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Banana- instruções práticas de cultivo, Notas de estudo de Agronomia

instruções práticas do cultivo da banana

Tipologia: Notas de estudo

2013

Compartilhado em 13/10/2013

mateus-valdir-muller-6
mateus-valdir-muller-6 🇧🇷

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Baixe Banana- instruções práticas de cultivo e outras Notas de estudo em PDF para Agronomia, somente na Docsity! ISSN 1808-0707 7 6 7 Dezembro, 2006 Banana: Instruções Práticas de Cultivo Documentos 161 Banana: Instruções Práticas de Cultivo Cruz das Almas, Bahia 2006 ISSN 1808-0707 Dezembro, 2006 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Ana Lúcia Borges Aristoteles Pires de Matos Organizadores Marilene Fancelli Enga Agra, DSc., Pesquisadora da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, Rua Embrapa, s/n. Caixa Postal 7. Bairro Chapadinha. Cruz das Almas - BA, 44380-000 Fone: (75) 3621-8026, fancelli@cnpmf.embrapa.br Sebastião de Oliveira e Silva Engo Agro, DSc., Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, Rua Embrapa, s/n. Caixa Postal 7. Bairro Chapadinha. Cruz das Almas - BA, 44380-000 Fone: (75) 3621-8060, ssilva@cnpmf.embrapa.br Zilton José Maciel Cordeiro Engo Agro, DSc., Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, Rua Embrapa, s/n. Caixa Postal 7. Bairro Chapadinha. Cruz das Almas - BA, 44380-000 Fone: (75) 3621-8094, zilton@cnpmf.embrapa.br Apresentação Esta publicação foi elaborada com a finalidade de orientar os agricultores do município de São Francisco do Conde, Bahia, quanto ao cultivo da bananeira. O município está localizado no extremo norte da Baía de Todos os Santos, a uma altitude de 11 metros acima do nível do mar e com clima tropical atlântico. Originou-se de demandas dos agricultores do município e como parte do projeto ELABORAÇÃO E DIFUSÃO DE SISTEMA DE PRODUÇÃO E DE PROCESSAMENTO DE BANANA VOLTADO PARA PEQUENOS PRODUTORES, componente do Macroprograma 4 (MP4) da Embrapa. As instruções práticas de cultivo da bananeira são aqui apresentadas de forma bastante simples e com ilustrações, abrangendo as principais etapas do sistema de produção da cultura. Espera-se que haja adoção e/ou ajustes dos conhecimentos, resultando no aumento da produtividade, melhoria da qualidade dos frutos e, consequentemente, aumento da renda familiar e melhoria das condições de vida dos agricultores. José Carlos Nascimento Chefe Geral Sumário Importância ....................................................................... 9 Escolha e Preparo do Terreno ............................................ 10 Adubação........................................................................ 10 Variedades e Seleção do Material ...................................... 13 Espaçamento ................................................................... 14 Plantio ............................................................................ 15 Tratos Culturais ............................................................... 16 Pragas ............................................................................. 18 Broca do rizoma ...................................................................... 18 Tripes.................................................................................... 20 Broca-rajada ........................................................................... 21 Lagartas desfolhadoras ............................................................. 21 Ácaros de teia ........................................................................ 21 Abelha arapuá ........................................................................ 22 Doenças .......................................................................... 22 Mal-do-Panamá ....................................................................... 22 Sigatoka-amarela ..................................................................... 24 Sigatoka-negra ........................................................................ 25 Colheita .......................................................................... 28 10 Banana: Instruções Práticas de Cultivo Escolha e Preparo do Terreno Dê preferência aos terrenos planos a suavemente ondulados. O terreno ideal é o profundo (pelo menos um metro de profundidade), rico em matéria orgânica, bem drenado e com boa capacidade de retenção de água. Em terrenos inclinados deve-se plantar seguindo as suas curvas de nível, para não desgastar a terra. Os terrenos não muito argilosos (30 a 40% de argila) e também não muito arenosos, com menos de 45% de areia, são mais apropriados, pois retêm os nutrientes e a água, que são fundamentais para o bom desenvolvimento da bananeira. Assim, deve-se evitar: 1. Plantar ladeira abaixo ou morro abaixo. 2. Plantar em terreno com muito barro, ou seja, muito argiloso. 3. Plantar em terreno com muita areia, ou seja, muito arenoso. 4. Plantar em áreas sujeitas a encharcamento, em baixadas ou terras com camadas endurecidas ou soladas, que impedem a penetração da água. 5. Plantar em terras fracas por natureza ou esgotadas por outros cultivos. Após a escolha da área, é preciso preparar a terra para o plantio da bananeira. O preparo da terra depende do tipo de vegetação, da lavoura anterior, do tipo de solo e das condições financeiras do agricultor. A queima deve ser evitada. O agricultor que queima a terra toda destrói os microrganismos (bichinhos) benéficos que vivem debaixo da terra e também os adubos orgânicos, acabando com a fortaleza da terra. Arranque os tocos, faça aração ou tombamento e gradagem ou apenas a escarificação da terra para deixar o terreno como a planta gosta – bem arejado e fácil para as raízes penetrarem e absorverem os nutrientes. Em área já cultivada também não use fogo; deixe o mato e os resíduos da bananeira na superfície da terra, os quais servem como adubo. Adubação Antes de plantar faça a análise da terra. Retire 15 a 20 subamostras por área homogênea, nas profundidades de 0-20 cm e, se possível, de 20-40 cm, misture e forme uma amostra composta para cada profundidade e encaminhe 11Banana: Instruções Práticas de Cultivo para o laboratório, com antecedência de 60 dias do plantio. A bananeira requer muito nutriente para crescer e produzir bons frutos. Se tiver dúvidas na amostragem da terra para análise, chame um técnico para ajudar. Se necessário, a primeira prática que deve ser feita é a aplicação do calcário, que reduz a acidez e eleva os teores de cálcio e de magnésio da terra. Contudo, a maior parte dos solos do município de São Francisco do Conde não apresenta acidez, ou seja, a quantidade de alumínio é baixa e o pH é elevado, como também são altas as quantidades de cálcio e magnésio, dispensando a aplicação de calcário. A adubação na cova de plantio é muito importante, devendo conter fósforo (P) e adubo orgânico, principalmente para ajudar na formação e no crescimento das raízes da bananeira. O fósforo é fornecido pela farinha de ossos queimados, pelos superfosfatos e pelo fosfato de rocha. Em geral, 250 g de superfosfato triplo por cova é suficiente, mas a análise química do solo é que vai informar a quantidade exata. O adubo orgânico, em torno de 15 litros de esterco de curral, composto orgânico ou outro material orgânico disponível na propriedade, deve ser aplicado na cova de plantio, pois é muito importante para o crescimento da bananeira. A partir do primeiro mês, o nitrogênio (N) deve ser aplicado novamente, para ajudar a crescer e dar cor verde às folhas das bananeiras. O nitrogênio é fornecido pelo esterco, pelas leguminosas (feijão e outras), pelo composto, pela uréia, pelo sulfato de amônio e outros adubos minerais. A uréia, como é a fonte de nitrogênio mais barata, é a mais utilizada. Se for utilizar a uréia, como o nitrogênio movimenta-se na terra, é importante que se faça, pelo menos, seis aplicações desse adubo durante o ano (a cada dois meses), em torno de 50 g de uréia por aplicação. A terra não pode estar seca (queima a planta) ou úmida demais, pois o nutriente não será aproveitado. Quando a bananeira estiver com três meses, aplique o potássio (K), que é o nutriente que a bananeira precisa em maior quantidade, para produzir frutos de qualidade. A quantidade de potássio a ser aplicada vai depender da análise química do solo. As fontes de potássio são o cloreto de potássio ou o sulfato de potássio, sendo encontrado também no esterco e nas cinzas. Se o agricultor não quiser utilizar produtos industrializados como o superfosfato triplo, superfosfato simples, a uréia e o cloreto de potássio, ele pode utilizar os adubos orgânicos que tiver na propriedade como compostos 12 Banana: Instruções Práticas de Cultivo (mistura de esterco, raspa de chiqueiro, restos de colheita, restos de ervas- daninhas, capim, folhas, excesso de frutas do pomar, sabugos e outros materiais orgânicos), cinzas, estercos (vaca, bode, jumento, cavalo, galinha e outras aves), adubos verdes, ricos em nitrogênio (guandu, mucuna, feijão caupi e outros) e, também, os biofertilizantes (adubo obtido pela fermentação do esterco verde). Lembrar que a bananeira devolve ao solo o material vegetal após a colheita dos cachos, que representa uma quantidade significativa de nutrientes. Assim, a análise química do solo deve ser feita anualmente, após a primeira colheita, para ver quanto de nutriente os resíduos da bananeira incorporaram na terra. Os resíduos da bananeira devem ficar na terra como cobertura do terreno e para fornecer nutrientes para a planta, quando os restos da cultura começarem a apodrecer. As adubações de cobertura nas plantas jovens devem ser feitas em círculo, com 10 a 20 cm de largura e 20 a 40 cm distante da muda, de acordo com a idade da planta (Figura 1A). No bananal adulto, os adubos são colocados em meia- lua em frente à planta filha e neta (Figura 1B). Em terrenos inclinados, a adubação deve ser feita em meia-lua, do lado de cima da cova, e ligeiramente incorporada ao solo. Fig. 1. Localização do adubo nas bananeiras: A. Planta nova e B. Planta adulta. A B Fo to s: A na L úc ia B or ge s 15Banana: Instruções Práticas de Cultivo As culturas consorciadas são plantadas nas ruas de 3 ou 4 m, deixando sempre um espaço (50 cm) da planta. Usando-se fileira dupla, tem-se as seguintes vantagens: 1. Facilita o plantio de uma cultura intercalar, preferencialmente uma leguminosa, que fornece nutrientes à bananeira e cobrirá boa parte dos custos iniciais com a banana. 2. Fica mais fácil capinar, pois nasce menos mato. 3. Facilita a colheita, pois os cachos crescem para o lado da fileira larga, onde há mais luminosidade. Plantio Como o solo de São Francisco do Conde é muito argiloso, o plantio não pode ser realizado no início das chuvas (abril e maio) e sim do meio para o fim das chuvas (julho e agosto). Fig. 3. Plantio da bananeira em fileiras duplas. Fo to : A na L úc ia B or ge s 16 Banana: Instruções Práticas de Cultivo Deve-se abrir covas de 30 x 30 x 30 cm ou 40 x 40 x 40 cm (Figura 4A) ou sulcos com 30 cm ou 40 cm de profundidade (Figura 4B). Fig. 4. Abertura de covas para plantio da bananeira. A. Cova e B. Sulco. A B As mudas são colocadas nas covas adubadas, a uma profundidade de forma que o rizoma fique totalmente coberto. Caso o terreno seja inclinado, a parte da muda com o olho (gema) deve ser colocada na parte superior. Aperte bem a terra ao redor da muda e coloque ao redor capim seco, para conservar a umidade da terra. Tratos Culturais 1. Capina: principalmente nos cinco primeiros meses após o plantio. Pode ser realizada com enxada, estrovenga e herbicidas. O solo não pode ficar descoberto, e não se deve capinar a área total do bananal (Figura 5). 2. Irrigação: a bananeira é sensível à deficiência de água, devendo ser irrigada quando faltar água na terra, ou seja, quando não chover 100 a 150 mm por mês. A quantidade de água a ser aplicada varia de 13 a 55 litros por planta por dia, dependendo do desenvolvimento da planta e da época do ano. Fo to s: A na L úc ia B or ge s Fig. 5. Solo após a capina. Fo to : A na L úc ia B or ge s 17Banana: Instruções Práticas de Cultivo 3. Desbaste: é a eliminação do excesso de filhos com 20 cm a 30 cm de altura, sendo normalmente feito três vezes por ano, deixando-se apenas uma família (mãe, filho e neto ou mãe e dois filhos) (Figura 6). Fig. 6. Desbaste da bananeira utilizando a “lurdinha”. 4. Desfolha: é a eliminação das folhas secas, mortas e verdes quebradas, sendo normalmente feita na época do desbaste e após as adubações (Figura 7). Fig. 7. Desfolha da bananeira com podão (A) e faca (B). A B 5. Escoramento: é uma prática que evita perdas de cacho por quebra e tombamento da planta, quando o cacho é muito pesado. Recomenda-se realizá- la no início da formação do cacho (primeiros 30 dias). Usar madeira ou fios de plástico. Esta prática é utilizada para variedades ´Terra´ e ´Nanicão´. 6. Eliminação do coração: acelera o desenvolvimento dos frutos, aumenta o comprimento dos últimos frutos e o peso do cacho. Recomenda-se realizá-la duas semanas após a emissão do cacho, deixando 15 cm de engaço. Nesta ocasião, retira-se a última penca deixando-se apenas um fruto como dreno. Pode ser realizada junto com o escoramento. Fo to : A na L úc ia B or ge s Fo to s: A na L úc ia B or ge s 20 Banana: Instruções Práticas de Cultivo (parcial ou total) à metade dessa altura (Figura 12). Os insetos são atraídos pelas iscas e se alojam dentro da isca tipo queijo ou embaixo da isca telha. As iscas podem ser pinceladas com uma suspensão de um fungo denominado Beauveria bassiana ou com inseticidas. Os insetos capturados nas iscas, onde não se utilizou nem inseticida nem fungo, devem ser coletados e destruídos. Devem ser distribuídas 50 iscas por hectare. Fig. 12. Isca tipo queijo. Tripes Existem pelo menos dois tipos de tripes que afetam os frutos da bananeira: o tripes da erupção e o tripes da ferrugem. Os tripes da erupção são pequenos insetos que põem os ovos na casca dos frutos em desenvolvimento, provocando danos na forma de pontuações marrons e ásperas ao tato (Figura 13). Esses danos depreciam o valor comercial do fruto, porém não causam problemas na qualidade da fruta. A despistilagem, ou seja a retirada dos restos das flores, e a retirada do coração ou mangará, reduzem a população do tripes e, por conseguinte, os danos por eles causados. A proteção dos cachos com sacos plásticos, reduz os prejuízos causados pelo tripes da erupção. O tripes da ferrugem provoca o aparecimento de manchas de coloração marrom (semelhantes à ferrugem), diminuindo a qualidade do fruto, porém sem afetar a polpa da banana. Fo to : A na L úc ia B or ge s Fig. 13. Sintomas de tripes da erupção. Fo to : A ris to te le s Pi re s de M at os 21Banana: Instruções Práticas de Cultivo Broca-rajada Em sua fase de larva, a broca-rajada da bananeira lembra a broca-do-rizoma; porém, na fase adulta, a broca-rajada é um besouro marrom, medindo cerca de 15 cm de comprimento e com listras longitudinais pretas. É uma praga freqüentemente encontrada no bananal, sendo atraída pelas iscas utilizadas para captura de adultos da broca-do-rizoma. A broca-rajada é também facilmente encontrada em pseudocaules tombados, em decomposição ou em plantas que apresentam desenvolvimento pouco satisfatório. Embora não seja uma praga importante para a bananeira, o aumento na população da broca-rajada pode causar problemas para culturas vizinhas do bananal como, por exemplo, a cana- de-açúcar e o coqueiro. As medidas utilizadas para controlar a broca-do-rizoma são também eficientes no controle da broca-rajada. Lagartas desfolhadoras Várias espécies de lagartas são capazes de se alimentar das folhas da bananeira, causando danos que variam de perfurações nas folhas até a destruição de grandes áreas. De maneira geral, as lagartas desfolhadoras da bananeira não são consideradas pragas de importância para a cultura, tendo em vista que são atacadas por inimigos naturais que mantêm a população da praga em equilíbrio; portanto, não há necessidade de aplicar produtos químicos para controlar essas lagartas. Ácaros de teia Na forma adulta, os ácaros da teia medem em torno de 0,5 mm de comprimento, apresentam coloração avermelhada e formam colônias na face inferior das folhas, tecendo teias normalmente ao longo da nervura principal (Figura 14). O ataque dos ácaros é mais severo em épocas secas, enquanto nas épocas mais úmidas e chuvosas os danos causados pelo ataque dessa praga são bastante reduzidos. Nas épocas Fig. 14. Danos nas folhas da bananeira causados por ácaros. Fo to : N ilt on F rit zo ns S an ch es 22 Banana: Instruções Práticas de Cultivo secas e quentes o ataque dos ácaros provoca o amarelecimento da região afetada, a qual, com o passar do tempo, torna-se necrosada, podendo secar a folha. Abelha arapuá Também conhecida como abelha cachorra, a abelha arapuá é um inseto de coloração preta, com cerca de 5 cm de comprimento, encontrado freqüentemente nos bananais onde existam plantas em fase de floração. O ataque da arapuá nas flores e em frutos novos resulta no desenvolvimento de lesões irregulares, principalmente ao longo das quinas, dano este que deprecia o valor comercial dos frutos. A eliminação do coração, após a formação do cacho, ajuda a reduzir os danos causados pela arapuá. Doenças As doenças são as principais causas de perdas na produção de frutos na cultura da bananeira, razão pela qual são consideradas o principal fator limitante para sua exploração comercial em determinadas regiões produtoras. Entre as principais doenças que afetam a bananeira no Estado da Bahia destacam-se o mal-do-Panamá e a Sigatoka-amarela. Em alguns Estados brasileiros, onde a bananicultura ocupa lugar de destaque na atividade agrícola, como Santa Catarina e São Paulo, uma outra doença, conhecida como Sigatoka-negra, constitui a principal causa de perdas na produção. Mal-do-Panamá O mal-do-Panamá é uma doença bastante importante em toda as regiões produtoras de banana no Mundo. No Brasil, o mal-do-Panamá pode causar sérios problemas a diversas variedades de banana do grupo Prata, e é o principal fator limitante ao cultivo da banana ‘Maçã’. As plantas atacadas pelo mal-do-Panamá mostram amarelecimento que começa dos bordos para o centro da folha. Os sintomas começam nas folhas mais velhas, seguindo progressivamente para as mais novas. Como conseqüência do ataque do mal- do-Panamá, as folhas murcham, secam e dobram junto ao pseudocaule, ficando pendentes e dando à planta um aspecto de guarda-chuva fechado (Figura 15). 25Banana: Instruções Práticas de Cultivo tomando o aspecto de um risco amarelo mais forte. Com o passar do tempo, os riscos amarelados tornam- se manchas marrons que vão escurecendo com o passar do tempo, até se apresentar como uma mancha marrom escura, quase preta, com o centro acinzentado e uma borda amarelada (Figura 18). Normalmente as manchas se juntam e uma grande área da folha fica necrosada ou morta (Figura 19). A morte prematura das folhas, devida ao ataque da Sigatoka-amarela, afeta o desenvolvimento da planta, provoca lentidão na capacidade de perfilhamento, diminui o número de pencas por cacho, reduz o tamanho dos frutos, provoca a maturação precoce dos frutos no campo e pode acelerar a maturação dos frutos durante o transporte e comercialização. Sigatoka-negra A Sigatoka-negra é a mais grave e temida doença da bananeira em todo o mundo. No Brasil, essa doença foi constatada em 1998 e se espalhou por diversos Estados, encontrando-se, até outubro de 2005, presente nos Estados do Amazonas, Acre, Amapá, Pará, Roraima, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Sul de Minas Gerais, sendo a Região Nordeste considerada como área livre da doença. À semelhança com a Sigatoka-amarela, os sintomas iniciais da Sigatoka-negra ocorrem nas folhas 2, 3 e 4. Entretanto, diferentemente da Sigatoka-amarela, os primeiros sintomas da Sigatoka-negra aparecem na face inferior das folhas, na forma de riscos de cor marrom (Figura 20), que evoluem para coloração Fig. 18. Sintomas avançados da Sigatoka-amarela. Fo to : A ris to te le s Pi re s de M at os Fig. 19. Folha necrosada em decorrência do ataque da Sigatoka-amarela. Fo to : A ris to te le s Pi re s de M at os 26 Banana: Instruções Práticas de Cultivo preta. Com o progresso da doença os riscos passam para manchas pretas, que se juntam e matam grandes áreas das folhas (Figura 21), de maneira que expressa um visual preto escuro na planta afetada. A evolução da Sigatoka- negra é mais rápida que a da Sigatoka-amarela; portanto, as perdas na produção são mais acentuadas. Nas variedades tipo Prata e Cavendish (Nanica, Nanicão, Grande Naine etc.) a Sigatoka-negra pode causar perdas de até 100%. Nas variedades Terra e D’Angola as perdas podem ser de até 70%. A morte prematura das folhas, devida ao ataque da Sigatoka-negra, à semelhança da Sigatoka-amarela, afeta o desenvolvimento da planta, provoca lentidão na capacidade de perfilhamento, diminui o número de pencas por cacho, reduz o tamanho dos frutos, provoca a maturação precoce dos frutos no campo e pode acelerar a maturação dos frutos durante o transporte e comercialização, porém estes distúrbios acontecem de maneira mais rápida. Para controlar as Sigatokas amarela e negra é necessária a integração de várias medidas a seguir especificadas: 1. Uso de variedades resistentes. O cultivo de variedades resistentes é o método de controle de doença de plantas mais econômico, eficiente e não agressivo ao meio ambiente. Portanto, sempre que possível, deve-se substituir as variedades suscetíveis pelas resistentes, com o objetivo de reduzir, ou mesmo eliminar, o emprego do controle químico. As variedades Mysore, Figo, Caipira, Thap Maeo, Pacovan Ken e Preciosa são resistentes tanto à Sigatoka- negra, quanto à Sigatoka-amarela, e devem ser utilizadas para implantação de Fig. 21. Folhas de bananeira com sintomas de necrose devidos ao ataque da Sigatoka-negra. Fo to : A ris to te le s Pi re s de M at os Fig. 20. Sintomas iniciais da Sigatoka-negra em folhas de bananeira. Fo to : A ris to te le s Pi re s de M at os 27Banana: Instruções Práticas de Cultivo novos pomares. As variedades FHIA-18 e Maravilha são resistentes à Sigatoka- negra e moderadamente suscetível à Sigatoka-amarela; portanto, podem ser cultivadas nas diversas regiões produtoras de banana do Brasil. Por outro lado, as variedades Terra, D’Angola e Tropical são resistentes à Sigatoka-amarela e suscetíveis à Sigatoka-negra, podendo ser cultivadas apenas em regiões onde a Sigatoka-negra ainda não se encontra presente. 2. Controle cultural. Diversas práticas culturais podem e devem ser implementadas no sentido de reduzir a intensidade das Sigatokas amarela e negra nos bananais. Entre elas destacam-se: a) a drenagem do solo, além de melhorar o crescimento geral das plantas, reduz a umidade no interior do bananal, contribuindo para a diminuição da doença; b) o mato, além de competir com as bananeiras, aumenta a umidade dentro do plantio; portanto, o controle do mato ajuda a combater as Sigatokas amarela e negra; c) a desfolha sanitária, ou seja, a retirada racional das folhas atacadas, ou das partes atacadas das mesmas, a depender do grau de ataque; d) as plantas que recebem adubação adequada mantêm bom ritmo de emissão de folhas; dessa maneira compensa os danos provocados pela doença, enquanto plantas com deficiência nutricional tem o lançamento de folhas retardado e, por conseqüência, as lesões provocadas pela doença são vistas em folhas cada vez mais novas, causando maiores danos à planta atacada; e) plantas que se desenvolvem em condições sombreadas apresentam pouca ou nenhuma ocorrência das Sigatokas amarela e negra; assim sendo o estabelecimento de bananais sob condições de sombra constitui prática de controle dessas doenças; entretanto, deve-se ter em mente que as plantas cultivadas na sombra podem apresentar maior altura, ter o ciclo aumentado e apresentar perdas na produção. 3. Controle químico. Quando se cultiva variedades suscetíveis, sob condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento das Sigatokas amarela e negra, a aplicação de fungicidas se torna a principal arma no controle dessas doenças. Para que o controle químico seja eficiente deve-se atentar para os seguintes aspectos: a) as pulverizações devem ser feitas no primeiro horário da manhã ou no final da tarde; b) não se deve pulverizar em dias chuvosos e com vento forte; c) as pulverizações devem ser direcionadas para o alto da bananeira, de maneira a proteger as folhas mais novas, as quais são mais facilmente atacadas pela doença; d) considerando que as Sigatokas amarela e negra são fortemente
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