os edifícios públicos notáveis, como a prefeitura, fórum e bancos, mas a cidade não pode mais se expandir a esse lado em função das zonas de proteção ambiental e cursos da água. Figura 26: Mapa geral do núcleo urbano de Barra do Bugres - MT Editado a partir de disponível em: GOOGLE MAPS, junho de 2016. 84 Na parte Sudoeste da cidade as quadras e vias são orientadas paralelamente a Avenida Rio Branco ou MT-247 que é a via em lilás no mapa. Abaixo dessa parte a uma gleba em estado de passagem onde o plano diretor delimita espaço para crescimento da cidade. Esta Gleba será mais aprofundada no próximo capitulo que tratará do sitio de implantação. O ponto (Tabela 8 e figura 27) está na Avenida Joaquim Mariano de Miranda, este ponto se localiza próximo a rotatória da Prefeitura de Barra do Bugres que é o ponto de encontro da com a Avenida belo Horizonte e Avenida Ricardo Guedes. A Av. Joaquim Mariano de Miranda é uma via importante por ter em um de seus extremos o núcleo bancário da cidade e onde era o antigo fórum da cidade e donde a cidade cresceu. Na sombra feita pelo supermercado Pelachim e das poucas arvores que o canteiro ostenta, é pouco frequente, mesmo em avenidas movimentadas, edificações de altura que supere muito a altura de edificação térrea em Barra do Bugres. Podemos ver na “Vista ao Sudeste” como ao longo da Avenida as edificações são predominantemente térreas. A sombra do canteiro central é pobre de arborização e pela manhã não consegue atingir a calçada pelo seu porte limitado e o mesmo ocorre à tarde. Figura 27: Sombreamento do trecho da Av. Joaquim Mariano de Miranda em frente ao Pelachim Fonte: Autor Isaac Alves de Oliveira Na “Vista ao Sudoeste” vemos como no período vespertino as fachadas voltadas para Sudeste e Leste ficam completamente expostas no começo da manhã, de tarde ficam sombreadas. Esse lado da rua carece de edifícios com testada no limite do lote e onde se tem muros, não suprem a sombra para o pedestre. A Av. Joaquim Miranda, nesse trecho tem edifícios de portes variados portes de 1 à 2 pavimentos, sendo a maioria térreos e com recuo frontal, não contribuem ao 85 sombreamento das calçadas e se há irrelevante número de árvores na calçada, não só aí, mas na cidade de Barra do Bugres em geral. Tabela 8: Sombreamento da Avenida Joaquim Mariano de Miranda em frente ao Pelachim SOMBREAMENTO DA AVENIDA JOAQUIM MARIANO DE MIRANDA COM VISTAS A PARTIR DA FRENTE DO SUPERMECADO PELACHIM DO CENTRO Editado a partir de: GOOGLE Maps, acesso em Agosto de 2016 Estrela dos ventos marcando trecho de onde as fotos foram tiradas* Em destaque em rosa a Avenida Joaquim Mariano de Miranda* Horários Das Fotografias 08:00~08:30 16:30~17:00 Vista ao Nordeste Vista ao Sudeste Vista ao Sudoeste Fonte: Autor Isaac Alves de Oliveira
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