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Guias e Dicas
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Colonização do Sertão Baiano, Notas de estudo de Geografia

Geográfico e histórico

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 19/10/2010

alyne-marques-8
alyne-marques-8 🇧🇷

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Baixe Colonização do Sertão Baiano e outras Notas de estudo em PDF para Geografia, somente na Docsity! Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com Colonização do Sertão da Bahia e Formação de Quilombos em Irará Jucélia Bispo dos Santos1 RESUMO: A origem das comunidades de quilombos de Irará está relacionada à estrutura social que emergiu a partir da colonização do sertão baiano. A sociedade local foi organizada, conforme um padrão de poder que se estabeleceu através da hierarquização de funções e da apropriação de recursos materiais. Os sujeitos brancos foram privilegiados na aquisição das riquezas e do poder. Estas relações estavam diretamente vinculadas ao acesso à terra, tendo sido a concentração desta o principal fator responsável pela centralização dos projetos políticos. Assim, foram estruturando as sesmarias, os aldeamentos, as freguesias, as fazendas, os currais e as vilas. Resistindo a essa ordem pré-estabelecida, os sujeitos racializados ocupavam terras formando uma estrutura fundiária que se fundamentou nas relações comunitárias, típicas das comunidades de quilombos. PALAVRAS-CHAVE: história, quilombos, colonização, etnicidade. IRARÁ HISTORY: povoamento, settling and formation of the communities of quilombo ABSTRACT: The origin of the communities of quilombos of Irará is related to the social structure that emerged from the settling of the bahian hinterland. The local society was organized, in agreement a standard of being able that it was established through the hierarquização of functions and the appropriation of material resources. The white citizens had been privileged in the acquisition of the wealth and the power. These relations directly were tied with the access to the land, having been the concentration of this the main responsible factor for the centralization of the projects politicians. Thus, they had been structuralizing the sesmarias, the aldeamentos, the clienteles, the farms, the corrals and the villages. Resisting this preset order, the racializados citizens occupied lands forming an agrarian structure that if it based on the communitarian relations, typical of the communities of quilombos. KEY WORDS: history, quilombos, settling, ethnicity. 1 Mestre em Estudos Étnicos e Africanos pela Universidade Federal da Bahia, professora de Teorias Sociológicas da Faculdade Nobre de Feira de Santana. Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com INTRODUÇÃO O município de Irará localiza-se no estado Bahia, na região do Portal do Sertão, uma faixa de transição entre o Recôncavo e o Sertão. O nome desse município tem origem tupi e designa uma espécie de formiga de asas brancas semelhante aos cupins: é uma alteração da palavra "arará", que por sua vez significa nascida na luz do dia, pois estas formigas surgem ao alvorecer do dia2. No entanto, antes de passar a ser chamada de Irará a localidade era conhecida como Purificação dos Campos. Essa denominação persistiu até o final do século XIX, quando foi criado o município, a 08 de agosto de 1895. A colonização de Irará começou na segunda metade do século XVII, com as entradas de Antônio Guedes Brito, mestre de Casa da Ponte. A Casa da Ponte abrangia desde o Rio de Contas até os limites de Sergipe, incluindo a Cachoeira de Paulo Afonso3. Anteriormente à entrada desse sertanista, temos a vinda dos jesuítas para essa região, os quais chegaram com a missão de catequizar os indígenas. Dessa iniciativa surgiu o aldeamento da Purificação que, nos dias atuais, pode ser visualizado por meio dos sítios arqueológicos que estão presentes nas seguintes regiões: comunidade de Brotas, vila de Caroba, Bento Simões e o distrito sede, a cidade de Irará. O Conde da Ponte, João de Saldanha da Gama Mello Torres Guedes de Brito e a Condessa da Ponte D. Maria Constança de Saldanha Oliveira e Souza, desmembraram, no dia 21 de fevereiro de 1807, a sua gigantesca propriedade. João Peixoto Veigas, um português que veio para a Bahia por volta de 1640, filho de Fernão Peixoto de Viana e de Barbara Fernandes, passou a comandar parte das terras da Casa da Ponte. Em 1652 estas terras abrangiam as regiões do Paraguaçu, Itapororocas e Água Fria, incluindo também o atual município de Irará, então pertencente à região de Vila de São João Batista de Água Fria4, criada por força de Resolução Régia de 28 de abril 1727. A colonização só se consolidou, de fato, nos solos do atual município de Irará a partir do avanço da pecuária no século XVIII, quando ocorreu a instalação de currais de gado em todo o sertão baiano, tais como o do capitão-mor, Antônio Homem de Afonseca e o de Diogo Alves Campos. Nesse período, os colonizadores ensejaram choques com as tribos dos Paiaiás, mas eles ofereceram resistência. No decorrer dos anos, a região de Irará foi conquistando espaço político no projeto da colonização. Como exemplo desse sucesso ocorreu a criação da Vila da Purificação em 1842, com a mudança da vila de São João Batista da Água Fria (atual Água Fria). Com a implantação da vila ocorreu a ereção do Pelourinho, na atual Praça 2 NOGUEIRA, Aristeu. Histórico do Município de Irará. Prefeitura Municipal de Irará, 1988. 3 NEVES, Erivaldo Fagundes. Da Sesmaria ao Minifúndio (um estudo de história regional e local). Salvador: Editora da Universidade Federal da Bahia; Feira de Santana: Universidade Estadual de Feira de Santana, 1998. 4 Idem. Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com ficando em torno de 30º e as médias mínimas por volta de 19º. A precipitação média situa-se em torno de 844,0 mm anuais. Quando aumenta a umidade relativa do ar, há ocorrências de neblina, sobretudo no período do inverno, entre junho e agosto, como ápice11. A colonização de Irará começou na segunda metade do século XVII, com as entradas de Antônio Guedes Brito, mestre de Casa da Ponte. A Casa da Ponte abrangia desde o Rio de Contas até os limites de Sergipe, incluindo a Cachoeira de Paulo Afonso12. Anteriormente à entrada desse sertanista, temos a vinda dos jesuítas para essa região, os quais chegaram com a missão de catequizar os indígenas. Dessa iniciativa surgiu o aldeamento da Purificação que, nos dias atuais, pode ser visualizado por meio dos sítios arqueológicos que estão presentes nas seguintes regiões: comunidade de Brotas, vila de Caroba, Bento Simões e o distrito sede, a cidade de Irará. O Conde da Ponte, João de Saldanha da Gama Mello Torres Guedes de Brito e a Condessa da Ponte D. Maria Constança de Saldanha Oliveira e Souza, desmembraram, no dia 21 de fevereiro de 1807, a sua gigantesca propriedade. João Peixoto Veigas, um português que veio para a Bahia por volta de 1640, filho de Fernão Peixoto de Viana e de Barbara Fernandes, passou a comandar parte das terras da Casa da Ponte. Em 1652 estas terras abrangiam as regiões do Paraguaçu, Itapororocas e Água Fria, incluindo também o atual município de Irará, então pertencente à região de Vila de São João Batista de Água Fria13, criada por força de Resolução Régia de 28 de abril 1727. A colonização só se consolidou, de fato, nos solos do atual município de Irará a partir do avanço da pecuária no século XVIII, quando ocorreu a instalação de currais de gado em todo o sertão baiano, tais como o do capitão-mor, Antônio Homem de Afonseca e o de Diogo Alves Campos. Nesse período, os colonizadores ensejaram choques com as tribos dos Paiaiás, mas eles ofereceram resistência. Nos anos de 1615, 1619 e 1655, o comércio do gado teve expansão na Bahia. Os comerciantes e curraleiros procuraram as melhores vias para a sua locomoção. Neste contexto, João Lobo Mesquita recebeu por cessão do proprietário da sesmaria "Casa da Ponte" uma grande área de terras, povoando-a com gado, escravos e moradias, abrindo a "estrada de boiadas" para o sertão. Em 1650, João Lobo de Mesquita concedeu parte de suas terras situadas entre Jacuípe e Água Fria a João Peixoto Viegas. Essa região abrangia, dentre outros o município de Irará. uma divisão regional efetuada em termos político-administrativo e não corresponde à zona semi-árida, pois apresenta diferentes zonas geográficas com distintos índices de aridez, indo desde áreas com características estritamente de seca, com paisagem típica de semi-deserto a áreas com balanço hídrico positivo. MINTER , Plano Integrado para o Combate Preventivo aos Efeitos das Secas no Nordeste. Série Desenvolvimento Regional. Nº 1. Brasília. 1973 11 IBGE. Enciclopédia dos municípios brasileiros. Rio de Janeiro: IBGE, 1957. 12 NEVES, Erivaldo Fagundes. Da Sesmaria ao Minifúndio (um estudo de história regional e local). Salvador: Editora da Universidade Federal da Bahia; Feira de Santana: Universidade Estadual de Feira de Santana, 1998. 13 Idem. Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com Na carta de concessão da sesmaria que foi doada a João Peixoto Veigas, evidenciam-se se detalhes sobre os compromissos entre as partes: sesmeiro e doador. Também aparecem aspectos a respeito das propriedades, tais como: os limites geográficos, a fertilidade das terras, se estão na região de caatinga, se são habitadas por brancos ou por gentios (índios da tribo paiaiá), como também cita as riquezas naturais presentes nessas terras, a exemplo de rios14: João Peixoto Viegas Senhor Possuidor das terras da Agoa Fria Itapororocas Jacuipe Velho que hummas e outras São hereos vizinhas dos Tocos [...] vizinhas das dos Tocos e Pinda em Razão de não Sabermos aonde fin 25 da alias Sabermos aonde Chegão e acabão entre nos as ditas terras temos duvida parecendo a cada qual que nos entrarmos e tomamos hum ao outro. Viemos a Com cordarmo nos e acordamos amigavelmente por Conservarmos nossa antiga e boa amizade e evitar o trabalho e gasto de demarca das entre nos e nossos herdeiros conviemos e acordamos que a prezente digo que a partir e Sorte das Terras dos Tocoz e Pinda se me fez a primeiro Seguindo a data 15 della pela forma que se diz e se marca a Provizão da Sua Sesmaria e Se ponhão marcas e Signais que Serão para Sempre de divizão com 20 as terras de Agua fria Itapororocas e Rio Jacuipe velho que tem a Sismaria de mim João Peixoto Viegas porquanto as ditas 25 terras de Tocoz e Pinda ficão ao Norte do dito Rio e Itapororocas Agua Fria [...] De acordo com esse documento, nota-se que João Peixoto Veigas recebeu a sua sesmaria, a qual era composta pelas seguintes localidades: Água Fria (ao qual o município de Irará estava inserido na época), Itapororocas (Feira de Santana e Jacuípe (abrange toda a micro-região de Feira de Santana). Essa concessão de terras tinha como finalidade, a implantação do povoamento de vastas regiões, nas quais viviam populações indígenas e cujas terras eram ameaçadas constantemente por invasores estrangeiros, no caso, os holandeses. Essas terras foram destinadas, muitas vezes, a homens cuja principal fonte de renda viria da exploração de suas fazendas e da produção sertaneja como um todo, fosse com a comercialização do gado ou com a arrematação de cobrança dos dízimos. A carta de concessão de sesmarias de 03 de julho de 1655 faz referências aos perigos da região promovidos pela luta com os indígenas. Nessa mensagem destaca-se a ameaça de assaltos e morte de escravos no confronto com os indígenas.15 É possvel observar nas entrelinhas dessas informações que os donos dos currais não respeitavam as terras dos antigos habitantes da região, uma vez que podiam deixar o boi solto, e este acabava por invadir o espaço natural do nativo. Logo, o homem branco invadia o espaço cultural dos indígenas. Essa dupla ação deu origem a muitos conflitos entre portugueses e indígenas. Quando os nativos atacavam o gado, 14 BIBLIOTECA NACIONAL (BRASIL). Documentos históricos [Tombo das Cartas de Sesmarias do Rio de Janeiro dadas por Cristóvão de Barros (1573-74) dadas por Salvador Correia de Sá (1578-79)] / Biblioteca Nacional. Vol. 1. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, Dep. Nacional do Livro, 1928. 15 Provisões, alvarás e sesmarias. Rio de Janeiro, Tipografia Monroe, p.170, 348- 349.1930(Documentos Históricos, série 16, Biblioteca Nacional. Vol. 18). Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com os vaqueiros reagiam e o conflito muitas vezes terminava desfavorável para os antigos donos do Sertão. Por conta desse fator, nos séculos XVI e XVII, as regiões do Sertão da Bahia foram palcos de grandes conflitos envolvendo índios e brancos colonizadores.16 Em 20 de março de 1676 João Peixoto Veigas executou uma petição à Coroa Portuguesa, solicitando o apoio militar nessa região. Assim , esse senhor de mais de 150 léguas de terras, as quais abrangiam a região de Irará, pedia apoio a Coroa para explusar os indígenas de suas terras, os índios bárbaros paiaiás17. Seu objetivo era conquistar reforços na exploração do espaço de suas terras, uma vez que ele disputava com os antigos moradores (jesuítas e indígenas), as áreas que seriam utilizadas na produção agrícola e criação de bovinos. Nessa época, os índios eram encontrados em abundância nos sertões, e constituíam a mão-de-obra preferencial das fazendas do lugar. Porém, contrariamente ao que se pensava, a população autóctone não figurava como maioria dos trabalhadores, ao menos em certas partes do interior nordestino. A população nativa passou por intenso processo de mudança de sua representação social: de “donos da terra, os indígenas passaram a ser considerados como invasor, gentio, bárbaros e preguiçosos, para depois se tornarem em vadios, facínoras e vagabundos. Os povos colonizadores tratavam os indígenas genericamente como o “gentio bárbaro”. Os indígenas “animalizados” viviam como servos, vítimas de toda a sorte de arbitrariedades cometidas pelos latifundiários- estes sempre acobertados pela proteção dos policiais e políticos. Do mesmo modo, a violência física foi naturalizada, o estigma e o preconceito denegriram a imagem dos nativos e dos seus descendentes perante a sociedade, e ainda hoje permanecem como cultura inferior18. Não tendo noção de propriedade, muitos grupos indígenas atacavam o gado criado solto nas fazendas pelo fato de enxergarem como a caça algo que fazia parte da natureza. Assim, os indígenas exerciam fortes ameaças para os colonos, uma vez que atacavam as vilas, plantações e fazendas dos moradores19. Esta prática causava grandes transtornos aos curraleiros e denúncias a este respeito eram recorrentes da época. A maior parte da documentação pesquisada faz referências aos perigos que os indígenas oferecem a essas regiões do sertão baiano, já que representavam uma assustadora e constante ameaça de ataque20. Durante a segunda metade do século XVII, algumas expedições jesuíticas foram montadas a fim de combater os índios que estavam atacando as vilas da região. A Companhia de Jesus se instalou na região do atual municipio de Irará, com o objetivo de implantar a catequese. Essa catequização significava a imposição de 16 GALVÃO. Mons.Renato de Andrade. Os povoadores da região de Feira de Santana. Manuscritos do Livro de memória da região de Feira de Santana. Museu Casa do Sertão. Universidade Estadual de Feira de Santana 17 ANDRADE, Maria Celeste Pacheco. Origens do povoamento de Feira de Santana: um estudo de história colonial / Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal da Bahia. Salvador: [s.n.], 1990. 18 Idem. 19 GALVÃO. Mons.Renato de Andrade. Os povoadores da região de Feira de Santana. Manuscritos do Livro de memória da região de Feira de Santana. Museu Casa do Sertão. Universidade Estadual de Feira de Santana. 20 Idem. Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com Figura 3: Capela de Nossa Senhora do Livramento, povoado de Caroba. A Capela de Nossa Senhora da Purificação dos Campos ficava onde hoje se encontra a atual Praça da Purificação, em Irará. Ela foi demolida na década de 30 do século XX, quando Elísio Santana era prefeito da cidade. Na época que os jesuítas residiam em Irará, essas capelas desenvolviam e coordenavam a administração das capelas e das aldeias. Esses espaços eram habitados pelos administradores que eram ligados a missões jesuítas aos índios e aos negros fugidos26. Assim, eles davam apoio às autoridades civis, na administração das terras distantes dos grandes centros produtivos. Desta forma, a cristianização foi utilizada para garantir a coercitividade dos temidos sertões. Para os missionários que ocuparam a região de Irará, esses empreendimentos tinham como objetivo principal a transformação dos nativos, os indígenas Paiaiás que, seriam catequizados, seriam tidos por "civilizados", saindo do estado da dita barbárie em que se encontravam. Ou seja, seriam transformados em cristãos, verdadeiros "homens bons”. Uma das estratégias que foram utilizadas para “amansar” os indígenas foi o trabalho na roça27. Assim, os jesuítas desenvolviam dois objetivos bem definidos: o de ensinar a religião e o de explorar o território; portanto, a missão desenvolvia a formação de uma reserva de mão-de-obra para o crescimento da colônia. Assim sendo, os aldeamentos funcionavam levando em conta que neles se cruzavam os interesses: das autoridades locais, dos administradores coloniais, da burocracia 26 GALVÃO. Mons.Renato de Andrade. Os povoadores da região de Feira de Santana. Manuscritos do Livro de memória da região de Feira de Santana. Museu Casa do Sertão. Universidade Estadual de Feira de Santana. 27 ALMEIDA, Maria Celestino de. Metamorfoses indígenas: identidade e cultura nas aldeias coloniais do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2003. Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com provincial, dos seus diretores civis, das populações brancas que viviam em seu entorno, dos padres jesuítas e dos índios28. Os espaços missões eram administrados por leis rígidas que estabeleciam a organização social, o que direciona o projeto da catequização. Alguns desses controles tiveram significância através de leis rígidas. Padre Antônio Vieira entre 1658 e 1660, relata em um documento chamado “Visita”, como essas regras eram encaminhadas para as regiões ocupadas pelos padres da Companhia de Jesus29. A partir dessa lei, observa-se que os aldeamentos eram rigidamente controlados por meio das seguintes obrigações: participação ativa dos chefes indígenas na administração para resolver os pequenos problemas e brigas entre os ameríndios; catequese regular para transmitir os conhecimentos rudimentares da fé; liturgia bastante solene para impressionar os recém-convertidos; aprovação de certos costumes indígenas que não tivessem uma aparência “supersticiosa”; implantação de um regime de trabalho comunitário bem diversificado para garantir o auto-sustento. No processo de controle dos aldeamentos, as roças eram criadas, pois o projeto de catequização provinha da aplicação da disciplina que era desenvolvida mediante à ação do trabalho. Portanto, esses espaços abrigaram uma produção agrícola, num estilo de trabalho característico da categoria de roceiros30. Nos núcleos de povoamentos dos jesuítas de Irará, era desenvolvida especialmente, a produção de milho, feijão, fumo e mandioca. Os índios e os mestiços foram aproveitados pelos portugueses na obra da colonização, não apenas para obtenção de produtos nativos, mas como elemento participante da colonização, pois os colonos viam o nativo como um trabalhador aproveitável, e a metrópole, como um povoador. Os indígenas, mesmo não sendo cativos, participavam do trabalho da colônia. Existia também a presença de profissionais leigos que representavam a Coroa Portuguesa nos aldeamentos31. Os administradores leigos estabeleciam taxas, modos de pagamento, e tempo de serviço, e cuidavam do funcionamento burocrático das vilas. Isto já fora visto como “bom resultado” da catequização. Com o passar dos anos, as ordens religiosas passaram a arrendar suas terras. Os jesuítas possuíam centenas de foreiros32, além de alugarem suas terras. As terras eram arrendadas por um foro contratual. Essas terras ficavam sob o comando de pequenos plantadores e vaqueiros, na qualidade de rendeiros de grandes sesmeiros. Essa região era vista como uma fronteira que se traduzia em maior pressão sobre o acesso à terra. Havia terra disponível para cultivo nas regiões de maior densidade populacional, ainda em fins do século XVIII. Assim, as terras devolutas estavam sendo rapidamente apropriadas. 28 FREIRE, José R. Os Aldeamentos Indígenas do Rio de Janeiro. UERJ/DEPEXT/SR-3. Rio de Janeiro. 1997. 29 VIEIRA, Antônio. Obras escolhidas (v.V). Lisboa: Sá da Costa, 1951, p.340-58. 30 DIAS, Marcelo Henrique. A inserção econômica dos aldeamentos jesuíticos na capitania de Ilhéus. Comunicação apresentada ao XVII Ciclo de Estudos Históricos: UESC, 2004. 31 Idem. 32 FOREIRO: o proprietário atribui à outra pessoa o domínio útil do imóvel. Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com O aldeamento da Purificação (atual Irará) era oficialmente o abrigo dos indígenas e escravos que viviam sob o comando dos padres. No entanto, do século XVIII até o final do século XIX, esses espaços tiveram outros fins. Muitos negros e mestiços livres passaram a utilizar e ocupar as antigas terras que pertenciam aos indígenas. Vários deles passavam a viver sobre o comando das regras dos missionários católicos e, em troca, recebiam terras para trabalhar33. Esses sujeitos não indígenas utilizavam as instalações dos aldeamentos visando a uma sobrevivência mais tranqüila que a do cativeiro nas fazendas. Assim, aproveitavam o máximo que os aldeamentos podiam oferecer: terras, abrigo, ferramentas, armas, alimentos, etc.34 Com isso, índice populacional aumentava nas regiões aldeadas. Em 1786, a freguesia de Água Fria, da qual o aldeamento da Purificação fazia parte registrava os seguintes números relativos à quantidade de habitantes: Tabela 1: Senso da população de Água Fria, em 1786. Casais de Índios Aldeados 32 Livres 527 Escravos 469 Pardos Livres 289 Forros 101 Índios 72 Total de Sujeitos 1490 Naquela vila existiam 527 homens livres, 469 escravos, 101 forros, 72 índios aldeados e apenas 4 morando nas fazendas. Esse censo, cujos dados são mais precisos, permite perceber que grande parte dos pardos livres (ao todo 289) eram filhos de pardos forros. O segundo censo consta que, em Água Fria, a proporção era semelhante, constando de 381 cativos pretos, em um total de 46935. Sobre esta conjuntura, Stuart Schwartz demonstrou que, entre 1778 e 1798, houve uma saída de 2844 cativos para o sertão. Dentre as nações africanas que vinham para o sertão, as seguintes receberam maior destaque: angolas, benguelas e congos (contando 2163 pessoas), seguidos pelos minas, nagôs e jejes36. 33 GALVÃO. Mons.Renato de Andrade. Os povoadores da região de Feira de Santana. Manuscritos do Livro de memória da região de Feira de Santana. Museu Casa do Sertão. Universidade Estadual de Feira de Santana. 34 SILVA, Arnold. Jornal Folha do Norte. Feira de Santana, 11 de agosto, 1939 35 APEB, Seção Histórica, Cartas ao Governo, maço 242. 36 SCHWARTZ, Stuart B. Segredos internos: engenhos e escravos na sociedade colonial, 1550 – 1853. São Paulo: Companhia das Letras,1988. Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com Inhambupe, na do rio Itapicuru, na do rio Real, na do rio Vasabarris, na do rio Sergipe e de outros rios, em os quais, por informação tomada de vários, que correram este sertão, estão atualmente mais de quinhentos currais... Os currais também escondiam casebres e ranchos, em que os quilombolas encontraram alternativas de sobrevivência. Provavelmente, os negros fugidos mantinham amplas relações com indivíduos aquilombados, o que possibilitou a presença na região. Caso contrário, suas possibilidades de atuação seriam muito reduzidas e não teriam a afirmação em um espaço que era concorrido com o elemento indígena. A formação de quilombos na região pesquisada cresceu à medida que a ocupação do interior brasileiro aumentava e a população se deslocava para áreas não colonizadas. A instituição da escravidão também se difundia e, com ela, a fuga de escravos. Não era só no interior do regime colonial, mas também em oposição a este que os contatos afro-ameríndios tinham lugar. Muitas vezes, os escravos fugidos integravam-se nas redes de parentesco ameríndias. Enfim, pode-se considerar que a formação de comunidades de quilombos na região de irará, assim como em boa parte do sertão baiano surgiu paralelamente à implantação da sociedade colonial. Nessa fase, os quilombos dos negros fugidos se imbricavam com a resistência indígena, isto é, os grupos de negros fugidos mantinham relações com as populações nativas. Neste período, os jornais noticiavam constantemente a fuga e a captura de escravos fugidos, e aumentaram as notícias sobre a destruição dos quilombos na imprensa local. Existia nessa região uma constante repressão contra os agrupamentos de negros fugidos. No Museu Casa do Sertão, da Universidade Estadual de Feira de Santana, há o Acervo dos Estudos Feirenses, em que encontram-se fontes documentais que fazem considerações sobre as fugas de escravos e formação de comunidades livres. A destruição dos quilombos, portanto, passou a ser uma prioridade do governo, que organizou diversas expedições a fim de capturar os negros fugidos. Foi ao longo dos séculos XVIII e XIX que se formou a maior parte das comunidades de quilombos da micro-região de Feira de Santana, incluindo nesse exemplo o município de Irará. Em 18 de abril de 1714, o Governador Pedro de Vasconcelos ordenou a extinção de um mocambo localizado “no mato dos campos de Cachoeira”, próximo a São Gonçalo, que reunia “negros, negras e crias fugidas desta freguesia e das freguesias vizinhas” (Folha do Norte, 18 de abril de 1942). Alguns quilombos ressurgiram, outros mantiveram resistência até o final do século XVIII, a exemplo de Orobó e Andaraí, destruídos em 6 de abril de 1797: “graças aos esforços do Capitão- Mor de Entradas e Assaltos do distrito de São José da Itapororocas com a ajuda de outros capitães e demais pessoas”43 . Por ser uma região muito próxima ao Recôncavo, a nucleação e a fuga organizada de escravos eram favorecidas. A acentuação da circulação de negros na micro-região de Feira de Santana assustava as autoridades governamentais, que viviam sumamente preocupadas com a manutenção da ordem social. Essa questão causava temores aos 43 SILVA, Arnold. Jornal Folha do Norte. Feira de Santana, 11 de agosto, 1939. Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com moradores das vilas, que clamavam pela intensificação da segurança policial. As autoridades da época temiam a união dos escravos rebeldes, bem como os movimentos da população livre. Eram solicitadas providências, visando às tomadas de medidas coercitivas, para controlar essa população. A figura das militares ganhou uma relativa significância nessa época: eles recebiam prêmios pela captura de escravos fugidos, entre outras medidas. A repressão armada significa violentar, conter, punir, castigar e acabar com o movimento; significa também opressão e tirania, ou seja, o exercício da ação pela força. As tropas de Ordenança eram formadas pela população local, encarregadas de manter a ordem interna das capitanias, sem qualquer tipo de remuneração. As milícias, por sua vez, prestavam serviço de apoio às tropas de primeira linha e também não recebiam remuneração: “Eram tropas de caráter territorial, deslocáveis, e não remuneradas, formadas pelos excluídos do recrutamento das tropas regulares: lavradores, filhos de viúvas e homens casados. Sua organização seguiu o mesmo modelo adotado para as tropas de primeira linha, sendo comandadas por oficiais oriundos do exército regular” 44. Esta estratégia visava ao combate aos assaltos e à formação de bandos. Ex-escravos como “Lucas”45, viam na região oportunidades de “refúgio”. A própria imensidão da floresta era uma aliada nas fugas dos escravos, e uma inimiga para autoridades e senhores de escravos. Algumas medidas foram criadas na perspectiva de encontrar mais segurança para a região. Algumas vilas foram criadas no início da década de 40, do século XIX. No dia 27 de maio de 1842, foi criada a vila de Nossa Senhora da Purificação, atual Irará. O arraial da Purificação recebeu autonomia politica através da mudança da sede da vila de São João Batista da Água Fria, atual município de Água Fria. Até as primeiras décadas do referido século, os arraiais da Purificação, Caroba e Bento Simões pertenciam à vila de Água Fria. Esta vila foi fundada em 1562, com a construção do Colégio Jesuítico de São João Batista, e com a capela homônima. Nessa região, também existia a comarca, que tratava dos assuntos de ordem jurídica. A Justiça de Água Fria tornou-se conhecida por sua rigidez, a ponto de condenar um santo. Segundo Câmara Cascudo: 46 No início do século XIX, houve a fuga de um escravo na comarca de Jacobina, na Bahia; na fuga o negro matou um homem. Após o crime, houve uma pendenga judicial; o dono do escravo: ao pagar uma promessa, tinha doado o negro em cartório para Santo Antônio, prática muito comum entre os devotos. A justiça, provando desde a época sua competência, intimou o santo para depoimento no processo. Santo Antônio foi retirado do altar da capela mais próxima e transportado para a Vila de Água Fria, onde respondeu na qualidade de 44 GALVÃO. Mons.Renato de Andrade. Seminário da História de Irará, 04 a 05 de outubro de 1984. 45 Em 1822, Lucas da Feira, filho de escravos, aos 15 anos foge e passa a viver escondido no mato. Chegou a formar um bando com cerca de 30 homens. LIMA, Zélia de Jesus de. Lucas Evangelista: O Lucas da Feira.Estudos sobre a Rebeldia Escrava em Feira de Santana/1807-1849.Dissertação de Mestrado. UFBA, Salvador,1990. 46 CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. 6ª Edição. Belo Horizonte, Itatiaia - São Paulo. p. 95. Editora da Universidade de São Paulo, 1988. Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com proprietário do negro, ao júri e perdeu os bens que possuía na comarca. Escravos e terras que tinham sido doados ao santo em pagamento de promessas foram levados a hasta pública e arrematados. Com pena máxima, retirou-se Santo Antônio do altar da capela. Por conta desse episódio, a justiça de Água Fria ficou conhecida pela sua rigidez. De acordo com o imaginário águafriense, a mudança da sede da vila de Água Fria para o arraial de Nossa Senhora da Purificação, ocorreu por conta dos castigos aplicados pelos céus para vingar o castigo aplicado a “Santo Antônio”. Nessa época, as seguintes localidades pertenciam a Irará: Água Fria, Araci, Barrocas, Conceição do Coité, Coração de Maria, Lamarão, Pedrão, Teofilândia e Serrinha. Depois da emancipação política, a vila da Purificação passou a contar então com os poderes executivo e legislativo em níveis locais. O poder das vilas, câmaras municipais e povoados era consolidado a partir das estratégias locais de combate aos problemas de ordem política, administrativa, judiciária, fiscal, militar, monetário, etc.47 Existiam nas vilas as Câmaras Municipais que eram órgãos políticos compostos pelos "homens-bons", as quais passaram a tratar diretamente da administração da cidade, que antes dependia das determinações provenientes da Vila de Cachoeira. Irará estava, portanto, administrativamente subordinada. As câmaras municipais eram as principais denunciadoras dos quilombos. Dentro da massa documental produzida pelos delegados de polícia da micro-região de Feira de Santana existem algumas cartas que falam sobre a formação de quilombos na região. A Câmara de Feira de Santana sempre enviava correspondências para a Província do Império solicitando policiamento (1834-1844º). O relato mais significativo relativo à perseguição a quilombos diz respeito à ação realizada no início de 1834. O objetivo era solicitar ajuda para promover a destruição dos quilombos que existiam na região. Assim, a câmara de Feira de Santana informou ao presidente da província sobre a existência de escravos fugidos reunidos em quilombos: “aquelas terras erão comumente freqüentadas por escravos fugitivos e quilombolas, que ali vão se refugiar se nutrindo do ócio do crime ou no crime inclusive penetrando nos meios indígenas em suas perpetuas vadiagens, para isolar-se...”48 Durante os anos de 1839 a meados de 1841 a micro-região de Feira de Santana foi intensamente tomada por movimentos de escravos, que circulavam para além das matas férteis e invadiam o interior das vilas49. Conta o Sr. Raul Ferreira que, em Irará, alguns negros também fugiam do cativeiro50: 47 Idem. 48 Correspondência da Câmara de Feira de Santana para a Presidência da província. Maço número 1.309; Ano 1834 doc. Número 04-11/01/1834-APEBBA. 49 LIMA, Zélia de Jesus de. Lucas Evangelista: O Lucas da Feira.Estudos sobre a Rebeldia Escrava em Feira de Santana/1807-1849.Dissertação de Mestrado. UFBA, Salvador,1990. 50 NOGUEIRA, Aristeu. Transcrição da Gravação do Depoimento do Sr. Raul Ferreira da Cruz, em colaboração para o Projeto de História Oral de Irará, 12 de setembro de 1985. Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com aquilombados encontravam solidariedade e auxílio nos parceiros indígenas. Os foragidos da lei encontram nesta mata um refúgio seguro, em que as mãos da justiça dificilmente os alcançaria. Dessa forma, a relação entre quilombos e comunidades indígenas, na região pesquisada, exerce certa aproximação. Era comum, principalmente na primeira metade do século XIX, que pequenos grupos de escravos fugidos se escondessem nas matas que cercavam as propriedades59. Essas fugas ocorriam principalmente em locais que reuniam um bom número de fazendas e escravos. Pela necessidade de mobilidade, os quilombolas erguiam seus ranchos nas matas, nos engenhos e próximos aos povoados. As origens das comunidades de quilombos de Irará está relacionado com as relações que eram estabelecidas, não só com os escravos fugidos, mas também muitos que abrigavam outros sujeitos, inclusive brancos e índios. As fugas ora eram individuais, ora grupais. Os escravos fugiam das cidades e das fazendas e os motivos eram muitos; porém não se pretende aqui deter- se nisso e sim na observação do funcionamento dessa sociedade, especificamente na relação entre donos e escravos. A decadência dos engenhos, por exemplo, facilitou a fuga dos escravos. Além disso, após a independência do Brasil, as crises políticas atingiam a região açucareira, sobretudo Salvador, capital da província. Esse descontrole político possibilitou a fuga em massa dos escravos que viviam na área urbana, numa região de histórica confluência de indígenas, negros e de toda a sorte de categorias que colocavam em risco a ordem colonial vigente durante séculos. Por outro lado, nos finais da escravidão, os fazendeiros do sertão passaram a substituir a mão -de- obra escrava pelo trabalho à meia. Tendo havido grande mobilidade da população dentro do território, foi possível se estabelecer um novo reordenamento do trabalho. O crescente aumento de mão -de -obra livre na segunda metade do século XIX, com a diminuição do número de escravos, estabeleceu, ao longo do tempo, medidas de coerção e imposição do trabalho ao homem livre. Muitos fazendeiros com pouca mão-de-obra para a produção agrícola recorriam à força de trabalhadores livres que desenvolviam suas atividades em grupos estabelecidos pela origem familiar60. Nesse processo, surgia a doação de terras para ex-escravos. Assim, os proprietários disponibilizavam um pequeno pedaço de terra e uma pequena casa em troca de um aluguel, e exigiam lealdade e submissão por parte dos trabalhadores, “moradores”. Desse modo, o apoio ao processo lento e gradual de extinção da escravatura levou a incorporação do trabalho livre. Os trabalhadores residentes em terras alheias continuariam tendo uma série de obrigações para com os proprietários, como por exemplo, a de prestarem certo número de dias de trabalho por semana por um preço bem baixo. Nos demais 59 Idem. 60 FRAGA, Walter Filho. Encruzilhadas da Liberdade. Campinas: Editora da Unicamp, 2006. Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com dias eles poderiam cultivar gêneros alimentícios, o que realizam com a ajuda de toda a família. Este serviço foi conhecido como o trabalho à meia61: Quando se instalou o negócio de meeiros, houve este intercâmbio entre os escravos e meeiros. Os antigos escravos ficaram conhecidos como meeiros, pois voltaram a trabalhar com os patrões- aqueles melhores. Outros negaram os patrões e foram embora, pra outro lado, trabalhar por conta própria... Tinha patrões que davam a meia naquela época pra tirar tudo do trabalhador. O sujeito fazia tudo, quer dizer: limpar, capinar, ciscar, tirar o cisco, botar adubo por conta dele, cavar e dividir depois de maduro, a mandioca ou o fumo... O meeiro era visto como um semi-escravo, o agregado, o camponês altamente dependente e dominado pelo grande coronel – o latifundiário – continuava a ser o melhor perfil da sociedade brasileira. Podem também ser chamadas de lutas pelos direitos humanos as revoltas populares contra vários tipos de opressão por parte do Estado e das elites dominantes, em cada época histórica. Entram nesse rol as iniciativas de resistência dos índios e dos negros. Pois, sendo a eles proibido, inclusive, o direito de recurso da terra, passaram a negar papéis antes inerentes à escravidão, como receber rações diárias, ir ao trabalho nos canaviais ou trabalhar sem remuneração. Era muito freqüente a figura do agregado, morador ou lavrador que morava com a família na fazenda do patrão, em pequeno terreno cedido para fazer uma roça para sua sobrevivência. Sem dúvida, essa peculiar característica de fronteira em que o indivíduo tem a possibilidade de emancipação, principalmente se engajado em milícias ou trabalhando na pecuária, é um fato singular e que merece estudos. Contudo, é limitado a um específico período, e mais, um determinado contexto beligerante. Esses sujeitos eram completamente dependentes dos senhores donos de terras. Por conta dessa dependência, os fazendeiros exigiam parte da produção dessas roças pelo uso de suas terras. Em troca do trato de terra e da proteção que recebia do proprietário da terra, os trabalhadores deviam a este a contraprestação de serviços não-econômicos. Eles constituíam uma clientela política, ou seja, eram eleitores de cabresto, e serviam como guardiães da propriedade. Esses homens, pobres viviam como agregados, parceiros, meeiros, ou como morador de um pequeno sitio, conquistado através da prática de arrendamento, ou foreiro. Para sobreviver em paz, os roceiros viviam comandados pelos caprichos e interesses do grande proprietário que monopolizava o acesso à terra. Conforme Erivaldo Fagundes Neves, “a escravidão desenvolveu-se no sertão baiano, simultânea e articuladamente com a meação, confundindo choupanas de agregados e casebres de escravos62.” Daí vêm as histórias dos agregados feitos eleitores, jagunços, defensores de divisas de terras, ganhando sentido a partir da humildade dos serviços que prestavam. Dessa forma, muitos ex-escravos passaram a procurar esses serviços, já que não existia um controle jurídico em torno do trabalho 61 Transcrição do depoimento de Sr. Raul Ferreira da Cruz, em colaboração para o projeto de História Oral de Irará. 62 NEVES, Erivaldo Fagundes, op. cit., p. 248. Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com do pequeno lavrador. Diversos ex-escravos e mestiços livres compravam e arrendavam terras, em virtude da inexistência de lei que os autorizava a comprar terras, assim como executarem o arrendamento das mesmas63. No processo de arrendamento, os fazendeiros apenas exigiam parte da produção dessas roças pelo uso de suas terras. Esta natureza das condições do trabalho tornava mais nítida a importância dos lotes de lavouras. O plantio permitia a reprodução do trabalho familiar64. Os membros da família trabalhavam para o patrão recebendo ou não a diária e nos dias “livres” trabalhavam por conta própria. Além disso, também era freqüente a modalidade das roças arrendadas por uma quantia ou por um contrato de meia, ou de terça e até de quinta parte da produção. Esse sistema de meia era comum entre os pequenos lavradores que não tinham condições para comprar a semente e outros insumos. Nas lavouras de mandioca, feijão, milho e fumo aparece um tipo de contrato de sociedade: o proprietário limpava e preparava o terreno e o lavrador plantava e cultivava, sendo depois a produção dividida ao meio. Mesmo após a abolição, muitos negros permaneceram nas fazendas, trabalhando sem nada receber. O que se percebe é que o trabalho livre aparece como complementar ao escravo. Os fazendeiros, para quitarem suas dívidas com os ex- escravos, "doaram-lhes” pedaços de terra improdutivos, mais altos, sem trato e distantes da água. Esses ex-escravos ali permaneceram e casaram entre si, aumentando a população local. Neste caso, as pessoas assumiam o trabalho de meia como uma nova relação com o senhor. Já que não aceitaram continuar nas antigas fazendas, foram morar em comunidade livres. Na segundo metade do século XIX, as terras da região de Irará eram bastante cobiçadas por sujeitos negros, mulatos e brancos. Eles disputavam pelo destino das terras públicas que estiveram na dependência das províncias durante o Império e na dos estados a partir da República. Essas terras pertenciam aos jesuítas. Depois que os jesuítas saíram deste lugar, ocorreu um acelerado crescimento de busca por terras. No século XIX, nos aldeamentos da Bahia, existiam oficialmente as seguintes estáticas sobre o número de habitantes65: [[Abrantes]], no município do mesmo nome, 230 almas, patrimonio arrendado pela camara respectiva; [[Massarandupió]], no mesmo município, 320 almas, 115 fogos, terreno doado pelo [[Morgado da Torre]], que seus herdeiros vão rehavendo; [[Pedra Branca]], no município da [[Tapera]], 235 almas, 78 fogos, da tribu dos [[Cariris]], patrimonio arrendado, mas os rendeiros pouco ou nada pagão; [[Santo Antônio]], no município de [[Nazareth]], 172 almas, 54 fogos da 63 GALVÃO. Mons.Renato de Andrade. Os povoadores da região de Feira de Santana. Manuscritos do Livro de memória da região de Feira de Santana. Museu Casa do Sertão. Universidade Estadual de Feira de Santana. 64 Idem. 65 O documento transcrito abaixo é um instantâneo dos últimos aldeamentos de índios no nordeste no século XIX. Relatório da repartição dos negócios da agricultura commercio e obras publicas apresentado à assembleia geral legislativa na primeira sessão da décima primeira legislatura pelo respectivo ministro e secretario de estado manuel felizardo de souza e mello rio de janeiro typographia universal de laemmer rua dos invalidos, 61 b, 1861. Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com leva71.Aqueles batalhões de 40,50 e 100 pessoas, era uma espécie de festa de festa na roça. Dessa forma, muitos ex-escravos passaram a afirmar sua liberdade negando trabalho, às propriedades dos senhores brancos. A literatura que trata da transição da mão - de - obra escrava para o trabalho livre, destaca que muitos pretos e crioulos estavam sempre sujeitos à reescravização, já que nem sempre possuíam prova de sua liberdade. Assim sendo, algumas comunidades de afro-descendentes livres eram rotineiramente combatidas. Esses grupos resistiam mediante à criação de laços de solidariedade que eram estabelecidos através do uso comum dos recursos naturais de forma harmônica: consumiam, produziam e comercializam o excedente adquirido na própria terra. Esses indivíduos comercializavam produtos alimentícios produzidos em pequenas extensões de terra, como: feijão-de-corda, mangalô, andu, licuri, entre outros. Também comercializavam produtos artesanais, como: cordas, chapéu de palha, balaios, potes e panelas de barro. Entre os quilombolas da comunidade da Olaria, a produção de cerâmica demarca a trajetória dos grupos. Lá, os sujeitos encontraram a produção de objetos de cerâmicas, principalmente telhas e tijolos, para resistirem ao processo de dominação dos senhores brancos: os homens faziam as telhas e os tijolos, as mulheres fabricavam potes, panelas e pratos. Toda essa produção era vendida nas feiras livres da região: em Feira de Santana, Irará e Nazaré das Farinhas. Os homens escoavam a produção a partir do transporte de animais de cargas, eram as tropas de burros. Alguns narram que esses tropeiros, além de se encarregarem de escoar a fabricação local, também traziam “novidades” do comércio, como produtos alimentícios a vestuário. As famílias livres- que não viviam sobre a tutela dos senhores-s formavam agregados eventuais (filhos adotivos, "primos", ou "tios"), centrados (e organizado) na figura de um chefe – o pai ou (com a morte deste) o irmão mais velho. Depois de estabelecidos, na comunidade quilombola, os membros deste grupo mantiveram uma integração entre se e conflitos com os outros, ou seja, os que não faziam parte da comunidade. Nessa perspectiva, a etnicidade revela-se nas ações e reações entre o grupo e os outros em uma organização social que não deixa de evoluir. Esses conjuntos de componentes sociais que são mutáveis variaram de acordo com o tempo e, nesse incessante processo de mudanças sociais, políticas e culturais. (Poutignat e Fenart, 1998: 188). Ao discorrer sobre essas incidências, organizou-se uma abordagem que conjetura considerações sobre a representação da etnicidade, através da proeminência das relações de fricção interétnicas72. 71 Idem. 72 O conceito de fricção interétnica é muito usado para tratar da questão indígena no processo da construção da sociedade nacional. A idéia de fricção configura-se a idéia de atrito entre etnias diferentes e culturas diferentes. Esse processo é um demonstrativo das práticas, dos conflitos e junções que, ora são vistos como negativos e ora são vistos como positivos. CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto - A Sociologia do Brasil Indígena. Brasília:UnB; R.J.: Tempo Brasileiro, 1978. Sobretudo: Capítulo V, "O Índio na Consciência Nacional" p.65-74, Capítulo VII, "Problemas e Hipóteses Relativos à Fricção Interétnica". p.83-98. BCE Reserva, 39 (81:082) O48s. Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com Desta forma, o presente trabalho expõe aspectos de uma narrativa, que foi construída mediante as análises dos choques interculturais, movidos pelos seguintes mecanismos: dominação, exploração e conflito. Estes elementos, tornaram-se relevantes na história dos grupos, pois foram importantes na demarcação das atuais características sócios- antropológicas que apontam as suas fronteiras étnicas73. O que Barth considera como fronteiras étnicas, se configura nas comunidades através dos elementos simbólicos e materiais, que distinguem os indivíduos que residem nestes espaços dos outros que moram em diferentes regiões rurais do município em destaque. Nota-se que a identidade étnica dos quilombolas da comunidade da Olaria foi se reconstruindo ao longo do processo histórico apresentado. Assim, não se pode entendê-la como algo dado, definido plenamente desde o início da história desse povo, uma a vez que, a identidade étnica não é imutável e atemporal: esta se evidencia nos modelos étnicos que são definidos pelos próprios atores sociais, não constituindo algo dado, estabelecido, mas sim, interações sociais constantes e incessantes. Segundo Barth: "A etnicidade é um conceito de organização social que nos permite descrever as fronteiras e as relações dos grupos sociais em termos de contrastes altamente seletivos, que são utilizados de forma emblemática para organizar as identidades e as interações"(Poutignat e Fenart, 1998: 183). Enfim, considera-se que à etnicidade74 do grupo é arranjada em círculos culturais que nascem de situações que são experimentadas e vivenciadas no contacto intercultural. Deste modo, a identidade coletiva é conjecturada num processo que acusa a opinião de resistência cultural75. Assim sendo, compreende-se que a etnicidade é desenvolvida através de situações relacionais, pois está sempre em construção, numa forma predominantemente contrastiva, o que significa que ela é construída no contexto de relações e conflitos intergrupais. Esta forma contrastiva que caracteriza a natureza do grupo étnico resulta de um processo de confrontação e diferenciação. 73 O termo grupo étnico pode ser definido como um classificador que opera no interior do sistema interétnico e ao nível ideológico, como produto de representações coletivas polarizadas por grupos sociais em oposição latente ou manifesto. 74 A etnicidade é um fenômeno universalmente presente na época moderna, precisamente por tratar-se de um produto do desenvolvimento econômico, da expansão industrial capitalista e da formação e do desenvolvimento dos Estados-nações. POUTIGNAT, Philippe e STREIFF- FENART, Jocelyne. Teorias da Etnicidade. São Paulo: UNESP, 1997. 75 Pois, no decorrer dos períodos observados, notou-se que se processaram determinadas e relações de conflito, entre quem reside na região e os outros que não fazem parte do grupo. Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com REFERENCIAS: ALMEIDA, Maria Celestino de. Metamorfoses indígenas: identidade e cultura nas aldeias coloniais do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2003. ANDRADE, Maria Celeste Pacheco. Origens do povoamento de Feira de Santana: um estudo de história colonial / Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal da Bahia. Salvador: [s.n.], 1990. ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil. 3. ed. Belo Horizonte : Itatiaia/Edusp, 1982. (Coleção Reconquista do Brasil). APEB, Seção Histórica, Cartas ao Governo, maço 242. ARQUIVO PÚBLICO DE IRARÁ. Maços referentes aos processos civis. 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