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Revista - biotecnologia ed 07 - encarte, Notas de estudo de Química

REVISTA - BIOTECNOLOGIA ED 07 - ENCARTE

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 25/11/2010

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Baixe Revista - biotecnologia ed 07 - encarte e outras Notas de estudo em PDF para Química, somente na Docsity! Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento - Encarte Especial 67 Revista Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento publica no encarte especial desta edição dois importan- tes artigos para o setor agrícola. O Melhoramento de Plantas na Virada do Milênio, faz uma retrospectiva do melhoramento de plantas na agri- cultura, com uma importante análise crítica aos dias de hoje, quando a biotecnologia é incorporada à rotina do melhoramento genético. Plantas Transgênicas de Batata Resistente ao Vírus do Mosaico, é outro artigo de suma importância, pois trata-se da primeira planta transgênica a ser testada em condições de campo pela Embrapa. MELHORAMENTO DE PLANTASPESQUISA O MELHORAMENTO DE PLANTAS NA VIRADA DO MILÊNIO Aluízio Borém Ph.D. Professor, Departamento de Fitotecnia da UFV, 36.571-000,Viçosa, MG. E-mail: borem@mail.ufv.br, Sandra Cristina Kothe Milach Ph.D. Professor, Departamento de Plantas de Lavoura UFRGS, Cx. Postal 776, 90.001-950, Porto Alegre, RS. Fotos cedidas pelos autores RESUMO A transição da fase de coleta e caça para a agricultura ocorreu há cerca de dez mil anos independentemente e em vários locais no mundo. Naquela época iniciou-se a domesticação da maioria das espécies cul- tivadas, dando início às atividades agríco- las. Os melhoristas foram responsáveis pelo fenomenal progresso genético de um vasto número de espécies. Incluem-se os híbri- dos, a introgressão de genes de ancestrais silvestres e a própria Revolução Verde ini- ciada com os cereais na década de 60. As novas variedades desenvolvidas pelo me- lhoramento genético, associadas ao uso de tecnologia adequada (fertilizantes, preparo do solo etc.), permitiram que importadores de alimentos se tornassem exportadores. A despeito das contribuições do melhora- mento genético e do ambiente, as perspec- tivas de contribuição no futuro são ainda maiores. Na virada do milênio o melhora- mento no mundo globalizado enfrenta no- vos desafios, tendo a sua disposição novas tecnologias. Acredita-se que ele deva con- tinuar evoluindo em direção a progressos genéticos mais previsíveis de forma grada- tiva, com o uso da biotecnologia. A parceira estabelecida entre melhoristas e biotecno- logistas resultará em benefícios para a soci- edade. Atualmente, variedades desenvolvi- das via biotecnologia estão sendo cultiva- das em grandes áreas em diversos países. Todavia, alguns possíveis impactos negati- vos da biotecnologia tem sido considera- dos, a exemplo da vulnerabilidade biotec- nológica interespecífica, passível de ocor- rer quando, por exemplo, um gene da resistência a uma praga fosse introduzido em várias espécies simultaneamente, resul- tando na possibilidade de uma suscetibili- dade endêmica na eventualidade de quebra desta resistência. A corrida da biotecnologia certamente criará novas perspectivas para o melhorista mas, eventualmente, poderá es- tabelecer platôs de rendimentos com as restrições impostas pela piramidação de genes para as características criadas via biotecnologia, resultando no que se deno- mina de arresto gênico. INTRODUÇÃO O melhoramento de plantas nasceu com o início da agricultura. Na verdade é difícil precisar se foi a agricultura que incentivou a prática do melhoramento de plantas pelos primeiros agricultores ou vice-versa. Provavelmente, ambos evoluí- ram paralelamente na direção de aumen- tos na qualidade e na produtividade das culturas domesticadas pelo homem. Assim, dos primórdios da agricultura até hoje, o melhoramento passou por muitas modificações no exercício da sua prática, mas poucas mudanças foram ob- servadas, nos últimos 50 anos, em seus princípios fundamentais de geração de variabilidade. No momento que se fazem reflexões, na virada do milênio, surgem muitas inda- gações a respeito de como e para onde continuará evoluindo o melhoramento de plantas. O certo é que o século XX presen- ciou grandes avanços na prática do melho- ramento, como a automatização de plan- tio, a colheita de experimentos com ma- quinaria especializada; a informatização da maioria dos programas de melhora- mento no mundo e a rapidez no processa- mento e divulgação de dados. Também os conhecimentos de genética, estatística, bi- oquímica e fisiologia associados às práti- cas da genética quantitativa, da mutagêne- se, da cultura de células e tecidos e, mais recentemente, da biologia molecular, re- presentam auxílios para o melhoramento de plantas. Todos esses avanços no conhe- cimento ocorridos no final deste milênio geraram grande expectativa a respeito do que esta por vir no próximo milênio. Apesar de ser tarefa árdua e na maioria das vezes impossível, a predição dos os avan- ços da ciência, cabe analisar os fatos e refletir sobre o futuro do melhoramento de plantas. Neste contexto, o objetivo princi- pal deste artigo é o de revisar a trajetória do melhoramento de plantas até o presente, abordando em perspectiva panorâmica sua evolução em direção à virada do milênio. A Revolução Agrícola A atividade agrícola, conforme docu- Figura 1 - Localização dos centros de origem das espécies cultivadas. Fonte: VAVILOV, (1926) Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento - Encarte Especial 71 tem, até a presente data, cerca de 15 produtos geneticamente modificados sen- do comercializados, como a soja ‘Roun- dup Ready’, resistente ao herbicida glifo- sate, vários híbridos de milho portadores do gene Bt, algumas variedades de tomate resistentes a insetos e herbicidas, clones de batata resistentes a vírus e variedades de canola com melhor qualidade de óleo (KUBICEK, 1997). Em questionário respondido por 32 melhoristas do setor público e 23 do setor privado, responsáveis por mais de vinte diferentes culturas, em diversos países, a importância atual dos marcadores molecu- lares no desenvolvimento de variedades foi considerada pequena, mas grande para o futuro próximo. Neste mesmo levanta- mento a maioria dos melhoristas informa- ram acreditar que as principais aplicações dos marcadores moleculares seriam: intro- gressão de fatores monogênicos, assistida por marcadores, transferência de QTLs e transgenes, assistida por marcadores e seleção de progenitores (LEE, 1995). Con- forme também relatado por LEE (1995), as principais limitações atuais para a utiliza- ção dos marcadores moleculares no de- senvolvimento de cultivares seriam: o cus- to da tecnologia, a interação genótipo x marcador e a dificuldade operacional da técnica. Segundo JONES & CASSELLS (1995), na década de 90 as pesquisas em genética nas universidades da Europa e América do Norte têm sido direcionadas predominan- temente para a biologia molecular e a transformação gênica. Em decorrência, o número de universidades nos países de- senvolvidos que oferecem treinamento em níveis de graduação e pós-graduação em genética e melhoramento clássicos tem declinado, com sérias conseqüências para a sociedade. Com a marcante redução dos recursos públicos disponíveis para patrocínio de todos os tipos de pesquisas, alocar mais recursos em biotecnologia pode significar sacrifício do melhoramento de plantas convencional. Este é um problema pratica- mente insolúvel, mas espera-se que os órgãos financiadores de pesquisa encon- trem o melhor balanço possível de inves- timento no melhoramento de plantas atual e no futuro. Seria contraprodutivo sacrifi- car os profícuos programas de melhora- mento em favor da biotecnologia, que é considerada uma ferramenta de auxílio ao melhoramento. Durante os primeiros anos da biotecnologia cientistas, em diversos fóruns, se envolveram em discussões que culminaram com a conclusão de que a biotecnologia não substituiria o melhora- mento convencional. Biotecnólogos e melhoristas, hoje, se entendem mais facil- mente. Gradualmente, também os órgãos administrativos e legislativos estão passan- do a ter esta mesma perspectiva. Os Benefícios e Riscos da Biotecnologia Especula-se que haja a necessidade de uma nova Revolução Verde para aumentar a produção de alimentos no mundo. Logo surge a pergunta: será que a biotecnologia poderá levar o melhoramento de plantas a uma nova Revolução Verde? Acredita-se que já existem algumas evidências que apontam ser esse fato possível. Tudo indi- ca que o número de variedades transgêni- cas de várias espécies, a serem lançadas comercialmente nos próximos anos, irá aumentar de forma substâncial. Varieda- des resistentes a herbicidas já estão entre o grupo de produtos predominantes para a maioria das espécies, seguidas de resistên- cia a insetos, entre outros. A entrada, em maior escala, das plantas transgênicas no mercado gerará, à semelhança da primeira revolução verde, novos pacotes tecnológi- cos (com uso de herbicidas e outros insu- mos) e possibilitará a prática da agricultura em grandes extensões. As contribuições da biotecnologia para a agricultura já se fazem sentir em vários países onde varie- dades transgênicas vem ocupando gran- des áreas de plantio com diferentes espé- cies. Será que tal prática conduzirá a agri- cultura a riscos? No caso da Revolução Verde, o risco devido a transferência de genes foi peque- no, provavelmente pela natureza da carac- terística em questão, genes para estatura da planta. A situação com variedades de algodão, milho, soja, dentre outras, porta- doras do gene Bt (Bacillus thuringienses), que confere resistência a alguns Lepidóp- teros (JAMES e KRATTIGER, 1996), pode ser diferente. A transformação de diferen- tes espécies vegetais com o mesmo gene de resistência, isto é, clonado da mesma estirpe de Bacillus thuringienses, poderá resultar em um risco endêmico, caso o inseto supere a resistência conferida pelo gene Bt, fenômeno denominado de vulne- rabilidade biotecnológica interespecífica. Eventualmente, a melhoramento po- derá encontrar platôs de rendimentos com as restrições impostas pela piramidação (MILACH & CRUZ, 1997) de genes dispo- nibilizados pela biotecnologia ou existen- tes no germoplasma, resultando no que é denominado de arresto gênico. Por outro lado, a biotecnologia criará novas pers- pectivas ainda não imaginadas pelo me- lhorista, o que possibilitará superar os limites hoje existentes. As plantas transgê- nicas serão apenas parte da contribuição que a biotecnologia promete dar ao me- lhoramento de plantas. Em artigo recente, TANKSLEY & MCCOUCH (1997) discutem a importância do uso dos recursos genéti- cos existentes em bancos de germoplasma e presentes, muitas vezes, em espécies silvestres. Os autores apontam que a pos- sibilidade de se acessar a variabilidade genética no DNA, com o uso de marcado- res moleculares, irá revolucionar a forma como esta variabilidade será explorada em programas de melhoramento de plantas no futuro. Somente o uso correto da bio- tecnologia como auxiliar ao melhoramen- to, permitirá que os riscos sejam minimiza- dos e os benefícios maximizados. CONCLUSÃO O surgimento de diversas técnicas com- plementares ao melhoramento de plantas no Século XX tem trazido várias lições. A primeira delas foi que nenhuma tecnolo- gia por si só pode substituir a prática do melhoramento de plantas. Isso decorre de vários fatores. Novas tecnologias podem auxiliar na criação de variabilidade e/ou seleção de genótipos superiores, mas a avaliação a campo de materiais superiores ainda é uma etapa fundamental enquanto, a agricultura for praticada como tem sido feito até hoje. Outra lição é de que o emprego de qualquer nova tecnologia raramente é de uso indiscriminado para Preservação gênica em nitrogênio líquido 72 Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento - Encarte Especial todas as espécies vegetais, assim, en- quanto as mutações induzidas, ainda hoje, têm grande impacto no melhora- mento de espécies vegetativas, como as plantas ornamentais, certamente tiveram um impacto aquém do esperado para os cereais. Certamente o mesmo se aplicará para o uso da biotecnologia no dia-a-dia, que poderá ter e já está tendo impacto no melhoramento de diversas espécies, mas provavelmente será inviável para outras. Acredita-se que a expectativa gerada em torno do uso de novas técnicas e o impulso de aplicá-las indiscriminadamen- te a qualquer espécie vegetal têm sido os fatores principais do desapontamento e posterior ceticismo dos melhoristas. Tal- vez uma alternativa para a questão de investir ou não em uma nova tecnologia seja perguntar-se primeiro como esta pode auxiliar na solução daqueles pro- blemas enfrentados pelo melhorista e se o fará diferentemente das metodologias clássicas do melhoramento. Além disso, se a relação custo x benefício favorece o uso da tecnologia em questão. A expec- tativa é de que o melhoramento de plantas, nas primeiras décadas do próxi- mo milênio, continuará evoluindo, mas as mudanças não acontecerão de forma tão drástica. A fonte de genes mais utili- zada no desenvolvimento varietal conti- nuará sendo o germoplasma núcleo das espécies cultivadas. Os principais méto- dos para o desenvolvimento de novas variedades também serão aqueles que utilizam a hibridação. A mais onerosa etapa no desenvolvimento varietal con- tinuará a ser a das avaliações de campo para as características quantitativas e a necessidade do trabalho em equipe multidisciplinar tornar-se-á mais eviden- te. A biotecnologia será gradativamente incorporada à rotina do melhoramento, como instrumento para desenvolver no- vas variedades, tornando o melhora- mento genético mais preciso. Dois dos seus objetivos: serão diminuir o tempo para obtenção de novas variedades e expandir o conjunto gênico disponível para cada programa de melhoramento. Em que espécies ela terá maior impacto e como o seu emprego se justificará no dia-a-dia do melhoramento serão per- guntas a serem respondidas com o pró- prio tempo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOEHLJE, M. & SCRADER, L.F. Agricul- ture in the 21st century. J. Prod. Agric, v.9 p.335-341, 1996. BORÉM, A. Melhoramento de plan- tas. 22 edição, Viçosa: Editora UFV, 1998, 453 p. BORLAUG, N. E. Wheat breeding and its impact on world food Supply. 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Campo experimental de trigo Banco de germoplasma: segurança de genes para o futuro Nicolai Ivanovich Vavilov - geneticis- ta russo que identifi- cou os centros de origem das espécies cultivadas Comunicado Novartis Novartis Seeds firma primeiro acordo de pesquisa em sementes de soja tropical A tecnologia e o conhecimento científico da Novartis Seeds - setor de sementes da Novartis, líder mundial em ciências da vida - estão chegando também ao mercado brasileiro de sementes de soja. A nova empreitada será possível graças ao acordo inédito firmado entre a empresa e a Cooperativa Agrícola do Alto Paranaíba (Coopadap), de São Gotardo (MG), pelo qual a Novartis terá acesso ao germoplasma tropical (material genético) da soja, utilizado para produção de sementes na Região Central do Brasil. “Queremos introduzir no mercado brasileiro de sementes de soja o alto potencial da Novartis em pesquisa, especialmente em biotecnologia”, afirma Beat Siffert, gerente de Novos Negócios da Novartis Seeds. Segundo Beat, a parceria entre a Novartis e a Coopadap cria novas perspectivas para o segmen- to. “A união de um excelente material genético tropical, de um lado, e de toda a estrutura da Novartis em pesquisa (biotecnologia), comercialização e distribuição, de outro, contribuirá para elevar os níveis de qualidade e tecnologia na cultura da soja”, explica. O acordo é um programa integrado de pesquisas que terá duração de 10 anos e prevê o desenvolvi- mento de pesquisas conjuntas para criação de novas variedades de soja. A Novartis Seeds terá garanti- dos o acesso e o direito de comercialização da produção de sementes de soja originada de germoplasma da Coopadap. Tecnologia de ponta - Numa espécie de “lançamento-piloto”, a Novartis está comercializando desde setembro deste ano a variedade de soja CS 301 nos Estados de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás e Sul da Bahia. Para 1999, a empresa prepara o lançamento da soja CS 303. Estas duas sementes de soja chegarão ao agricultor já tratadas com defensivos de última geração da Novartis Agro e serão comercializadas sob a marca NK, que identifica os produtos da Novartis Seeds destinados às grandes culturas. Em outra frente de trabalho, a Novartis Seeds já realiza na Região Sul do Brasil testes com sementes de soja da própria empresa, dentro de um programa mundial de intercâmbio de germoplasma com unidades de outros países. Com a entrada no mercado de soja, a Novartis Seeds amplia seu portfólio de produtos e se consolida como a empresa voltada para a pesquisa, desenvolvimento e comercialização de sementes de várias culturas. Este ano, além de fortalecer sua posição no mercado brasileiro de sementes de milho híbrido, a empresa passou a comercializar sementes de hortaliças e de flores, e prepara-se para ingressar nos mercados de sementes de girassol e de sorgo. A Novartis está prestes a inaugurar no Brasil o seu primeiro laboratório de marcadores moleculares. Esta tecnologia será utilizada na pesquisa e desenvolvimento de novos híbridos e variedades geneticamente melhorados e na avaliação mais precisa da pureza genética das sementes. Com isso, o tempo necessá- rio para a obtenção de novos produtos será significativamente reduzido. A Novartis foi a primeira no mundo a desenvolver e comercializar semente de milho modificada através da biotecnologia. Figura 2: Planta transgênica de batata Achat inoculada mecanicamente com o virus PVY Dentre cerca de 40 plantas regenera- das após o processo de transformação genética, duas plantas distintas apresenta- ram-se resistentes ao vírus Y. A análise do DNA desses dois clones mostrou a presen- ça no genoma da batata ‘Achat’, dos genes introduzidos (PVY-cp e npt II). Os tubércu- los dessas duas plantas foram colhidos, plantados e testados em quatro épocas, por inoculações mecânica com o vírus. Em todos os testes, as plantas mantiveram o padrão de resistência (Figuras 1, 2 e 3). Para que o resultado desse trabalho chegue ao mercado, muitos estudos ainda necessitam ser realizados. O primeiro é a confirmação, em condições de campo, do nível de resistência obtida em casa de vegetação. Assim, caso essas plantas apre- sentem, em campo, a reação de resistência que vem sendo observada em casa de vegetação, mantendo ao mesmo tempo as características agronômicas inerentes à cultivar Achat, a Embrapa e seus parceiros terão desenvolvido uma tecnologia que poderá ter impactos socioeconômicos sig- nificativos para os bataticultores. Estudos recentes do impacto de batatas transgênicas com resistência aos vírus PVX, PVY e PLRV, no México, mostram que essa tecnologia reduz em 13% os custos de produção, em grandes plantios e, em 32% para pequenos produtores, nas condições mexicanas (Qaim, 1998). No Brasil, espe- ra-se que esse genótipo com resistência a vírus Y venha garantir ao produtor brasi- leiro a alta produtividade de suas lavou- ras, porém com um custo de produção menor. Isso significa aumento de renda no setor agrícola e da qualidade de vida dos produtores de batata. Para o consumidor, essa tecnologia poderá representar queda no preço da batata. Para o país, a utilização de uma cultivar com essas características constitue, além da economia de divisas pela redução nas importações de batata- semente, uma grande possibilidade de melhoria na qualidade da dieta do brasilei- ro, já que, com a redução do preço, uma Figura 3: Planta não transgênica de batata Achat (controle) inoculada mecanicamente com o virus PVY maior parte da população passará a con- sumir a batata, um alimento de grande valor nutricional. Biossegurança Recentemente, a Embrapa submeteu à CTNBIO pedido de permissão para realização dos ensaios de campo com os dois clones de batata Achat que apresen- taram resistência ao PVY, em casa de vegetação. Existe hoje, uma certa preocu- pação com os riscos inerentes à introdu- ção de plantas transgênicas no ambiente e no seu consumo pelo homem. Os riscos de liberação de planta transgênica no campo têm sido amplamente discutido no mundo. Há consenso nos países que já permitem a comercialização desses produtos de que os riscos têm de ser considerados caso a caso. O uso de vários genes já foram inclusive desregulamenta- dos nos Estados Unidos, como é o caso daqueles que codificam para a proteína do capsídeo e replicase de vírus que afeta a batata. Os principais riscos detectados espe- cificamente em relação aos produtos ge- rados utilizando-se a tecnologia de resis- tência derivada do patógeno via enge- nharia genética são os seguintes: a) ocor- rência de cruzamento entre a planta trans- gênica com parentes silvestres da sua espécie, possibilitando assim o fluxo gê- nico (Hannemann, 1994). Entretanto, devido ao fato de a batata se propagar vegetativamente, a fertilidade do pólen é geralmente muito baixa. No caso especí- fico desta liberação no campo, a batata ‘Achat’ é totalmente estéril e parentes silvestres da batata (Solanum tuberosum) não são encontrados na área do Distrito Federal, onde deverá ocorrer a liberação (Melo & Fontes, no prelo), já aprovada pela CTNBio; b) criação de novos tipos de vírus, mediante recombinação de genomas virais ou por um fenômeno de heteroencapsulamento (Tepfter, 1993). A possibilidade de ocorrência de um even- to de recombinação entre um transgene e um vírus foi estudada por Ghislain e Golmirzale (1998) tendo verificado que a probabilidade de um evento de recombi- nação dessa natureza é muito menor que a recombinação natural que ocorre entre dois vírus infectando a mesma planta; c) preocupações com aspectos de seguran- ça alimentar. Esse aspecto deve ser con- siderado sempre para todos os tipos de alimentos consumidos pelo homem e pelos animais. Os clones de batata Achat que serão liberados no campo, contêm o gene da proteína da capa do vírus Y e o gene npt II. Esse último gene é encontra- do hoje na grande maioria dos produtos transgênicos presentes no mercado e os potenciais riscos para a saúde humana e animal já foram bastante estudados. Fla- vell et al. (1992) fizeram extensa revisão da documentação de estudos realizados sobre o potencial de risco do gene npt II, dos quais se conclui que a liberação desse para o consumo alimentício e para o meio ambiente é segura. Com relação ao gene da proteína da capa do vírus, também foram feitas extensas avaliações do potencial de risco de batatas transgê- nicas portando genes do capsídeo bem como da replicase de vírus de batata, sendo que nenhum risco à saúde foi identificado. Os transgenes são isolados de vírus que sempre infectam o tubércu- lo da batata. Assim, muitas vezes o ho- mem, naturalmente, ingere genes e pro- teínas virais durante o consumo de plan- tas não transgênicas. Nos Estados Uni- dos, o FDA (Food and Drug Administra- tion), órgão encarregado de deliberar sobre aspectos sanitários dos alimentos já desregulamentou a liberação desses genes. A sociedade brasileira está começan- do a tomar conhecimento dos avanços e mudanças geradas nos vários setores produtivos com o progresso da biotecnologia. Essa é uma das primeiras plantas transgênicas a ser testada em condições de campo pela Embrapa. O que vai determinar se ela chegará ao consumidor final é a confirmação do seu benefício para o setor produtivo e para o consumidor, assegurando-se o equilí- brio do meio ambiente. Agradecimentos: Agradecemos ao CNPq pelas bolsas con- cedidas. Referências BRAUN, C.J.; JILKA, J.M.; HEMENWAY, C.L. & TUNER, N.E. Interactions between plants, pathogens and insects: possibilities for engeneering resistance. Current Opinion in Biotechnology, v. 2, p.193-198, 1991. Dougherty, W.G.; Lindbo, J.A.; Smith, H.A.; Parks, T.D.; Swaney, S. & Proebsting, W.M. RNA-mediated virus resistance in transgenic plants: exploitation of a cellular pathway possibly involved in RNA degradation. Mol. Plant-Microbe Interact., v. 7, p. 544-552, 1994. 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