Baixe Sus e saude mental instituto batuira de saude mental e outras Notas de estudo em PDF para Enfermagem, somente na Docsity! 1 FACULDADE UNIÃO GOYAZES CURSO DE ENFERMAGEM INSTITUTO BATUÍRA DE SAÚDE MENTAL TRINDADE 2011 2 JULIANA PEREIRA DE OLIVEIRA INSTITUTO BATUÍRA DE SAÚDE MENTAL Trabalho cientifico apresentado a Faculdade União de Goyazes, como quesito obrigatório para obtenção de nota, na disciplina de Saúde Mental, estudo realizado com objetivo de melhorar o aprendizado sobre a saúde mental e o atendimento psiquiátrico no SUS no curso de Enfermagem. Prof. Paula Cândida da Silva. TRINDADE 2011 5 O ATENDIMENTO PELO SUS Um dos princípios fundamentais do SUS é a universalidade: todos os cidadãos têm o mesmo direito de acesso aos cuidados de saúde, que significa o atendimento ao alcance de todos, sem distinção ou restrição de qualquer tipo. A pessoa que procura o atendimento público não precisa possuir carteira de identidade, endereço fixo, ou carteira de trabalho. O caráter de universalidade estabelece o atendimento indistinto a qualquer pessoa, contudo vimos a distinção ocorrer cotidianamente nos equipamentos de saúde por outras vias, através da diversidade de concepção do que seja o doente, a doença e as formas de cuidar. A atenção à saúde pública tem história e revela uma origem imbricada de valor moral no entendimento das doenças, e principalmente no julgamento das pessoas pobres que adoecem. Aos usuários vistos como dependentes do SUS, parece restar a resignação com a assistência ofertada, herdam o mesmo status da “Lei dos Pobres”, como se lhes fosse destinado apenas o precário ou desqualificado como única alternativa de tratamento como o nome sugere: “SUS dependente”. No entanto o que se preconiza no SUS é um modelo assistencial de ponta, em que deve ser garantido o acesso universal aos tratamentos, a integralidade que garante a atenção a todas as áreas da saúde, e a equidade que determina o atendimento de forma igualitária a todo cidadão. O ATENDIMENTO PSIQUIATRICO NO SUS O modelo assistencial SUS preconiza como ação em saúde mental, o enfrentamento e combate às formas segregacionistas e de exclusão social aos usuários com transtornos mentais. Mas ainda parece elementar o entendimento e o manejo desta denominada Clinica da Reforma Psiquiátrica, a clínica da inclusão, a clínica ampliada. O apelo que se faz a sociedade brasileira a todos os atores diretamente envolvidos e responsáveis pelo cuidado, pela assistência, é de que sejamos capazes de inverter a tradição e criar condições de tratamento adequadas e coerentes com os direitos humanos. Na clínica da Reforma Psiquiátrica, teremos que aprender a conjugar loucura com cidadania, dignidade com tratamento, respeito com eficácia, ciência com ética. A potência desta política e suas condições de possibilidades encontram-se articuladas diretamente, de um lado, à posição da sociedade civil e por outro, o processo de construção e funcionamento do Sistema único de Saúde. A Reforma Psiquiátrica aprende com o SUS que a política se faz no município, lugar onde vivem os sujeitos. A sua elaboração, implementação e controle social é realizada por todos os atores que o movimento colocou em ação, categorias profissionais diversas, governos, instâncias do poder judiciário e legislativo e principalmente, os usuários tornando enfim real a utopia que funda a lógica anti-manicomial: a sociedade sem manicômios, onde todo homem e toda mulher, loucos ou não, encontrem seu lugar e sua forma de pertencimento, mantendo sempre intocado, seu direito à liberdade. Os equipamentos de atenção à saúde mental como CAPS, Residências Terapêuticas e CECCOS poderiam ser denominados como os lugares privilegiados de experiências de ocupação e pertencimento. A política de saúde mental do SUS tem preconizado gradativa diminuição do tempo e do número de internações psiquiátricas, estimulando o tratamento ambulatorial para acelerar a recuperação e a reinserção social dos pacientes. No Estado de São Paulo, essa política vem garantindo resultados expressivos, com a introdução de medicamentos mais eficazes, distribuídos gratuitamente. Os pacientes que não tiverem condições de retornar ao convívio social e familiar serão transferidos, gradativamente, a lares abrigados ou outros hospitais psiquiátricos públicos próximos, sempre que possível, ao seu domicílio original. Conforme as diretrizes de descentralização do SUS, o atendimento psiquiátrico ambulatorial é atribuição dos gestores 6 municipais, com apoio técnico do Estado, a quem cabe regular as ofertas, investir em seus hospitais para garantir o tratamento de casos agudos e, principalmente, garantir o acesso gratuito aos medicamentos de saúde mental. INSTITUTO BATUÍRA DE SAUDE MENTAL Com base na entrevista feita com o enfermeiro responsável Rodrigo N. de Carvalho o Instituto Espírita Batuíra de Saúde Mental foi fundado no ano de 1949 (com o nome Sanatório Espírita Batuíra), na cidade de Goiânia-GO, por um grupo de pessoas espíritas que pretendia desenvolver assistência a mulheres com distúrbios psíquicos, que para o grupo eram consideradas pessoas que traziam consigo perturbação de origem espiritual. Porem o atendimento a tais pessoas exigia também profissionais especializados. Esse atendimento se realizou durante quase quarenta anos de forma voluntária. Neste período a instituição se manteve apenas com ajuda dos sócios e pessoas da comunidade, mas em 1986, após enfrentar dificuldades financeiras, os diretores decidiram firmar convênio com o SUS. Onde a partir daí começaram a atender também homens. A partir do convênio varias foram as transformações sofridas pela instituição, para assim cumprir as exigências do SUS, transformações essas que são realizadas ainda nos dias de hoje, como observadas durante a visita.  EQUIPE MEDICA O instituto possui uma equipe médica constituída de vários funcionários sendo eles, equipe de serviços gerais, dezoito técnicos de enfermagem e também de profissionais de nível superior como uma psicóloga, dois terapeutas ocupacionais, um farmacêutico, assistente social, três médicos psiquiatras e seis médicos plantonistas, alem dos enfermeiros graduados. O instituto possui enfermeiros e médicos que ficam 24 horas por dia na instituição, para auxiliar caso ocorra qualquer transtorno. No total a instituição possui mais de cinqüenta e dois funcionários nos dias de hoje.  PACIENTES O Instituto Batuíra nos dias de hoje atende homens e mulheres com distúrbios psíquicos, bem como aos portadores de vícios. Os distúrbios psíquicos são variáveis, porem dentre eles os casos mais predominantes são esquizofrenia e transtorno de humor. E dentre os vícios o alcoolismo e o tabagismo são os mais comuns. Os pacientes vão para o batuíra encaminhados por outros locais de atendimentos de emergência, a instituição não atende particular, nem por convênios, sendo então encaminhados pacientes único e exclusivamente pelo SUS. Todos os pertences dos pacientes são deixados com os familiares quando estes dão entrada na instituição, sendo assim os pacientes usam vestimentas e calçados adquiridos através de doações. Os objetos de higiene pessoal são obtidos através da compra pelo repasse do SUS. Desta forma cada paciente possui sua própria escova e creme dental, sabonete etc. 7 De acordo com a entrevista o convívio entre os pacientes pode ser considerado bom, pois nos foi relatado que raramente ocorrem conflitos e quando ocorrem geralmente são durante as terapias, com supervisão do enfermeiro e terapeuta ocupacional. A internação dura em média de vinte a trinta dias podendo variar de acordo com o quadro clinico do paciente, sendo que durante essa internação os pacientes recebem visitas de familiares, acompanhamento nutricional, consultas psicológicas e com médicos psiquiatras, convívio com os demais pacientes. Apesar da pouca incidência já ocorreram casos de pacientes que tentaram fuga e apesar da estrutura e da segurança que a instituição apresenta, alguns pacientes conseguiram. Em casos de fuga a instituição entra imediatamente em contato com a família do paciente e também com a policia para a possível localização do mesmo, sendo que a instituição procura a melhor maneira possível para solucionar tal problema sem gerar transtornos futuros que podem prejudicar para o instituto.  DEPENDENCIAS O instituto é dividido em ala feminina e masculina onde há setenta e sete leitos, sendo que destes trinta e cinco são masculinos e quarenta e dois femininos que são divididos em varias enfermarias. Alem disso possuem mais cinco vagas são para pacientes do programa de assistência ao louco infrator. As enfermarias são divididas por pessoas de acordo com a quantidade de leitos, já que essa quantidade pode variar de acordo com o tamanho de cada enfermaria. Todas as enfermarias possuem um banheiro para uso dos pacientes, cama para cada um deles com colchão e roupas de cama para uso pessoal. Alem das enfermarias as alas masculinas e femininas possuem uma espécie de posto de enfermagem onde são guardados produtos como absorventes, escovas de dente com o nome de cada paciente entre outros produtos de higiene pessoal. O espaço de lazer é grande com arvores, bancos e espaço para alimentação, e também espaço para a utilização na terapia ocupacional. Os pacientes ficam o dia todo nessa área com exceção dos pacientes mais agressivos que podem ficar em uma enfermaria com proteção. Existe ainda um espaço para o encontro dos pacientes com seus familiares durante as visitas, consultórios médicos, cozinha, um espaço para as reuniões espíritas e também uma sala de procedimentos de enfermagem com acesso para as alas feminina e masculina.  ROTINAS A programação dos pacientes é dividida em horários e rotinas geralmente eles são acordados às oito horas da manhã, fazem a higiene bucal, tomam a medicação, se alimentam do café da manhã, e vão para a terapia. Depois da terapia eles retornam para o almoço e tem a tarde livre. Os pacientes tomam dois banhos diários e recebem medicação três vezes ao dia e as refeições são cinco vezes ao dia sendo eles, o café da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e outro lanche antes de dormir. Toda essa alimentação é supervisionada pela nutricionista responsável, que pode alterar a dieta de algum paciente de acordo com a necessidade nutricional deste. As terças e quintas eles recebem os atendimentos médicos para a análise do avanço clinico para assim avaliar se o quadro do paciente houve ou não melhora. As visitas são diárias e durante a semana são das 16:30 às 17:30 horas e nos finais de semana são das 15:00 as 16:00 horas, ressaltando que durante a visita observamos o quanto a visitação dos familiares dos pacientes auxiliam no tratamento dos mesmos. Após a primeira semana do paciente na instituição o médico libera uma licença para que o paciente passe o final de semana em casa. Os familiares participam de uma reunião familiar e já levam o paciente juntamente com a medicação para suas casas.