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Potencial Pedoclimático do Sorgo na Paraíba: Caracterização e Indicação de Terras, Notas de estudo de Engenharia Agrícola

Um estudo sobre o potencial pedoclimático do estado da paraíba para a cultura do sorgo, caracterizando e indicando as terras suitáveis para sua produção em três cenários pluviométricos. O trabalho utiliza informações pedológicas e climáticas, obtendo mapas de potencial pedoclimático através da cruzação de dados. As terras foram classificadas em diferentes categorias de capacidade de uso, e os resultados mostraram que para a cultura do sorgo não houve diferenças significativas na extensão territorial das classes e subclasses de potencial pedoclimático.

Tipologia: Notas de estudo

2017

Compartilhado em 12/07/2017

paulomegna
paulomegna 🇧🇷

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Baixe Potencial Pedoclimático do Sorgo na Paraíba: Caracterização e Indicação de Terras e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia Agrícola, somente na Docsity! Revista Brasileira de Geografia Física v.10, n.03 (2017) 784-798. Francisco, P. R. M.; Santos, D.; Lima, E. R. V. 784 ISSN:1984-2295 Revista Brasileira de Geografia Física Homepage: www.ufpe.br/rbgfe Potencial pedoclimático do estado da Paraíba para a cultura do sorgo (Sorghum bicolor) Paulo Roberto Megna Francisco¹, Djail Santos², Eduardo Rodrigues Viana de Lima³ ¹ Dr. em Eng. Agrícola, Pesquisador DCR CNPq/Fapesq, Universidade Federal da Paraíba, UFPB, Areia-PB. paulomegna@gmail.com.br (autor correspondente). ² Dr. em Ciência do Solo, Prof. Titular CCA, Universidade Federal da Paraíba, UFPB, Areia-PB. santosdj@cca.ufpb.br. ³ Dr. em Geografia, Prof. Associado CCEN, Universidade Federal da Paraíba, UFPB, João Pessoa-PB. eduvianalima@gmail.com. Artigo recebido em 18/09/2016 e aceito em 20/03/2017 R E S U M O O Nordeste oferece condições favoráveis a cultura do sorgo, uma vez que é resistente às baixas e irregulares precipitações pluviométricas que ocorrem na região, requerendo temperatura mais altas para seu desenvolvimento. É uma cultura tolerante a diversas condições de solo, e pode ser cultivado satisfatoriamente em solos que variam de argilosos a ligeiramente arenosos. Visando subsidiar um melhor planejamento de uso das terras e de aplicação de recursos econômicos na produção da cultura, este trabalho objetivou associar e mapear as informações de ordem pedológica e climática, caracterizando e indicando o potencial pedoclimático do Estado da Paraíba para a cultura do sorgo, em nível de manejo desenvolvido e em três cenários pluviométricos. Na obtenção dos mapas de potencial pedoclimático, as informações do potencial dos solos foram cruzadas com aquelas da aptidão climática considerando três cenários pluviométricos: anos chuvosos, anos regulares e anos secos. O cruzamento das informações foi realizado por meio de técnicas de geoprocessamento utilizando o software SPRING e obtendo-se os mapas do potencial pedoclimático. O resultado das interpretações foi classificado em quatro classes: Muito Alto, Alto, Médio, Baixo e Muito Baixo. Os resultados demonstraram que para a cultura do sorgo não foram observadas diferenças significativas na extensão territorial das classes e subclasses de potencial pedoclimático; A classe de potencial pedoclimático Muito Alto não foi mapeada neste trabalho devido a fatores restritivos dos solos e climáticos; Na classe Muito Baixa de potencial pedoclimático a diferença na mudança foi pouco significativa conforme o aumento da probabilidade de ocorrência de chuvas no Estado. Palavras-chave: geotecnologias, planejamento de uso da terra, potencial pedológico, probabilidade de chuvas, aptidão climática. Pedoclimatic potential of the Paraíba state to cultivation of sorghum (Sorghum bicolor) A B S T R A C T The Northeast offers favorable conditions for sorghum, since it is resistant to low and irregular rainfall occurring in the region, requiring higher temperatures to develop. It is a crop tolerant to different soil conditions and can be satisfactorily grown in soils vary from sandy clay slightly. In order to support better planning of land use and application of economic resources in the production of culture, this study aimed to associate and map information pedological and climate order, characterizing and indicating the pedoclimatic potential of Paraíba State for the sorghum crop, in developed management level and three rainfall scenarios. For obtaining pedoclimatic potential maps, the information for soil potential were combined with that to climate ability considering three rainfall scenarios: wet years, dry years and regular years. Information crossing was carried out by techniques of geoprocessing using the SPRING software and maps of soil and climate potential were obtained. The interpretation results were classified into four pedoclimatic potential classes: Very High, High, Medium, Low and Very Low. The results showed that for sorghum no significant differences were observed in the territorial extension of the classes and subclasses pedoclimatic potential; The potential class pedoclimatic Very High was not mapped in this work due to restrictive factors of soil and climate; In class Very Low potential pedoclimatic the difference in the change was not significant as the increased likelihood of rain in the state. Keywords: geotechnology, land use planning, pedological potential, rain probability, climate aptitude. Introdução O sorgo é uma planta anual pertencente à família Gramineae, de origem tropical, de crescimento ereto e com elevada capacidade de produção de massa e grãos, sendo sua constituição Revista Brasileira de Geografia Física v.10, n.03 (2017) 784-798. Francisco, P. R. M.; Santos, D.; Lima, E. R. V. 785 semelhante do milho, servindo para o pastoreio, feno e silagem, visando a alimentação animal (Sawazaki, 1998). Os cultivares de colmo, sucoso e doce, também conhecidos como sacarinos, são muito utilizados para silagem, podendo ser usados como substitutos da cana de açúcar para a produção de álcool ou de açúcar (Sousa et al., 2003). O maior uso de grãos de sorgo no Brasil está na avicultura e suinocultura. Bovinos, equinos e pequenos animais são também consumidores, mas em menor proporção. A silagem de sorgo e o pastejo são igualmente utilizados para rebanhos de corte e de leite (Embrapa, 2007). O sorgo é uma cultura que no contexto da agropecuária brasileira vem se destacando a cada dia, por ser uma gramínea bastante energética, com alta digestibilidade, produtividade e adaptação a ambientes secos e quentes, nos quais é difícil o cultivo de outras espécies (Buso et al., 2011). O sorgo é uma planta de origem tropical, de dias curtos e com altas taxas fotossintéticas, exigindo, por isso, um clima quente para poder expressar seu potencial de produção (Mapa, 2014). A cultura, com características xerófilas, é considerada tolerante a períodos secos, notadamente em regiões do Nordeste do Brasil (Tabosa et al., 2002). A planta do sorgo tolera mais o déficit de água do que a maioria dos outros cereais e pode ser cultivada numa ampla faixa de condições de solo (Magalhães et al., 2010). O Nordeste oferece condições favoráveis a sua cultura, uma vez que o sorgo é resistente às baixas e irregulares precipitações pluviométricas que ocorrem na região, requerendo temperatura entre 27-32oC para seu desenvolvimento. É uma cultura tolerante a diversas condições de solo, devendo ser cultivado principalmente naqueles locais em que as chuvas se revelam insuficientes para a cultura do milho. Pode ser cultivado satisfatoriamente em solos que variam de argilosos a ligeiramente arenosos. Entretanto, exige solos bem preparados, com acidez corrigida, bom teor de matéria orgânica, pH entre 5,5 e 6,5, topografia plana e não muito úmidos. Os solos mal drenados são os únicos que não se recomendam para esta cultura. Os solos aluviais prestam-se muito bem ao cultivo do sorgo, desde que adequadamente preparados (Embrapa, 2008). De acordo com Embrapa (2012), quanto ao solo, o sorgo é uma cultura tolerante a diversas condições de fertilidade natural, podendo ser cultivado em solos que variam de textura argilosa a ligeiramente arenosa (Landau e Sans, 2010). Algumas cultivares são relativamente tolerantes à salinidade. Para alcançar boas produtividades, o sorgo requer solos profundos e bem drenados, ricos em matéria orgânica, relevo plano e declividade inferior a 5%. Por outro lado, não tolera solos ácidos, notadamente com teores de Al3+ elevado, com caráter alumínico ou alítico, além daqueles mal drenados. A cultura é principalmente exigente nos elementos nitrogênio e potássio (Coelho et al., 2002). O sorgo é uma planta de origem tropical, de dias curtos e com altas taxas fotossintéticas, exigindo, por isso, um clima quente para poder expressar seu potencial de produção (Mapa, 2014). A cultura, com características xerófilas, é considerada tolerante a períodos secos, notadamente em regiões do Nordeste do Brasil (Tabosa et al., 2002). De acordo com Embrapa (2012) os estados da região Nordeste, em função da irregularidade no regime de chuvas, o cultivo do sorgo é realizado durante a estação chuvosa, período curto e com distribuição irregular, caracterizado, ainda, por ocorrência de veranicos, com 15 a 20 dias sem chuvas. As condições climáticas durante o desenvolvimento e o crescimento da cultura são importantes para a qualidade do produto e produção final. A cultura do sorgo exige em torno de 300 a 400mm de precipitação pluviométrica, distribuídos regularmente durante o seu ciclo de crescimento e desenvolvimento para que se alcancem níveis de produtividade satisfatórios, sem a necessidade de irrigação suplementar. A cultura tolera ocorrências de deficiência hídrica, inclusive pequenos veranicos, sendo considerada resistente à seca. As fases fenológicas críticas da cultura correspondem ao estádio de plântula e no florescimento, sendo importante nessas épocas um adequado nível de suprimento de água para uma boa produção (Tabosa et al., 2002; EMBRAPA, 2012). De acordo com o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa, 2014) a temperatura do ar ótima para o desenvolvimento da cultura varia com a cultivar. A grande maioria dos materiais genéticos de sorgo requer temperaturas superiores a 21°C para um bom crescimento e desenvolvimento, não suportando, normalmente, temperaturas abaixo de 16°C, sendo que temperaturas superiores a 38°C também reduzem a produtividade. Apesar de resistente à seca, a ocorrência de déficits hídricos, principalmente na fase de florescimento e de enchimento de grãos, pode provocar redução acentuada na produção. Por pertencer ao grupo de plantas C4, o sorgo suporta elevados níveis de radiação solar, respondendo com altas taxas fotossintéticas, Revista Brasileira de Geografia Física v.10, n.03 (2017) 784-798. Francisco, P. R. M.; Santos, D.; Lima, E. R. V. 788 potencial das Terras. Da categoria F: III17, III24, III29, IV22 a IV80. - Categoria 3: áreas com classes de capacidade de uso com fortes limitações para utilização com a cultura, devido as características de baixa fertilidade do solo e/ou da drenagem excessiva. Correspondem as classes de Capacidade de Uso da categoria D2, F e G1 do potencial das Terras. Da categoria D2: IV81 a IV84. Da categoria F: IV8. Da categoria G1: VI9. - Categoria I: áreas impróprias para a exploração com a cultura, sendo representada por classes de capacidade de uso ou associações de classes cujas características dos solos e/ou topografia apresentam restrições severas para utilização, correspondendo as demais categorias do Potencial das Terras. Nesta interpretação considerou-se apenas o potencial dos solos em sistema de manejo desenvolvido, que se caracteriza por aplicação mais ou menos intensiva do capital e um razoável nível de conhecimentos técnicos especializados, para a melhoria das condições dos solos e das culturas, não se justificando nem um baixo, nem um muito alto nível de manejo, com resultados duvidosos principalmente do ponto de vista econômico. As práticas de manejo são levadas a efeito, na maioria dos casos, com auxílio de tração motorizada e utilizando resultados de pesquisas agrícolas. Para viabilizar a elaboração do mapa do potencial pedológico e também visando a padronização cartográfica os mapas foram categorizados de acordo com metodologia adaptada de EMBRAPA (2012) nas seguintes classes: Muito Alto - Categoria 1 (Aptidão Plena); Alto -Categoria 1a e 1b (Aptidão Plena); Média - Categoria 2, 2a, 2b e 2c (Aptidão Moderada); Baixo- Categoria 3 (Aptidão Restrita); Muito Baixo - Categoria I (Inapta). Na metodologia de trabalho utilizaram-se os totais mensais de precipitações obtidos nos postos pluviométricos da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (AESA- PB). A utilização dos dados foi procedida de uma análise no tocante à sua consistência, homogeneização e no preenchimento de falhas em cada série. Para cada localidade com série de observação igual ou superior a vinte anos, foi considerado para o período disponível, independente do início. Na elaboração deste trabalho foi estimado as médias mensais de temperatura do ar naqueles locais onde apenas se dispunham de dados de chuva. Na metodologia adotada foram utilizados valores da temperatura média do ar dos últimos 30 anos estimados pelo software Estima_T (Cavalcanti et al., 2006). Na elaboração do mapa de pluviosidade foi utilizada a metodologia proposta por EMBRAPA (2012) e adaptada para o Estado da Paraíba por Francisco et al. (2015a). A discriminação dos cenários pluviométricos, anos secos, regulares e chuvosos, seguiu a metodologia proposta por Varejão-Silva e Barros (2002). Para cada posto pluviométrico, foi estabelecido o total de precipitação pluviométrica registrado nos três meses consecutivos mais chuvosos de cada ano hidrológico completo. Em seguida, a distribuição gama incompleta (Assis et al., 1996), seguindo a conceituação de Thom (1958), foi ajustada à série desses totais em cada posto, seguindo a metodologia indicada por Mielke (1976) e utilizada pela EMBRAPA (2012). A qualidade do ajustamento da curva teórica aos valores observados foi verificada pelo teste de Kolmogorov-Smirnov (Massey, 1980) ao nível de significância de 95%. Esses mesmos critérios foram aplicados em todas as séries pluviométricas. Como a curva de distribuição da chuva acumulada nos três meses consecutivos mais chuvosos é específica para cada posto, os valores correspondentes às probabilidades de 25, 50 e 75% também são específicos de cada posto (Varejão-Silva, 2001). Os conjuntos dos anos secos, regulares e chuvosos de cada posto foram utilizados para obter as correspondentes médias mensais dos totais pluviométricos, necessárias para caracterizar os respectivos cenários. Os critérios para discriminar os anos hidrológicos de cada posto pluviométrico foram enquadrados em uma das categorias indicadas (Varejão-Silva, 2001): a) Anos secos - aqueles em que o total de precipitação, acumulado nos três meses consecutivos mais chuvosos, for igual ou menor que o valor correspondente à probabilidade de 25%; b) Anos chuvosos - aqueles cujo total de precipitação, acumulado nos três meses consecutivos mais chuvosos, é superior ao valor correspondente à probabilidade de 75%; c) Anos regulares - todos aqueles anos não classificados nas duas categorias anteriores. Para avaliação de aptidão climática da cultura do sorgo, foram utilizados os critérios conforme a metodologia adaptada de EMBRAPA (2012) onde foi realizada simulações de balanço hídrico sequencial que permitiu uma visão da influência da deficiência e do excesso hídrico do plantio à colheita, mediante aos parâmetros adotados. Para este trabalho foram elaborados os mapas de deficiência hídrica, excedente hídrico e Revista Brasileira de Geografia Física v.10, n.03 (2017) 784-798. Francisco, P. R. M.; Santos, D.; Lima, E. R. V. 789 o de relação entre a precipitação e a evapotranspiração potencial expressas em termos de um ou mais dos seguintes parâmetros mensais: Pm/EPm - Relação entre a precipitação e a evapotranspiração potencial no mês m; EXCm - Estimativa do excedente hídrico no mês m; e DEFm - Estimativa da deficiência hídrica no mês m. Os critérios utilizados para caracterizar os graus de aptidão climática do sorgo foram obtidos a partir do balanço hídrico climatológico mensal (Varejão Silva e Barros, 2002). Foram utilizados os índices: j = 1, 2 e 3 (cumulativo), para designar os três meses iniciais do ciclo; e i = 1, 2 ou 3 (não cumulativo) para indicar um dos três meses iniciais do ciclo; os outros dois meses foram representados por k. Por exemplo: se i = 3, então k = 1 e 2. O último mês (secagem e colheita) foi representado pelo índice 4. Foram adotados os parâmetros relacionados aos meses (1, 2, 3 e 4) de acordo com a Tabela 1. Tabela 1. Classes de aptidão climática para a cultura do sorgo Aptidão Climática EXC (mm) DEF (mm) P/EP (mm) PREC (mm) C3-Moderada por excesso hídrico ≥ 300 ≥ 600 C2-Plena com período chuvoso prolongado 200 < EXCj ≤ 300 P4/EP4 ≥ 1 500 < PREC ≤ 600 C1-Plena sem restrição 0 < EXCj ≤ 200 DEFi < 10 P4/EP4 < 1 400 < PREC ≤ 500 C4-Moderada por deficiência hídrica DEFi < 20 P4/EP4 < 1 280 < PREC ≤ 400 C5-Inapta por deficiência hídrica acentuada DEFi ≥ 20 < 280 Fonte: Adaptado de EMBRAPA (2012). Na metodologia de trabalho, após a obtenção dos mapas do potencial pedológico e dos mapas da aptidão climática, nos cenários pluviométricos com anos chuvosos, regulares e secos, foram cruzados através da Linguagem Espacial Geográfica Algébrica (LEGAL), utilizando o software SPRING, e obtiveram-se os mapas do potencial pedoclimático do Estado da Paraíba para a cultura em estudo. As classes prováveis obtidas foram 5 classes e 25 subclasses do potencial pedoclimático (Tabela 2). Tabela 2. Classes e subclasses de potencial pedoclimático Potencial pedológico (S) Aptidão climática (C) C1 - Plena C2 - Plena (PCP) C3 - Moderada (EH) C4 - Moderada (DH) C5 - Inapta S1 – Muito Alto MA1 MA2 M3 M4 MB5 S2 - Alto A3 A4 M5 M6 MB6 S3 - Médio M1 M2 M7 M8 MB7 S4 - Baixo B1 B2 B3 B4 MB8 S5 - Muito Baixo MB1 MB2 MB3 MB4 MB9 PCP=Período chuvoso prolongado; EH=Excesso hídrico; DH=Deficiência hídrica; MA=Muito Alta; A=Alta; M=Médio; B=Baixo; MB=Muito Baixo. Fonte: Adaptado de EMBRAPA (2012). Conforme a metodologia da EMBRAPA (2012), o potencial pedoclimático é restringido pela limitação de solo e/ou de clima que ocorrer com maior intensidade no ambiente. Por exemplo, ambiente com potencial pedológico Alto e com aptidão climática Inapta, terá seu potencial pedoclimático limitado pelo clima. Da mesma forma, as áreas com clima favorável ao cultivo, mas com potencial pedológico restritivo, terão o potencial pedoclimático limitado por atributos de solo. Resultados e discussão No mapa de potencial pedológico para a cultura do sorgo (Figura 3), observa-se que não se identificou terras com potencial Muito Alto. Isto ocorre devido às exigências pedológicas para o plantio do sorgo e pelos solos não apresentarem as características necessárias ao desenvolvimento da cultura. Resultados similares encontrados por EMBRAPA (2012) elaborando o potencial para o Estado de Alagoas. Identificou-se 5.661,87 km2 de terras com Potencial Alto, representando 10,05% (Tabela 3) Revista Brasileira de Geografia Física v.10, n.03 (2017) 784-798. Francisco, P. R. M.; Santos, D.; Lima, E. R. V. 790 da área total do Estado distribuídas na região do Litoral e do Agreste ao sul do Estado, sob o Planalto da Borborema, e na região do Alto Sertão e no Sertão. Figura 3. Potencial pedológico do Estado da Paraíba para a cultura do sorgo. Do Potencial Alto, identificou-se 5.661,87 km2 de terras representando 10,05% da área total do Estado distribuídas na região do Litoral e do Agreste ao sul do Estado, sob o Planalto da Borborema, e na região do Alto Sertão e no Sertão. Observa-se por este trabalho que as áreas com Potencial Médio perfazem um total de 19.448,72 km2, representando 34,5% da área total e estão distribuídas por todo o Estado. As áreas com Potencial Baixo perfazem um total de 523,04 km2, representando 0,93% da área do Estado. As áreas com Potencial Muito Baixo perfazem um total de 30.736,00 km2 de terras, correspondendo a 54,52% da área total distribuídas por todo o Estado. Tabela 3. Distribuição das classes do potencial pedológico da cultura do sorgo Classes do Potencial Pedológico Muito Alta Alto Média Baixo Muito Baixo Total km 2 % km 2 % km 2 % km 2 % km 2 % km 2 % 0,00 0,00 5.661,87 10,05 19.448,72 34,50 523,04 0,93 30.736,00 54,52 56.372,00 100,00 A aptidão climática do Estado da Paraíba para a cultura do sorgo apresenta variações em função do cenário pluviométrico considerado. No mapa de aptidão climática para a cultura do sorgo (Figura 4), cenário seco, observa-se o predomínio da classe de aptidão Inapta por deficiência hídrica acentuada (C5) em 52,87% da área (Tabela 4), representando 29.801,84 km2, abrangendo parte da região do Agreste, Cariri, Curimataú e do Sertão. Observa-se que a classe de aptidão Moderada por deficiência hídrica (C4) ocorre em Revista Brasileira de Geografia Física v.10, n.03 (2017) 784-798. Francisco, P. R. M.; Santos, D.; Lima, E. R. V. 793 Figura 6. Aptidão climática para cultura do sorgo para o cenário chuvoso. Observa-se que a classe de aptidão Moderada por deficiência hídrica (C4) ocorre em 9,43%, ocupando 5.314,68 km2 da área do Estado (Tabela 4). Estas áreas ocorrem entre a região do Sertão do Estado, em áreas de divisa entre o planalto da Borborema; ao leste entre a região do Brejo e o Agreste nos contrafortes da Serra da Borborema. Para a aptidão climática Moderada por excesso hídrico (C3), observa-se que apresenta área mapeada com 18.345,58 km2 representando 32,54% da área total, localizada entre toda a região do Litoral do Estado e em pequena área de maiores altitudes, próximo ao município de Areia região do Brejo; e ao oeste em toda a região Central do Sertão. Observa-se que a classe de aptidão climática Plena com período chuvoso prolongado (C2) com 9.578,46 km2 representando 16,7% da área total, ocorre na faixa Litorânea entre as classes C3 e C1 na região do Agreste e Brejo em pequenas áreas; e na região do Sertão Paraibano ocorrendo entre os contrafortes do Planalto da Borborema e ao norte fazendo divisa com o Estado do Rio Grande do Norte. A classe de aptidão Plena (C1), com 4.911,60 km2 representando 8,71% da área total, tendo o mesmo comportamento da classe de aptidão Plena, ocorrendo entre as classes C2 e C4. No mapa de potencial pedoclimático para cultura do sorgo, no cenário seco (Figura 7), observa-se que não foi mapeada a classe Muito Alta, isto devido estas áreas apresentarem restrições de aptidão climática e potencial pedológico. Observa-se que as áreas da classe Alta abrangem 1.050,32 km2, representando 1,86% da área total do Estado (Tabela 5), com ocorrência das subclasses A3 e A4, predominando a subclasse A4. Estas classes ocorrem na região do Litoral sul do Estado, notadamente em ambientes por apresentarem solos de potencial pedológico Alto, e aptidão climática plena com período chuvoso prolongado. Os ambientes de potencial Médio abrangem 10.996,05 km2, representando 19,51% da área total do Estado (Tabela 5), com ocorrência das subclasses M1, M2, M5, M6, M7 e M8, com predomínio da subclasse M8. Estas classes ocorrem principalmente na região do Litoral do Estado e do Sertão, notadamente em ambientes que apresentam solos de potencial pedológico Médio, e aptidão climática Plena e Moderada por deficiência. As áreas de potencial Baixo contemplam os ambientes com fortes limitações de solo e/ou de clima, abrangem 157,59 km2, representando 0,28% da área total do Estado (Tabela 5), com ocorrência das subclasses B1 e B4 predominando a subclasse B4. Esta classe ocorre em pequenas áreas do Agreste por apresentar aptidão climática moderada por deficiência hídrica e estar localizado em solos com potencial pedológico Baixo para a cultura. Revista Brasileira de Geografia Física v.10, n.03 (2017) 784-798. Francisco, P. R. M.; Santos, D.; Lima, E. R. V. 794 Figura 7. Potencial pedoclimático para cultura do sorgo para o cenário seco. Tabela 5. Classes de aptidão pedoclimática para cultura do sorgo Classe Subclasse Cenário Seco % Regular % Chuvoso % Muito Alta MA1 - - - - - - MA2 - - - - - - Alta A3 378,14 0,67 2.620,92 4,65 294,79 0,52 A4 672,18 1,19 626,32 1,11 1.593,44 2,83 Média M1 1.130,71 2,01 4.756,23 8,44 1.985,73 3,52 M2 141,41 0,25 2.154,84 3,82 3.228,82 5,73 M3 - - - - - - M4 - - - - - - M5 46,16 0,08 874,07 1,55 2.896,50 5,14 M6 3.105,55 5,51 741,50 1,32 236,09 0,42 M7 - - 412,06 0,73 4.893,31 8,68 M8 6.572,21 11,66 3.425,12 6,08 1.897,44 3,37 Baixa B1 1,64 - 97,72 0,17 72,68 0,13 B2 - - 49,71 0,09 36,22 0,06 B3 - - - - 123,11 0,22 B4 155,96 0,28 151,43 0,27 218,38 0,39 Muito Baixa MB1 1.113,92 1,98 9.398,57 16,67 2.552,88 4,53 MB2 648,22 1,15 3.407,87 6,05 4.722,59 8,38 MB3 178,96 0,32 1.053,89 1,87 10.435,87 18,51 MB4 12.413,23 22,02 4.549,20 8,07 2.959,87 5,25 MB5 - - - - - - MB6 1.456,09 2,58 795,30 1,41 637,18 1,13 MB7 11.597,27 20,57 8.693,00 15,42 7.434,76 13,19 MB8 365,14 0,65 223,88 0,40 72,35 0,13 MB9 16.395,22 29,08 12.340,40 21,89 10.080,00 17,88 Total 56.372,00 100,00 56.372,00 100,00 56.372,00 100,00 Revista Brasileira de Geografia Física v.10, n.03 (2017) 784-798. Francisco, P. R. M.; Santos, D.; Lima, E. R. V. 795 As áreas de potencial Muito Baixo contemplam os ambientes com fortes limitações de solo e/ou de clima, abrangem 44.168,04 km2, representando 78,35% da área total do Estado (Tabela 5), com ocorrência das subclasses MB1, MB2, MB3, MB4 e MB6, MB7, MB8 e MB9, predominando a subclasse MB9. Estas classes ocorrem quase todo Estado por apresentarem aptidão climática Inapta. De acordo com EMBRAPA (2012) na maioria das situações, essas limitações ocorrem de forma associadas. Os primeiros fatores restritivos normalmente ocorrem na porção oeste do Estado que abrange a região do Sertão onde as condições ambientais (baixo regime pluviométrico e altas temperaturas) favorecem a formação de solos rasos e pedregosos com predomínio de Neossolos litólicos ou aqueles com caráter salino/sódico e solos com problemas de drenagem, Associado a esse fato nessa região existe maior probabilidade da ocorrência de déficit hídrico. No mapa de classes de potencial pedoclimático do cenário pluviométrico com anos regulares (Figura 8), observa-se que não foram mapeadas áreas com potencial Muito Alto. O potencial Alto, a extensão territorial abrange 3.247,23 km2, representando 5,76% da área total do Estado (Tabela 5), com ocorrência das subclasses A3 e A4, predominando a subclasse A3. Estas classes ocorrem na região do Litoral e do Sertão, notadamente em ambientes por apresentarem solos de potencial pedológico Alto e aptidão climática Plena. Figura 8. Aptidão pedoclimática para cultura do sorgo para o cenário regular. Já os ambientes de potencial Médio abrangem 12.363,81 km2, representando 21,93% da área, com ocorrência das subclasses M1, M2, M5, M6, M7 e M8, com predomínio da subclasse M1. Estas classes ocorrem principalmente na região do Litoral, Agreste, Brejo e Sertão, notadamente em ambientes por apresentarem solos de potencial pedológico Médio, e aptidão climática Plena e Moderada por deficiência. Observa-se que no potencial Baixo a extensão territorial abrange 298,85 km2, representando 0,53% da área total do Estado (Tabela 5), com ocorrência das subclasses B1, B2 e B4. Estas ocorrem em ambientes por
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