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Guias e Dicas
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História e imagem a iconografia em impressos didáticos destinados a alfabetização, Manuais, Projetos, Pesquisas de História

Artigo Científico

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2015

Compartilhado em 20/01/2015

gustavo-cunha-de-araujo-7
gustavo-cunha-de-araujo-7 🇧🇷

4.8

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Baixe História e imagem a iconografia em impressos didáticos destinados a alfabetização e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para História, somente na Docsity! HISTÓRIA E IMAGEM: A ICONOGRAFIA EM IMPRESSO DIDÁTICO DESTINADO A ALFABETIZAÇÃO GUSTAVO CUNHA DE ARAÚJO1 SÔNIA MARIA DOS SANTOS2 RESUMO O estudo ora apresentado, inserido no contexto da história da educação brasileira, tem como finalidade analisar o impresso didático destinado a alfabetização denominado Caminho Suave, cartilha esta voltada para a alfabetização pela imagem, para que possamos resgatar e construir a história da alfabetização na cidade de Uberlândia, Minas Gerais, no período de 1948 a 1964. Para tal, esta pesquisa, de epistemologia qualitativa, tem como procedimento metodológico as fontes iconográficas impressas que, ao se somarem com a literatura educacional analisada, possam nos contribuir com reflexões e interpretações sobre a problemática enfatizada neste estudo, corroborando para a socialização e disseminação de conhecimento para a História da Educação mineira, enfatizando estudos que envolvem a alfabetização e iconografias por meio da perspectiva histórica. PALAVRAS-CHAVE: História; Imagem; Impresso Didático; Caminho Suave; Alfabetização. ABSTRACT The study presented here, within the context of the history of Brazilian education, aims to analyze a printed textbook for literacy called Caminho Suave, this booklet focused on literacy for the image, so that we can recover and build on the history of literacy Uberlândia, Minas Gerais, in the period 1948 to 1964. To this end, this research, qualitative epistemology, methodological procedure is to print the iconographic sources that add up when searched with the educational literature, may contribute to the reflections and interpretations on the issue emphasized in this study may contribute to further socialization and dissemination of knowledge to the mineira history of education, emphasizing studies involving literacy and iconography through the historical perspective. KEYWORDS: History; Image; Printed Didactical; Caminho Suave; Literacy. 1 Faculdade de Educação, Universidade Federal de Uberlândia, Avenida João Naves de Ávila nº. 2160, Bairro Santa Mônica, Uberlândia/Minas Gerais – CEP: 38.400-902 e-mail: gustavocaraujo@yahoo.com.br. 2 Faculdade de Educação, Universidade Federal de Uberlândia, Avenida João Naves de Ávila nº. 2160, Bairro Santa Mônica, Uberlândia/Minas Gerais – CEP: 38.400-902 e-mail: soniam@ufu.br. 2 Nos estudos realizados por nosso grupo de pesquisa3 sobre a alfabetização, cartilhas e iconografias, percebemos que as investigações sobre a alfabetização realizadas ao longo dos anos focando a perspectiva histórica é recente no bojo educacional. Todavia, percebemos que produções acadêmicas sobre tais temas tem sido realizados com grande relevância para a memória da história da educação brasileira contribuindo para que problemas relacionados à alfabetização escolar possam ser mais bem compreendidos e analisados. Diante disso, por meio de um extenso trabalho de análise bibliográfica e iconográfica, esta pesquisa propõe contribuir relevantemente para a história da educação, ao apresentar um estudo de caráter histórico feito sobre o impresso didático Caminho Suave, na cidade de Uberlândia, Minas Gerais, ao tentarmos compreender a importância das imagens que apareceram neste impresso didático, contribuindo para o processo de alfabetização de inúmeras pessoas que foram alfabetizadas por esta cartilha ao longo de mais de quarenta anos. Neste sentido, compreendemos a relevância de estudos sobre a alfabetização e impressos didáticos realizados no Estado de Minas Gerais, muito devido a contribuições do CEALE4/FAE5/UFMG, e pelo grupo de pesquisa “História da Alfabetização: lugares de formação, cartilha e modos de fazer”, da FACED/UFU, que possam colaborar para investigações sobre este tema relacionados à história da educação não apenas neste estado, mas para a educação brasileira também, ao socializar e divulgar as análises feitas à comunidade acadêmica em geral. É importante ressaltarmos que em pesquisas anteriores6, o recorte temporal era de 1936 a 1960, pois não havíamos ainda encontrado a data de registro do impresso didático destinado a alfabetização Caminho Suave, apenas vestígios de possíveis datas de publicações de suas edições, assim como dessa referida data, em diferentes regiões mineiras e, conseqüentemente, no Brasil. Assim, devido a participações em alguns congressos científicos da educação nos últimos anos e intercalando informações com colegas e pesquisadores da área da História da Educação, descobrimos que este material didático tem data de registro oficial de 1948, a qual teve sua primeira edição publicada. 3 Grupo de pesquisa cadastrado pelo CNPq: “História da Alfabetização: lugares de formação, cartilha e modos de fazer”, pela Faculdade de Educação da Universidade Federal de Uberlândia, o que se faz parte, também, professores das redes municipais, estaduais e superiores de ensino da cidade de Uberlândia, Minas Gerais. 4 Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais. 5 Faculdade de Educação. 6 ARAÚJO, Gustavo Cunha & SANTOS, Sônia Maria. A cartilha Caminho Suave: história, memória e iconografia. In: Fênix: Revista de História e Estudos Culturais: NEHAC/Instituto de História da Universidade Federal de Uberlândia, v.5. n.º 2, ano v, Abril/Maio/Junho de 2008. p. 1-16. 5 punham muita ênfase no ensino propriamente científico e literário. Na essência, entendemos que o regime “varguista” oficializou o dualismo educacional: um sistema de ensino bifurcado, com um ensino secundário destinado a formar as “elites condutoras” e um ensino técnico-profissionalizante para as classes populares, definindo o lugar que cada camada social deveria ter na construção da nação brasileira. Com relação aos anos de 1960, além de observarmos a produção e disseminação de diversos impressos didáticos destinados a alfabetização passarem a utilizarem “iconografias” em seu conteúdo, como a Caminho Suave, geralmente acompanhados de textos, na educação escolar, e também devido aos intensos debates políticos e pedagógicos que envolviam tanto questões sociais quanto educacionais, o Estado promoveu o chamado “alfabetizações em massa”, que visava diminuir excessivamente a taxa de analfabetização da população brasileira e tentar conscientizá-la de seus graves problemas sociais. Neste contexto, foi criado o “Plano Nacional de Alfabetização”, que tinha como principal objetivo, alfabetizar milhões de brasileiros em um tempo muito curto. No entanto, acreditamos que tal proposta de massificação não atingiu os resultados esperados, pois era impossível alfabetizar este contingente populacional desta forma, além de não haver no próprio Estado uma proposta efetiva que pudesse subsidiar este plano, ocasionando num decréscimo cada vez mais da qualidade de ensino em nosso país. É importante salientar, que neste período, surgiu o MOBRAL, em 1967, que também, ao nosso ver, não atendeu plenamente as expectativas, reforçando o fato de muitas alfabetizadoras (professoras) mineiras a se atentarem para a qualidade dos métodos das cartilhas e, estas, a utilizarem minuciosamente estes impressos em suas práticas educativas. Em adição a esta pesquisa, identificamos em análises feitas na Secretaria do Estado de Educação de Minas Gerais, que políticas públicas para a educação, como o PROALFA7, buscam elevar, por meio de estratégias próprias de ensino destes programas, os níveis de leitura e escrita dos alunos das escolas estaduais de Minas Gerais. No caso específico da cidade de Uberlândia, ao verificarmos os últimos dados coletados pelo nosso grupo, no ano de 2008, observamos uma melhoria de 2% nos resultados desse mesmo programa, se compararmos aos dos anos anteriores com esse ano, segundo dados do Jornal “O Correio de Uberlândia”. 7 Programa de Avaliação da Alfabetização. 6 HISTÓRIA E IMAGEM: PRESSUPOSTOS NORTEADORES DA PESQUISA EM EDUCAÇÃO Atualmente, estamos vivenciando uma intensa mudança nos modos de pensar e de reconstituir o passado histórico no qual viemos observando muito o historiador com a importante tarefa de não apenas desvendar o passado, mas principalmente, buscar respostas para o presente utilizando fontes tradicionais de pesquisa, como textos escritos e impressos, somadas a outras fontes como as iconográficas, por meio de pesquisas que enfatizam a perspectiva histórica (BURKE, 2004). Porém, nas últimas décadas observamos importantes transformações e disseminações de estudos que destacam a importância da imagem na história, voltada para a discussão das fontes de pesquisa trabalhadas pelo historiador. Dentre estas, as atenções dadas às fontes escritas e iconográficas ganharam amplitude, ao considerar a alfabetização visual, iconografias e impressos como objetos de estudo para a história da educação. Dentre estes, este presente estudo destaca as contribuições relevantes de (BURKE, 2005, 2004; CALADO, 1994 e CHARTIER, 2001 e 2002). Por outro lado, quando ressaltamos a questão e a importância das imagens na história, é preciso mencionarmos os meios em que essa mensagem visual foi sendo veiculada ao longo dos anos, neste caso, ao destacarmos os impressos, como panfletos, folhetins de época e, mesmo, livros, que, associadas aos textos, tinham a função de complementar alguma informação ou, mesmo, testemunhar alguma época ou momento histórico visualmente. Desse modo, concordamos com Chartier (2002) ao nos desvelar que o texto é objeto de constantes leituras, nos quais estas vão se diversificando com o passar do tempo. É neste sentido que este teórico vai pontuar as práticas de leituras associadas a textos visuais, como as imagens, que vão retratar lugares, momentos, memórias entre outros. Com o surgimento da imagem impressa (gravura) no século XV e XVI, da imprensa no século XIX e da fotografia no século XX, a produção e disseminação de imagens para a sociedade cresceu de forma considerável (BURKE, 2004). De fato, acreditamos que a imagem, enquanto um campo da pedagogia visual inserido na cultura escolar é rica em significados e representações. Diante disso, podemos afirmar a possibilidade de uma representação histórica fiel do passado que a imagem nos pode transmitir. [...] as imagens nos permitem ‘imaginar’ o passado de forma mais vivida. [...] nossa posição face a face com uma imagem nos coloca face a face com a história. O uso de imagens em diferentes períodos como objetos de devoção ou meios de persuasão, de transmitir informações ou de oferecer prazer, 7 permite-lhes testemunhar antigas formas de religião, de conhecimento, crença, deleite, etc. embora textos também ofereçam indícios valiosos, imagens constituem-se no melhor guia para o poder de representações visuais na vida religiosa e política de culturas passadas (BURKE, 2004, p. 17). Assim, após a grande proliferação da imagem no século XIX, devido ao boom do surgimento da impressa gráfica, entendemos a necessidade de se compreender e saber utilizá- la enquanto fonte iconográfica baseada na gramática visual. Dessa forma, acreditamos que ao aprendermos a ler imagens, e a entender os seus significados, temos a capacidade de comunicar e de ensinar por meio delas, e a saber explorá-las ao utilizá-las enquanto evidências visuais em pesquisas históricas, contextualizando-as. Daí, a importância da alfabetização pela imagem, em estudos inseridos na história da educação, que vão se referir à linguagem visual iconográfica. Uma vantagem particular do testemunho de imagens é a de que elas comunicam rápida e claramente os detalhes de um processo complexo, como o da impressão, por exemplo, o que um texto leva muito mais tempo para descrever de forma mais vaga. (BURKE, 2004, p.101) Diante desta linha de raciocínio, para Chartier (2002), os textos, impressos e leituras assumem grande relevância na produção de significados e interpretações em pesquisas que abordam temas relacionados à educação. Assim, entendemos que a cartilha Caminho Suave, objeto de estudo neste presente trabalho, se insere na cultura dos impressos didáticos presentes no âmbito educacional, portanto, da cultura escolar. Por outro lado, com relação às fontes históricas da pesquisa científica, Saviani (2004) vai nos falar sobre os diferentes conceitos que poderíamos atribuir à palavra “fonte”, entre os quais destacamos o que diz respeito à História da Educação, o qual nos interessa aqui. Segundo este historiador da educação, as fontes históricas constituem o ponto de partida para o desenvolvimento da pesquisa no qual o objeto de estudo é problematizado, no caso deste trabalho, o impresso destinado à alfabetização Caminho Suave. Neste sentido, entendemos que as fontes para o nosso conhecimento são a base que darão o corpo para a produção cientifica, visto que “[...] sempre que a elas retornamos, tendemos a descobrir novos elementos, novos significados, novas informações que nos tinham escapado por ocasião das incisões anteriores” (SAVIANI, 2004, p. 6). Entretanto, com relação aos métodos e as fontes de pesquisa, 10 Ainda com relação a este impresso pedagógico, em uma de suas páginas, observamos letras associadas a imagens, como se pode observar acima, no qual a letra “p” está inserida - desenhada - no corpo de um pato, no caso, a imagem, com o intuito de alfabetizar o aluno, por meio da associação entre letras, sílabas e imagens que representam desde animais, objetos a pessoas. Entendemos que o método sintético da Caminho Suave começava pelas vogais e partia para a silabação, formando palavras. Acreditamos que esta forma de alfabetizar pela imagem, contribuía para o ensino e aprendizagem dos alunos e, que a autora desta cartilha, Branca Alves de Lima, foi à pioneira ao criar este método de alfabetização pela imagem na educação escolar. Este trabalho também identificou que este método não é o mais utilizado nas escolas atualmente, mas continua vendendo números consideráveis de exemplares por ano em nosso país, na área da educação e pedagogia, afirmando a sua potencialidade, importância e tradição em ter alfabetizado milhares de pessoas desde a sua criação, na história da educação brasileira. Não obstante, é importante mencionarmos que que este impresso didático foi o mais vendido no Brasil no ano de 2010, segundo dados da Livraria Folha.9 Durante a análise iconográfica e bibliográfica, não encontramos evidência que pudesse desvelar para este estudo se a autora deste material tinha algum conhecimento do alfabetismo visual, ou seja, a “gramática da imagem”, para poder ter preparado o manual do professor ou pedagógico que tinha como princípio auxiliá-lo a utilizar corretamente o método e orientá-los em suas aulas, método este relacionado a alfabetização pela imagem. Diante desse raciocínio, acreditamos que a referida autora deste impresso, Branca Alves de Lima, ao se deparar com as dificuldades apresentadas pelos seus alunos, em associar palavras com imagens que representavam alguma coisa, como animais, pessoas ou objetos do cotidiano, resolveu criar este método de “alfabetização pela imagem”. Seguindo este raciocínio, entendemos que a imagem torna-se fundamental na transmissão de conteúdos, se relacionando ao contexto educativo e histórico em que foi produzida. No que se refere à alfabetização visual, é importante ressaltarmos que a relevância dada à “decifração” da imagem, está relacionada aos elementos da linguagem visual como pontos, linhas, planos, cor, composição em geral, conceitos estes presentes nas Artes Visuais. [...] as imagens usadas em sala de aula não devem sê-lo gratuitamente, mas que devemos conhecer os seus componentes sintáticos e semânticos – para adequá-los aos objetivos que perseguiremos. É, de fato, de sintaxe e de 9 Para maiores informações, ver: http://www1.folha.uol.com.br/folha/livrariadafolha/760771-cartilha-caminho- suave-lidera-mais-vendidos-em-educacao-e-pedagogia.shtml (acesso em 15 de março de 2011). 11 semântica que trata da gramática da imagem: das relações entre os elementos (relações entre fundo e forma, relações entre linhas e massas, tensões estabelecidas, relações de escala e proporção entre esses elementos, etc.), bem como do significado dessas relações, que passam então a ser encaradas como signos (CALADO, 1994, p. 51). Quando mencionamos o termo alfabetismo, estamos afirmando que se refere à capacidade de o individuo compreender e se expressar por meio de um sistema de representação escrita e visual (CALADO, 1994). O que se percebe neste raciocínio, é que as imagens e as palavras devem se complementar, e jamais se oporem. Quando trabalhadas juntas, percebemos que ambas podem enriquecer as significações das imagens, contribuindo, por exemplo, para o processo de alfabetização, assim como ocorre na cartilha Caminho Suave. De fato, entende-se que ambas são duas formas de representações que precisam estar inseridas no contexto educativo e histórico do aluno. Neste sentido, aprofundar o estudo sobre a gramática da imagem é uma forma de conhecermos e percebermos a potencialidade que as mesmas podem ter se utilizadas como recurso metodológico na educação e como fontes iconográficas para pesquisas cientificas que utilizam evidências visuais. Desse modo, acredita-se que a leitura de imagens, assim como a dos textos escritos, nos fazem ir em busca não apenas da compreensão e comunicação de informações ou idéias, mas também, da codificação e decodificação da mesma, fundamental para o ato de se comunicar visualmente. [...] uma imagem não substitui, um texto ou uma proposição oral. Mas também que, para certas mensagens, estes últimos não substituem uma imagem: pelas suas propriedades estruturais, a imagem está mais apta que o discurso verbal a representar, nomeadamente, realidades organizacionais (capacidade superior de representação das relações espaciais) (CALADO, 1994, p. 34). Em vista disso, com relação ao uso da imagem na sala de aula, é relevante compreendermos que, fornecer aos alunos os conhecimentos necessários pra uma leitura consciente das imagens, levá-lo a descobrir os seus códigos, é contribuir para integração do futuro cidadão, tornando-o liberto do poder massificador e demagógico dos media. Fazer do aluno um indivíduo civicamente responsável e torná-lo capaz de analisar, escolher, decidir e intervir. A valorização dos outros sistemas de comunicação para além do verbal aproximará a escola das formas hodiernas de comunicação e, nessa medida, torná-la um fórum de saber verdadeiramente englobante (CALADO, 1994, p. 122). 12 A necessidade dessa aprendizagem visual pode fazer com que os alunos entendam as informações e significações contidas nas imagens, decifrando-as, gerando interpretações e outros significados que podem ser diferentes de acordo com o seu contexto, podendo contribuir para o seu aprendizado e produção de conhecimento, além de aprenderem a ler e a escrever, neste caso, ao trabalharem com o impresso de alfabetização pela imagem Caminho Suave. O poder da imagem no domínio da educação, da afetividade, da sensibilidade e da sociabilidade tem pois afirmar-se com igual vigor. Valorizar a polissemia de certas mensagens (não temer diferentes interpretações) é ajudar a desenvolver no aluno não só o sentido do grupo, da tolerância e da democracia, mas também o espírito crítico. A escola reencontrará ainda, associado à polissemia, o valor da criatividade (CALADO, 1994, p. 123). Assim, o impresso, por ser um tradicional meio de comunicação entre os indivíduos de uma sociedade, está também relacionado às práticas de leitura presentes num grupo social (CHARTIER, 2001), neste caso, as pessoas que foram alfabetizadas pela Caminho Suave, ao enfatizar temas dos mais variados em seu escopo. Neste sentido, este autor vai nos dizer que cada comunidade ou grupo social vai organizar suas práticas de leitura por meio de uma obra textual, ou seja, à obra Caminho Suave (texto e imagem), no qual esta passa a influenciar a forma de ler dos indivíduos de uma sociedade (aprender a ler e a escrever com esta cartilha). CONSIDERAÇÕES FINAIS Nos últimos anos, temos percebido uma grande proliferação e disseminação rápida de novas tecnologias e meios de comunicação em nossa sociedade, das quais a atenção dada às imagens, sobretudo, as formas visuais de comunicação, foi se mostrando relevante no bojo educacional, implicando em novas práticas de ensino e de investigações cientificas que utilizam as imagens enquanto formas de evidências visuais. Neste sentido, percebemos que a disseminação das mensagens visuais em toda a sociedade se insere no âmbito de pesquisas cientificas de cunho histórico, no qual a necessidade de se alfabetizar visualmente, se atentando para as especificidades das imagens em impressos didáticos, se mostra cada vez mais relevante na esfera educacional. Seguindo este raciocínio, acreditamos que a imagem possa contribuir no contexto educativo e para pesquisas de perspectiva histórica que a utilizam como fontes de
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