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Guias e Dicas
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Sobrevivência em náufragos: proteção, comunicação e conservação de recursos, Manuais, Projetos, Pesquisas de Engenharia Naval

Este documento fornece instruções importantes para sobreviventes de náufragos sobre a importância de usar coletes de proteção contra estilhaços, equipamentos de comunicação de emergência e mantê-los agrupados. Além disso, ele aborda a importância de manter a balsa e seus ocupantes secos, conservar água e alimentos, e evitar desperdiçar energia. O documento também fornece informações sobre a importância de manter a balsa ventilada e manter a água do mar afastada.

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2011

Compartilhado em 15/02/2011

bruno-dos-santos-coelho-neto-7
bruno-dos-santos-coelho-neto-7 🇧🇷

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Baixe Sobrevivência em náufragos: proteção, comunicação e conservação de recursos e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Engenharia Naval, somente na Docsity! CAPÍTULO 16 SOBREVIVÊNCIA NO MAR SEÇÃO ÚNICA 16.1. Generalidades – Para a sobrevivência do náufrago, é mais importante o seu estado psicológico do que a eficiência do equipamento que possui. Portanto, o homem deve estar preparado psicologicamente para tal desventura e perfeitamente familiarizado com todo o equipamento e objetos que lhe possam proporcionar um maior tempo de vida. Quanto mais o homem souber utilizar o equipamento de salvamento, mais “tranqüilidade” ele terá para suportar os rigores de um naufrágio. Através da História, travamos conhecimento de dramáticos depoimentos de náufragos que, com maior ou menor noção das técnicas de sobrevivência, usando a criatividade e, principalmente, tendo um fator em comum, “a vontade de viver”, foram resgatados vivos. 16.2. Equipamentos de salvatagem – Desde que se lançou ao mar, o homem passou a conviver com sinistros envolvendo embarcações, navios e, mais recentemente, aeronaves. Por mais sofisticados que sejam os sistemas de prevenção, por mais rigorosas que sejam as medidas de segurança, jamais será possível eliminar por completo o risco de acidentes no mar. Torna-se necessário, portanto, que o pessoal embarcado saiba utilizar os equipamentos de salvatagem disponíveis para uma eventual faina de abandono e conheça os procedimentos básicos de busca e salvamento (Search And Rescue – SAR). Os recursos de salvatagem normalmente encontrados nos navios de guerra são os coletes salva-vidas, balsas e baleeiras, estas últimas tratadas no Capítulo 4, e os equipamentos de sinalização de emergência (comunicações e radiolocalização). Os coletes salva-vidas podem ser infláveis ou de flutuabilidade permanente (tradicionalmente conhecidos como coletes de paina). São normalmente dotados dos seguintes acessórios: apito, lanterna, ampola de CO 2 (colete inflável), bateria, alça de pick-up (colete inflável), faixas adesivas refletoras, linha de agregação (colete inflável – utilizado para manter os náufragos reunidos) e pó marcador (colete inflável). Os coletes salva-vidas de flutuabilidade permanente devem ser utilizados por todo o pessoal que guarnece postos em conveses abertos, quando no mar. Esses coletes oferecem proteção contra estilhaços e proporcionam flutuação instantânea ao homem que cair na água. Devem ser armazenados nas proximidades das estações a serem guarnecidas. Cada tripulante possui o seu colete inflável, que deve ser mantido em local de fácil acesso. Quando dentro da balsa, o colete deve ser mantido na parte posterior do corpo, que proporciona proteção, evitando avarias no colete. É importante que todos os tripulantes saibam utilizar os coletes, para que eles funcionem corretamente quando se fizerem necessários. Calças compridas também podem atuar como salva-vidas de fortuna. Para isso, basta que o náufrago dê um nó na extremidade de cada perna, desabotoe a ARTE NAVAL816 braguilha e segure a calça pela cintura, por trás da cabeça; em seguida, com um rápido movimento de trás para a frente em arco por cima da cabeça, mergulhar à sua frente a cintura da calça. O ar armazenado irá encher as pernas da calça. Para usá-la como salva-vidas, deitar-se sobre a calça de modo que as pernas infladas fiquem na altura das axilas. Os equipamentos de comunicação em emergência são o transceptor de MF/ HF de balsa, construído especificamente para este fim, e os transceptores portáteis de uso comum, que operam na faixa de socorro do Serviço Móvel Marítimo (SMM) e do Serviço Móvel Aeronáutico (SMA). Recomenda-se a inclusão da instrução de uso de tais equipamentos na programação de adestramento do navio, sem esquecer que a utilização deve ser cercada de cuidados (uso de antenas fantasma, por exemplo), pois sinais de emergência somente podem ser transmitidos por estações efetivamente em perigo. O transceptor MF/HF de balsa é um equipamento de operação simples, capaz de ser operado, até mesmo, por pessoal não habilitado em radiotelefonia e radiotelegrafia. Apresenta as seguintes características principais: • Freqüências de operação 500 kHz – Freqüência Internacional de Chamada e Socorro, na faixa de Média Freqüência (MF), em radiotelegrafia (morse); possui dispositivo para transmissão automática de sinal de socorro (conjunto de sinais com a duração aproximada de dois minutos, constituído de sinal de alarme – doze traços, com duração de um minuto, seguido de SOS (. . . - - -. . .), repetido três vezes, e dois traços longos); 2.182 kHz – Freqüência Internacional de Chamada e Socorro, na faixa de Média Freqüência (MF), em amplitude modulada (radiotelefonia - voz); possui dispositivo para transmissão automática de sinal alarme (dois tons de áudio, com duração entre 30 e 60 segundos); e 8.364 kHz – Freqüência Internacional de Socorro, na faixa de Alta Freqüência (HF), em radiotelegrafia (morse); possui dispositivo para transmissão automática de sinal alarme. • Alimentação – 24 VDC, provido por um gerador acionado por duas manivelas; também pode receber alimentação externa (bateria da lancha, por exemplo). • Flutuabilidade – O transceptor flutua e é pintado de amarelo para facilitar a visualização. Por possuir flutuabilidade positiva, é recomendável manter-se ao menos um equipamento em um berço, semelhante aos utilizados para as balsas salva-vidas, permitindo que o transceptor se solte em caso de afundamento do navio. Recomendação: As instruções de montagem e operação do transceptor devem ser traduzidas, plastificadas e mantidas no interior do casulo do equipamento, de modo a facilitar a sua utilização, que é muito simples. Os transceptores portáteis de VHF-FM, que operam na faixa do SMM, permitem o estabelecimento de comunicações com navios e aeronaves empregados na busca SAR. Como normalmente não são estanques, devem ser conservados embalados em plástico nas fainas de abandono. Apresentam como limitação de uso a duração da bateria e devem ser poupados por este motivo (obviamente, esta desvantagem é neutralizada se houver recurso para alimentar o equipamento na lancha, ou esta possuir transceptor que opere na faixa). Neste caso, será guarnecido o canal 16 (156,8 MHz), que é a freqüência de chamada e socorro do SMM em VHF. SOBREVIVÊNCIA NO MAR 819 (10) caso alguém caia no mar, o recolhimento deverá ser feito, preferencial- mente, por bóia ou colete salva-vidas inflado, preso a um cabo. Os contatos entre náufragos e unidades empenhadas nas buscas são limitados pelo menor ou maior grau de visibilidade de avistamento que as balsas possam oferecer. Dessa forma, lance mão de todos os meios ao seu alcance para aumentar a possibilidade de ser avistado do ar, dentre eles: (1) faça uso do espelho de sinalização e ponha o rádio a funcionar sempre que se apresentar uma oportunidade de ser ouvido; (2) utilize os pirotécnicos sempre que houver possibilidade de esses sinais serem avistados por uma aeronave; (3) faça exercícios de sinalização com o espelho que acompanha a palamenta das balsas salva-vidas. Como substituto a esse espelho, fazer uso de um espelho de bolso comum ou de qualquer fragmento de metal brilhante. Faça um furo no centro do pedaço de metal, para que possa fazer visada através do mesmo. Nos dias enevoados, os observadores de bordo de uma aeronave podem avistar o brilho do espelho, ou do pedaço de metal, antes que os náufragos possam avistar a aeronave. Por isso não deixe de fazer brilhar o espelho para o lado em que for ouvido o ruído característico de motor, mesmo que ainda não seja possível avistar a aeronave. Depois de avistá-la, continue a sinalizar; (4) opere o rádio de emergência a intervalos freqüentes e conforme as instruções particulares de cada um. Quando utilizar equipamento do tipo alimentado por energia elétrica gerada pelo esforço manual (transceptores de balsa), procure manter um nível constante de produção de corrente no gerador. Seja econômico quando fizer uso dos transceptores acionados à bateria; (5) utilize os sinais pirotécnicos à noite, ao escutar ruídos de aeronaves ou avistar luzes de unidades de superfície. Faça uso do fumígeno laranja, quando de dia. Mantenha bem seco o material pirotécnico. Não esbanje, mas use-o com critério. Tenha o máximo cuidado para que esse material não ocasione incêndio a bordo; (6) as balsas dispõem de luz externa que deve ser mantida acesa durante todo o período noturno. Quaisquer luzes adicionais disponíveis, tais como lanternas de mão, devem ser acionadas quando percebida a presença de alguma unidade de busca; (7) à noite ou com nevoeiro, utilize o apito para atrair a atenção de unidade de superfície ou de outras balsas; e (8) se houver disponibilidade de refletores-radar, estes devem permanecer armados durante todo o tempo, exceto na ocorrência de temporais. Refletores-radar podem ser improvisados com latas vazias e outras chapas metálicas disponíveis. Cuidado para não atingir a balsa com partes metálicas dotadas de arestas aguçadas e cortantes. 16.4. Saúde e estado sanitário – As condições adversas e a limitação de recursos de toda espécie exigem cuidados especiais com a saúde. É necessário economizar energia, não fazer esforços e não falar desnecessariamente. É conveniente, porém, movimentar-se com regularidade, a fim de manter a circulação sangüínea. Isso propicia também algum aquecimento e evita ferimentos, principalmente, nas nádegas e pernas. ARTE NAVAL820 Devem ser evitadas exposições prolongadas da pele ao sol forte. Improvisar toldo nas lanchas e, na sua falta, manter a vestimenta completa, inclusive com o uso de chapéu. O piso da balsa deve ser mantido completamente seco, empregando-se para isso a esponja que faz parte do kit de salvatagem. As balsas devem ser bem ventiladas, para evitar a transpiração de seus ocupantes e a conseqüente necessidade de maior consumo de água. Nos climas frios, o grupo deve manter-se bem junto, para prover aquecimento mútuo. O vômito representa uma grande perda de água para o organismo. Em caso de náuseas, tomar logo o medicamento contra enjôo e manter-se deitado. Os ferimentos em geral devem ser mantidos secos e cobertos com ataduras. Não perfurar as bolhas provenientes de queimaduras ou outras causas. Com tempo bom, a intensa luminosidade do céu e os reflexos do mar podem afetar os olhos, tornando-os inflamados e doloridos. Deve ser evitada a exposição desnecessária da vista nessas ocasiões de sol forte. Se os olhos estiverem doloridos, coloque uma leve atadura. Umedeça um pedaço de gaze ou algodão na água do mar e coloque-o sobre os olhos, antes de fixar a atadura. A falta de funcionamento dos intestinos constitui fenômeno comum em náufragos, dada a exigüidade da alimentação. Não se impressione com isso e não tome laxativos. A cor escura da urina e a dificuldade de urinar são, também, fenômenos normais em tais circunstâncias, quando o consumo de água é baixo. A sensação de medo é normal em homens que se encontram em situação de perigo. Lembre-se de que outros homens sentiram o mesmo medo e, a despeito disso, conseguiram sair-se bem das dificuldades e dos perigos. A fadiga e o esgotamento resultantes de grandes privações muitas vezes conduzem a distúrbios mentais que podem tomar forma de extenso nervosismo, atividade excessiva e violenta ou de estafa. O melhor meio de evitá-los é procurar dormir e descansar o máximo possível. Quando não estiver descansando, mantenha-se em relativa atividade, atendendo às várias tarefas de bordo. A percepção de miragens não significa estar sofrendo de distúrbios mentais. O ânimo alegre é um tônico real e que se comunica aos demais. NÃO ECONOMIZE O BOM HUMOR, porém não exagere nas brincadeiras, a ponto de quebrar a tranqüilidade que deve reinar no ambiente. No que tange à utilização da água disponível nas balsas ou nas embarcações de salvamento, aconselha-se: (1) não desperdiçar energia, pois assim estará aumentando suas necessidades relativas a alimentos, assim como a transpiração, o que requer maior reposição de água; (2) alimento algum é necessário nas primeiras 24 horas; e (3) nas primeiras 24 horas, não se deve dar água a homens sãos; somente os feridos e doentes poderão receber uma ração de água, se estiverem sedentos. Se dermos água aos homens sãos, por já possuírem em seus organismos a quantidade de água normal, esta água se tornará excesso e será perdida, expelida como urina. Se eles são privados de água pelo período inicial de 24 horas, seu organismo fica um pouco desidratado e, assim, ávido de água, que será então integralmente aproveitada quando ingerida. SOBREVIVÊNCIA NO MAR 821 16.5. Água, o elemento vital – A água é mais importante do que o alimento. O organismo humano contém cerca de 33 litros de água; a vida não pode ser mantida se essa quantidade de água baixar a valores inferiores a 20 litros. Mesmo que não esteja transpirando, o homem perde água devido a evaporação normal, pela epiderme, pela respiração e cada vez que urinar ou evacuar. Experiências constatam que nessas condições perde-se cerca de 0,8 litro de água por dia, caso não seja ingerido líquido algum; assim pode-se sobreviver por 15 dias, pois se teria uma desidratação de cerca de 12,5 litros durante tal período. Se houver bastante transpiração, a perda de água aumenta tremendamente, e os 15 dias de sobrevivência se reduzem a bem poucos. Isso ocorre principalmente emzonas tropicais, motivo pelo qual deve-se molhar as roupas em água salgada, quando for obrigado a permanecer exposto ao sol, para reduzir a transpiração.Como nos trópicos as noites costumam ser frescas, aconselha-se que as roupas que foram molhadas sejam colocadas para secar ao pôr-do-sol, para que sirvam de abrigo à noite. Observe as nuvens e esteja prevenido para qualquer chuva que possa cair. Tenha sempre ao seu alcance algum meio para coletar e guardar a maior quantidade possível de água da chuva. Se o coletor e a cobertura da balsa se encontram impregnados de sal, lave-os com água do mar, a qual, misturada à água da chuva em pequena quantidade, pouco é percebida pelo paladar e não causa transtorno fisiológico algum quando ingerida. Em mar agitado, é difícil obter água doce que não venha contaminada com água salgada. A água da chuva nem sempre satisfaz a sede; nela faltam os minerais necessários ao corpo humano, além de desagradar um pouco ao paladar. Sempre que chover, beba água o máximo que puder. Nunca beba água salgada, porque, em vez de matar a sua sede, você irá aumentá-la. A água do mar pura não pode ser absorvida pelo organismo humano. A própria água do mar misturada com água doce é prejudicial ao organismo, pois o sal ingerido deve ser expelido pela urina e para isso o corpo humano tem que ceder água para dissolvê-lo e permitir sua passagem pelos rins;as células que perdem essa água morrerão, o mesmo acontecendo com todo o organismo, caso o processo de desidratação não seja interrompido. 16.6. Alimentos, pesca e fauna marinha – Um homem pode sobreviver sem alimento algum por um período muito maior do que sem água. A qualidade e o tipo de alimento são pontos a considerar. O número de dias que um náufrago pode sobreviver é variável, dependendo da condição física, porém um período de 35 a 40 dias não é excepcional. Alimentos ricos em proteínas, como a carne, não são totalmente absorvidos, de modo que os produtos que forem expelidos irão necessitar de uma quantidade de água, retirando-a do organismo. Quando um homem está morrendo de fome, seu organismo lança mão do seu próprio corpo, porém, ao ingerir açúcar, seu organismo não utiliza suas próprias reservas de proteínas, havendo, conseqüentemente, menos material a ser expelido em forma de urina. Comendo açúcar, cerca de 0,15 litro de água do corpo deixa de ser despendido, sendo conservado; por isso as rações modernas são, em sua maioria, compostas
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