Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

MTB-32 Estratégia e Tatica de Combate a Incêndio, Notas de estudo de Segurança do Trabalho

MATERIAL DE ESTUDO

Tipologia: Notas de estudo

2011

Compartilhado em 02/07/2011

adriano-carvalho-19
adriano-carvalho-19 🇧🇷

5

(1)

19 documentos

Pré-visualização parcial do texto

Baixe MTB-32 Estratégia e Tatica de Combate a Incêndio e outras Notas de estudo em PDF para Segurança do Trabalho, somente na Docsity! Coletânea de Manuais Técnicos de Bombeiros ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO 32 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO 1ª Edição 2006 Volume 32 METCI PMESP CCB Os direitos autorais da presente obra pertencem ao Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Permitida a reprodução parcial ou total desde que citada a fonte. O Corpo de Bombeiros continua a escrever brilhantes linhas no livro de sua história. Desta feita fica consignado mais uma vez o espírito de profissionalismo e dedicação à causa pública, manifesto no valor dos que de forma abnegada desenvolveram e contribuíram para a concretização de mais essa realização de nossa Organização. Os novos Manuais Técnicos de Bombeiros - MTB são ferramentas importantíssimas que vêm juntar-se ao acervo de cada um dos Policiais Militares que servem no Corpo de Bombeiros. Estudados e aplicados aos treinamentos, poderão proporcionar inestimável ganho de qualidade nos serviços prestados à população, permitindo o emprego das melhores técnicas, com menor risco para vítimas e para os próprios Bombeiros, alcançando a excelência em todas as atividades desenvolvidas e o cumprimento da nossa missão de proteção à vida, ao meio ambiente e ao patrimônio. Parabéns ao Corpo de Bombeiros e a todos os seus integrantes pelos seus novos Manuais Técnicos e, porque não dizer, à população de São Paulo, que poderá continuar contando com seus Bombeiros cada vez mais especializados e preparados. São Paulo, 02 de Julho de 2006. Coronel PM ANTONIO DOS SANTOS ANTONIO Comandante do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo APRESENTAÇÃO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS O estudo da estratégia e tática se faz para possibilitar aos bombeiros, quando investidos na ação de comando em incêndios, noções gerais que os tornem capazes de solucionar os problemas com os quais se defrontarão no local da ação. Os incêndios, principalmente os de grande porte, são problemas complexos e sempre diferentes. Não é possível estudar todas as possibilidades e propor soluções para cada uma delas, pois sempre surgirá um novo problema que desafiará a habilidade das guarnições de incêndio. O sucesso ou o fracasso de um comandante depende de sua capacidade de avaliar a situação, pesar os vários fatores, formular o plano de ataque e zelar pelo seu cumprimento, aplicando os princípios táticos básicos, de modo rápido e eficiente. A concepção moderna de combate a incêndio exige grande soma de conhecimentos profissionais e habilidade para aplicá-los. Não se pode esperar que esses conhecimentos e essa habilidade sejam adquiridos unicamente por meio da experiência. Ela é muito importante, mas como complemento de estudos sistemáticos e apropriados. Não há dúvida que, após anos de experiência, uma guarnição hábil poderá desenvolver um sistema próprio para apreciar uma situação e empregar adequadamente os meios de que dispõe em um incêndio, muito embora, nem sempre tenha consciência nítida desse fato. Mas este tipo de experiência poderá ser obtido por meio de acertos e erros que poderão custar muito caro. É, portanto, uma maneira perigosa e cara de treinamento que deve ser substituída por estudo adequado de estratégia e tática de combate a incêndios. Logo, o objetivo deste manual é o de ressaltar a importância da atuação das guarnições de incêndio e, em especial, do comandante da emergência, cujas decisões nas ocorrências são primordiais para o sucesso da operação. O incêndio, logicamente, possui uma gama bastante grande e diversificada de possibilidades, desde um incêndio num veículo pequeno, passando por incêndio APRESENTAÇÃO em residências, navios, aviões, edifícios altos e florestas, dentre tantas outras possibilidades. O foco deste Manual é o de retratar as implicações nos incêndios conhecidos por “estruturais”, envolvendo as edificações de um modo geral. Obviamente que muitos dos fundamentos aqui apresentados também servirão para outros tipos (naturezas) de incêndio, muito embora sejam tratados em diversos outros manuais, cujas remissões são feitas ao longo do texto. SUMÁRIO 9.2. Princípios básicos atinentes ao ataque e extinção em locais específicos ....... 98 9.2.1. Prédios ..........................................................................................................98 9.2.2. Incêndios interiores .......................................................................................98 9.2.2.1 ataque indireto de incêndios em interiores ..................................................99 9.2.3. Prédios com "sprinklers"..............................................................................101 9.2.4. Incêndios em prédios não confinados .........................................................101 9.2.4.1. razão calor – água....................................................................................101 9.2.4.2. calor residual ............................................................................................101 9.3. Controle do fogo .............................................................................................103 9.4. Gerenciamento da extinção de incêndio.........................................................107 10. RESCALDO ...................................................................................110 10.1. Elaboração de uma operação de rescaldo ...................................................110 10.2. Ações que devem ser adotadas em situações de rescaldo ..........................112 11. VENTILAÇÃO ................................................................................114 11.1. Fases do incêndio de acordo com o nível de oxigênio .................................115 11.1.1. Primeira fase .............................................................................................115 11.1.2. Segunda fase ............................................................................................116 11.1.3. Terceira fase..............................................................................................117 11.2. Atendimento na segunda ou terceira fases...................................................118 11.3. Principais tipos de ventilação........................................................................121 11.3.1. Ventilação vertical .....................................................................................121 11.3.2. Ventilação horizontal (cruzada) .................................................................122 12. PROTEÇÃO DE SALVADOS ........................................................124 12.1. Divisão da operação de proteção .................................................................124 12.2. Fatores a considerar .....................................................................................125 12.3. Redução de perdas.......................................................................................127 13. SEGURANÇA DOS BOMBEIROS ................................................130 13.1. A segurança desde a saída do quartel .........................................................130 13.2. Decisão baseada na segurança....................................................................131 13.3. Designação de responsável pela segurança ................................................132 13.4. Risco de colapso estrutural...........................................................................132 SUMÁRIO 13.5. Reação a situações inesperadas ..................................................................134 13.6. Preocupação com a própria segurança ........................................................134 13.7. Importância do gerenciamento para a segurança.........................................136 14. APLICAÇÃO PRÁTICA .................................................................138 14.1. Estratégia ofensiva e defensiva ....................................................................138 14.2. Eliminação do maior risco.............................................................................139 14.3. Bloqueio do incêndio (isolamento) ................................................................141 14.4. Confinamento do incêndio ............................................................................145 14. 5. Extinção .......................................................................................................146 14.6. Rescaldo.......................................................................................................147 14.7. A saída do local do incêndio .........................................................................149 14.8. Regresso.......................................................................................................149 14.8.1. Restabelecimento do “espírito de combate” ..............................................150 14.9. Relatório de incêndio ....................................................................................150 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................153 METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 9 9 1. INTRODUÇÃO Os conceitos de estratégia e tática são de origem militar. Em SUN TZU, vê- se: “Na guerra, primeiro elabore os planos que assegurarão a vitória e só então conduza teu exército à batalha, pois quem não inicia pela construção da estratégia, dependendo apenas da sorte e da força bruta, jamais terá a vitória assegurada.” Séculos após Sun Tzu e 4 anos a.C, atribui-se a Lucius Annaneus Seneca a frase: “se um homem não sabe a que porto se dirige, nenhum vento lhe será favorável”. As palavras "tática" e "estratégia" vêm ambas do grego, "taktos" e "strategos". Tática era a arte de dispor as tropas e manobrá-las em um campo de batalha. O termo "estratégia" deriva de strategia, que significa a arte do general, do comandante da batalha. Embora a etimologia da palavra possa datar do grego clássico, a concepção de estratégia como a arte de reunir e empregar as forças militares no tempo e no espaço para atingir os objetivos de uma guerra, tem origem relativamente recente. Desde os tempos de Maquiavel até o século XVIII, os escritos utilizaram o termo relacionando-o a "estratagema", que significa treta ou ardil para conseguir uma vantagem por meio da surpresa. Foram os grandes intérpretes da arte da guerra napoleônica, o Barão Antoine Henri Jomini e Carl Von Clausewitz, que fundaram os estudos modernos da estratégia ao dividir a arte da guerra na teoria do "uso do engajamento para o fim da guerra" (estratégia) e do "uso das forças armadas no engajamento" (tática). Conforme se verifica, portanto, estratégia representava a função do comandante militar de organizar suas forças antes de uma batalha (planejamento). Tática estava ligada à habilidade de arranjar e manobrar os exércitos durante uma batalha (ação), ou seja, tática é a arte e a ciência de vencer uma batalha, e estratégia é a maneira de ganhar a guerra. METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 12 12 2. A ESTRATÉGIA NO PLANO TEÓRICO A estratégia deve ser um recurso pré-existente e não uma responsabilidade para o comandante da emergência encarar no momento da ocorrência. Nesse contexto, um planejamento prévio de incêndio permite1: a) Que o bombeiro tenha condições de se familiarizar com os edifícios, tanto no que se refere a sua construção quanto ao seu conteúdo, o que reduz, entre outras coisas, os problemas de acesso quando da ocorrência de incêndios, bem como facilita o emprego dos próprios equipamentos existentes no edifício para combate, principalmente em razão da existência de edifícios que têm peculiaridades, como, por exemplo: restaurantes, cinemas, lojas, etc. b) Verificar as reais condições de risco dos edifícios, aliado à inspeção regular a ser feita pelo bombeiro; c) Racionalizar os meios que o Bombeiro dispõe para emprego, tanto viaturas quanto equipamentos, pois, por meio do planejamento, será possível uma melhor avaliação e conhecimento dos mesmos; d) Ajustar a melhor tática e estratégia a ser usada de acordo com a situação a ser enfrentada; e) Um melhor conhecimento da rede de hidrantes públicos e particularmente seu potencial de uso; e 1 SILVA, Sílvio Bento da, DUARTE, Rogério Bernardes, ONO, Rosária. Problemática de Incêndios em Edifícios Altos. São Paulo, 1997. METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 13 13 f) Desenvolver planos específicos para problemas não usuais, como, por exemplo: explosões e incêndios simultâneos de grandes proporções (Procedimentos Operacionais Padrão para métodos alternativos). 2.1. Fatores para obtenção da máxima eficácia Em razão dos itens acima arrolados, no tocante ao planejamento prévio de incêndio, conclui-se que para a utilização de todo potencial que os Corpos de Bombeiros possuem e para o alcance da máxima eficácia, é necessária a conjugação de 3 (três) fatores fundamentais: 1 - Minucioso conhecimento das viaturas e equipamentos que têm à sua disposição e dos que pode dispor em caráter excepcional; 2 - Conhecimento detalhado das edificações de sua área de atendimento; e 3 - Conhecimento da malha viária e rede de hidrantes públicos de sua área de atendimento. 2.1.1. Conhecimento das viaturas e equipamentos É fundamental que o bombeiro tenha conhecimento das ferramentas que tem às suas mãos. O motorista de uma viatura deve saber até que ponto poderá manobrá-la com tranqüilidade, em razão, principalmente, das suas dimensões, caso contrário, estará colocando em risco não só a sua integridade física, bem como de seus companheiros, sem falar nos prejuízos materiais que poderão advir. METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 14 14 Nem todo acesso permite a passagem de uma viatura de Bombeiro, pois algumas não podem estacionar em qualquer lugar, em razão de sua altura, extensão e peso. O trabalho essencial do Bombeiro é de mão-de-obra, hoje bastante facilitada pelos equipamentos de multiplicação de força que reduzem substancialmente o esforço físico de cada um; porém, para que haja utilização racional desses equipamentos, há necessidade de seu conhecimento quanto à operação de manejo, bem como, de conservação. O Bombeiro poderá ainda dispor de outros veículos de órgãos de apoio como carros-pipa de prefeituras, bem como, tratores e caminhões diversos. 2.1.2. Conhecimento das edificações Outro ponto importante é o conhecimento das edificações que estão inseridas na área de atendimento de um Posto de Bombeiros. Isso não só facilita o atendimento de ocorrências, mas também traz uma maior tranqüilidade, pois reduz a ansiedade natural de se enfrentar situações não conhecidas. Logicamente, é praticamente impossível o bombeiro conhecer todas as edificações de sua área de atendimento, porém deve-se familiarizar com pelo menos a maioria dos edifícios altos, principalmente aqueles considerados mais críticos, onde a prioridade pode ser adotada em razão da altura (edifícios mais altos), ocupação (que têm maior fluxo de pessoas) ou especialidade (centros de computação, de armazenamento de produtos perigosos, de segurança nacional, etc.). A princípio, os edifícios de maior altura devem ter prioridade, pois os equipamentos de Bombeiro, muito embora se encontrem num estágio de grande METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 17 17 2 – Por meio de treinamentos conjuntos. Dependendo da estrutura organizacional do Corpo de Bombeiros, seu efetivo pode estar dividido em três segmentos: operacional, administrativo e técnico. O efetivo operacional concentra-se no atendimento diário e exclusivo das ocorrências. O administrativo nas funções burocráticas de administração de pessoal e material, enquanto o técnico no acompanhamento de projetos construtivos e vistorias das edificações. De nada adianta que somente parte do efetivo faça vistorias nas edificações, pois aí não haverá aquela familiarização necessária por parte de todos. Todo o efetivo deve estar envolvido nas vistorias (inspeções) das edificações, bem como, nos treinamentos conjuntos. Os treinamentos conjuntos são os exercícios simulados, que permitem a maneabilidade de equipamentos, veículos e hidrantes públicos, como também os sistemas de proteção contra incêndio existentes nas edificações. Devem buscar a simulação mais próxima da realidade possível, ou seja, envolvendo os usuários da edificação, tanto no uso dos equipamentos, por meio das brigadas de incêndio e voluntários, como no plano de abandono (evacuação), além de órgãos públicos e privados de apoio (empresas, prefeituras, policiamento de trânsito, policiamento ostensivo e imprensa). Enfim, por meio dos exercícios simulados e das inspeções nas edificações e hidrantes, consegue-se conciliar aqueles 3 fatores fundamentais para que o bombeiro, por meio de seu potencial, possa ser eficaz (conhecimento das viaturas e equipamentos, das edificações e dos hidrantes públicos). O planejamento prévio de incêndio consiste na fórmula: treinamento + conhecimento = eficácia, ou seja, por intermédio do treinamento na forma de METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 18 18 exercícios simulados, consegue-se alcançar um bom nível de conhecimento das viaturas, equipamentos, edificações, hidrantes e acessos. Tais exercícios e inspeções, previamente desenvolvidos em caráter preventivo resultam na eficácia plena do Corpo de Bombeiros. Trata-se, portanto, de um planejamento estratégico para se alcançar a máxima eficiência do Corpo de Bombeiros. 2.3. O Comandante da emergência O sucesso nas operações de combate a incêndio depende da habilidade do Corpo de Bombeiros na utilização dos recursos disponíveis, de modo efetivo e eficaz, protegendo vidas e patrimônio. O comandante da emergência é o responsável em administrar os recursos disponíveis, humanos e materiais, de modo a alcançar o máximo de resultados. É o responsável pela direção e controle das operações durante todo o incidente. Desde a chegada da primeira viatura ao local de incêndio deve existir uma pessoa identificada como sendo a responsável pelo Comando, com a responsabilidade e autoridade para dirigir todas as fases da operação. O oficial que primeiro chegar no local deve assumir o papel de comandante da emergência até a chegada de um outro oficial, de maior patente, que lhe substitua. Em situações complexas, o comando pode ser transferido mais de uma vez, à medida que novos oficiais, que se superem em suas patentes, cheguem ao local. Eventualmente, o comandante da emergência poderá ser, ainda que momentaneamente, um sargento ou um outro graduado ou Soldado mais antigo, tendo em vista a extensão, local e natureza do incêndio. O comandante da emergência é responsável pela decisão estratégica que toma e pela tradução de metas estratégicas em objetivos táticos e tarefas. Níveis intermediários de comando são responsáveis por porções geográficas da operação METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 19 19 (setores) ou para a supervisão de funções particulares. Os oficiais (ou sargentos) de setor coordenam as operações de um grupo de guarnições sob o comando geral do comandante da emergência (veja figura a seguir). Figura 02 - Um típico modelo de organização no local de incêndio Fonte: Management in the fire service, p. 235 Quanto mais complexa a operação de combate a incêndio, maior será a complexidade de setores, com seus respectivos chefes se comunicando com o comandante da emergência. Podem ser nomeados vários oficiais para apoiar o comandante da emergência em um posto de comando, de modo a prover informações adicionais, ou mesmo para subdividir o controle de várias unidades manejáveis. Os Corpos de Bombeiros normalmente contam com um sistema de comandamento das operações, que prevê as várias atribuições específicas de gerenciamento num local de emergência4. A transmissão do Comando no local de incêndio é um momento de grande importância no atendimento da ocorrência, que se não for feita adequadamente ,pode comprometer toda a operação. Assim sendo, antes de tudo, esse momento 4 Sobre este assunto, recomenda-se a leitura do MTB-37 – Sistema de Comando e Operações em Emergências. .............................Estratégia ....Tática ...............................................Tarefas Comandante Setor Setor Setor guarnição guarnição METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 22 22 2) Análise e processamento das informações – as informações coletadas devem ser analisadas, em termos do que seria útil para o sucesso da operação. Então, deve ser formulado e organizado com base nas diretrizes organizacionais do Corpo de Bombeiros. 3) Disseminação da informação – todo Posto de Bombeiros que porventura esteja envolvido, direta ou indiretamente, com o atendimento de eventual emergência no local estudado, deve ter uma cópia do plano, para tomar conhecimento e dar sugestões para seu aperfeiçoamento. 4) Revisão – a revisão do plano deve ser feita periodicamente, visando atualização com base nas modificações que ocorrem naturalmente ao longo do tempo. 5) Treinamento – todo Posto de Bombeiros envolvido no PPI deve desenvolver programas de treinamento, revisões periódicas e práticas de exercícios simulados, envolvendo as equipes de bombeiros, brigadas de incêndio e os ocupantes da edificação estudada. 2.4.4. A Planilha tática O uso da planilha tática5 constitui-se em importante ferramenta de trabalho para o comandante da emergência, que deve se manter a par das várias atribuições distribuídas como tarefas aos demais bombeiros e do desenvolvimento organizacional criado no local de incêndio. Apesar do nome “tática”, essa planilha é um instrumento para controle do desenvolvimento estratégico e tático. A planilha tática pode ser a solução de problemas significativos quando as operações se tornam mais complexas ou são forçadas a mudar rapidamente, permitindo escrever e gravar todas as atividades importantes no combate ao incêndio. A planilha tática 5 O MTB-37 – Manual de Atendimento – Sistema de Comando e Operações em Emergências (SICOE) traz vários modelos de planilhas para subsidiar o comandamento no local da emergência, incluindo controle de efetivo, viaturas, consumo de água e quadro tático, dentre outras informações, motivo pelo qual o presente Manual não traz um modelo específico de planilha tática como exemplo, sugerindo-se, portanto, basear-se nas planilhas contidas no MTB- 37. METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 23 23 deve fornecer um sistema padrão que possa ser compreendido por todos os demais bombeiros envolvidos na operação de combate ao incêndio. A planilha tática relaciona a ação no local durante o incêndio, do mesmo modo que o PPI registra as informações importantes antes do incêndio. A planilha tática e o PPI devem estar juntos, de modo prático, facilitando a gerência da informação, a avaliação do incêndio e a tomada de decisão. O uso de ambas “ferramentas”, conjuntamente, cria um hábito de gerência a cada incêndio. A planilha tática deve ser de fácil compreensão e deve ser preenchida no local da ocorrência. Bem formulada, a planilha conduzirá sistematicamente o comandante da emergência às considerações e as decisões, agindo como auxiliar da memória. Para ser eficaz e de fácil utilização, a Planilha deve conter uma verificação do tipo “check-list”, para que os espaços em branco sejam preenchidos, terminando com um croqui do local. A planilha tática deve conter os seguintes dados: - o posicionamento das viaturas no local do incêndio; - níveis de operações em andamento; - diagrama da área ou da ocupação incendiada; - lista de verificação das atividades - setores, salvamento, extinção, proteção de salvados, segurança e operações especiais -; e - estrutura de organização (quantidade de viaturas e efetivo envolvido, discriminado por postos e graduações e quantidade de vítimas que foram salvas/socorridas). O uso da planilha tática deve ser uma rotina do comandante da emergência, devendo ser elaborada desde sua chegada ao local da ocorrência. Registrar os detalhes das atribuições, ações e posições, enquanto ainda estão em andamento, elimina palpites. É muito mais fácil registrar eventos enquanto acontecem, a ter que posteriormente reconstruir os fatos. A constante utilização da planilha tática, METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 24 24 construirá o desenvolvimento da operação de modo organizado, tornando-se hábito funcional de gerenciamento. 2.5. Reconhecimento do perigo e desenvolvimento da estratégia A estratégia, no plano teórico, é formulada antes mesmo da ocorrência do incêndio. A maioria dos elementos de estratégia aplica-se, genericamente, a todos edifícios da cidade. As estratégias especializadas devem ser formuladas para situações de alto risco ou para outras naturezas de incêndio. Assim, por exemplo, o Corpo de Bombeiros pode ter 6 (seis) estratégias básicas em seus manuais. Uma para cada tipo de chamada, ou seja, incêndio residencial, comercial ou industrial, e outras 3 (três) para ocupações especiais ou outras naturezas de incêndio6. A formulação da estratégia, durante a ocorrência (plano prático), normalmente é responsabilidade do comandante da emergência – capitão, major, tenente coronel ou coronel. Porém, em ocorrências de menores proporções, rotineiras, cujo incêndio possa ser controlado por poucas guarnições, as decisões táticas - implementação das estratégias específicas - geralmente recaem sobre um tenente ou um sargento. Podem ser empregadas várias operações táticas em cada ocorrência de incêndio, e várias operações táticas podem ser levadas a cabo simultaneamente durante operações que envolvam várias guarnições. As guarnições devem ser treinadas para levarem a cabo todas as operações básicas, estando, sempre que possível, preparadas para contribuírem ao alcance de objetivos táticos. 6 Sobre tais estratégias, recomenda-se a leitura dos seguintes Manuais Técnicos de Bombeiros: MTB-01 – Salvamento e Combate a Incêndio em Aeronaves; MTB-04 – Combate a Incêndio Florestal; MTB-05 – Combate a Incêndio em Indústrias; MTB-06 – Combate a Incêndio em Composições Metroviárias e Ferroviárias; MTB-07 – Combate a Incêndio em Portos e Embarcações; MTB-16 – Combate a Incêndio em Edifícios Altos; MTB-28 – Combate METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 27 27 Usualmente, a primeira resposta do Bombeiro a uma chamada é a designação de um despacho de viaturas, dimensionando os recursos que serão destinados para determinado tipo de alarme. Os alarmes pré-definidos devem ser gradualmente acionados, sendo que inicialmente só o necessário de recursos para manobrar a mais provável situação deve ser destinada ao local da ocorrência. Esta designação inicial é comumente chamada de primeiro-alarme. Designações adicionais de alarmes serão desenvolvidas para definir a ordem em que os recursos remanescentes serão designados para a ocorrência em questão. Os despachos também devem prever acionamento de outros órgãos. O desenvolvimento da extensão da estratégia nada mais é do que a definição do “trem de socorro7” adequado para o atendimento dos diversos tipos de ocorrências que o Corpo de Bombeiros comumente atende no seu dia-a-dia, que pode ser materializado através de uma Diretriz que contenha a discriminação de quais viaturas devem ser acionadas em cada alarme para determinado tipo de ocorrência. À medida que cresce o vulto da ocorrência, novos alarmes devem ser acionados, desencadeando, a cada um desses alarmes, um contingente maior de viaturas e bombeiros, além de apoios externos. Figura 03 - Exemplo de “Trem de Socorro” para atendimento de ocorrência METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 28 28 Fonte: Seção de Imagem e Som – Gab Cmt CB/SP. Figura 04 - Exemplo de Diretriz de Despacho de Socorro COMPOSIÇÃO DE SOCORRO TIPO NATUREZA 1º ALARME 2º ALARME 3º ALARME APOIO DE OUTROS ÓRGÃOS I Incêndio em lixo Incêndio em terreno baldio AB ou AT AT AT AB prefeitura – obras (trator/escavadeira) Cia-água II Incêndio em auto Incêndio em comércio (barraquinha, quiosque) AB UR AC AT AT USA Sup Serv prefeitura – obras trânsito III Incêndio em residência Incêndio em GLP – residência Incêndio em Galerias (Eletricidade, telefone, Gás) AB AC UR AT AB AT USA Sup Sv cia – luz cia – gás – fone policiamento Fonte: Departamento de Operações do Corpo de Bombeiros - SP A próxima fase da estratégia, já no plano prático, que será visto adiante, será o desenvolvimento do "modo" estratégico, após uma análise da situação da ocorrência (consiste, basicamente, em decidir atuar ofensivamente ou defensivamente). A idéia do modo indica que nem todos os incêndios ou emergências são iguais em estágios de avanços quando o Corpo de Bombeiros recebe o alarme (de uma maneira geral, o modo estratégico será sempre ofensivo, mas existem situações em que a decisão de agir defensivamente será o modo adequado); por esta razão, deve-se prever a qualidade de respostas aceitáveis para as viaturas que chegarem primeiro. 7 O Trem de Socorro consiste no deslocamento de várias viaturas (mais de uma), em comboio ou não (saindo de um mesmo Posto de Bombeiros ou de vários), para o local da ocorrência (esse deslocamento de várias viaturas ao mesmo tempo, dá a idéia de um “trem” com vários vagões, por isso a denominação de “trem de socorro”). METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 29 29 2.6. A Complementação da estratégia O bombeiro deve compilar e editar Procedimentos Operacionais Padrão. A estratégia adotada pelo Corpo de Bombeiros deve ser clara e escrita, para propiciar o seu pleno conhecimento por todos os seus integrantes, caso contrário só estará empregando táticas. O comandante da emergência deve se familiarizar com os POP’s. Não há outro caminho para o comandante da emergência fazer uma decisão de estratégia apropriada, devendo guardar em mente os POP’s e ainda muitas outras coisas sobre métodos prioritários. Quando um POP é editado, a estratégia está bem encaminhada para começar a se consolidar. A próxima fase é começar a treinar os bombeiros para a aplicação correta dos POP`s. Somente numa situação real é que se poderá avaliar a sua total eficiência (do POP) e algumas falhas devem ser trabalhadas no plano de treinamento, antes da implementação. Treinamento de bombeiros para emprego de POP requer desenvolvimento de prescrições de evoluções no local de incêndio, que devem ser incluídos nos POP’s. A cada bombeiro devem ser ensinados os métodos corretos de execução na evolução, e o efetivo como um todo deve ser treinado. Esta fase estratégica de treinamento é, sem dúvida, bastante difícil. O treinamento deve iniciar pelos Comandantes, mas a implementação completa requer treinamento de todo efetivo. As manobras dos Postos de Bombeiros devem ser incorporadas ao treinamento de seus componentes, acostumando-os à implementação da estratégia como uma verdadeira equipe. Uma vez que os bombeiros estejam treinados para executar as evoluções prescritas, há necessidade de se efetuar simulações de ocorrências. Este teste checa a eficiência dos bombeiros e dos procedimentos. Os resultados devem prover informações para a resposta no atendimento das ocorrências. METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 32 32 as situações mudam. As táticas devem ser alteradas para se adequarem às necessidades da situação e ao modo adequado e consistente com as estratégias globais do Corpo de Bombeiros. O principal problema na discussão da estratégia e tática é determinar a diferença entre os dois termos. Um exemplo para a distinção está no ato de se armar uma linha de mangueira no 4º pavimento de um edifício para evitar a propagação do fogo acima do 3º pavimento. Decidir o local da linha é estratégia; determinar como chegar lá é tática. Este capítulo desenvolve as definições para evitar confusões entre estratégia, tática e técnica. O desencadeamento do comando em local de incêndio, pode ser dividido em 3 fases, que serão vistas a seguir: 1 - Estratégia; 2 - Tática; e 3 - Implementação. 3.1. Fase estratégica Uma das principais funções do comandante da emergência envolve traduzir sua avaliação e previsão das circunstâncias na estratégia operacional total. Esta decisão básica da estratégia serve à finalidade crítica de se determinar a operação será conduzida, basicamente, na modalidade ofensiva ou defensiva. O desenvolvimento e a gerência da estratégia total transformam-se na base para o salvamento e a ação de combate ao incêndio. Para o estabelecimento da estratégia total, coordenando a operação como um todo, o comandante da emergência deve avaliar a evolução inicial e colocar METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 33 33 em prática seu plano de ataque de uma maneira racional e sistemática. Isso começa com o desenvolvimento de uma operação de modo bem organizado, ajustando-se em cada um dos estágios. O estabelecimento da estratégia total, coordenando a operação por inteiro, fornece uma estrutura de padrão básico, auxiliando todos aqueles que estão no local de incêndio a compreenderem o plano global e quais devem ser suas posições e funções dentro desse plano. A aproximação ofensiva/defensiva básica determina o ponto exato por onde começar a compreender o planejamento e a essência do processo de controle do incêndio. O controle do local de incêndio pelo comandante da emergência envolve simplesmente a habilidade de saber onde as guarnições podem ser encontradas e o que cada uma delas está fazendo. Num sentido muito prático, se o comandante da emergência puder inicialmente colocar suas guarnições, movimentá-las e modificar o que estão fazendo, terá um bom nível de controle da situação. Caso contrário, se não puder modificar as posições e as funções de suas guarnições, a operação estará fora de controle. 3.1.1. Identificando o modo estratégico O comandante da emergência identifica o modo como ofensivo ou defensivo de acordo com a análise dos fatores do local do incêndio e de suas características relacionadas. Os fatores e as perguntas principais a serem consideradas para identificar o modo correto, incluem: -extensão e posição do fogo - quanto e qual parte da edificação está envolvida? -efeito do fogo - quais são as circunstâncias estruturais? -existência de ocupantes ou vítimas – existem vítimas ou ocupantes a serem salvos? -propriedade a ser salva/preservada - há alguma propriedade para salvar ou preservar? -entrada e permanência – os bombeiros podem entrar na edificação e lá permanecerem? METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 34 34 -possibilidade de ventilação – a ventilação através do telhado/cobertura pode ser realizada? -recursos - os recursos suficientes para o ataque estão disponíveis? Quando o comandante da emergência decidir-se por qual modo estratégico os bombeiros devem atuar, todas as guarnições devem saber definir, identificar e compreender o modo ofensivo e defensivo. Esta é uma necessidade absoluta de todos os integrantes das guarnições saberem reagir corretamente e eficientemente de acordo com a decisão estratégica do a. O processo deve ser simples e não pode ser um mistério a partir do momento em que todos estejam imbuídos em fazer um trabalho eficaz e que não traga riscos aos bombeiros ou demais ocupantes da edificação. Existe um teste fácil para verificação da compreensão. Cada bombeiro deve visualizar a operação e identificar qual a estratégia básica. Se os bombeiros não conseguirem identificar a estratégia, alguma coisa está errada. Ao determinar a estratégia (modo estratégico), o comandante da emergência estabelece também os objetivos a serem alcançados na operação de combate ao incêndio. Decide-se onde e quando os bombeiros devem efetivamente atacar o fogo, tentando extingui-lo, e qual o resultado final a ser alcançado. Figura 06 - O modo operacional deve ser facilmente identificável por todos os bombeiros (combate a incêndio externo) METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 37 37 3.1.1.2. Modo de ataque Modo de ataque existe quando a guarnição que chega primeiro decide fazer um ataque ofensivo ao incêndio. A guarnição em condição implementará o modo de ataque, que implica num agressivo ataque interior na tentativa rápida de controlar o incêndio. Outra guarnição que chegar deve, automaticamente, assumir uma linha de proteção àquela primeira guarnição ou alguma outra atividade de apoio. Na operação ofensiva, as condições do fogo permitirão um ataque interior. Nesta situação, as linhas de mangueiras podem ser prolongadas até a área do fogo, possibilitando seu controle e extinção diretamente. Este modo é agressivo, de rápida atuação contra o fogo interno, procurando extingui-lo. Também nessa operação existe a preocupação com a procura de vítimas. 3.1.1.3. Modo de defesa Modo de defesa é aquele em que a propagação do incêndio é de tal modo que o comandante da emergência deve planejar para otimizar mais os recursos para conter o incêndio, evitando sua propagação para edificações vizinhas, ou seja, isolando-o, ao invés de extingui-lo propriamente. Na operação defensiva, as condições do fogo impedem um ataque interior, devendo-se garantir uma distância segura entre o fogo e as edificações vizinhas, para impedir a propagação do fogo. Este modo é uma grande responsabilidade para quem está no comando da operação, cuja aproximação deve ser orientada e pode ser interrompida a qualquer momento. Pode incluir linhas de ataque exteriores, operando em torno de uma grande área incendiada ou inacessível, cujas chamas METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 38 38 estejam em contato com o ambiente externo. Durante operações defensivas efetivas, o controle do perímetro torna-se crítico, tendo em vista que os bombeiros não devem entrar na área de fogo. Na eventual perda do controle do incêndio, o comandante da emergência deve decidir quando a interrupção do combate ocorrerá. Na chegada das guarnições, em princípio, deve-se imaginar em termos de grande suprimento (vazões) de água e grandes pressões. Alguns Corpos de Bombeiros têm a previsão, no despacho de suas viaturas, de enviar uma primeira guarnição para verificação das condições do fogo, para confirmação da existência do incêndio. As demais guarnições serão, então, acionadas de acordo com os alarmes já pré-definidos no despacho. O modo estratégico define o status em que, no caso de dúvida, guarnições de primeiro alarme e guarnições dos demais alarmes, que não estão na ocorrência, devem se deslocar para o local. A definição deve ser acompanhada por aquelas circunstâncias que geralmente justificam assumir um certo modo. 3.1.1.4. Modo limite A difícil e perigosa situação no local de incêndio ocorre quando as circunstâncias estão perto da extremidade da operação ofensiva e no começo da operação defensiva. O comandante da emergência pode iniciar um ataque ofensivo, tomando cuidado, reavaliando constantemente as circunstâncias e o efeito que o ataque está tendo no incêndio. Quando o comandante da emergência toma uma decisão estratégica, o faz sabendo que a qualquer momento pode haver mudanças. Deve, portanto, estender, gerenciar e controlar a operação inteira dentro do contexto da estratégia básica, estando sempre preparado para as mudanças que se façam necessárias. METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 39 39 Os modos ofensivo e defensivo são eventos independentes. As operações eficazes de combate a incêndio (de modo seguro e previsível) são conduzidas no interior ou na parte externa do edifício. Na transição entre as duas modalidades básicas, começa a surgir risco para a possibilidade de perda de vidas e de danos à propriedade. As guarnições que lutam contra o fogo devem depender do comandante da emergência para controlar a estratégia, sabendo que estarão na modalidade ofensiva ou defensiva (ataque ou defesa) e não na mistura de ambas. Quando os bombeiros empregados no combate interno estiverem puxando suas linhas de ataque para fora da edificação, os bombeiros do ataque exterior (externo) podem operar a escada8 e bombas9 no mesmo espaço do interior, desde que os bombeiros que faziam o ataque interno estejam em local seguro, caracterizando que o combate interno terminou. Os bombeiros do ataque interno sabem que, se os bombeiros do ataque externo atuarem sem que aqueles tenham terminado seu trabalho e estejam fora da edificação, em condições seguras, não haverá controle da situação por parte do comandante da emergência. A operação limite não significa que ambas as modalidades devem ser feitas simultaneamente. O comandante da emergência executa uma função crítica, pois ele gerencia o processo estratégico. Ele inicia essa função logo no começo das operações, tomando a decisão inicial quanto a atacar defensiva ou ofensivamente. Ele deve continuamente controlar a função estratégica, mantendo o plano de ataque estabelecido no tocante às condições do processo interno e externo. Quando o incêndio se torna mais intenso, tomando uma área de grande extensão, o plano de ataque deve se deslocar do modo ofensivo ao defensivo, passando pela situação limite. O índice ofensivo-defensivo fornece uma maneira padrão de avaliação das condições do fogo, e seu efeito indica qual o nível de eficiência do combate ao incêndio. Isto permite um ajuste eficaz em todo o plano 8 Sobre este assunto, recomenda-se a leitura do MTB-29 – Operação e Emprego de Viaturas Aéreas. 9 Sobre este assunto, recomenda-se a leitura do MTB-08 – Bombas de Incêndio. METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 42 42 1) Salvamento; 2) Isolamento; 3) Confinamento; 4) Extinção; 5) Rescaldo; 6) Ventilação; e 7) Proteção de Salvados. Tais táticas devem ser implementadas no incêndio, após a definição das prioridades táticas (objetivos) no local, e após a análise da situação, que também acaba sendo uma das fases táticas. As táticas de Layman têm perdurado imutáveis, mas o Bombeiro tem redefinido estas táticas de acordo com os objetivos no local de incêndio e tem feito das táticas os meios a serem utilizados para atingir tais objetivos. Um exemplo é o resgate de uma criança da janela do 3º pavimento. O salvamento da criança é o objetivo no local de incêndio; a colocação da escada mecânica para executar o resgate é a tática. Isto porque muitos métodos podem ser usados para atingir o mesmo objetivo, pois as táticas são tipicamente partes de um todo. Em geral, a tática usada para socorro de crianças no exemplo citado é a seguinte: Estratégia - "Remover a vítima do incêndio". O meio de implementação da tática - "Utilização da Escada Mecânica" - é o método tático. Quando o incidente ocorre e o Corpo de Bombeiros é notificado, a seqüência da fase tática muda. Tão logo o despachador recebe o aviso de ocorrência e providencia o alarme, acionando as viaturas para o atendimento, a assimilação de informações é iniciada para prover o comandante da emergência de dados para a escolha da tática apropriada, utilizando os fatores de tomada de decisão: METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 43 43 Estratégia (POP, PPI, Diretriz de Despacho do Socorro); Padrão de referências de prioridades táticas no local de incêndio; Informações obtidas do centro de comunicações; e A experiência do comandante da emergência. O fator estratégico inclui todas as informações obtidas durante o desenvolvimento da estratégia. Este inclui relatórios de ocorrências anteriores, planejamento prévio, prevenção de incêndios e revisão de planos. A estratégia também inclui treinamento dos Postos de Bombeiros e de todos os seus componentes nos POP’s. Numa situação de incêndio, deve-se estabelecer prioridades táticas para tomada de decisões, sendo que as prioridades normalmente têm a seguinte seqüência: 1 - Salvamento de vidas; 2 - Controle do incêndio; e, 3 - Preservação da propriedade. A decisão no local de incêndio deve ser consistente com tais prioridades. Reconhecimento, de qualquer modo, daquele padrão de prioridades não necessariamente designa a seqüência dos objetivos no local de incêndio. Há muitos casos em que o melhor caminho para proteger vidas é extinguir o incêndio. Neste caso, táticas de extinção começam antes da tática de salvamento. As prioridades (salvamento, extinção e preservação da propriedade) representam metas a longo prazo e a seqüência de objetivos no local de incêndio (combater um determinado foco para propiciar o resgate de uma vítima, por exemplo) representam, a curto prazo, meios para alcançá-las. Cada uma das três prioridades táticas requer operações táticas diferentes do ponto de vista do comando e operacional. METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 44 44 Durante operações de salvamento, o comandante da emergência está tentando encontrar e remover ocupantes que estejam correndo riscos. Deve estar preparado para, estando fora da edificação, realizar este objetivo por meio da guarnição de exploração. Seu desenvolvimento deve ser feito de modo orientado, à procura de vítimas, evitando se influenciar pelo curto e escasso espaço de tempo, muitas vezes desesperador. Pode lutar contra o fogo (extinção), enquanto desenvolve essa fase tática de exploração em busca de vítimas (salvamento), mas deve permanecer nesta modalidade enquanto não receba todo o relatório que garanta não existir mais vítimas. Quando envolvido com os esforços de controle do fogo, o comandante da emergência está tentando encontrar seu foco, para a extinção do incêndio. Isto pode requerer uma operação agressiva, onde, às vezes, sejam necessários arrombamentos para realização de entradas forçadas10 e para prover ventilação11, com a abertura de paredes, tetos e assoalhos, bem como, para operação de linhas de ataque. Esta é uma atitude consciente de provocação de danos à propriedade, resultado do próprio combate ao fogo. O certo é que se tais atitudes forem tomadas de modo adequado e rápido, o resultado final pode ser até mesmo benéfico para a propriedade envolvida no incidente, que, muitas vezes, pode ter um dano menor, levando-se em conta a propriedade como um todo. Em atividades de proteção de salvados12, o comandante da emergência deve procurar proteger o valor de tudo aquilo que não foi destruído pelo fogo. Durante a proteção de salvados, o tempo é menos crítico, sendo que as operações podem ser desenvolvidas de modo mais tranqüilo. 3.2.1. Marcos de níveis de complexidade Os objetivos de cada prioridade são refletidos nos seguintes marcos de níveis de complexidade: 10 Sobre este assunto, recomenda-se a leitura do MTB-20 – Entradas Forçadas. METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 47 47 Quando o modo estratégico é selecionado, o comandante da emergência inicia uma nova etapa, que consiste na rápida revisão das seguintes informações: Os fatos da situação; As probabilidades da situação; As capacidades de que dispõe; e O estabelecimento da segurança no local. Após revisar esses fatores, o comandante da emergência deve ser hábil para determinar objetivos prioritários no local de incêndio. Quando o conjunto de objetivos prioritários tiver sido experimentado (prioridades táticas no local de incêndio), cada objetivo deve sofrer uma avaliação seqüencial. Isto se faz necessário porque as ações no local de incêndio não estão agrupadas em pequenos blocos independentes, mas ocorrem simultaneamente. O comandante da emergência deve avaliar cada um dos objetivos para determinar: Os recursos a serem alocados; O tempo a ser despendido; O processo de comunicação necessário; e A designação dos setores de posicionamento das guarnições. Na revisão, o comandante necessita observar alguns itens: • Segurança13: foram analisadas as condições de segurança e bem- estar do pessoal? • Estratégia: a estratégia definida atende à situação emergencial? 13 Tendo em vista a relevância deste tema – Segurança dos bombeiros – o Capítulo 13 deste Manual trata especificamente deste assunto. METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 48 48 • Prioridades 1 – 2 – 3: 1. todos os ocupantes fora / salvamento sob controle? 2. fogo dominado, sob controle? 3. patrimônio protegido? • Ações corretas: os bombeiros estão aplicando os POP’s ? • Zona de ataque: os pontos principais já foram abordados? • Dimensão do atendimento: suficiente para suprir as necessidades? • Apoio: providenciado em tempo e quantidade suficiente? • Situações de reinício: as equipes podem ser reforçadas e mobilizadas? • Controle Operacional: há um comando efetivo na ocorrência? • Recursos adequados: correspondem aos problemas táticos? Após determinar a seqüência de objetivos (prioridades táticas), o comandante da emergência deve rapidamente decidir, de qualquer forma, o caminho mais apropriado. Para esta decisão, a consideração mais importante é de que forma os recursos do local são adequados para implementar a tática a ser usada. Se não há recursos adequados, alarmes adicionais, os planos táticos devem ser acionados, ou ainda, deve-se adaptar o modo estratégico, alterando-o. METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 49 49 Figura 10 - Fase Tática (Teoria) Análise da situação - Dados - Riscos - Meios - Decisão - Plano de ataque Revisão das informações - Fatos - Probabilidades - Capacidades - Segurança F as e Tá tic a (T eo ria ) D ur an te o in cê nd io Definir e avaliar prioridades de operações Estabelecer objetivos Prioridades táticas no local de incêndio: 1 – Salvamento de Vidas 2 – Controle do incêndio 3 – Preservação da propriedade Determinar - Recursos - Tempo - Comunicação - Setores Fonte: Os autores 3.3. Fase de implementação O comandante da emergência, depois de finalizada a fase tática, entra na fase de implementação: o processo de aplicar o plano tático na ação (execução de tarefas). Esta fase começa pela emissão de um comando propriamente dito. Existem 4 (quatro) elementos básicos que devem ser comunicados pelo comandante da emergência no comando propriamente dito: 1 - Designação tática; 2 - Alocação de recursos; 3 - Procedimentos de comunicação; e 4 - Designação de setores. METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 52 52 táticas, o comandante da emergência tem que transmitir suas ordens como tarefas a serem cumpridas pelas guarnições. Ordens nem sempre são entendidas facilmente por todos. Aquele que recebe uma ordem deve questionar sobre informações adicionais, de modo a tornar mais clara a ordem não entendida, e o comandante da emergência, por sua vez, deve esclarecer ou redirecionar a ordem caso não tenha sido completamente entendida. Ele deve estar sempre checando o desenvolvimento das operações de suas guarnições, até perceber que as realizam de modo eficiente, sem novos questionamentos. Às vezes pode ocorrer de uma determinada tarefa não ser realizada, tendo em vista que a ordem dada não foi devidamente compreendida. Ao se emanar uma ordem, o comandante da emergência, sempre que possível, deve solicitar ao subordinado que repita oralmente a ordem dada, a fim de verificar se a ordem foi percebida e compreendida, antes mesmo do início de sua realização. Uma vez que a ordem é confirmada, a guarnição deve se empenhar em sua tarefa. Os integrantes da guarnição devem relatar, continuamente, de modo conciso, o nível de progresso no cumprimento de sua tarefa. Durante tais relatos, eles podem incluir solicitações de outras ações que sejam necessárias, recursos adicionais de pessoas, equipamentos e água ou outras ações necessárias para a realização da tarefa por completo. Se a guarnição que recebeu determinada tarefa não tiver condições de cumpri-la, essa condição deve ser informada ao comandante da emergência, com um relato completo. O comandante da emergência, com base nesse relato, terá condições de fazer uma avaliação da situação, com base no plano de ataque, podendo tentar esclarecer melhor como a tarefa deve ser cumprida ou então pode decidir por substituir a guarnição naquela tarefa específica. Se a partir dos esclarecimentos feitos pelo comandante da emergência a guarnição tiver METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 53 53 condições de desempenhar a tarefa, poderá continuar nesse seu mister, caso contrário, a tarefa deverá ser desenvolvida por outra guarnição a ser designada. Quando a tarefa for cumprida, o comandante da emergência deve ser informado com um relato completo. Essa sistemática permite ao comandante da emergência saber como as fases táticas estão sendo desenvolvidas, o que foi compreendido e identificado, as tarefas já completadas e aquelas que ainda estão pendentes. 3.3.2. Estabelecimento de segurança permanente no local de incêndio A decisão rápida, precisa e concisa de operar ofensivamente ou defensivamente é básica e fundamental para garantir a segurança e a própria sobrevivência dos bombeiros. Essa iniciativa requer do comandante da emergência uma avaliação constante das circunstâncias atuais e dos fatores futuros. Tais fatores se traduzem na posição assumida pelas guarnições de ataque. Muito do que diz respeito à segurança, no local do incêndio, envolve as posições que os bombeiros assumem em relação ao fogo e os efeitos do fogo na edificação. Este processo de posicionamento básico é uma decisão muito simples, mas bastante crítica. A decisão ofensiva/defensiva do comandante da emergência estabelece e mantém o controle de onde o foco principal do fogo está localizado e combina o que os bombeiros estão fazendo em suas posições. O comandante da emergência deve manter o cuidado com o fogo e com a edificação, ao mesmo tempo em que deve cuidar para preservar a integridade física dos bombeiros. 3.3.3. Monitoramento constante Após as designações serem feitas, o comandante da emergência deve continuar a monitorar a situação. Quando a situação mudar, o comandante da METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 54 54 emergência deve avaliar, obrigatoriamente, os objetivos definidos inicialmente e se for o caso, deve voltar ao estágio apropriado e começar o processo novamente. A nova decisão deve ser baseada na informação obtida durante a tentativa inicial para manobrar a situação. 3.3.4. Plano de ataque É uma inclinação natural pensar que cada situação de incêndio é diferente. Este pensamento faz com que o comandante da emergência considere cada incêndio como uma experiência totalmente nova, mas isso não é verdade. O comandante da emergência confronta-se geralmente com uma situação normalmente padrão dos fatores no local de incêndio. As características principais destas circunstâncias são as seguintes: tamanho do incêndio, por meio de análise inicial e observação visual, tipo de construção, ocupação, edificações vizinhas, tubulações de gases, localização de hidrantes e fontes de suprimento d`água. Esta é uma lista razoavelmente curta. Comandantes de emergência eficazes descobrem logo que os incêndios são mais similares do que diferentes. Se ele puder desenvolver uma metodologia padronizada e otimizar então essa metodologia para conter cada incêndio, começará a desenvolver um plano, uma metodologia ou um estilo que possa ser aperfeiçoado. Uma metodologia padrão desenvolve uma habilidade progressiva. Cada experiência adiciona-se às experiências passadas e dá ao comandante da emergência a oportunidade de melhorar. Raramente cometerá o mesmo erro duas vezes. O comandante da emergência também pode lucrar com a experiência e os erros de outros, depositando estas lições em seu “banco de experiências”. O comandante deve ter o cuidado de executar a etapa mais complicada após ter aprendido cada uma das etapas anteriores, até chegar na mais complexa, assimilando os elementos de cada situação. O comandante da emergência geralmente tenta conseguir os mesmos objetivos no local de incêndio, a cada nova ocorrência. As prioridades táticas METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 57 57 Figura 11 - Fase de implementação (Tática na Prática) – Plano de ataque Emissão de comando - Designação tática - Alocação de recursos - Comunicação - Designação de setores Execução de tarefas para alcançar o objetivo Implementação das fases táticas Estabelecimento de segurança Fa se d e Im pl em en ta çã o D ur an te o In cê nd io Monitoramento constante Fonte: Os autores METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 58 58 4. ATIVIDADES DE APOIO E POSICIONAMENTO DE VIATURAS 4.1. Atividades de apoio Atividades de apoio são essenciais nas operações realizadas no local de incêndio. Tais atividades incluem: entradas forçadas14, ventilação e aberturas de acesso. Vários fatores determinam o nível de apoio necessário, inclusive a natureza da estrutura, a extensão e local do fogo, conservação da propriedade e a fase da operação (salvamento, controle do fogo, etc.). O comandante da emergência deve administrar o equilíbrio entre o apoio e o ataque. O gerenciamento falho das atividades de apoio pode mudar o quadro estratégico, passando do modo ofensivo para defensivo. O controle do fogo exige forças para acessá-lo diretamente. O comandante da emergência tem que concentrar esforços nas atividades de apoio, no sentido de remover barreiras que impedem a rápida ação das guarnições. Tais barreiras podem existir em função do próprio modelo construtivo da edificação. É necessário prever reforço para os bombeiros que atuam no combate interior, até mesmo como atividade de apoio, fortalecendo a ação ofensiva. O incremento do fogo reduz a possibilidade de atividades de apoio e aumenta o risco para as guarnições. 14 Sobre este assunto, recomenda-se a leitura do MTB-20 – Entradas Forçadas. Recomenda-se também a leitura do Capítulo 4 do Manual de Fundamentos do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo. METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 59 59 O planejamento prévio de incêndio é a chave para obtenção de informações necessárias, que auxliarão na tomada de decisão no local de incêndio, relativo ao apoio, principalmente no que se refere ao abastecimento d’água. As atividades de apoio na verdade só contribuem para as ações táticas e devem ser vistas como um elemento complementar das tarefas atribuídas às guarnições. O posicionamento tático é um fator primordial para se prover o apoio adequado. Quanto mais internamente à edificação as guarnições avançarem, maiores serão os esforços necessários para a eliminação de barreiras. Sendo assim, o apoio deve auxiliar as guarnições a se posicionarem corretamente. Equipes de apoio devem caminhar juntas com as operações de salvamento e combate. O comandante da emergência, em sintonia com os comandantes de setores, devem coordenar de modo adequado as operações de apoio. Atividades de apoio normalmente são executadas por guarnições específicas de salvamento. Se tais guarnições específicas não estão no local do incêndio, o comandante da emergência deve atribuir a missão de apoio a outra guarnição diversa e deve resistir à tentação de lançar água em excesso no fogo. Sendo assim, todas as guarnições devem estar preparadas para prover apoio às guarnições de combate. O dano primário é causado pelo fogo, enquanto que o dano secundário é causado pelas operações de salvamento e de apoio. A conservação da propriedade, por meio da proteção de salvados, requer que o dano secundário seja controlado. O controle efetivo do fogo contribui para que o dano secundário reduza o dano primário. Entradas forçadas são necessárias quando barreiras impedem o acesso à área do fogo. Essa entrada deve ser feita com nível de segurança adequado e de METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 62 62 5) O regresso propriamente dito ao quartel. O trabalho intitulado “O Comandante do Socorro16” ressalta as seguintes regras para o posicionamento de viaturas no local de incêndio: “1) Não coloque as viaturas na área de risco, ou seja, próximo a prédios em chamas bem como debaixo da parte frontal da edificação que possa desabar durante o combate às chamas e assim por diante. As viaturas podem ser atingidas por elementos de construção, telhas, vidros, zinco fundido, etc. ou danificam-se devido ao calor radiante. Além disso, o motorista é prejudicado em seu serviço. 2) Adentre ao prédio com a viatura somente em casos excepcionais, por exemplo: - instalações, industriais extensas. Em pátios pequenos a viatura pode ficar em perigo ou atrapalhar o serviço da guarnição. 3) Não estacione as viaturas nos locais de acesso ao incêndio. Aí elas vão atrapalhar o combate às chamas. 4) Deixe locais livres para a colocação de escadas, apara-quedas, descidas de pessoas sitiadas; etc. 5) Pare as viaturas na rua e, se possível, no lado do incêndio, caso contrário, o trânsito será prejudicado. Será necessário utilizar passadores de mangueiras e pessoal para cuidar disto. 6) Coloque as viaturas de tal modo que possa fazer mudanças de posição em dificuldades. Com o aparecimento de incidentes imprevistos, a viatura pode ficar sem utilidade, danificada ou totalmente destruída”. Durante o deslocamento, a segurança deve ser uma preocupação básica. Todas as guarnições devem chegar com segurança ao local e com bastante calma para receberem ordens e começarem a trabalhar. Para uma administração efetiva das viaturas no local de incêndio é essencial manter a organização, fundamental para o sucesso das operações. A primeira guarnição a chegar deve se preocupar em como efetuar as operações para o ataque interno, procurando alcançar o principal foco de incêndio. As demais guarnições que vão chegando, devem aguardar determinação sobre o que devem fazer. O 16 GILL, Alfonso Antonio. O Comandante do Socorro. Apostila. Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo. METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 63 63 estabelecimento de um posto de comando sempre é fundamental, independentemente da gravidade e extensão do fogo. A base do processo de organização é a coordenação dos diversos responsáveis de cada uma das áreas envolvidas na operação, por um comando central e único. Seria interessante poder dispor de uma guarnição que pudesse maximizar a efetividade das demais guarnições. O posicionamento de cada viatura depende do tipo de equipamentos que carrega e da tarefa tática que sua guarnição irá desempenhar no local. As equipes de apoio, a exemplo de forças-tarefas, devem ser colocadas em posição posterior às guarnições que estão em efetivo confronto com o incêndio e demais operações de salvamento. A liberação de tais equipes deve sempre ser feita sob coordenação dos setores e da operação como um todo. A administração das posições fundamentais exige do comandante da emergência que considere a colocação efetiva de equipamentos aéreos, viaturas que sustentem o abastecimento d’água, guarnições de salvamento e resgate, além de sua própria viatura. Nas situações ofensivas, as viaturas dotadas de bombas devem ser colocadas de modo que as guarnições possam avançar no combate, utilizando-se de suas linhas pré-conectadas, ou mesmo para acessar o registro de recalque dos edifícios. O local e a extensão do fogo devem ser sempre considerados. Nas situações defensivas, as bombas devem ser colocadas em locais seguros, protegidas da exposição do fogo. METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 64 64 O rodízio de viaturas abastecendo outra de maior porte (sistema “pião”17) permite um bom suprimento d’água durante o combate, devendo-se prever o espaço necessário para essa manobra. Outro fator a ser considerado é a localização dos hidrantes públicos, de modo que facilite o abastecimento das viaturas. O aparato aéreo, como auto-escadas e plataformas aéreas, deve contribuir para o salvamento e o controle do fogo. Sempre que necessário, o comandante da emergência deve coordenar a colocação desse aparato, levando em conta a própria limitação do equipamento, em termos de alcance e giro do equipamento em função da distância a ser alcançada e da fiação existente no local. O uso de escadas portáteis também pode contribuir bastante para as operações de salvamento e combate, devendo ser utilizadas principalmente enquanto ainda não posicionados os demais equipamentos aéreos. Escadas portáteis devem ser utilizadas para acesso a nível superior ou também para salvamento de vítimas em determinadas posições. As Unidades de Resgate devem ser posicionadas em locais que possibilitem eficiência no cuidado das vítimas. Estas viaturas devem ser colocadas em área segura, que permita saída rápida e fácil para o transporte ao hospital indicado. Tais viaturas não podem bloquear a movimentação de outras. No caso da existência de várias vítimas, há necessidade da destinação de um local específico para a triagem e tratamento adequado. A viatura que funcione como posto de comando deve estar posicionada em um local seguro, que permita uma visualização do cenário da ocorrência, incluindo a 17 O “sistema pião” consiste no abastecimento de viaturas em sistema de revezamento, onde várias viaturas de menor capacidade d’água abastecem uma viatura de maior capacidade, que por sua vez supre o combate ao incêndio. METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 67 67 5. ANÁLISE DA SITUAÇÃO A análise da situação é a análise feita por um comandante frente a um incêndio ou qualquer outra situação de emergência que o habilite a determinar as ações a serem postas em prática a fim de cumprir sua missão. A análise da situação deve ser feita continuamente, desde o contato inicial até o rescaldo. Didaticamente, a análise pode ser dividida em partes: uma primeira, rápida, que determina o início das operações; outra, que se desenvolve em cada uma das fases que já foram definidas. Além disso, existe uma análise global permanente, que se modifica à medida que o combate se desenvolve, pelos fatores que seguem ou desaparecem. A responsabilidade da análise repousa sobre o primeiro elemento em função de comando, em local de ocorrência, até que seja substituídA nessa função, por um superior hierárquico. Ao chegar ao local de incêndio, o responsável deve,: 1 – Compreender e analisar rapidamente a situação; 2 – Considerar os dados que ela apresenta; 3 – Aplicar os princípios táticos básicos aconselháveis para o caso; 4 – Decidir quais as ações que devem ser postas em prática; 5 – Formular um plano de ataque e colocá-lo em prática; e 6 – Zelar para que seja perfeitamente executado. METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 68 68 Tudo isto deve ser feito do modo mais rápido possível. Geralmente, o primeiro contato com um incêndio desenrola-se de modo confuso e exerce grande pressão sobre o comandante da emergência, deixando-o nervoso e tenso, tendo em vista a sua responsabilidade. É importante lembrar que o que for feito nessa fase determinará o sucesso ou fracasso da operação. A seqüência, acima estabelecida, constitui o que se chama “análise da situação”. Deve ser automatizada ao máximo, de maneira a possibilitar ao comandante sobrepor-se ao nervosismo natural dessas situações. Devem ser feitos treinamentos freqüentes, para solução de problemas táticos, aplicando-se o sistema aqui proposto até se obter esse automatismo, de maneira que a análise seja uma seqüência lógica, não omitindo fatores essenciais. 5.1. Desdobramento da análise da situação A seguir, será feito um desdobramento da análise da situação, que discorrerá sobre cada um de seus pontos: • Dados • Riscos • Meios • Decisão • Plano de Ataque 5.1.1. Dados O Comandante deverá verificar quais os dados essenciais da situação e dispô-los em sua mente de maneira ordenada. METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 69 69 (1) Localização no tempo – dia, mês e hora, dia da semana, etc. De maneira geral, estes dados já fazem parte, automaticamente, do raciocínio do comandante. A partir destes dados, poderão ser analisados problemas referentes ao trânsito, ocupação ou não de prédios (escolas por exemplo). (2) Localização da emergência – localização do prédio ou prédios envolvidos. (3) Sua posição em relação aos prédios vizinhos, espaços livres, arredores em geral. (4) Aspecto físico geral da zona onde não se desenvolverão as operações, principalmente com relação às condições que possam interferir, como: fios elétricos, trilhos de estrada de ferro, etc. (5) Natureza da emergência: incêndio, explosão, fumaça, escapamento de gases etc. (6) Perigo de vida: verificar qual a ocupação do prédio, número de pessoas existentes, se existe perigo imediato para sua segurança. Verificar se há perigo de vida nas edificações vizinhas. (7) Perigo de propagação do fogo: verificar se há perigo imediato de propagação do fogo, e se este causa prejuízos às estruturas vizinhas. (8) Edificação ou edificações envolvidas: ocupação – conteúdo – carga incêndio – tipo de construção – área – aberturas para outras propriedades – escadas externas – aberturas verticais – sistema de ar condicionado – sistemas de proteção contra incêndios (automáticos ou não). (9) O incêndio em si: natureza – volume – fumaça – andares envolvidos – envolvimento externo – combustível – extensão – volume e envolvimento – áreas de METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 72 72 (3) Reforço – confrontados os meios com os dados e riscos, determinar quais os reforços necessários. É necessário conhecê-los perfeitamente, de maneira que possa solicitá-los com objetividade e clareza. (4) Sistemas de proteção existentes na estrutura incendiada: - “sprinklers”, paredes corta-fogo, hidrantes, mangueiras, etc. - considerar sua importância para o plano de ataque, assegurando seu funcionamento nas melhores condições possíveis. (5) Operações automáticas ou de rotina. Certas operações podem ser automáticas em locais de incêndio (colocação das viaturas junto aos hidrantes). Tais operações devem ser consideradas de maneira que integre perfeitamente o plano de ataque. 5.1.4. Decisão Terminada a coleta dos dados importantes da situação, dispostos esses dados, mentalmente, em uma ordem lógica, e examinados os riscos ou perigos que a situação oferece e os meios de que se dispõe para controlá-la, deve o comandante da emergência chegar a uma conclusão sobre os objetivos a serem atingidos e quais as ações que deve pôr em prática para alcança-los. Até aqui, o comandante da emergência havia estudado apenas os vários fatores da situação; agora ele vai tomar a sua decisão baseada no exame desses fatores. É, portanto, a fase culminante da análise da situação e constitui a sua própria finalidade. A decisão ou idéia de manobra se firma por meio de um processo evolutivo mental, que tem início quando o comandante principia a sua análise da situação, desde a hora em que assumiu seu serviço no quartel, e da hora do recebimento do METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 73 73 aviso de incêndio, ou da emergência. Somente depois de analisados os fatores da situação, no próprio local, é que ela se define completamente. O princípio básico que deve presidir sua decisão é a de que sua missão principal é impedir, a partir da hora de sua chegada ao local da emergência, maiores prejuízos à vida e à propriedade, além dos que já foram causados. Às vezes, a situação exige que o comandante da emergência empenhe, em determinadas ações (salvamento ou outras extremamente urgentes), uma parte de seus meios, sem ter tido tempo de completar sua análise da situação. Isto, no entanto, só deve ser feito quando absolutamente necessário. O emprego dos meios de modo aleatório, sem a complementação da idéia de manobra e do plano de ataque, redunda em desperdício de tempo e de esforços, tornando, às vezes, impossível remediar uma disposição errada. Isto não quer dizer, no entanto, que se deva imobilizar completamente os meios, aguardando a complementação da análise da situação. Durante o processamento desta, o comandante da emergência vai expedindo ordens e instruções às guarnições sob seu comando, a fim de colocá-las em condições e em posição para executar sua decisão inicial. Há uma idéia de manobra inicial, complementada por outras decisões suplementares, para fazer face às modificações apresentadas pela situação. O comandante da emergência deve estar sempre procedendo a uma revisão dos dados, riscos e meios de seu esquema mental, completando-os com as modificações essenciais da situação e, em conseqüência, modificando a idéia de manobra inicial, acrescentando ligeiras modificações, principalmente quanto ao emprego dos meios de reserva (guarnições ainda não empenhadas ou que tenham terminado a primeira missão que lhes foi confiada). METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 74 74 5.1.5. Plano de ataque É a concretização da idéia de manobra, que se constitui na fase de execução de tarefas. Concebida esta, o comandante da emergência arma um diagrama mental mostrando como pretende empregar seu pessoal, viaturas, equipamentos e agentes extintores para executar a decisão e alcançar seus objetivos. O plano de ataque deve ser, antes de tudo, simples e flexível, de modo a poder comportar modificações e acertos, levando efeito as decisões suplementares. A sua execução é inteiramente mental, sendo feita por meio de ordens e instruções verbais, supervisionadas pelo próprio comandante da emergência. Uma condição indispensável é o emprego dos meios sem fracionar a unidade tática – a guarnição. O serviço de bombeiro é sempre de equipe, nunca individual. Quando possível, os comandantes das guarnições devem ser esclarecidos quanto à situação, idéia de manobra e plano de ataque. Isto os torna capazes de formular um melhor juízo da missão que lhes cabe e proporciona uma cooperação mais inteligente na execução de suas ordens e instruções. Aos comandantes de guarnições devem ser atribuídas missões bem definidas, de acordo com o plano de ataque. Cada qual deve saber onde sua guarnição deve ser empregada e os objetivos a alcançar. O comandante da emergência deve manter-se em contato com o conjunto da situação, para atender a um detalhe. Quando é absolutamente necessária a sua intervenção direta para solucionar um problema, deve fazê-lo rapidamente, e voltar ao comando da situação. Deve se manter perfeitamente informado quanto aos progressos das operações e das modificações que as guarnições tiverem que fazer, forçadas pela evolução da situação. METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 77 77 6.1. Pessoal especializado Este tipo de trabalho exige homens excepcionalmente ágeis, fortes, ativos e, do comandante da emergência, um grande espírito de iniciativa. Às vezes, é necessário montar operações de ventilação, extinção ou isolamento para se efetuar salvamentos. É sempre preferível contar, para as operações de salvamento, com pessoal e equipamentos especializados. Isto se aplica, também, ao policiamento ostensivo, que, em determinados casos de grandes sinistros, tem que cooperar com o Corpo de Bombeiros. Figura 14 - Exemplo de Operação de Salvamento Fonte: A Otimização dos recursos operacionais nas viaturas do Corpo de Bombeiros23. 22 Sobre este assunto, recomenda-se a leitura do MTB-03 – Busca, exploração e salvamento terrestre. 23 VASCONCELOS, Valdeir Rodrigues. A Otimização dos recursos operacionais nas viaturas do Corpo de Bombeiros. Monografia (Curso Superior de Polícia) –– Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores, Polícia Militar do Estado de São Paulo, 2003. METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 78 78 6.2. Conhecimento prévio das edificações Um conhecimento prévio das edificações auxilia muito na montagem das operações de salvamento. Para esse fim, os bombeiros devem efetuar freqüentes visitas aos estabelecimentos comerciais, industriais, prédios de apartamentos, hotéis etc, situados dentro de sua área de atendimento, anotando os dados essenciais relativos a tais edificações. Em lugares de reunião pública, escolas, etc., há que se considerar também o problema de pânico. Os dados relativos ao horário da emergência e à natureza da ocupação da edificação são de grande importância numa operação de salvamento. Hotéis, pensões, residências, etc., oferecem maior perigo durante a madrugada. Teatros, escolas e outros lugares de reunião oferecem maior perigo durante as horas de funcionamento. A idade, sexo e condições físicas dos ocupantes da edificação também influem consideravelmente nas operações de salvamento. Deve-se evitar que as pessoas salvas retornem à edificação, sob qualquer pretexto, bem como impedir que elementos não treinados penetrem no prédio, a fim de auxiliarem no salvamento, expondo-se a situações perigosas para as quais não estejam preparados. As operações de combate ao fogo não devem interferir ou prejudicar a evacuação rápida e organizada dos ocupantes de uma edificação envolvida, a menos que sejam necessárias para proteger as suas vidas e assegurar a sua evacuação. O apoio do policiamento ostensivo é importante no isolamento da área, com cordões de isolamento, evitando o acesso de curiosos. METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 79 79 6.3. Busca preliminar e busca secundária Operações de salvamento exigem empenho e decisões efetivas do comandante da emergência, sendo que o socorro de vítimas é a primeira providência a ser tomada. Vítimas podem estar fora ou dentro da edificação, tentando sair, ou bloqueadas pelo fogo numa determinada área incendiada. A primeira providência a ser tomada é determinar o número, a localização e as condições das vítimas. Uma busca preliminar deve ser rápida, mas de modo a cobrir todas as áreas envolvidas e expostas. Todas as operações no local de incêndio, devem ser estruturadas em torno da busca preliminar (exploração). Uma busca secundária deve ser feita logo em seguida, verificando a área completa do fogo, após o controle da ventilação e das providências iniciais. O que mais importa durante uma busca preliminar é o bem-estar da vítima e a segurança do pessoal envolvido nas buscas. A busca e o salvamento devem ser feitos com segurança, devendo ser conduzidos no modo estratégico ofensivo. O tempo é crítico na busca de vítimas, pois quanto maior o tempo dispendido, menor serão as chances de as vítimas sobrevivam. O planejamento prévio de incêndio diminui a complexidade e os esforços da busca. O comandante da emergência deve coordenar atribuições preliminares da busca, fazer registros em relatórios e recomendar que seja dado um alarme que permita identificar o fim das buscas. Este alarme não é uma garantia de que todas as vítimas estão fora da área de fogo. As vítimas não encontradas até então, serão procuradas numa busca secundária. METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 82 82 disponíveis normalmente são adequados para a realização das operações necessárias. O comandante da emergência deve ter em mente que quanto maior a proporção do incêndio, mais difícil se torna remover as vítimas do interior da edificação, maior é o esforço dos bombeiros e maior é a necessidade de recursos adequados. METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 83 83 7. ISOLAMENTO Isolamento é o conjunto de operações necessárias para impedir a propagação de um incêndio às edificações vizinhas. No combate ao fogo, é da maior importância que uma ação rápida e inteligente seja levada a efeito, para prevenir a ignição de prédios vizinhos expostos, de cômodos contíguos ou de materiais próximos ao foco de incêndio. Imediatamente após o salvamento de vidas humanas e de animais, a missão mais importante da primeira guarnição a alcançar o local é assegurar-se que o fogo não se propagará para os prédios vizinhos ou para os materiais expostos. As linhas de ataque ao fogo deverão ser estabelecidas prontamente e a área das operações deve ficar livre de espectadores e o trânsito impedido para veículos. Controladores de trânsito devem ser colocados nas ruas adjacentes à área de operação, a fim de assegurar liberdade de movimento para as viaturas e equipamentos do CB. A cooperação do policiamento é necessária numa grande emergência, a fim de permitir que as guarnições de combate ao fogo operem com máxima eficiência. Os fatores básicos que contribuem para a rápida propagação do fogo são muito importantes, merecendo um estudo separado, podendo-se citar, como exemplo, o caso da propagação do calor por meio da irradiação (radiação), convecção e condução. METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 84 84 Figura 15 - A transferência de calor deve ser atentamente levada em consideração e a resistência ao fogo de cada compartimento deve ser avaliada Fonte: Problemática de incêndios em edifícios altos24 7.1. Proteção permanente Há vários tipos de proteção permanente para edificações expostas e podem ser resumidos do seguinte modo: 1 – Distância do combustível exposto ao fogo: Uma distância segura constitui-se em efetiva proteção contra a propagação do fogo. Cada situação apresenta suas próprias características. Uma observação atenta pode estabelecer a distância conveniente. 24 SILVA, Sílvio Bento da, DUARTE, Rogério Bernardes e ONO, Rosária. Problemática de Incêndios em Edifícios Altos. São Paulo: 1997. METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 87 87 essenciais relativos aos vários prédios existentes dentro de sua área de atuação. Nas regiões mais vulneráveis, os fatos essenciais podem ser obtidos por meio de inspeções e estudo de mapas. Devem ser fichados de uma maneira sistemática, a fim de servirem de referência no incêndio pelo comandante e demais membros. Figura 16 - Exemplo de local com grande concentração de edifícios (SP) Fonte: http://www.vivercidades.org.br/publique.htm Os recursos de combate a incêndio podem ser inadequados para o isolamento nos grandes incêndios. Corpos de Bombeiros de cidades próximas devem ser chamados para cooperarem. O desenvolvimento de um plano de auxílio mútuo pode ser uma boa alternativa para a utilização de assistência externa, quando necessária. Tal plano pode antecipar os recursos em várias situações, mas não deve privar as cidades participantes de um mínimo de proteção contra incêndio durante a emergência maior, já que podem ocorrer incêndios simultâneos, ainda que de menores proporções. Deve haver um acordo definido com relação ao comando e a distribuição de pessoal. METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 88 88 7.3. Calor excessivo O fogo se propaga transmitindo o calor excessivo aos combustíveis expostos. O calor excessivo deve ser adequado em volume e intensidade para aumentar o conteúdo de calor contido nos combustíveis para dar-se a autocombustão. Todos os combustíveis comuns exigem calor acima de 300 graus antes de entrar em ignição e queimar-se. Isto é um conceito muito conservador à vista do fato que muitos combustíveis comuns exigem um grau de calor variando de 500 a 1.000 graus antes que a sua autocombustão possa ocorrer. Neste manual, calor acima de 300 graus será tido como calor excessivo. O mais prático método de controle e extinção de incêndio envolvendo combustíveis comuns é transferir o calor excessivo dos combustíveis envolvidos ou expostos para uma substância não-combustível. A natureza providenciou uma substância não-combustível em forma líquida que tem uma grande capacidade de absorção de calor, maior do que qualquer substância conhecida. A Água é a resposta da natureza para o problema da transferência do calor envolvido dos combustíveis expostos. A água exerce a sua máxima ação resfriadora (absorção do calor) no processo de vaporização. Portanto, para obter o máximo de ação controladora e extintora de um dado volume de água, ela deve ser aplicada sob uma forma e em quantidade tal que permita que uma alta porcentagem do volume total seja convertida em vapor. A água se vaporiza a 100ºC (nível do mar). Muitos combustíveis sólidos expostos não entram em ignição até que o calor ultrapasse, em muito, o ponto de ebulição da água. Um jato de água numa parede ou num telhado determina se os materiais expostos contêm calor em excesso. Isto se dá quando há formação de uma nuvem de vapor condensado. O volume de vapor condensado vindo da zona de combustão dos materiais expostos é uma indicação positiva de que o volume de calor está sendo transferido dos materiais expostos ou envolvidos. A importância e necessidade de obtenção de uma alta porcentagem de vaporização METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 89 89 no combate ao fogo deve ser ressaltado em treinamentos. Os bombeiros devem ser treinados para reconhecerem o vapor condensado e avaliarem a informação que ele fornece no incêndio. É impossível obter uma alta porcentagem de vaporização com o uso de jatos sólidos. Uma alta porcentagem de vaporização depende de adequada superfície de exposição da água que está sendo aplicada e o único meio de obter uma superfície adequada é projetar a água sob a forma de partículas finamente divididas. O emprego tático apropriado de mangueiras de grande capacidade oferece a mais prática solução ao problema de controle de incêndio de maiores proporções. O comandante da emergência deve atentar para os seguintes fatos essenciais, para a devida avaliação da situação do incêndio: - Natureza, volume e acondicionamento do combustível envolvido e não consumido; - Volume, altura e intensidade das chamas externas; - Intensidade do calor irradiado; - Se o fogo se propagou às edificações vizinhas, a extensão dessa propagação deve ser determinada; - Proximidade das edificações vizinhas; - Natureza, volume e acondicionamento do combustível exposto; - Suscetibilidade dos materiais expostos à ignição ou danos por calor excessivo; - A mais perigosa direção da possível propagação; e - Condições de tempo, especialmente direção e velocidade do vento. Pressão atmosférica: uma grande pressão atmosférica retardará o movimento para cima da fumaça colocando uma cobertura na convecção. A fumaça pode permanecer perto do chão em densidade suficiente para reduzir a visibilidade e causar desconforto físico aos bombeiros. METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 92 92 O comandante da emergência deve determinar a direção mais perigosa da propagação do fogo e tomar uma ação imediata para interromper a progressão do fogo nessa direção. - Ar condicionado ou outro sistema de remoção forçada de calor, frio ou ventilação das edificações vizinhas devem ser fechados; - Deve-se usar ao máximo os vários tipos de proteção permanente existentes; e - Devem ser tomados os cuidados para prevenir quedas de fios elétricos, que podem prejudicar vidas e propriedades. Tomadas e fios devem ser protegidos da aplicação d`água até que a energia possa ser cortada ou o abastecimento interrompido. A companhia local de fornecimento de eletricidade deve ser acionada quando da ocorrência de incêndios de maiores proporções. METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 93 93 8. CONFINAMENTO O confinamento abrange aquelas operações que são necessárias para prevenir a propagação do incêndio às partes ainda não afetadas de uma edificação. Um incêndio que teve início num porão ou em andares inferiores é mais difícil de confinar que os que têm início nos andares superiores ou coberturas. A progressão do incêndio de cima para baixo é mais vagarosa do que a sua progressão de cômodo para cômodo no mesmo andar, e a de baixo para cima é normalmente rápida se não for retardada por um sistema de “sprinklers” ou da compartimentação. 8.1. Propagação horizontal do incêndio O incêndio pode propagar-se horizontalmente, de cômodo para cômodo, dos seguintes modos: - Através de quaisquer aberturas não protegidas por contato direto das chamas ou por circulação da fumaça ou ar. - Explosão, fumaça quente, gases inflamáveis, vapores, pó ou outros materiais. - Condução do excesso de calor através de meios como canos, dutos de ar, guarnições de metal não protegidas, etc., que se estendem da área envolvida a outros cômodos. - Ignição de combustíveis junto das paredes ou de aberturas protegidas. METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 94 94 - Queima de paredes e portas internas. 8.2. Propagação do incêndio de baixo para cima O incêndio pode propagar de piso para piso do seguinte modo (de baixo para cima): - Através de quaisquer aberturas não-protegidas nos pisos, seja por contato direto das chamas, seja por circulação de fumaça ou ar quente. - Explosão, fumaça quente, gases inflamáveis, vapores, pós ou outras substâncias. - O fogo penetrando em repartições ou outros espaços fechados e se propagando aos andares superiores ou cobertura. - Chamas através de janelas ou outras aberturas exteriores e entrando para o andar superior através de aberturas desprotegidas. - Condução de calor excessivo através de suportes metálicos não- protegidos, encanamentos ou condutores de ar que se estendam de piso para piso. - Ignição de combustíveis que estão muito perto de aberturas protegidas. - Queima em teto de material combustível que se propaga para piso superior, também de material combustível.
Docsity logo



Copyright © 2024 Ladybird Srl - Via Leonardo da Vinci 16, 10126, Torino, Italy - VAT 10816460017 - All rights reserved