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Guias e Dicas
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Atenção Farmacêutica II - Guia do cuidado farmacêutico 2010, Notas de estudo de Farmácia

Atenção Farmacêutica II - Guia do cuidado farmacêutico 2010

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 13/08/2010

fabricio-teixeira-11
fabricio-teixeira-11 🇧🇷

4.8

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Baixe Atenção Farmacêutica II - Guia do cuidado farmacêutico 2010 e outras Notas de estudo em PDF para Farmácia, somente na Docsity! 2010 GUIA DO CUIDADO FARMACÊUTICO REDE FARMÁCIA DE MINAS UMA ESTRATÉGIA PARA PROMOVER O USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS E A FARMACOVIGILÂNCIA NO SUS CAPA_Guia do cuidado farmaceutico_070410_Tales.indd 1 14/04/2010 15:49:39 Guia do Cuidado FarmaCêutiCo rede FarmáCia de minas uma estratéGia para promover o uso raCional de mediCamentos e a FarmaCoviGilânCia no sus 2010 Governo do estado de minas Gerais seCretaria de estado de saÚde SUBSECRETARIA DE POLÍTICAS E AÇÕES DE SAÚDE SUPERINTENDÊNCIA DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 1 20/04/2010 19:15:22 Premissa do Governo de Minas Gerais Tornar Minas Gerais o melhor Estado para se viver. Missão da Superintendência de Assistência Farmacêutica Formular, desenvolver e coordenar a política estadual de assistência farmacêutica, visando o acesso e o uso racional de medicamentos, de forma integrada com as demais ações de saúde, de acordo com os princípios do SUS e as necessidades da população. Visão da Superintendência de Assistência Farmacêutica Ser identificada pela confiabilidade e humanização na condução de ações efetivas e eficientes na gestão pública da assistência farmacêutica. MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 4 20/04/2010 19:15:22 5 lista de aBreviaÇÕes ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária APhA Associação Americana de Farmacêuticos AZT Zidovudina CFF Conselho Federal de Farmácia DCB Denominação Comum Brasileira DCI Denominação Comum Internacional DST Doença sexualmente transmissível FIP Federação Farmacêutica Internacional HIV Vírus da imunodeficiência humana IMC Índice de massa corporal OMS Organização Mundial de Saúde PAD Pressão arterial diastólica PAS Pressão arterial sistólica PPAC Classificação das Atividades da Prática Farmacêutica RAM Reação(ões) adversa(s) a medicamento(s) RCV Risco cardiovascular RFM Rede Farmácia de Minas RN Recém-nascido SAF Superintendência de Assistência Farmacêutica SAME Sistema de Arquivo Médico SES/MG Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais SINAN Sistema de Informação de Agravos de Notificação SRO Soro de reidratação oral SUS Sistema Único de Saúde TB Tuberculose UBS Unidade Básica de Saúde WHO World Health Organization MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 5 20/04/2010 19:15:22 lista de quadros Quadro 1 Classificação das Atividades da Prática Farmacêutica 11 Quadro 2 Adequação da forma farmacêutica, posologia e duração dos tratamentos. 27 Quadro 3 Roteiro para a avaliação do tratamento. 28 Quadro 4 Informações essenciais que devem ser fornecidas aos pacientes 30 Quadro 5 Características gerais das formas farmacêuticas 30 Quadro 6 Classificação de risco cardiovascular. 56 Quadro 7 Objetivos do tratamento de Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus. 58 Quadro 8 Reações adversas dos principais fármacos antituberculose e condutas 62 Quadro 9 Principais reações adversas a medicamentos em idosos 72 Quadro 10 Indicações de analgésicos para os diferentes tipos de dor em idosos 76 Quadro 11 Atividades e metas para o êxito do Cuidado Farmacêutico. 108 Quadro 12 Indicadores para avaliação do serviço do Cuidado Farmacêutico 109 MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 6 20/04/2010 19:15:22 9 apresentaÇão A Rede Farmácia de Minas é uma rede de farmácias do Sistema Único de Saúde do Estado de Minas Gerais, que tem por objetivo promover a organização dos serviços farmacêuticos e o acesso aos medicamentos para atenção à saúde em todo o estado. De acordo com o Plano de Reestruturação de Assistência Farmacêutica do SUS/MG, até 2010, está prevista a estruturação de 600 unidades da Rede Farmácia de Minas em municípios de até 30.000 habitantes, em municípios sede de Gerência Regional de Saúde e em municípios sede de microrre- gião de saúde, por meio do incentivo financeiro para estruturação da Rede Estadual de Assistência Farmacêutica da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG) Com o intuito de ser um instrumento que oriente a prescrição e a dispensação de medicamentos em Minas Gerais, a SES/MG elaborou a Relação de Medicamentos do Estado de Minas Gerais. Com- posta por medicamentos para a atenção primária e programas de alto custo e estratégicos, essa relação estabelece um elenco de cerca de 400 medicamentos que são disponibilizados na Rede Estadual de Assistência Farmacêutica do SUS. O Guia do Cuidado Farmacêutico foi elaborado para orientar o trabalho do farmacêutico na Rede Farmácia de Minas no que se refere ao cuidado ao paciente. Esse guia tem como objetivo promover uma melhor qualidade e racionalidade no uso de medicamentos e baseia-se na abordagem por ciclo de vida, na responsabilização do farmacêutico pela atenção ao paciente e no fortalecimento da relação entre a equipe de saúde e paciente. O Guia do Cuidado Farmacêutico apresenta diretrizes para os serviços de acompanhamento farmacoterapêutico e de farmacovigilância, além de trazer de forma inovadora um conjunto de re- gistros sobre o cuidado prestado ao paciente nesse processo: o Prontuário de Registro Farmacêutico. A ciência apresenta todos os dias descobertas de produtos e formas farmacêuticas inovadoras. Mas essas conquistas acabam se transformando algumas vezes em grandes desafios para os profis- sionais de saúde na sua prática cotidiana, pois precisam estar atualizados com as inovações e novos conhecimentos. Assim, é preciso que os profissionais farmacêuticos participem dos processos de educação permanente em saúde, articulando, interagindo e discutindo com as equipes de saúde os casos clínicos decorrentes das ações implementadas por meio do Guia do Cuidado Farmacêutico. Por fim, no processo de elaboração deste Guia do Cuidado Farmacêutico, a Secretaria de Estado da Saúde, por meio da Superintendência de Assistência Farmacêutica, contou com a colaboração de profissionais em exercício no Sistema de Único de Saúde (SUS/MG) e de renomados acadêmicos, ver- dadeiros expertos na temática do cuidado farmacêutico das mais diversas regiões do Brasil, aos quais aqui agradecemos pela colaboração preciosa que forneceram ao revisar este documento norteador dos serviços farmacêuticos no SUS/MG. Cabe também destacar a importância das diversas Linhas Guia terapêuticas publicadas pela SES e de documentos publicados pela OMS, FIP, ANVISA/MS e CFF, que se conformaram como base para a estruturação das ações farmacêuticas aqui propostas. Augusto Afonso Guerra Junior Superintendente de Assistência Farmacêutica da SES/MG Antônio Jorge de Souza Marques Secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 9 20/04/2010 19:15:23 MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 10 20/04/2010 19:15:23 11 introduÇão As questões que envolvem o uso dos medicamentos vêm, de forma crescente nos últimos anos, tornando-se objeto de profunda preocupação social, dado o potencial nocivo das reações adversas a medicamentos (RAM). Esse fato, pelo menos em parte, é decorrente do acelerado avanço dos processos industriais e do desenvolvimento de novos fármacos, que levaram à descoberta e à comercialização de milhares de substâncias diferentes com potencial não só terapêutico mas também iatrogênico. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 50% dos pacientes não utilizam os medicamentos corretamente, 75% dos antibióticos são prescritos inadequadamente e 1/3 da população mundial não tem acesso a medicamentos essenciais (OMS, 1999 e 2002). Despesas com medicamentos podem alcançar até 30% do total de gastos em saúde em países em desenvolvimento e até 66% em países desenvolvidos. Até 2015, mais de 10 milhões de mortes poderão ser evitadas com o incentivo a determinadas intervenções sanitárias, que dependem em sua maioria de medicamentos essenciais (OMS, 2007). Para garantir o desenvolvimento da prática farmacêutica e o uso racional de medicamentos no sistema de saúde, é preciso garantir o acesso, estabelecer a necessidade do uso, realizar uma prescrição apropriada de acordo com as condições do paciente e os critérios de eficácia e segurança, na forma far- macêutica e posologia adequadas. A dispensação também deve ser realizada em condições apropriadas com a necessária orientação do farmacêutico, a fim de garantir o cumprimento do regime terapêutico da melhor maneira possível. Nesse sentido, o farmacêutico, enquanto dispensador de medicamentos, deve atuar na prevenção e promoção de saúde, no aconselhamento sobre a forma de usar os medicamentos de acordo com o resultado que se quer alcançar, a fim de reduzir as ocorrências de RAM e aumentar a adesão ao tratamento (OMS, 2006). Classificação das atividades da prática farmacêutica A classificação das atividades da prática farmacêutica (PPAC) se iniciou com a Associação Americana de Farmacêuticos (APhA) com o objetivo de prover uma linguagem uniformizada, que, se usada de forma consistente, poderia permitir comparação de dados entre estudos científicos. A PPAC (Quadro 1) pode contribuir para a construção de bancos de dados consistentes para determinações estatísticas sobre as atividades farmacêuticas centradas no paciente. Quadro 1 - Classificação das Atividades da Prática Farmacêutica A. Garantia da terapia apropriada e resultados A.1 Garantia da farmacoterapia adequada A.2 Garantia da compreensão/adesão do paciente ao seu plano de tratamento A.3 Monitoramento e registro dos resultados B. Dispensação de medicamentos e insumos B.1 Análise da prescrição B.2 Separação do produto farmacêutico B.3 Entrega dos medicamentos e insumos Augusto Afonso Guerra Júnior Marina Amaral de Ávila Machado Maria Laura Dias Alves e Silva MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 11 20/04/2010 19:15:23 14 Guia do Cuidado Farmacêutico - Rede Farmácia de Minas 4. Acompanhamento: Fazer monitoramento intensivo de pacientes para os problemas detectados. 5. Documentação: Arquivar os problemas detectados, documentando as notificações e formando um banco de dados indexado, que ficará à disposição das autoridades sanitárias, dos profissionais da saúde e da comunidade; 6. Investigação: O diagnóstico de problemas estimulará a investigação sobre determinados medicamentos. Dados derivados de fontes idôneas têm muita relevância e valor educacional no controle da segurança de medicamentos. O problema relacionado ao medicamento, uma vez detectado, deve ser avaliado, analisado, acompanhado e comunicado às autoridades regulatórias, aos profissionais de saúde e à população. A farmacovigilância inclui a disseminação dessas informações. Em alguns casos, os medicamentos devem ser recolhidos e retirados do mercado, um processo que envolve comprometimento de todos aqueles envolvidos na cadeia de suprimento de medicamentos. Os farmacêuticos têm uma importante contribuição na vigilância da pós-comercialização e na farmaco- vigilância (OMS, 2006). No entanto, sabe-se que um dos pontos principais para a implantação da farmacovigilância é a participação dos profissionais de saúde como notificadores dos eventos adversos. Por isso, estes devem ser sensibilizados, capacitados e estimulados a contribuir com suas notificações sobre suspeitas de RAM. Além disso, esses profissionais devem ser corresponsáveis pelo acompanhamento do paciente nessas condições. Como lembra Dias (2001), ampliar o conhecimento sobre a importância dos relatos de RAM e queixas técnicas às autoridades sanitárias implica melhoria de qualidade de vida da população, prevenção de doenças iatrogênicas e redução de gastos com a saúde. Essa citação refere-se à importância de uma unidade de farmacovigilância bem estruturada e efetiva, que produza um impacto social positivo no cuidado ao paciente e, assim, proporcione uma utilização racional dos medicamentos. Farmacêutico “sete estrelas” O conceito de farmacêutico “sete estrelas” foi introduzido pela OMS e atualizado pela Federação Farmacêutica Internacional (FIP) em 2000 e pontua atitudes e habilidades que possibilitam ao far- macêutico realizar um trabalho efetivo dentro da equipe de saúde (BERGSTEN-MENDES, 2008). As Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Farmácia/2002 foram construídas para formar um farmacêutico “sete estrelas”. Em 2006, a OMS adicionou mais uma atitude/habilidade re- levante ao profissional farmacêutico: a pesquisa. Espera-se que o farmacêutico da Rede Farmácia de Minas desenvolva essas atitudes/habilidades: I. Atenção à saúde; II. Tomada de decisão; III. Comunicação; IV. Liderança; V. Administração e gerenciamento; VI. Educação permanente; VII. Ensino VIII. Pesquisa MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 14 20/04/2010 19:15:23 15 I - Atenção à saúde: Os profissionais de saúde, dentro de seu âmbito profissional, devem estar aptos a desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde tanto no nível tanto individual quanto coletivo. Cada profissional deve assegurar que sua prática seja realizada de forma integrada e contínua com as demais instâncias do sistema de saúde, e ser capaz de pensar criticamente, analisar os problemas da sociedade e procurar soluções. Os profissionais devem realizar seus serviços dentro dos mais altos padrões de qualidade e dos princípios da ética/bioética, tendo em conta que a responsabilidade da atenção à saúde se encerra não com o ato técnico, mas com a resolução do problema de saúde, seja no nível individual e no coletivo; II - Tomada de decisões: O trabalho dos profissionais de saúde deve estar fundamentado na capacidade de tomar decisões visando o uso apropriado, eficiente, seguro e custo-efetivo de recursos (humanos, medicamentos, equipamentos, procedimentos e práticas). Para esse fim, devem possuir competências e habilidades para avaliar, sistematizar e decidir as condutas mais adequadas, baseadas em evidências científicas. III - Comunicação: Os profissionais de saúde devem ser acessíveis e manter a confidencialida- de das informações a eles confiadas, na interação com outros profissionais de saúde e o público em geral. A comunicação envolve comunicação verbal, não verbal e as habilidades de escrita e leitura; o domínio de, pelo menos, uma língua estrangeira e de tecnologias de comunicação e informação. IV - Liderança: No trabalho em equipe multiprofissional, os profissionais de saúde deverão estar aptos a assumir posições de liderança, sempre tendo em vista o bem-estar da comunidade. A liderança envolve compromisso, responsabilidade, empatia, habilidade para tomada de decisões, comunicação e gerenciamento de forma efetiva e eficaz. V - Administração e gerenciamento: os profissionais devem estar aptos não só para tomar iniciativas, executar o gerenciamento e administração da força de trabalho, dos recursos físicos e materiais e de informação, mas também para ser empreendedores, gestores, empregadores ou lide- ranças na equipe de saúde. VI - Educação permanente: Os profissionais devem ser capazes de aprender continuamente tanto na sua formação quanto na sua prática. Dessa forma, devem aprender e ter responsabilidade e compromisso com a sua educação e o treinamento/estágios das futuras gerações de profissionais, mas proporcionando condições para que haja benefício mútuo entre os futuros profissionais e os pro- fissionais dos serviços, inclusive, estimulando e desenvolvendo a mobilidade acadêmico-profissional, a formação e a cooperação através de redes nacionais e internacionais. VII – Ensino: Os profissionais têm a responsabilidade de assistir a educação e a formação das futuras gerações de farmacêuticos e o público. A participação como educador não só transmite conhecimento para outros, mas também oferece uma oportunidade para ele mesmo obter novos conhecimentos e aperfeiçoar suas competências (BRASIL, 2002). VIII - Pesquisa: O farmacêutico deve ser capaz de utilizar efetivamente a base de dados científica na prática da farmácia e no sistema de saúde, a fim de aconselhar sobre o uso racional de medica- mentos na equipe de saúde. Ao documentar e partilhar experiências, o farmacêutico também pode contribuir para a base de dados com o objetivo de otimizar o cuidado ao paciente e os resultados. Como pesquisador o farmacêutico é capaz de ampliar a acessibilidade do público e de outros profis- sionais de saúde às informações relacionadas à saúde e aos medicamentos. MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 15 20/04/2010 19:15:23 16 Guia do Cuidado Farmacêutico - Rede Farmácia de Minas oBjetivos Geral • Estabelecer diretrizes para os serviços farmacêuticos por meio do Programa de Acompanhamento Farmacoterapêutico e de Farmacovigilância no Estado de Minas Gerais e promover o uso racional de medicamentos. Específicos • Contribuir para o estreitamento das relações entre farmacêuticos, pacientes e prescritores. • Estimular tanto pacientes quanto os profissionais da saúde a notificar as suspeitas de reações adversas. • Apresentar o prontuário de registro farmacêutico como ferramenta para registro de informações relacionadas ao cuidado farmacêutico. MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 16 20/04/2010 19:15:23 19 XVII – licença: ato privativo do órgão de saúde competente dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, contendo permissão para o funcionamento dos estabelecimentos que desenvolvam qualquer das atividades sob regime de vigilância sanitária, instituído pela Lei nº 6.360, de 23 de se- tembro de 1976; XVIII – Diretor Responsável Técnico: profissional graduado em nível superior em farmácia, legalmente habilitado e inscrito no Conselho Regional de Farmácia, nos termos da lei, incumbido de promover assistência técnica à farmácia ou drogaria. XIX – Rede Farmácia de Minas: rede de farmácias do Sistema Único de Saúde do Estado de Minas Gerais, onde se realizam diversos serviços farmacêuticos, com ênfase na dispensação, acompanhamento farmacoterapêutico, atenção farmacêutica visando o uso racional dos medicamentos pela população. • A Organização Pan-Americana de Saúde/ Organização Mundial de Saúde (OPAS/OMS, 2004) no Guia “Segurança dos Medicamentos: um guia para detectar e notificar reações adversas a medicamentos” introduz os seguintes conceitos relacionados à farmacovigilância: • Reação adversa a medicamento (RAM): é uma resposta a um medicamento que é nocivo e não intencional e o que ocorre nas doses normalmente usadas em seres humanos. Na definição de RAM é importante frisar que se refere à resposta de cada paciente, cujos fatores individuais podem ter um papel importante e que o fenômeno é nocivo (uma resposta terapêutica inesperada, por exemplo, pode ser um efeito colateral, mas não uma reação adversa). • Reação adversa inesperada: é uma reação adversa cuja natureza ou gravidade não são coerentes com as informações constantes na bula do medicamento ou no processo do registro sanitário do país, ou que seja inesperada de acordo com as características do medicamento. • Efeito colateral: é qualquer efeito não intencional de um produto farmacêutico, que ocorre em doses normalmente utilizadas por um paciente, relacionadas às propriedades farmacológicas do medicamento. Os elementos essenciais nessa definição são a natureza farmacológica do efeito, que é um fenômeno não intencional, e a não intencionalidade da superdosagem. • Evento adverso ou experiência adversa: são definidos como qualquer ocorrência médica desfavorável, que pode ocorrer durante o tratamento com um medicamento, mas que não possui necessariamente relação causal com esse tratamento. O ponto básico nesse caso é a coincidência no tempo, sem suspeita de relação causal. • Evento adverso grave: é qualquer evento que seja fatal; ameace a vida; seja incapacitante permanente ou significativamente; requeira ou prolongue a hospitalização; cause anomalia congênita; requeira intervenção para prevenir incapacidade ou dano permanente. • Sinal: refere-se à notificação sobre possível relação causal entre um evento adverso e um medicamento, sendo que a relação é desconhecida, ou foi documentada previamente de maneira incompleta. Geralmente é necessária mais de uma notificação para gerar um sinal, dependendo da gravidade do evento e da qualidade das informações. 1.2 Funções • De comunicação: entre os profissionais responsáveis pelo cuidado, o sistema de saúde e o paciente. • De educação: registro e histórico científico. • Gerencial: registros administrativos, financeiros e documento legal. • Garantia de qualidade: permite a avaliação das atividades farmacêuticas. MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 19 20/04/2010 19:15:24 20 Guia do Cuidado Farmacêutico - Rede Farmácia de Minas 1.3 Utilidades Para o paciente • Possibilita um atendimento mais seguro e mais eficiente, uma vez que permite o resgate do histórico dos atendimentos anteriores. • As anotações existentes podem dispensar ou simplificar interrogatórios e exames complementares, reduzindo o custo do atendimento e o tempo de permanência no serviço de saúde. • Representa, para o paciente, o grande instrumento de defesa, em caso de possíveis prejuízos e de reivindicação de direitos perante o profissional, o serviço de saúde e os poderes públicos. • Para a equipe de saúde • O registro de informações contribui para a integração da equipe de saúde, possibilitando a coordenação do cuidado. • No ensino e na pesquisa, possibilita o conhecimento dos casos, dos antecedentes, dos contatos e das doenças/condições ou agravos. • Facilita a avaliação da terapêutica. • Torna possível a verificação e a comparação das diferentes condutas terapêuticas e estabelece uma análise comparativa da eficiência. Para outros pontos de atenção • Facilita a intercomunicação entre os serviços de saúde, possibilitando a continuidade do cuidado com o paciente. • O prontuário é o documento de maior valor para a defesa do profissional, do serviço de saúde e do poder público contra possíveis acusações. • Permite a qualquer tempo um conhecimento exato do tratamento feito e do resultado alcançado. • Demonstra o padrão de atendimento prestado. 1.4 Aspectos éticos e legais e sigilo profissional • A Lei Federal nº 5991, de 17 de dezembro de 1973, definiu que a dispensação de medicamentos é privativa de farmácia, drogaria, posto de medicamento e unidade volante e dispensário de medicamentos. Acrescenta que, a presença do farmacêutico técnico responsável durante todo o horário de funcionamento do estabelecimento é obrigatória (BRASIL, 1973). • O Código de Ética da Profissão Farmacêutica (Resolução nº 417, de 29 de setembro de 2004) define como deveres do farmacêutico o respeito pela decisão do paciente sobre sua própria saúde e bem-estar e a guarda do sigilo de fatos de que tenha conhecimento no exercício da profissão. O farmacêutico deve contribuir para a promoção da saúde individual e coletiva e é direito dele interagir com o prescritor para garantir a segurança e a eficácia do tratamento do paciente, com foco no uso racional de medicamentos (BRASIL, 2004). MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 20 20/04/2010 19:15:24 21 • A Resolução nº 357, de 20 de abril de 2001, do Conselho Federal de Farmácia (CFF), estabelece as seguintes atribuições do farmacêutico (BRASIL, 2001): » Assumir a responsabilidade pela execução de todos os atos farmacêuticos praticados na farmácia, cumprindo-lhe respeitar e fazer respeitar as normas referentes ao exercício da profissão farmacêutica. » Fazer com que sejam prestados ao público esclarecimentos quanto ao modo de utilização dos medicamentos, nomeadamente de medicamentos que tenham efeitos colaterais indesejáveis ou alterem as funções nervosas superiores (Art. 19, incisos I e II). » Guardar sigilo profissional. • A garantia da preservação do segredo das informações é uma obrigação legal contida no Código Penal, que prevê “Crimes contra a inviolabilidade dos segredos”: Art. 153: “Divulgar a alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular, ou de correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a outrem”, Art. 154: “Revelar alguém, sem justa causa, segredo de que tem ciência em razão da função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem” (BRASIL, 1940). • Todos os funcionários administrativos, assim como médicos, enfermeiros, farmacêuticos e outros profissionais de saúde que atuam diretamente com o paciente, têm compromisso com a preservação do todas as informações que tiverem acesso por força de sia atenção profissional. É fundamental que todos tenham consciência do valor que a intimidade, confidencialidade e privacidade têm para o paciente e para a sociedade como um todo. • A Resolução Nº 499 de 17 de dezembro de 2008 do CFF estabelece a elaboração do perfil farmacoterapêutico, avaliação e acompanhamento da terapêutica farmacológica de pacientes de medicamentos como serviços a serem prestados pelo farmacêutico (BRASIL, 2008). 1.5 Estrutura • Os serviços farmacêuticos prestados nas unidades da Rede Farmácia de Minas devem ser registrados, monitorados, avaliados e arquivados, como orientam as resoluções nº 357/2001 (BRASIL, 2001) e nº 499/2008 do CFF (BRASIL, 2008). Esses documentos determinam que as seguintes informações são necessárias para a construção do perfil farmacoterapêutico: » identificação do paciente; » condição clínica do paciente, história de uso de medicamentos, alergias a medicamentos ou alimentos; » tratamento medicamentoso atual: dose, forma farmacêutica, técnica e via de administração, horários de uso e indicação; » interações medicamentosas possíveis ou com relevância clínica e RAM; » parâmetros de monitorização de efetividade e de segurança; » consumo de álcool e de outras bebidas, uso de fumo, terapias alternativas e tipo de alimentação; » nome dos prescritores; » cumprimento dos tratamentos. • O Prontuário de Registro Farmacêutico proposto nesse Guia contém os seguintes formulários: » Primeira consulta MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 21 20/04/2010 19:15:24 24 Guia do Cuidado Farmacêutico - Rede Farmácia de Minas 2 proCesso de aCompanhamento FarmaCoterapêutiCo e de FarmaCoviGilânCia 2.1 Abordagem O atendimento dos pacientes nas unidades da Rede Farmácia de Minas deve seguir o Fluxograma de Acompanhamento Farmacoterapêutico e Farmacovigilânica apresentado na Figura 1. Dispensação de medicamentos Como mencionado anteriormente, a dispensação é um ato profissional farmacêutico de fornecimento ao usuário de medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, no qual tam- bém são prestadas informações para o uso correto de medicamentos e correlatos, com base em parâmetros farmacocinéticos e farmacodinâmicos e epidemiológicos. Muitas vezes, realiza-se em tempo curto portanto inviável para fazer levantamento de dados sobre a história clínica e medicamentosa do paciente e identificar situações de risco relacionadas ao uso de medicamen- tos. Entretanto, durante a dispensação, deve-se fornecer informações gerais sobre o tratamento e abordar os assuntos descritos na Seção 4 - Ciclos de Vida - de forma sucinta, considerando a fase da vida do paciente. O farmacêutico poderá usar a “Ficha de orientações aos pacientes em acompanhamento”, caso queira fornecer informações por escrito, disponível na Seção 6. Se houver suspeita de alguma RAM, deve ser preenchida a “Ficha de notificação de suspeita de reação adversa e queixas técnicas” dispo- nível no sítio eletrônico da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Mais informações sobre notificação de RAM são apresentadas na Seção 7. Contudo, é no momento da dispensação que o farmacêutico irá identificar as condições traçadoras que elegem os pacientes para o acompanhamento farmacoterapêutico. As condições traçadoras são aquelas priorizadas pela SES/MG nas linhas guia, especialmente diabetes e hipertensão e, em municí- pios endêmicos, tuberculose e hanseníase, que devem ser observadas em todos os ciclos de vida dos pacientes. Outros critérios de escolha podem ser dificuldades de adesão ao tratamento, polifarmácia (uso de cinco ou mais medicamentos) e ocorrências de RAM. Entretanto, todos os pacientes atendidos poderão ser incluídos no processo de cuidado a critério do farmacêutico e independentemente da condição apresentada. A lista das linhas guia da SES/MG, que estão disponíveis nas unidades da Rede Farmácia de Minas e no site <http://www.saude.mg.gov.br/publicacoes/linha-guia/linhas-guia/linhas-guia>, é apresentada a seguir: • Atenção ao Pré-Natal, Parto e Puerpério • Atenção à Saúde da Criança • Atenção à Saúde do Adolescente • Atenção à Saúde do Adulto – Hipertensão e Diabetes • Atenção à Saúde do Adulto – Tuberculose • Atenção à Saúde do Adulto – Hanseníase • Atenção à Saúde do Adulto – HIV / AIDS • Atenção à Saúde do Idoso • Atenção à Saúde Mental • Atenção à Saúde Bucal Augusto Afonso Guerra Júnior Marina Amaral de Ávila Machado Maria Laura Dias Alves e Silva MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 24 20/04/2010 19:15:24 25 Ao identificar a necessidade de acompanhamento do paciente, o farmacêutico preencherá os campos preliminares e obrigatórios do Prontuário de Registro Farmacêutico destacados com asterisco (Seção 5 - Formulários do Prontuário de Registro Farmacêutico). Esses campos referem-se aos dados de identificação, à queixa principal e ao uso atual de medicamentos do paciente. Em seguida, o farmacêutico convida o paciente para participar do processo de acompanhamen- to. Caso ele aceite, o farmacêutico irá agendar um horário para a primeira consulta ou atendê-lo de imediato, se houver disponibilidade. Em caso de resposta negativa, o profissional deve tentar novas abordagens. Além da dispensação, o paciente poderá procurar a farmácia trazendo uma queixa, um pedido ou uma pergunta. As características pessoais e as atitudes dos pacientes têm papel importante na definição da queixa principal, que pode estar relacionada com (OMS, 1998): • doença ou desordem; • sinal de doença subjacente; • problemas sociais ou psicológicos, ansiedade; • efeitos colaterais de medicamentos; • não adesão ao tratamento; • pedido de tratamento preventivo; • combinações dos itens acima. Antes da primeira consulta, o farmacêutico deve realizar um estudo prévio do caso do paciente, tomando como base as informações preliminares colhidas durante a dispensação e tendo ciência de que informações importantes para o entendimento da situação do paciente ainda serão coletadas. MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 25 20/04/2010 19:15:24 26 Guia do Cuidado Farmacêutico - Rede Farmácia de Minas 1. Fluxograma de Acompanhamento Farmacoterapêutico e Farmacovigiliância nas unidades na Rede Farmácia de Minas Paciente Paciente acolhido na RFM1 Abordagem de acordo com o ciclo de vida e identificação de condição traçadora2 Preenchimento de dados preliminares obrigatórios do Prontuário Farmacêutico3 Fornecimento de informações ao paciente e o convida a participar do acompanhamento Paciente concorda em participar do acompanhamento?4 Agendamento de consulta Durante a 1ª consulta Estudo do caso do paciente Preenchimento das informações do Prontuário de acordo com o ciclo de vida Paciente necessita acompanhamento? Envio de correspondência com os resultados ao médico Preenchimento da Ficha de Notificação Base ANVISA Permissão concedida? Solicita permissão ao paciente para envio de informações sobre o resultado do tratamento para o médico Paciente com queixa ou RAM? Apresentação dos objetivos terapêuticos e avaliação dos resultados do tratamento. Fim dos registros Consulta subsequente Estudo do caso do paciente e determinação do objetivo terapêutico Encerramento consulta Marcação de retorno5 Fornecimento informações ao paciente e preenchimento da ficha de orientações S S N S N S N N Notas: 1 – RFM – Rede Farmácia de Minas. 2 – Condições traçadoras priorizadas pela SES/MG nas Linhas guia – Hipertensão e Diabetes, além de Tuberculose e Hanseníase (municípios endêmicos), observadas em todos os ciclos de vida. OBS.: Todos os pacientes atendidos poderão ser incluídos no acompanhamento a critério do farmacêutico e a despeito da condição apresentada. 3 – Prontuário de Registro Farmacêutico – preencher dados marcados com asterisco. 4 – Em caso de resposta negativa – alerta para nova abordagem. 5 – Determinar prazo suficiente para a avaliação dos resultados do tratamento. MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 26 20/04/2010 19:15:24 29 Quando houver queixa de RAM pelo paciente, a “Ficha de notificação de suspeita de reação adversa e queixas técnicas” no sítio eletrônico da Anvisa deverá ser obrigatoriamente preenchida. As informações sobre a notificação deverão ser enviadas também para a Superintendência de As- sistência Farmacêutica/SES-MG. A Seção 7 apresenta a Ficha de Notificação de suspeita de reação adversa e queixas técnicas para profissionais de saúde, e o Anexo I informa como reconhecer e notificar as RAM. Para terminar o ciclo de acompanhamento, são realizadas, se necessário, intervenções farma- cêuticas com base nos resultados clínicos e RAM para tornar os tratamentos efetivos e seguros e garantir adesão. É feito então o registro no formulário “Intervenções Farmacêuticas”. Sugestões de modificações na prescrição devem ser permitidas pelo paciente e comunicadas ao respectivo prescritor por meio de correspondência (Seção 3), que pode ser usada também para comunicar os resultados do tratamento. 2.4 Aconselhamento farmacêutico O aconselhamento ao paciente sobre o uso de medicamentos deve ser um processo de comu- nicação interativa bidirecional entre paciente e farmacêutico, que visa estimular as habilidades do paciente para lidar com medicamentos e com o processo de autocuidado. Deve ser um processo de aprendizagem tanto para o farmacêutico, quanto para o paciente. Os aspectos físicos, psicológicos, sóciocultural, emocional e intelectual, assim como as crenças sobre saúde e os valores do paciente devem ser respeitados e considerados no processo de acompanhamento farmacoterapêutico (FIP, 2009). Adesão ao tratamento A adesão ao tratamento é imprescindível para a efetividade da farmacoterapia. Entende-se por adesão o seguimento do tratamento de acordo com uma abordagem fundamentada na concordância do paciente. O paciente é um sujeito ativo na tomada de decisão quanto às alternativas terapêuticas, juntamente com o profissional de saúde, que é responsável pelas instruções e aconselhamento. Es- sencialmente, o conhecimento prévio do paciente sobre suas condições de saúde e sua experiência com o uso de medicamentos devem ser considerados nessa abordagem. As razões mais comuns para a não adesão são o desaparecimento dos sintomas (o paciente en- tende que não é necessário continuar o tratamento), o aparecimento de RAM, a percepção de que o medicamento não é efetivo ou a posologia é complicada ou inconveniente. Estabelecer uma relação prescritor–paciente –farmacêutico e fornecer informações, recomendações e instruções ao paciente são estratégias para melhorar a adesão do paciente ao tratamento (OMS, 1998). Uma boa relação com o paciente é construída por meio do respeito pelos sentimentos e opiniões do paciente, que deve participar ativamente das decisões concernentes ao seu cuidado. Para tanto, ele precisa de informações, recomendações e instruções para compreender e seguir o tratamento apropriadamente e necessita compreender o motivo de uso de cada medicamento (Quadro 4). É útil pedir aos pacientes que repitam com suas próprias palavras as partes essenciais das informações, para ter certeza de que eles entenderam (OMS, 1998). MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 29 20/04/2010 19:15:24 30 Guia do Cuidado Farmacêutico - Rede Farmácia de Minas Quadro 4 - Informações essenciais que devem ser fornecidas aos pacientes Efeitos dos medicamentos Por que o medicamento é necessário? Quais sintomas desaparecerão e quais não? Quando o medicamento começará a fazer efeito? O que acontecerá se o medicamento for administrado de forma incorreta ou se não for administrado? Reação adversa Quais reações adversas podem ocorrer? Como reconhecê-las? Por quanto tempo elas continuarão? Qual a gravidade dessas reações? O que fazer a respeito delas? Instruções Como o medicamento deve ser administrado? Quando deve ser administrado? Por quanto tempo o tratamento deveria continuar? Como os medicamentos devem ser guardados? O que fazer com sobras? Alertas Quando o medicamento não deve ser tomado? Qual é a dose máxima? Por que a quantidade total prescrita deve ser tomada? Consultas futuras Quando voltar (ou não)? Em que casos é necessário voltar antes do previsto? Quais informações o farmacêutico precisará na próxima consulta? Tudo claro? Pergunte ao paciente se tudo foi compreendido. Peça ao paciente para repetir as informações mais importantes. Pergunte se o paciente tem alguma pergunta adicional. Fonte: OMS, 1998 (Adaptação). 2.5 As formas farmacêuticas O conhecimento sobre o emprego das formas farmacêuticas é essencial para garantir a adesão do paciente ao tratamento e o farmacêutico deve orientar os pacientes quanto ao uso das diversas formas. O Quadro 5 resume características gerais das formas farmacêuticas. Quadro 5. Características gerais das formas farmacêuticas Formas farmacêuticas sistêmicas Oral (mistura, xarope, comprimido, pó, cápsula) Sublingual (comprimido, aerossol) Retal (supositório) Inalação (gases, vapor) Injeções (subcutânea, intramuscular, intravenosa, administração parenteral) MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 30 20/04/2010 19:15:24 31 Quadro 5. Características gerais das formas farmacêuticas Formas farmacêuticas locais Pele (pomada, creme, loção, pasta) Órgãos de sentido (colírios/pomadas, soluções otológicas, gotas nasais) Oral/local (comprimidos, mistura) Retal/local (supositório, enema) Vaginal (comprimido, óvulo, creme) Inalação/local (aerossol, pó) Formas orais Eficácia (-) absorção incerta e metabolização indireta, (+) efeito gradual Segurança (-) valores de picos baixos, absorção incerta, irritação gástrica Conveniência (-) manuseio (criança, idoso) Comprimidos sublinguais e aerossóis Eficácia (+) agem rapidamente, metabolização direta Segurança (-) superdosagem fácil Conveniência (-) o manuseio do aerossol é difícil, (+) comprimidos são fáceis de usar Preparações retais Eficácia (-) absorção incerta, (+) metabolização direta, efeito rápido pelo reto Segurança (-) irritação local Conveniência (+) em caso de náusea, vômitos e dificuldade para engolir Inalação e vaporização Eficácia (+) efeito rápido Segurança (-) irritação local Conveniência (-) requer manuseio por pessoal treinado Injeções Eficácia (+) efeito rápido, metabolização direta, possível precisar a dose Segurança (-) possibilidade de superdosagem, esterilização problemática Conveniência (-) dolorida, requer pessoal treinado, mais cara que formas orais Preparações tópicas Eficácia (+) penetração sistêmica limitada, concentrações elevadas possíveis Segurança (-) sensibilização no caso de antibióticos, (+) poucos efeitos colaterais Conveniência (-) algumas formas vaginais são de difícil manuseio (-): Características negativas (+):Características positivas Fonte: OMS, 1998. 2.6 Orientações sobre o uso de formas farmacêuticas A ciência apresenta todos os dias descobertas de produtos e formas farmacêuticas inovadoras. Mas essas conquistas acabam se transformando, algumas vezes em grandes desafios para os profissionais de saúde na sua prática cotidiana, pois eles precisam estar atualizados com as inovações e os novos conhecimentos. Nesta seção são apresentadas orientações gerais sobre o uso das formas farmacêuticas e baseadas no Guia para a boa prescrição médica, da Organização Mundial de Saúde (OMS, 1998). MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 31 20/04/2010 19:15:25 34 Guia do Cuidado Farmacêutico - Rede Farmácia de Minas Gotas nasais 1. Assoe o nariz. 2. Sente-se e incline a cabeça para trás ou deite-se com um travesseiro embaixo dos ombros; mantenha a cabeça reta. 3. Coloque o conta-gotas um centímetro para dentro da narina. 4. Aplique a quantidade de gotas prescrita. 5. Imediatamente depois do item 4 incline a cabeça com força para frente (cabeça entre os joelhos). 6. Sente-se por alguns segundos; as gotas pingarão na faringe. 7. Repita o procedimento para a outra narina se necessário. 8. Lave o conta-gotas com água fervida. Figura 6 - Passos 2 e 3 Figura 7 - Passo 5 Spray nasal 1. Assoe o nariz. 2. Sente-se com a cabeça levemente inclinada para frente. 3. Agite o spray. 4. Coloque a ponta do tubo em uma narina. 5. Feche a outra narina e a boca. 6. Aperte o tubo e inspire devagar. 7. Remova a ponta do tubo do nariz e incline-se para frente com força (cabeça entre joelhos). 8. Sente-se por alguns segundos; o spray pingará na faringe. 9. Respire pela boca. 10. Repita o procedimento para a outra narina, se necessário. 11. Lave a ponta do tubo com água fervida. Figura 8 - Passos 4 e 5 Figura 9 - Passo 7 MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 34 20/04/2010 19:15:25 35 Emplastro 1. Para o local de aplicação, veja as instruções incluídas com o medicamento ou pergunte ao farmacêutico. 2. Não aplique sobre hematomas ou sobre a pele machucada. 3. Não use sobre pregas da pele ou embaixo de roupas apertadas e troque o emplastro regu- larmente. 4. Aplique com as mãos limpas e secas. 5. Limpe e seque a área de aplicação completamente. 6. Remova o emplastro da embalagem; não toque no lado que contém o medicamento. 7. Coloque o emplastro sobre a pele e pressione com firmeza. Passe o dedo sobre a superfície externa para colar bem. 8. Remova e troque conforme as instruções. Figura 10 - Passo 6 Figura 11 - Passo 7 Aerossol 1. Expectore o máximo de catarro possível. 2. Agite o tubo antes de usar. 3. Segure o aerossol como está indicado nas instruções do fabricante (normalmente de cabeça para baixo). 4. Coloque a boca firmemente em volta do bocal. 5. Incline a cabeça levemente para trás. 6. Respire devagar, esvaziando os pulmões tanto quanto for possível. 7. Inspire profundamente e ative o aerossol, mantendo a língua baixa. 8. Segure a respiração de 10 a 15 segundos. 9. Expire pelo nariz. 10. Lave a boca com água quente. Figura 12 - Passos 4 a 6 Figura 13 - Passos 7 e 9 MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 35 20/04/2010 19:15:26 36 Guia do Cuidado Farmacêutico - Rede Farmácia de Minas Inalador de cápsulas 1. Expectore o máximo de catarro possível. 2. Coloque a(s) cápsula(s) no inalador, conforme as instruções do fabricante. 3. Expire devagar e esvazie os pulmões tanto quanto for possível. 4. Coloque a boca firmemente em volta do bocal. 5. Incline a cabeça levemente para trás. 6. Respire profundamente pelo inalador. 7. Segure a respiração por 10 ou 15 segundos. 8. Expire pelo nariz. 9. Lave a boca com água quente. Figura 14 - Passo 4. Supositório 1. Lave as mãos. 2. Remova a embalagem (a não ser que o supositório esteja mole demais). 3. Se o supositório estiver mole demais, endureça-o por resfriamento (na geladeira ou embaixo de uma torneira de água fria, ainda dentro da embalagem!). A seguir remova a embalagem. 4. Remova possíveis pontas ásperas aquecendo o supositório entre as mãos. 5. Umedeça o supositório com água fria. 6. Deite-se de lado e levante o joelho. 7. Cuidadosamente coloque o supositório no ânus, com a ponta arredondada primeiro. 8. Permaneça deitado por vários minutos. 9. Lave as mãos. Evite defecar pela primeira hora. Figura 15 - Passo 6 MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 36 20/04/2010 19:15:26 39 Aspiração de ampolas (vidro, plástico) Materiais necessários Seringa de tamanho adequado, agulha de tamanho adequado, ampola com medicamento ade- quado ou solução, gaze. Técnica 1. Lave as mãos. 2. Coloque a agulha na seringa. 3. Remova rapidamente o líquido do gargalo da ampola. Para isso, agite a ampola ou gire a ampola rapidamente em um movimento espiral descendente. 4. Serre o gargalo da ampola. 5. Proteja seus dedos com gaze se a ampola for de vidro. 6. Cuidadosamente quebre a ponta da ampola (para uma ampola de plástico, torça a ponta). 7. Aspire o fluido da ampola. 8. Remova todo o ar da seringa. 9. Limpe tudo; jogue fora a agulha com segurança; lave as mãos. Figura 21 - Passo 4 Figura 22 - Passo 5 Figura 23 - Passo 6 Aspiração de um frasco Materiais necessários Frasco com medicamento adequado ou solução, seringa de tamanho apropriado, agulha do tamanho certo (IM, SC ou IV) na seringa, desinfetante, gaze. Técnica 1. Lave as mãos. 2. Desinfete a tampa do frasco. 3. Use uma seringa com o dobro do volume da quantidade necessário de medicamento ou solução e adicione uma agulha. 4. Sugue a mesma quantidade de ar que a quantidade necessária de solução. 5. Coloque a agulha na (tampa do) frasco e vire o frasco de cabeça para baixo. 6. Bombeie ar para dentro do frasco (para criar pressão). MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 39 20/04/2010 19:15:27 40 Guia do Cuidado Farmacêutico - Rede Farmácia de Minas 7. Aspire a quantidade necessária de solução e 0,1 mL a mais. Certifique-se de que a ponta da agulha está abaixo da superfície do líquido. 8. Puxe a agulha para fora do frasco. 9. Remova da seringa todo o ar que possa ter ficado. 10. Limpe tudo; jogue fora a agulha com segurança; lave as mãos. Figura 24 - Passo 4. Figura 25 - Passo 5. Figura 26 - Passo 8. Dissolução de medicamento em pó Materiais necessários Frasco com o medicamento a ser dissolvido, seringa com a quantidade adequada de solvente, agulha do tamanho certo (IM, SC ou IV) na seringa, desinfetante, agulha para injeção, gaze. Técnica 1. Lave as mãos. 2. Desinfete a tampa de borracha (parte de cima) do frasco do medicamento. 3. Coloque a agulha no frasco, mantenha o conjunto em pé. 4. Sugue o ar na mesma quantidade de solvente que já está na seringa. 5. Injete o fluido no frasco, não o ar! 6. Agite. 7. Vire o frasco de cabeça para baixo. 8. Injete o ar para dentro do frasco (criando pressão). 9. Aspire a quantidade total de solução (sem ar). 10. Remova todo o ar da seringa. 11. Limpe tudo; jogue fora a agulha com segurança; lave as mãos. Figura 27 - Passo 4. Figura 28 - Passo 5. Figura 29 - Passo 8. MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 40 20/04/2010 19:15:27 41 Injeção subcutânea Materiais necessários Seringa com o medicamento a ser administrado (sem ar), agulha (Gauss 25, curta e fina; na serin- ga), desinfetante líquido, algodão, esparadrapo. Técnica 1. Lave as mãos. 2. Tranquilize o paciente e explique o procedimento. 3. Descubra a área a ser injetada (parte superior do braço, parte superior da perna, abdômen). 4. Desinfete a pele. 5. “Belisque” uma prega da pele. 6. Coloque a agulha na base da prega cutânea em um ângulo de 20 a 30 graus. 7. Solte a pele. 8. Aspire brevemente, se aparecer sangue: retire a agulha, se possível troque por uma agulha nova e recomece do passo 4. 9. Injete vagarosamente (0,5 a 2 minutos!). 10. Retire a agulha rapidamente. 11. Aperte o algodão esterilizado contra a abertura. Coloque o esparadrapo. 12. Verifique a reação do paciente e tranquilize-o um pouco mais se for necessário. 13. Limpe tudo; jogue fora a agulha com segurança; lave as mãos. Figura 30 - Passo 3. Figura 31 - Passo 5 Figura 32 - Passo 6 Injeção intramuscular Materiais necessários Seringa com o medicamento a ser administrado (sem ar), agulha (Gauss 22, longa, espessura média; na seringa), desinfetante líquido, algodão, esparadrapo. Técnica 1. Lave as mãos. 2. Tranquilize o paciente e explique o procedimento. MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 41 20/04/2010 19:15:27 44 Guia do Cuidado Farmacêutico - Rede Farmácia de Minas O QUE DEVE SER NOTIFICADO • Em se tratando de medicamentos novos, notifique todas as reações suspeitas, inclusive as não graves. (Em muitos países, os medicamentos são considerados novos até cinco anos após seu registro no Ministério da Saúde). • Em se tratando de medicamentos estabelecidos ou bem conhecidos, notifique todas as suspeitas de RAM graves e as inesperadas (incomuns). • Notifique, caso seja observado, aumento da frequência de determinada reação. • Notifique todas as suspeitas de RAM associadas a interações – medicamentos e medicamentos, medicamentos e alimentos, medicamento e suplementos alimentares (incluindo produtos fitoterápicos e de medicina alternativa). • Notifique RAM em campos específicos de interesse, tais como abuso de drogas e uso de medicamentos na gravidez e durante a lactação. • Notifique quando a suspeita de RAM estiver associada à retirada de medicamentos do mercado. • Notifique RAM decorrentes de superdosagem ou de erro de medicação. • Notifique quando houver perda de eficácia ou quando forem observados desvios de qualidade do medicamento. ENTÃO, NOTIFIQUE – O QUANTO ANTES – TODAS AS SUSPEITAS DE REAÇÕES ADVERSAS QUE CONSIDERAR DE IMPORTÂNCIA CLÍNICA! Fonte: OMS, 2004. MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 44 20/04/2010 19:15:28 45 3 interaÇão do FarmaCêutiCo Com outros proFissionais de saÚde A efetividade de um tratamento depende do envolvimento de diversos profissionais de saúde. O farmacêutico atua auxiliando diretamente no tratamento do paciente, por isso deve estar atento ao aparecimento de problemas indesejáveis e reconhecer, quando for o caso, a necessidade de outros profissionais da equipe de saúde para solucioná-los. Dessa forma, a interação do farmacêutico com a equipe de atenção básica é importante não apenas para o bom andamento das atividades relacionadas ao cuidado ao paciente mas também para o sucesso da implantação das linhas guia na atenção primária à saúde. O trabalho em equipe torna-se essencial para a abordagem dos pacientes considerando os ciclos de vida, e as linhas guia são importantes ferramentas para essa atividade. Uma das etapas deste programa envolve a comunicação entre o farmacêutico e o prescritor responsável pelo paciente em atendimento ou, quando for o caso, o encaminhamento do paciente para um profissional especializado. A comunicação verbal do farmacêutico com o prescritor utilizan- do o paciente como interlocutor torna-se complicada, diante da compreensão do paciente sobre o assunto e o repasse das informações, ao prescritor, de forma fidedigna. Sendo assim, durante o acompanhamento dos pacientes será proposto um modelo de comunicação entre os profissionais com uma estrutura definida. O encaminhamento deve ser feito em duas vias: uma a ser enviada ao prescritor e a outra retida com o farmacêutico. A estrutura básica do modelo de comunicação deve conter: Apresentação do paciente Tem por objetivo informar os dados do paciente e demais dados que facilitem a resolução do caso. Incluir nome do paciente, idade, medicamentos usados e problema de saúde. Problema de saúde Descrever detalhadamente o problema de saúde do paciente, procurando utilizar-se dos termos usados pelo paciente para relatar o problema. Esse deve ter evidência real e não meramente teórica. A linguagem utilizada deve ser cuidadosa para não dar a suposição de um diagnóstico. Deve-se, quando for o caso, especificar exames físicos como medida da pressão arterial, glicemia, pulso, temperatura corporal, dentre outros. Relação encontrada entre o problema de saúde e o uso de medicamentos Descrever o parecer do farmacêutico sobre os medicamentos usados pelo paciente, fazendo, as- sim, uma avaliação cuidadosa do caso. O farmacêutico deve apresentar seus argumentos e sugestões. Despedida Consiste na despedida formal, deixando clara a obrigação legal do farmacêutico em realizar o acompanhamento de um tratamento farmacológico e solicitando uma avaliação do caso pelo pres- critor. Deve incluir nome, registro no conselho de classe, assinatura do farmacêutico e um telefone de contato. Augusto Afonso Guerra Júnior Marina Amaral de Ávila Machado Maria Laura Dias Alves e Silva MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 45 20/04/2010 19:15:28 46 Guia do Cuidado Farmacêutico - Rede Farmácia de Minas Modelo de carta para profissionais de saúde com informações sobre resultados do acom- panhamento de pacientes nas Unidades da Rede Farmácia de Minas (encaminhamento) Cidade, _____ de _____________________ de 20____. Prezado(a) Sr(a) ______________________________________: O/A paciente (preencher com o nome completo e idade) foi atendido em (data do atendimento), na Unidade da Rede Farmácia de Minas, que possui um programa de cuidado farmacêutico. Propõe-se, assim, parceria para consolidar a relação entre a equipe de saúde e o paciente, tornando-o persona- gem ativo em seu cuidado. O/A paciente utiliza (nome dos medicamentos) e apresenta (problema de saúde). Durante o acompanhamento observaram-se: (descrever os problemas de saúde, queixas de RAM, resultados alcançados, relação entre os problemas apresentados e os medicamentos em uso e, se necessário, sugerir intervenções). Agradeço a atenção e estou à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos sobre estas e outras questões pertinentes ao caso. Atenciosamente, _________________________ Nome do Farmacêutico CRFMG Telefone – MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 46 20/04/2010 19:15:28 49 • Hormônios: propiltiuracil, insulina, levotiroxina, prednisona, prednisolona. • Laxantes: óleo mineral ou os formadores de massa como farelos, fibras, metilcelulose, psílio. • Ação no aparelho respiratório: pseudoefedrina (pode concentrar-se no leite); codeína (sedação); epinefrina, terbutalina, salbutamol (preferir inalação). • Vitaminas e minerais: não usar dose que exceda as cotas diárias recomendadas. • Medicamentos contraindicados • Imunossupressores e citotóxicos, amiodarona, androgênios, anticoncepcional hormonal combinado (seu efeito é menor após o sexto mês), sais de ouro e drogas de abuso ou de vício. • Compostos radioativos exigem suspensão da lactação por um determinado período (consultar referências). Outras substâncias • Nicotina e álcool devem ser evitados. • Chocolate em grandes quantidades (mais de 450 g por dia) pode levar a efeitos secundários no lactente. • Café, chá mate ou chá preto em grandes quantidades. • Aspartame não deve ser usado em fenilcetonúricos (mãe ou lactente). Violência A violência doméstica é processo de vitimização que pode se prolongar por meses ou anos. Geralmente, exige a cumplicidade do responsável não agressor e da vítima. Como acontece no espaço privado da família, reveste-se da característica do sigilo, e às crianças e adolescentes não é permitido sequer expressar sua dor. Além disso, crianças e adolescentes maltratados podem facilmente transformar-se em adultos agressores, segundo inúmeras pesquisas sobre o fenômeno. Identificar maus-tratos e notificá-los às autoridades é obrigação dos profissionais de atenção à infância e adolescência e, em especial, dos profissionais da saúde. Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigato- riamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais, conforme os artigos 13 e 245 do Estatuto da Criança e Adolescente, Lei 8069, de 13/07/1990. Desnutrição Energético-Protéica A desnutrição energético-proteica é o conjunto de condições patológicas que resulta da deficiência concomitante de calorias e de proteínas, e ocorre com maior frequência em lactentes e pré-escolares, geralmente associada a infecções repetidas e a outros déficits nutricionais. A assistência à criança desnutrida baseia-se no desenvolvimento de ações preventivas, na iden- tificação do problema e na implementação de um plano de intervenção, devendo ser encaminhada ao profissional competente. Apesar da significativa redução de sua prevalência nas duas últimas décadas, a desnutrição con- tinua sendo um sério problema, especialmente em áreas rurais e nas regiões mais pobres do País. Atualmente verifica-se o predomínio das formas leves e moderadas da doença, que, por se manifes- tarem apenas por déficit de peso e/ou altura, são pouco diagnosticadas e valorizadas. Diarreia A diarreia é a perda aumentada de água e eletrólitos nas fezes com a modificação brusca do hábito intestinal. Clinicamente apresenta-se como aumento no número de evacuações e/ou pela diminuição da consistência das fezes, associada ou não a vômitos e/ou febre. A percepção materna da mudança do hábito intestinal deve ser valorizada. MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 49 20/04/2010 19:15:28 50 Guia do Cuidado Farmacêutico - Rede Farmácia de Minas As complicações principais da diarreia são a desidratação e a desnutrição, que podem levar à morte. A diarreia ainda é um fator importante na morbimortalidade em menores de cinco anos, apesar do avanço incontestável na prevenção da sua complicação através do soro de reidratação oral (SRO). A diarreia persistente é uma doença com componente nutricional muito importante e constitui um fator de risco para a desnutrição. Ela se caracteriza pela manutenção da diarréia por 14 dias ou mais. Nesse caso, a criança deverá ser encaminhada para atendimento pediátrico. A criança com disenteria • Uma vez classificado o estado de hidratação e abordado adequadamente, a conduta para as crianças com diarreia com sangue é prescrever sulfametoxazol + trimetoprim se houver comprometimento do estado geral. • Não são necessários exames laboratoriais. • Marcar retorno em dois dias e orientar a mãe a retornar imediatamente à unidade, caso haja piora do quadro. Tosse e/ou dificuldade respiratória A criança que é levada ao serviço de saúde com queixa de tosse e/ou dificuldade respiratória deve receber atenção cuidadosa, pois a possibilidade de diagnósticos é ampla, englobando uma variedade de doenças que vão desde o resfriado comum até situações de risco de vida, como pneumonia e a crise asmática grave. O profissional de saúde deve estar atento aos sinais e sintomas de alerta e tomar as decisões ade- quadas o mais rapidamente possível. É fato que a maioria das paradas cardiorrespiratórias na infância se iniciam com um quadro de insuficiência respiratória que, por esse motivo, deve ser prevenida com a abordagem adequada das afecções de vias aéreas. A Linha Guia de Atenção à Saúde da Criança orienta o tratamento das principais infecções de vias aéreas superiores e asma. No caso de uso de antibióticos, broncodilatadores e corticosteroides o farmacêutico deve promover o uso racional junto à mãe e/ou cuidador. Parasitoses intestinais No atendimento das crianças com parasitose intestinal, percebem-se facilmente as desigualdades na nossa sociedade. A doença parasitária acomete tanto as crianças de meio social mais favorecido quanto as submetidas à privação social, mas enquanto nas primeiras o comprometimento orgânico geralmente é discreto, nas outras as repercussões são muito mais importantes e, às vezes, graves. Exemplos disso são o prolapso retal e a enterorragia da tricocefalíase, a anemia da ancilostomíase, a obstrução intestinal da ascaridíase, complicações que ocorrem mais frequentemente em crianças desnutridas. Além disso, a reinfestação é mais comum nas crianças socialmente desprotegidas e implica suces- sivos tratamentos, quase sempre desanimadores porque não resolvem o problema, que está ligado às más condições sociais. Por isso, a abordagem social é fundamental, e o tratamento não deve visar somente os parasitas, mas primordialmente o hospedeiro e a comunidade. Anemia ferropriva É muito comum nos primeiros anos de vida devido a aspectos peculiares do metabolismo do ferro e da alimentação nessa faixa etária. Após o nascimento, a criança precisa absorver grande quantidade de MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 50 20/04/2010 19:15:28 51 ferro diariamente para manter um nível adequado do mineral, e sua alimentação supre marginalmente as necessidades de ferro nos primeiros anos de vida. Além disso, devem ser consideradas as perdas normais que ocorrem na excreção e as anormais de causas variadas, como nas micro-hemorragias pela alimentação com leite de vaca ou na espoliação parasitária. Apesar de acometer principalmente as crianças de baixo nível socioeconômico, a carência de ferro está presente em todas as categorias sociais e, se não tratada, provocará repercussões importantes no organismo da criança, desde diminuição da imunidade e da resistência às infecções até alterações no desenvolvimento neuropsicomotor e baixo rendimento escolar. Representa, portanto, importante problema de saúde pública. Fatores de risco: • prematuros e recém-nascidos de baixo peso; • lactentes a termo em aleitamento artificial; • lactentes em aleitamento materno por mais de seis meses, sem aporte adequado de ferro dietético; • adolescentes de ambos os sexos; • gestantes e nutrizes; • crianças com quadros diarreicos frequentes e prolongados e com infestação parasitária. Sintomas: palidez, irritabilidade, anorexia, falta de interesse, falta de atenção, perversão do apetite etc. Tuberculose (TB) Estima-se que ocorrem aproximadamente 130 mil casos por ano no Brasil, dos quais 90 mil são notificados. Os casos de TB em menores de 15 anos correspondem a cerca de 15% do total. A TB deve ser suspeitada em toda criança com tosse persistente por mais de 3 semanas, febre prolongada, tosse, perda de peso, diminuição do apetite, sudorese noturna, astenia. A febre, muitas vezes, é o dado que chama mais atenção, sendo vespertina e com duração de 15 dias ou mais. Pa- cientes com quadro respiratório persistente sem resposta a tratamentos prévios, como, por exemplo, pneumonia de evolução lenta que não melhora com o uso de antimicrobianos para bactérias comuns, também devem ser considerados casos suspeitos. A orientação atual do Ministério da Saúde é encaminhar os casos suspeitos de tuberculose em crianças para uma unidade de saúde, onde se buscará a confirmação do diagnóstico e será indicado (ou não) o tratamento. Antes de se iniciar a terapia farmacológica, é necessário conversar com o responsável pela criança sobre o tratamento, sua importância, duração, efeitos colaterais possíveis e riscos do abandono. A não adesão e o abandono são os principais problemas durante o tratamento, por isso devem ser evitados com aconselhamento farmacêutico demonstrando a fundamental participação do responsável pelo sucesso do tratamento. Recomenda-se que o farmacêutico acompanhe a administração dos medica- mentos (tratamento supervisionado) durante 3 vezes por semana nos primeiros 2 meses e mantenha observação semanal até o final do tratamento. As ações de prevenção da disseminação da tuberculose compreendem: • melhoria das condições de vida da população; • tratamento dos casos bacilíferos: é a atividade prioritária dos profissionais da atenção básica no controle da tuberculose, uma vez que permite anular rapidamente as maiores fontes de infecção; • vacinação com BCG: é eficaz principalmente na prevenção das formas graves da doença e indicada para todas as crianças com menos de seis anos no Brasil; MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 51 20/04/2010 19:15:28 54 Guia do Cuidado Farmacêutico - Rede Farmácia de Minas Principais pontos a serem observados Adolescentes com fracasso escolar, com problemas familiares sérios, ligados a grupos de risco e sem expectativas em relação ao futuro são raivosos e deprimidos, por isso necessitam de maiores cuidados. Quando a conversa é conduzida com esses cuidados, os jovens se sentem confiantes e respon- dem com honestidade às perguntas e aos questionamentos que lhes são feitos. Nesses momentos as situações de emergências e de risco na adolescência deverão ser detectadas para o estabelecimento imediato de estratégias de ações. Saúde nutricional As carências e os distúrbios nutricionais mais relevantes em saúde pública entre os adolescentes são: obesidade, anemia, desnutrição e outros transtornos alimentares, como bulimia nervosa e anore- xia nervosa. O método mais adequado para a avaliação nutricional é o índice de massa corporal (ver tabelas de referência na Linha Guia de Atenção à Saúde do Adolescente). Caso haja suspeita, proceder ao encaminhamento para o profissional competente. Sexualidade e saúde mental A abordagem dos aspectos psicossociais e comportamentais dos adolescentes requer atenção especial no que concerne à conduta e à saúde mental (depressão, uso de drogas e álcool, suicídio), devendo ser avaliada a necessidade de encaminhamento ao profissional especializado. Doenças sexualmente transmissíveis (DST) e AIDS Nunca se deve deixar de abordar os jovens sobre seu comportamento sexual para que se possa discutir questões que envolvem o sexo seguro, promovendo a conscientização e a importância do autocuidado. Em caso de suspeita de uma DST, o adolescente deve ser encaminhado ao serviço especializado o mais rápido possível, para que o diagnóstico seja realizado e o tratamento adequado seja acompa- nhado, evitando assim futuras complicações, além da transmissão da doença, caso seja confirmada. Métodos anticoncepcionais Existem diversas opções no mercado e sua efetividade depende da forma como são utilizadas. Alguns obstáculos para o uso adequado pelos adolescentes são evidentes. O mais básico de todos é a falta de informações adequadas sobre todos os métodos: sua eficácia, qual a ação anticoncepcional, como podem falhar, que efeitos adversos podem ocorrer. Gestação X Aborto Frente ao não desejo da gravidez, a pressão dos familiares, do parceiro e as incertezas decorren- tes da nova realidade, algumas adolescentes optam pelo aborto, colocando-se frequentemente em risco quanto a complicações clínicas, infertilidade e risco de morte. Por outro lado, a ocorrência da gravidez desejada na adolescência pode representar um grupo significativo de adolescentes. Quando planejada, ela tende a ser vivida de maneira mais positiva, trazendo menos impactos negativos para a vida da mãe e do bebê. A adolescente grávida deve ser encaminhada para iniciar seu pré-natal o mais cedo possível e, no MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 54 20/04/2010 19:15:29 55 caso de gravidez não desejada, ela deve ser orientada para prevenção de nova gestação. Avaliação do risco Situações que configuram risco para os adolescentes são: • faixa etária dos 10 aos 14 anos de idade; • início da atividade sexual precocemente, sem proteção para DST/Aids e gravidez; • existência de irmãs grávidas adolescentes ou que foram mães adolescentes; • falta à escola, com frequência com evasão escolar e com problemas escolares; • residência em áreas de riscos à saúde e em locais onde há aumento de violência; • família desestruturada; • ocorrência ou risco de violência doméstica; • riscos nutricionais: anemia ferropriva, hipovitaminoses, obesidade e desnutrição; • doenças crônicas e necessidades especiais. Situações de alto risco para os adolescentes são: • doenças sexualmente transmissíveis ou Aids; • gravidez precoce não planejada; • transtornos alimentares: bulimia e anorexia; • uso/abuso de substâncias lícitas ou ilícitas (com destaque ao uso do tabaco e do álcool); • submissão a ocorrência de exploração sexual; • depressão; • transtornos mentais e/ou risco de suicídio; • fuga com frequência de casa ou moradia nas ruas. Prontuário de registro farmacêutico Preencher o formulário específico da “Primeira Consulta” - campos 9, 10 e 11. 4.3 Adulto (20 a 59 anos) Hipertensão arterial Hipertensão arterial é definida pela persistência dos níveis de pressão arterial sistólica (PAS) maior ou igual a 140 mmHg e pressão arterial diastólica (PAD) maior ou igual a 90 mmHg. Trata-se de uma doença de início silencioso, com repercussões clínicas importantes para os sistemas cardiovascular e renovascular, acompanhada frequentemente de comorbidades de grande impacto para os indica- dores de saúde da população. Para prevenir doenças cardiovasculares, os indivíduos com PAS de 120 a 139 mm Hg ou PAD de 80 a 89 mm Hg devem ser considerados pré-hipertensos e começar modificações do estilo de vida para promover a saúde. A determinação do risco cardiovascular (RCV) depende da classificação do estágio da hiperten- são bem como da presença de fatores de risco cardiovascular, lesões de órgãos-alvo e condições clínicas associadas. • Fatores de risco cardiovascular – Tabagismo • Dislipidemia MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 55 20/04/2010 19:15:29 56 Guia do Cuidado Farmacêutico - Rede Farmácia de Minas • Diabetes mellitus • Nefropatia • Idade acima de 60 anos • História familiar de doença cardiovascular em mulheres com menos de 65 anos ou homens com menos de 55 anos – Outros fatores – Relação cintura/quadril aumentada • Circunferência da cintura aumentada • Microalbuminúria • Tolerância à glicose diminuída/glicemia de jejum alterada • Hiperuricemia PCR ultrassensível aumentada – São definidas quatro categorias de risco cardiovascular absoluto (global), mostrando que mesmo os pacientes classificados nos estágios 1, 2 ou 3 podem pertencer a categorias de maior ou menor risco na dependência de comorbidades ou fatores de riscos associados (Quadro 6): Grupo de baixo risco: homens < 55 anos e mulheres < de 65 anos, com hipertensão de grau I e sem fatores de risco. Nesse grupo, a probabilidade de um evento cardiovascular grave é menor que 15%. Grupo de risco médio: Portadores de HA grau 1 ou 2, com 1 ou 2 fatores de risco cardiovascular. Pode variar com baixos níveis de pressão arterial e múltiplos fatores de risco, enquanto outros possuem altos níveis de pressão arterial e nenhum ou poucos fatores de risco. Nesse grupo a probabilidade de um evento cardiovascular grave é de 15 e 20%. Grupo de risco alto: Portadores de HA grau 1 ou 2 que possuem 3 ou mais fatores de risco e são também portadores de hipertensão grau 3 sem fatores de risco. A probabilidade de evento cardio- vascular é de 20 e 30%. Grupo de risco muito alto: portadores de HA grau 3, que possuem 1 ou mais fatores de risco, com doença cardiovascular ou renal manifesta. A probabilidade de um evento cardiovascular é de 30%. Quadro 6. Classificação de risco cardiovascular. Fatores de risco ou doenças associadas Grau 1 Hipertensão leve PAS 140-159 ou PAD 90-99 Grau 2 Hipertensão moderada PAS 160-179 ou PAD 100-109 Grau 3 Hipertensão grave PAS ≥ 180 ou PAD ≤ 110 I. Sem outros fato- res de risco (FR) RISCO BAIXO RISCO MÉDIO RISCO ALTO II. 1 a 2 fatores de risco RISCO MÉDIO RISCO MÉDIO RISCO MUITO ALTO III. 3 ou mais FR ou lesões nos órgãos alvo ou diabetes RISCO ALTO RISCO ALTO RISCO MUITO ALTO IV. CCA* RISCO MUITO ALTO RISCO MUITO ALTO RISCO MUITO ALTO CCA: condições clínicas associadas, incluindo doença cardiovascular ou renal. Fonte: Linha Guia Atenção à Saúde do Adulto: Hipertensão de diabetes, SES/MG, 2006. MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 56 20/04/2010 19:15:29 59 Rastreamento das complicações • Diabetes tipo 1: anual, a partir do 5º ano de diagnóstico (particularmente importante na puberdade). • Diabetes tipo 2: anual, a partir do diagnóstico. Hanseníase A identificação de um caso suspeito de hanseníase é feita pela presença de manchas e/ou áreas com alteração de sensibilidade. Pode ser realizada por qualquer profissional da área de saúde, treinado e sensibilizado para o problema da hanseníase. Uma vez identificado, o caso suspeito é encaminhado a uma unidade de saúde, onde será feito o atendimento. O primeiro atendimento poderá ser feito pelo enfermeiro capacitado, que realizará uma triagem antes de encaminhá-lo para a consulta médica, que confirmará ou não o diagnóstico. Confirmado o diagnóstico, o paciente iniciará o tratamento e receberá as orientações pela equipe de atenção primária. O paciente não deve sofrer nenhum tipo de restrição em relação às suas atividades cotidianas relacionadas com a família, o trabalho, a escola e o lazer. Acompanhamento dos casos Baixo risco A maioria dos pacientes cursa o tratamento sem maiores intercorrências, tomando os medicamen- tos previstos para 6 ou 12 meses e, em seguida, recebendo a alta por cura. Serão sempre atendidos na atenção primária. Alto risco • Alguns casos requerem maior atenção e disponibilização de tempo de toda a equipe. São aqueles com surtos reacionais recorrentes que podem ultrapassar o período do tratamento específico. Esses pacientes serão acompanhados sistematicamente no curso agudo das reações até a retirada total dos medicamentos utilizados para tratamento das reações. Podem necessitar de encaminhamento para as unidades de referência. • Pacientes que apresentarem RAM do esquema-padrão deverão ser encaminhados para as unidades de referência, para avaliação e indicação de esquemas alternativos. • Os casos diagnosticados e tratados mais tardiamente podem apresentar sequelas nos olhos, no nariz, nas mãos e nos pés. Deverão receber orientação, atenção e cuidado continuado não só da unidade local como também da referência de média e alta complexidade, de acordo com a necessidade de cada caso. Sinais de alerta O profissional de saúde deverá ficar atento para alguns sinais de alerta relacionados aos surtos reacionais. Esses sinais exigem cuidado imediato e pronto encaminhamento para os centros de refe- rências. Podem ocorrer antes, durante ou após o tratamento poliquimioterápico. São eles: • inflamação súbita de manchas preexistentes; • dor aguda em nervos de face, mãos e pés; • aparecimento súbito de caroços vermelhos e doloridos; • piora da sensibilidade de mãos e pés; • perda súbita da força muscular em face, mãos e pés; • piora do quadro geral com febre, mal-estar, feridas e ínguas; MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 59 20/04/2010 19:15:29 60 Guia do Cuidado Farmacêutico - Rede Farmácia de Minas • dor e vermelhidão nos olhos; • diminuição súbita da acuidade visual; • edema de mãos, pernas, pés e face. O paciente durante o tratamento, poderá apresentar alguns efeitos adversos dos medicamentos utilizados na poliquimioterapia, como: • anemia grave; • cianose de extremidades; • sintomas parecidos com a gripe após a dose supervisionada; • icterícia; • náuseas e vômitos incontroláveis; • pele apresentando edema, eritema, vesículas, bolhas, descamação. Nesses casos, suspender os medicamentos e encaminhar o paciente para o centro de referência mais próximo. Se o paciente estiver em corticoterapia para tratamento dos surtos reacionais observar: • aparecimento súbito de queixas relativas à hipertensão arterial como dor de cabeça, tontura; • sede excessiva e micções frequentes (diabetes induzido); • sintomas como fraqueza, mal-estar, hipotensão arterial, dores musculares e articulares pela interrupção abrupta do corticoide; • aumento da pressão intracelular. Lembre-se: • o corticoide não deve ser suspenso abruptamente; • o corticoide aumenta o risco para infecções de um modo geral. Esses casos devem ser encaminhados para uma unidade de pronto atendimento existente no município e avaliados posteriormente pelo centro de referência. Tuberculose O adequado acompanhamento do indivíduo sintomático respiratório suspeito de portar o bacilo da tuberculose ou sabidamente enfermo é fundamental para o controle da tuberculose. Assim sendo, o paciente deve idealmente encontrar ou ser um colaborador na construção de uma assistência organizada que garanta, com uma avaliação de risco adequada, um ágil acesso ao serviço de saúde. As ações de captação precoce estão voltadas para os grupos com maior probabilidade de apre- sentar tuberculose, quais sejam: sintomáticos respiratórios (pessoas com tosse e expectoração por três semanas ou mais); contatos de casos de tuberculose; suspeitos radiológicos; pessoas com doenças e/ ou em condição social que predisponham à tuberculose. Os contatos, definidos como toda pessoa, parente ou não, que coabita com um doente de tuberculose, constituem um grupo para o qual se recomenda uma atitude de busca ativa para a captação precoce. Tuberculose e AIDS A associação da tuberculose/AIDS representa um novo desafio em escala mundial. O aparecimento do vírus da imunodeficiência humana (HIV) modifica a epidemiologia da tuberculose e dificulta seu controle. A infecção por HIV é o maior fator de risco para se adoecer por tuberculose em indivíduos pre- viamente infectados pelo bacilo. É uma das primeiras complicações entre os infectados pelo HIV e MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 60 20/04/2010 19:15:29 61 surge antes de outras infecções frequentes devido à maior virulência do bacilo da tuberculose, inde- pendentemente do comprometimento significativo do sistema imunológico. A evolução do estado de infecção para o adoecimento é muito diferente entre as pessoas imunocompetentes e aquelas infectadas pelo HIV. A tuberculose é a mais prevenível, curável e transmissível de todas as infecções que acompanham a infecção por HIV. Tuberculose e hepatopatia A rifampicina é uma droga metabolizada no fígado e excretada principalmente pela via biliar. Nos hepatopatas moderados e graves, há redução da metabolização da rifampicina, aumentando a quantidade do antibiótico livre que segue para o intestino para ser reabsorvido, elevando assim o seu nível sérico. Pelo exposto, nos alcoolistas, nos cirróticos, nos pacientes com hepatite aguda ou crônica, o uso da rifampicina deverá ser evitado; nos casos em que seu uso é indispensável, a dose deverá ser reduzida em 30% a 40%. A isoniazida é também metabolizada (acetilada) no fígado e eliminada na sua maior parte pela urina, e a capacidade de acetilar a isoniazida com maior ou menor rapidez é determinada genetica- mente. É uma droga hepatotóxica, cujo efeito fica mais evidente em pacientes com mais de 50 anos ou nos hepatopatas que terão meia vida de isoniazida mais longa e níveis séricos mais altos. Nos casos de insuficiência hepática grave, mais seguro será a redução da dose à metade. A pirazinamida é hidrolizada no fígado e subsequentemente excretada por filtração glome- rular renal. Paciente com conhecida doença hepática prévia deverá ser submetido a frequentes testes da função hepática, além de acompanhamento clínico rigoroso e, algumas vezes, de re- dução da dose para 25 mg/ kg (dose máxima de 2g). Em caso de hepatite crônica ativa, cirrose hepática ou insuficiência hepática grave é aconselhável evitar o uso da pirazinamida associada com a rifampicina. Nesses casos, deve-se iniciar o tratamento com a associação: estreptomicina / etambutol / isoniazida. Tuberculose e nefropatia Nos pacientes nefropatas, é necessário conhecer a depuração da creatinina antes de iniciar o esquema terapêutico, para que seja realizado o ajuste das doses. Deve ser feito encaminhamento do paciente ao médico ressaltando o esquema terapêutico utilizado. Tratamento A tuberculose é uma doença grave porém curável em praticamente 100% dos casos novos, desde que obedecidos os princípios da quimioterapia A regularidade no uso dos medicamentos e a eficácia do esquema são os pontos críticos para o sucesso do tratamento da tuberculose. Outros fatores podem ser destacados de forma menos relevante como a gravidade da doença, alimentação, repouso, cuidados de enfermagem e traços psicológicos. Dessa forma, a adesão ao tratamento, além da regularidade nas tomadas dos medicamentos, a completude do regime prescrito e o comparecimento regular às consultas médicas são fatores cruciais para o sucesso de qualquer regime. No Brasil, os esquemas medicamentosos para o tratamento da tuberculose são padronizados e distribuídos gratuitamente pelo MS, de acordo com a notificação dos casos. A definição do esquema mais adequado é feita com base na forma clínica, na idade, na história de tratamento anterior e em seu resultado. Em todos os esquemas, os medicamentos são de uso diário e devem ser administrados de preferência em uma única tomada. O Quadro 7 traça, a partir dos principais fármacos antituberculose, as mais importantes reações adversas e as condutas que devem ser recomendadas. MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 61 20/04/2010 19:15:29 64 Guia do Cuidado Farmacêutico - Rede Farmácia de Minas Diabetes gestacional É uma doença metabólica caracterizada por hiperglicemia e por intolerância aos carboidratos, de intensidade variada, diagnosticada durante a gestação, podendo ou não persistir após o parto. A gestante que apresentar diabetes gestacional deve ser encaminhada para o serviço de referência. O controle glicêmico é feito, sempre que possível, com glicemias de jejum e pós-prandiais se- manais. A glicosúria não é útil na monitorização do controle metabólico na gravidez. O tratamento com insulina será indicado se, após 2 semanas de dieta, os níveis glicêmicos permanecerem elevados: • glicemia de jejum: ≥ 105 mg%; • 2 horas pós-pardiais: ≥ 120 mg%. A dose inicial de insulina deve ser em torno de 0,3 a 0,5 UI/ kg, administrada várias vezes ao dia. Pode ser feita associação de insulina de ação intermediária e rápida para uso individual, recomendando o uso de insulina humana. A necessidade insulínica tende a aumentar progressivamente durante a gravidez. É contraindicado o emprego de antidiabéticos orais na gravidez. Infecção do Trato Urinário O microorganismo predominante em casos de infecção do trato urinário inferior em mulheres grávidas é a Escherichia coli. Tratamento de primeira escolha: ampicilina ou cefalosporina de 1ª geração. Em casos de não resposta ao tratamento ou caso recidivante, recomenda-se nitrofurantoína. O tratamento deve ser iniciado frente ao diagnóstico declarado sem esperar a realização dos exames laboratoriais, que de- vem ser feitos 7 a 15 dias após o término do tratamento. A bacteriúria assintomática requer o mesmo tratamento dos casos leves. Em casos graves a gestante deve ser internada com controle dos sinais vitais, hidratação e anti- bioticoterapia apropriada. Toxoplasmose A toxoplasmose é causada pelo Toxoplasma gondii, e a ocorrência da priminfecção na gestação pode acarretar o acometimento fetal. A infecção fetal pelo T. gondii pode provocar abortamento, cres- cimento intrauterino restrito, morte fetal, prematuridade e a síndrome da toxoplasmose congênita: re- tardo mental, calcificações cerebrais, microcefalia, hidrocefalia, retinocoroidite, hepato-esplenomegalia. Quanto mais precoce a idade gestacional, na qual a mulher apresenta a priminfecção, mais grave será o acometimento fetal. Entretanto, o risco da transmissão para o feto é maior nas idades gesta- cionais mais avançadas. Para os serviços que disponibilizam o rastreamento sorológico na gravidez, é imprescindível a garantia da terapia medicamentosa para a gestante, bem como a referência para unidades que possam realizar a pesquisa da infecção fetal e o acompanhamento dos infectados. Como a infecção pelo T. gondii é, assintomática, na maioria das vezes, a identificação dos fetos em risco se faz pelo rastreamento sorológico materno. O diagnóstico da infecção fetal é realizado nos casos de gestante com infecção aguda. O tra- tamento é feito com o seguinte esquema: sulfadiazina + pirimetamina + ácido folínico por quatro semanas, intercalado com espiramicina. Nas gestantes em tratamento para infecção fetal, realizar hemograma mensal para avaliação de complicações hematológicas. Não utilizar o esquema tríplice no último mês de gestação devido ao risco de hiperbilirrubinemia neonatal. MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 64 20/04/2010 19:15:30 65 HIV A transmissão vertical do HIV é a forma mais frequente entre as crianças, mas pode ser evitada, se a gestante portadora do vírus for identificada, receber medicamentos na gestação e parto e não amamentar seu filho. O teste ELISA anti-HIV deve ser oferecido a toda gestante na 1ª consulta do pré-natal. Deve ser sempre voluntário e confidencial. Durante o aconselhamento, é importante ressaltar para a mãe os benefícios do diagnóstico precoce do HIV tanto para ela quanto para o seu filho. A gestante portadora de HIV deve ser monitorada com hemograma, plaquetas e enzimas hepá- ticas antes de iniciar os antiretrovirais e depois a cada mês. Caso não seja possível quantificar a carga viral e CD4/CD8, ministrar para toda gestante portadora do HIV a zidovudina (AZT) oral, a partir da 14ª semana de gestação. Durante o parto pela via vaginal, a gestante deve receber AZT injetável. Em caso de cesárea eletiva, iniciar AZT intravenoso três horas antes da intervenção cirúrgica. O recém- nascido deverá também ser tratado com AZT durante 6 semanas e receber fórmula láctea como substituto do leite materno. Sífilis A sífilis congênita é consequência da disseminação do Treponema pallidum pela corrente sanguí- nea, transmitido pela gestante ao seu bebê. A infecção pode ocorrer em qualquer fase da gravidez, e o risco de transmissão é maior em mulheres com sífilis primária ou secundária. As consequências da sífilis materna sem tratamento incluem abortamento, natimortalidade, prematuridade, recém-nascido com sinais de sífilis congênita ou, mais frequentemente, bebê apa- rentemente saudável, que desenvolve sinais clínicos posteriormente. O teste VDRL deve ser realizado para todas as gestantes na primeira consulta de pré-natal, idealmente, no primeiro trimestre da gravidez e repetido no ínicio do terceiro trimestre. Todos os casos diagnosticados em gestantes devem ser tratados imediatamente assim como seus parceiros. O tratamento das gestantes e puérperas deve ser feito conforme o estágio da doença, utilizando a penicilina G benzatina e a eritromicina, em casos de alergias à penicilina, lembrando que a eritro- micina não previne a transmissão vertical da sífilis. Se o parto já tiver ocorrido e a mãe não estiver amamentando por outras causas, pode ser utili- zada, como tratamento alternativo, a doxiclina ou tetraciclina, que são contraindicadas em gestantes e nutrizes. No pós-parto, as puérperas devem ser orientadas quanto à necessidade de seguimento, realizando teste sorológico quantitativo a cada três meses durante o primeiro ano e, se ainda houver reatividade em titulações decrescentes, deve-se manter o acompanhamento de seis em seis meses. A elevação de duas diluições acima do último título do VDRL justifica novo tratamento, mesmo na ausência de sintomas. É importante investigar se o parceiro foi tratado. Todo caso suspeito de sífilis congênita, incluindo os óbitos neonatais, natimortos ou abortos por sífilis, deve ser notificado, por meio de formulário próprio do SINAN. Vacinação Antitetânica A imunização é realizada para a prevenção do tétano no recém-nascido e para a proteção da gestante, com a vacina dupla tipo adulto (DT) ou, na falta desta, com toxoide tetânico (TT). Gestante não vacinada - o esquema básico consta de 3 doses: • 1ª dose: até 4º mês (precoce) e as seguintes com intervalo de até 60 dias entre elas; MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 65 20/04/2010 19:15:30 66 Guia do Cuidado Farmacêutico - Rede Farmácia de Minas • 2ª dose: até o 6º mês; • 3ª dose: até o 8º mês; • a última dose deve ser aplicada até 20 dias antes da data do parto. Na gestante vacinada realiza-se o esquema básico: na gestante que já recebeu uma ou duas doses da vacina contra tétano (DPT, DT ou TT) devem ser aplicadas mais 1 ou 2 doses de vacinas DT ou TT para completar o esquema de 3 doses. Reforços ocorrem de 10 em 10 anos. Antecipar a dose de reforço se ocorrer nova gestação pelo menos cinco anos depois da última dose. Os efeitos adversos mais comuns são dor, calor, vermelhi- dão, endurecimento local e febre e a contraindicação é reação anafilática, muito rara seguindo-se à aplicação da dose anterior. Avaliação de risco Os fatores de risco são as características ou as circunstâncias que levam a uma probabilidade maior de a mulher e o recém-nascido desenvolverem alguma complicação e, como consequência, evoluírem para óbito, necessitando, portanto, de ações de maior complexidade. • Fatores de risco gestacional que permitem a realização do pré-natal pela Equipe de Saúde da Família - compreendem situações anteriores ou decorrentes da gestação atual que exigem uma atenção especial no decorrer do pré-natal: – idade menor de 17 e maior de 35 anos; • ocupação: esforço físico, carga horária, rotatividade de horário, exposição a agentes físicos, químicos e biológicos nocivos, estresse; • situação conjugal insegura; • baixa escolaridade; • condições ambientais desfavoráveis; • altura menor que 1,45 m; • peso menor que 45 kg ou maior que 75 kg; • recém-nascido com crescimento retardado, pré-termo ou malformado, em gestação anterior; • intervalo interpartal menor que 2 anos; • nuliparidade e multiparidade; • síndrome hemorrágica ou hipertensiva, em gestação anterior; • cirurgia uterina anterior; • ganho ponderal inadequado. – Fatores de risco gestacional que indicam a realização do pré- natal em serviços de referência: – dependência de drogas lícitas e ilícitas; • morte perinatal anterior; • abortamento habitual; • esterilidade / infertilidade; • desvio quanto ao crescimento uterino, número de fetos e volume de líquido amniótico; • trabalho de parto prematuro e gravidez prolongada; • pré-eclâmpsia e eclâmpsia; • diabetes gestacional; • amniorrexe prematura; • hemorragias da gestação; • isoimunização; • óbito fetal; MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 66 20/04/2010 19:15:30 69 Dentro da avaliação do paciente idoso com incontinência urinária, deve-se inicialmente ater-se à história clínica e doenças concomitantes (comorbidade). Assim, deve-se pesquisar objetivamente a presença de diabetes, hipertensão arterial e fármacos utilizados no controle dessas condições, em especial o uso de diuréticos. Deve-se interrogar o paciente e seus familiares quanto ao hábito intes- tinal, mobilidade e status mental. Também, antecedentes de doenças neurológicas, como acidente vascular cerebral e cirurgias prévias sobre o trato urinário inferior, devem ser investigadas. A hidratação do paciente deve ser adequada à sua necessidade. Em geral um adulto necessita urinar cerca de 1500 mL ao dia sem uso de diuréticos e com urina não concentrada. A simples adequa- ção desse volume urinário resulta, algumas vezes, na remissão da incontinência em muitos pacientes. O tratamento medicamentoso do paciente deve ser avaliado, em especial o uso de diuréticos para tratamento de hipertensão arterial. Muitas vezes, a simples substituição de um diurético de alça por outro de ação mais longa ou ainda por outro fármaco resulta na redução do volume urinário num curto espaço de tempo e, consequentemente, dos episódios de incontinência. O controle da glicemia em diabéticos também atua reduzindo o volume urinário. A normalização do hábito intestinal alivia uma eventual compressão da bexiga pelo fecaloma, levando a uma redução da pressão intravesical e diminuindo a possibilidade de perdas. O tratamento de condições como artrose que resulta em melhora da mobilidade também faz parte do tratamento da incontinência nesse grupo etário. Da mesma forma, em pacientes nos quais a mobilidade é restrita, medidas de assistência ao toalete podem facilitar a micção e, consequente- mente, reduzir os episódios de perdas. O tratamento comportamental baseia-se na adoção de determinadas mudanças no comporta- mento diário como forma de se evitar os episódios de urgência e urgeincontinência. Há também o tratamento fisioterápico e outras especificidades de tratamento para cada tipo de incontinência que podem ser consultados na Linha Guia de Atenção à Saúde do Idoso. Tratamento medicamentoso visa controlar os sintomas de bexiga hiperativa sem interferir no mecanismo da micção. Seu modo de atuação baseia-se nos diferentes mecanismos etiopatogênicos que levam à hiperatividade detrusora. Pode-se classificar os fármacos em: 1) fármacos de ação no sistema nervoso central; 2) fármacos de ação periférica: com atuação nas fibras aferentes e de ação a nível motor, que reduzem a excitabilidade do detrusor. Atualmente os fármacos mais utilizados são aqueles que atuam nas fibras eferentes e músculo detrusor ou principalmente nos receptores vesicais (anticolinérgicos ou antimuscarínicas). Embora também possuam um efeito central, os antidepressivos tricíclicos (imipramina) também pertencem a este grupo e apresentam boa eficácia. Os fármacos de maior eficácia e segurança no tratamento da bexiga hiperativa até o momento têm sido os anticolinérgicos: propantelina e a oxibutinina. A propantelina tem eficácia inferior e efeitos colaterais mais significativos que a oxibutinina, razão pela qual raramente é indicada. A oxibutinina representou durante muitos anos o fármaco-padrão no tratamento dos sintomas de hiperatividade detrusora. Contudo, apresenta efeitos adversos tais como constipação intestinal, tonturas e principalmente boca seca, que levam muitos pacientes a abandonar o tratamento. Novas formas de oxibutinina utilizando cápsulas de liberação prolongada parecem diminuir tais efeitos. Entretanto, faz-se necessário um maior número de estudos para se comprovar tal proposta. Mais recentemente, foi introduzida no mercado a tolterodina, um antimuscarínico associado a menor taxa de abandono de tratamento. MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 69 20/04/2010 19:15:30 70 Guia do Cuidado Farmacêutico - Rede Farmácia de Minas Incontinência fecal Continência anal é a capacidade em retardar a eliminação de gases ou de fezes até o momento em que for conveniente fazê-lo. Resulta da interrelação complexa entre volume e consistência do conteúdo retal, capacidade de distensão (complacência retal), sensibilidade retal e a integridade da musculatura esfinctérica anal, bem como sua inervação. A incontinência anal é a incapacidade, em graus variados, de reter a matéria fecal e de evacuá-la de forma voluntária. Trata-se de condição incapacitante, constrangedora e com repercussão socioe- conômica significativa. Por vezes, o paciente ou seus familiares, por déficit de cognição ou de atenção, pode interpretar os episódios de incontinência como sendo diarreia. A perda de controle sobre a eliminação de fezes sólidas é denominada de incontinência anal total, enquanto a perda de controle restrito à eliminação de gases ou fezes líquidas é chamada de incontinência anal parcial. Feito o diagnóstico da causa principal da incontinência fecal, várias opções terapêuticas estão disponíveis, a saber: o tratamento clínico, o tratamento não cirúrgico por biofeedback (espécie de fisioterapia anal que objetiva aumentar a sensibilidade do reto ao conteúdo fecal e melhorar a força de contração dos esfíncteres anais) e o tratamento cirúrgico propriamente dito. Na medida em que o tratamento cirúrgico da incontinência fecal está reservado aos pacientes com evidente rotura esfinctérica e incontinência fecal grave, significativa parcela dos pacientes com incontinência fecal experimenta melhora sintomática com modificação dietética, agentes constipantes e exercícios pélvicos. O tratamento clínico não traz a cura da incontinência fecal, mas leva ao alívio sintomático. Em adição à orientação dietética (evitar refeições volumosas, ricas em gordura ou excessiva- mente ricas em fibras), o tratamento farmacológico deve incluir o uso de antiperistálticos como a loperamida. Deve-se sempre afastar a ocorrência de impactação fecal e diarreia paradoxal como causa de in- continência fecal. Nesses casos, a eliminação do conteúdo fecal impactado por enemas evacuatórios e a correção do hábito intestinal pela adoção de dieta rica em fibras deve prevenir a ocorrência de novos episódios. A realização de exercícios de contração voluntária da musculatura anal em uma ou mais sessões objetiva a hipertrofia do esfíncter externo do ânus e da musculatura do assoalho pélvico. Esses exer- cícios devem ser encorajados, pois a melhora dos episódios de perda fecal é frequentemente verifi- cada. O emprego de enemas evacuatórios ou lavagens intestinais é paliativo e pode ser orientado a pacientes que possam utilizá-los em situações em que o risco de perda fecal está aumentado, como em viagens ou eventos sociais. Insuficiência cerebral – incapacidade cognitiva A manifestação da incapacidade cognitiva no idoso pode ocorrer como quadros de delirium, depressão ou demência. Delirium: Estado clínico caracterizado por distúrbios da cognição, humor, consciência, atenção, memória (imediata, registro e retenção), de início agudo ou em sobreposição a distúrbios crônicos da cognição. São desencadeados por infecções, distúrbios metabólicos ou lesões estruturais do sistema nervoso central. Depressão: Manifesta-se por humor rebaixado, perda de interesse ou prazer com alterações do MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 70 20/04/2010 19:15:30 71 funcionamento biológico com repercussões importantes sobre a qualidade de vida do indivíduo du- rante longo espaço de tempo, quando não tratado corretamente. No idoso, pode se manifestar como déficits de memória em graus variados, somatizações, ansiedade, alcoolismo ou síndromes álgicas. Demência: É definida como uma condição em que as funções encefálicas, particularmente o de- sempenho intelectual, estão comprometidas a ponto de prejudicar a autonomia e a independência funcional, pressupondo-se a existência de causas. A demência é caracterizada pela deterioração das funções mentais sem perda da consciência. Tem caráter progressivo, interfere no desempenho das atividades de vida diária e em algumas circuns- tâncias pode ser reversível. É caracterizada por um transtorno persistente da memória e de duas ou mais funções mentais tais como: a linguagem, a praxia, a gnosia, a abstração, o juízo e conceituação, podendo ser acompanhadas de alterações da personalidade e emocionais. A praxia é a capacidade de idealizar, formular e executar atos voluntários mais complexos. A gnosia é a capacidade de reconhecer e interpretar o que é percebido pelos sentidos, por exemplo, reconhecer e interpretar objetos, estando o sistema sensorial intacto. A memória é a capacidade de reter e posteriormente fazer uso de uma determinada experiên- cia. A maioria dos idosos se queixa de esquecimentos habituais, que nem sempre têm significado patológico, e em outras circunstâncias o distúrbio cognitivo apresenta-se através de alterações do comportamento e diminuição da capacidade funcional em decorrência dos distúrbios da memória. As demências são mais comuns após os 70 anos e sua prevalência aumenta com a idade acome- tendo até 1/3 dos maiores de 80 anos. As alterações do estado mental no idoso muitas vezes não são prontamente reconhecidas principalmente quando se trata de alterações do estado mental como a depressão e os distúrbios da memória. Testes de avaliação de atividades de vida diária, comportamento, cognição e comunicação podem ser consultados na Linha Guia de Atenção à Saúde do Idoso. Iatrogenia É a alteração maléfica como causa direta ou indireta de intervenção. O conceito está restrito não só à prescrição de medicamentos ou à realização de procedimentos, mas também a omissões na abordagem de problemas, que podem ser suprimidos ou minimizados com o uso de medicamentos ou intervenções. Iatrogenia medicamentosa Além das doenças infectocontagiosas que incidem com frequência nos idosos, existem as crônico- degenerativas, que levam à polifarmácia e ao consequente aumento do risco de iatrogenia. Alterações fisiológicas normais que ocorrem com o envelhecimento, como o aumento da gordura corporal, redução do volume intracelular, modificações no metabolismo basal, fluxo sanguíneo hepá- tico e taxa de filtração glomerular podem ocasionar modificações na farmacocinética dos fármacos. Outros fatores que propiciam a iatrogenia é o uso de medicamentos para tratar eventos adversos e uso de fármacos com eficácia e/ou segurança duvidosos. Nos idosos, deve-se considerar ainda a presença de limitações físicas e cognitivas que o impedem de utilizar os medicamentos corretamente, principalmente frente a um regime terapêutico complexo. Reação adversa a medicamentos - RAM A polifarmácia é o principal fator de risco para RAM. Observa-se que um grande contingente de MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 71 20/04/2010 19:15:30 74 Guia do Cuidado Farmacêutico - Rede Farmácia de Minas SINAIS E SINTOMAS MEDICAMENTOS Má absorção de ácido fólico Metotrexato Difenilhidantoína Primidona Carbamazepina Fenobarbital Isoniazida Trimetropin Sulfasalasina Triantereno Álcool Metformina Colestiramina Má absorção de vitaminas lipossolúveis Óleo mineral Fonte: Linha Guia Atenção à Saúde do Idoso, SES/MG, 2006. Imobilidade A imobilidade é um complexo de sinais e sintomas resultantes da limitação de movimentos e da capacidade funcional que geram empecilho à mudança postural e à translocação corporal. É a inca- pacidade de se deslocar sem auxílio para a realização das atividades de vida diária. Pode ser parcial, quando o paciente está restrito a uma poltrona, ou total, quando está imobilizado no leito. A imobilidade desencadeia uma sucessão de eventos patológicos, o que é comumente chamado de efeito dominó, no qual um evento inicial, por exemplo, uma fratura de fêmur, desencadeia uma série de complicações. Uma imobilização inicialmente temporária pode provocar atrofia e encurta- mento muscular, aumento da reabsorção óssea, rigidez articular, úlceras de pressão, incontinência, dificuldade ventilatória propiciando o aparecimento de infecções, constipação intestinal, fenômenos tromboembólicos e estados confusionais. É necessário que o tratamento não seja direcionado para cada complicação isoladamente, e o idoso seja abordado como um todo. É uma síndrome frequente e de pouco domínio de outras especialidades devido a dificuldades no nosso sistema de saúde para atendimento multidisciplinar e atendimentos domiciliares. As úlceras de pressão são complicações da imobilidade e caracterizam-se por área de lesão de pele, tecidos subjacentes ou ambos, decorrente de pressão extrínseca aplicada sobre a superfície corpórea. A lesão persiste após remoção da pressão sobre o local. Maior ocorrência em locais de pro- eminências ósseas e de redução do tecido adiposo, mas podem acometer qualquer área. Detalhes sobre tratamento de úlceras de pressão estão disponíveis na Linha Guia de Atenção à Saúde do Idoso. Distúrbios da Pressão Arterial no Idoso O objetivo do tratamento da hipertensão arterial no idoso é manter a pressão arterial em níveis menores que 140/90 mmHg e, em portadores de diabetes mellitus ou insuficiência renal, menores que 130/80 mmHg, para que se possam diminuir as complicações cardiovasculares. Em idosos pode ocorrer ainda a hipertensão sistólica isolada (mais comum) e a hipertensão diastólica isolada (menos comum de ocorrer nesta faixa etária). A abordagem dos distúrbios pressó- MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 74 20/04/2010 19:15:30 75 ricos deve ser agressiva nos níveis pressóricos entre 140 a 159 mmHg (PAS), que indica hipertensão sistólica isolada. A hipotensão ortostática no idoso é uma disfunção autonômica pura, sem alterações neurológicas associadas e frequentemente leva o paciente a procurar por atendimento médico. Não existe ainda um consenso quanto à definição de hipotensão ortostática no idoso, mas admite-se que queda dos níveis pressóricos igual ou superior a 20 mmHg, entre a tomada da pressão assentado e em ortosta- tismo, pode significar uma hipotensão ortostática. A medida da pressão arterial em ortostatismo deve ser feita após, no mínimo, 30 minutos de repouso em decúbito dorsal e prosseguir até pelo menos 4 minutos quando necessário. Os sinto- mas são mais frequentes pela manhã, após exercícios físicos, refeições excessivas ou banho quente e apresentam-se como tonteira, distúrbios visuais, quedas, síncopes e déficits neurológicos focais. Nos pacientes frágeis, com alterações cognitivas avançadas e/ou síndrome e imobilização deve-se optar sempre pelo uso de anti-hipertensivos de ação prolongada em dose única e manter os níveis da pressão mais flexíveis tendendo a uma leve hipertensão (preferencialmente o menor valor que não cause hipotensão ortostática), cujo objetivo é evitar complicações agudas. Essa orientação deve ficar muito clara para o cuidador e/ou responsável. Peculiaridades em diabetes no idoso Há uma tendência de aumento da incidência do diabetes mellitus em idosos. Modificações do estilo de vida são difíceis na terceira idade, mas devem-se estimular cuidados gerais de saúde, como suspensão do fumo, aumento da atividade física (com acompanhamento médico) e reorganização dos hábitos alimentares. Dietas restritivas, além de nutricionalmente inadequadas, são de difícil adesão entre idosos. Deve-se insistir nas vantagens do fracionamento dos alimentos. Não é recomendável o uso habitual de bebidas alcoólicas. Deve-se atentar para possíveis deficiências nutricionais associadas (vitamina B12, ácido fólico, etc.). Em pacientes frágeis, o objetivo terapêutico é manter a glicemia pós-prandial preferencialmente entre 150 e 200 mg/dL e evitar complicações agudas como hipoglicemias e/ou hiperglicemias graves. O cuidador e/ou responsável deve ser esclarecido quanto às possíveis complicações. Atendimento ao paciente frágil: tratamento da dor A dor é definida como uma experiência emocional e sensorial desagradável, com danos reais ou potenciais ao tecido. Apesar de sua universalidade, a dor não é uma entidade única, sendo composta por uma variedade de sofrimentos humanos. Constitui uma das mais frequentes razões de incapacidade e sofrimento para pacientes com cân- cer em progressão. Em algum momento da evolução da doença, 80% dos pacientes experimentarão dor. Pode ser manifestada de diferentes formas: dor e sofrimento (dor total), dor física, dor mental, social e espiritual. A dor aguda tem um momento definido de início, sinais físicos objetivos e subjetivos e atividade exagerada do sistema nervoso. A dor crônica mantém-se além de um período de seis meses, provo- cando adaptação do sistema nervoso. É importante explorar a “dor total” do paciente, determinando o conhecimento sobre sua situação, seus medos e suas crenças. Para o indivíduo, a dosagem e a escolha do analgésico devem ser definidas de acordo com a característica da dor do paciente, sem provocar efeitos colaterais intoleráveis. Utilizam-se também MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 75 20/04/2010 19:15:30 76 Guia do Cuidado Farmacêutico - Rede Farmácia de Minas adjuvantes para aumentar a analgesia (corticosteroides, anticonvulsivantes), controlar efeitos adver- sos dos opiáceos (antieméticos, laxativos), controlar sintomas que estão contribuindo para a dor do paciente (ansiedade, depressão, insônia). Oferecer ao paciente e cuidadores instruções precisas tanto escritas quanto orientadas verbal- mente, sobre o nome dos medicamentos, sua indicação, dosagem, intervalo entre as doses e possíveis RAM é essencial. Explorar a “dor total” do paciente, determinando o conhecimento sobre sua situação, seus medos e crenças. A via oral é a via de escolha para a administração de medicamentos analgésicos (e outros) sempre que possível. Poupa o paciente do incômodo de injeções, proporcionando maior controle sobre sua situação e autonomia para o autocuidado. A frequência das doses pode ser em horários fixos: o analgésico deve ser administrado a intervalos fixos de tempo. A escala de horário fixo assegura que a dose seguinte seja fornecida antes que o efeito da anterior tenha passado levando a efeito de alívio da dor mais consistente. Quando a dor retorna antes da próxima dose, o paciente experimenta sofrimento desnecessário e pode ocorrer tolerância, necessitando de doses maiores do analgésico. Para a escolha dos analgésicos pode ser utilizada a escada analgésica. É uma escada de três de- graus para guiar o uso sequencial de fármacos no tratamento da dor (Quadro 9). Quadro 10 - Indicações de analgésicos para os diferentes tipos de dor em idosos DOR LEVE A MODERADA Não opiáceo + adjuvante DOR MODERADA Não opiáceo + opiáceo forte + adjuvante DOR INTENSA Opiáceo forte + adjuvante Fonte: Linha Guia Atenção à Saúde do Idoso, SES/MG, 2006. Pontos importantes para realizar o acompanhamento farmacoterapêutico de idosos: • Conheça os efeitos do envelhecimento antes de dizer que se trata de uma doença. • Estabeleça as prioridades do tratamento. Conheça o incômodo que a doença representa para o idoso. • Uma reação adversa não deve ser tratada com outro medicamento. • O medicamento é realmente necessário? Já foram tentadas medidas não farmacológicas? Certifique-se de que é realmente indispensável ou pode ser substituído por tratamento tópico ou medidas para reabilitação física. • O tratamento deve iniciar-se com as doses mais baixas possíveis. Habitualmente, os idosos respondem muito bem a doses consideradas subterapêuticas para o adulto. A dose deve ser aumentada gradativamente, de acordo com a resposta e a sensibilidade do paciente. • Estabeleça os objetivos do tratamento e o tempo. Analise periodicamente o regime terapêutico, revendo a necessidade de modificá-lo. • Estabeleça contato com outros profissionais que estejam cuidando do idoso. • Acompanhe sempre o tratamento e peça aos familiares que o informe acerca do aparecimento de sintomas. • Peça ao idoso que traga os medicamentos que está usando – os prescritos e os não-prescritos. • Pergunte sempre por medicamentos para dormir. Medicamentos usados por muito tempo nem sempre são lembrados. MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 76 20/04/2010 19:15:30 79 Cirurgias SIM ( ) NÃO ( ) Listar e datar: Internações SIM ( ) NÃO ( ) Listar e datar: Distúrbios alimentares (obesidade, bulimia, anorexia) SIM ( ) NÃO ( ) Listar e datar: CAMPO 4 – USO ANTERIOR DE MEDICAMENTOS MEDICAMENTO INDICAÇÃO RESPOSTA DURAÇÃO DO TRATAMENTO CAMPO 5 – RAM E ALERTAS História de alergia a medicamentos e outros: Reações adversas a medicamentos no passado: Outros alertas/necessidades especiais (visão/audição/mobilidade/deficiência física ou mental): Fatores de risco ou sinais de alerta para violência doméstica: CRIANÇA CAMPO 6 – HISTORIA CLÍNICA Sono, vida escolar, história de violência doméstica. TRIAGEM NEONATAL Hipotiroidismo Fenilcetonúria Fibrose Cística Anemia Falciforme MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 79 20/04/2010 19:15:31 80 Guia do Cuidado Farmacêutico - Rede Farmácia de Minas No caso de lactente (criança amamentando), a mãe utiliza algum medicamento, suplemento alimentar, fitoterápicos e plantas medicinais? Sim ( ) Não ( ) Qual? Apresenta doenças parasitárias? Sim ( ) Não ( ) Listar Está tratando? Sim ( ) Não ( ) Apresenta desnutrição? Sim ( ) Não ( ) Está tratando? Sim ( ) Não ( ) Apresenta diarreia? Sim ( ) Não ( ) Está tratando? Sim ( ) Não ( ) Apresenta tosse ou doença respiratória? Sim ( ) Não ( ) Está tratando? Sim ( ) Não ( ) Apresenta doenças de transmissão vertical? Sim ( ) Não ( ) Está tratando? Sim ( ) Não ( ) Apresenta anemia ferropriva? Sim ( ) Não ( ) Está tratando? Sim ( ) Não ( ) CAMPO 7 – ATIVIDADES COTIDIANAS Atividade física TIPO PERIODICIDADE DURAÇÃO CAMPO 8 – CLASSIFICAÇÃO DE RISCO Grupo I ( ) Grupo II ( ) Citar os fatores que embasam a classificação de risco: MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 80 20/04/2010 19:15:31 81 ADOLESCENTE CAMPO 9 – DESENVOLVIMENTO PUBERAL E DA SEXUALIDADE Comportamento e relações: Atividade sexual: idade de início, frequência, conhecimento e uso de métodos anticoncepcionais (tipo, utilização), dificuldades. Gravidez ou aborto anterior: idade, motivo, acompanhamento. CAMPO 10 – ATIVIDADES COTIDIANAS Atividades de grupo, atividades físicas e de lazer, religião: TIPO PERIODICIDADE DURAÇÃO Uso de álcool: Sim ( ) Não ( ) IDADE DE INÍCIO QUANTIDADE FREQUÊNCIA Tabagismo: Sim ( ) Não ( ) IDADE DE INÍCIO QUANTIDADE FREQUÊNCIA Uso de substâncias lícitas ou ilícitas: Sim ( ) Não ( ) Qual: IDADE DE INÍCIO QUANTIDADE FREQUÊNCIA TRATAMENTO CAMPO 11 – CLASSIFICAÇÃO DE RISCO Adolescente de alto risco? ( ) Sim ( ) Não Citar os fatores que embasam a classificação de risco: MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 81 20/04/2010 19:15:31 84 Guia do Cuidado Farmacêutico - Rede Farmácia de Minas IDOSO CAMPO 17 – HÁBITOS DE VIDA Atividade de lazer: Atividade física: Orientada pelo médico? Sim ( ) Não ( ) Tabagismo: Sim ( ) Não ( ) IDADE DE INÍCIO QUANTIDADE FREQUÊNCIA Uso de álcool: Sim ( ) Não ( ) IDADE DE INÍCIO QUANTIDADE FREQUÊNCIA Triagem de CAGE: Positivo ( ) Negativo ( ) Uso de substâncias lícitas ou ilícitas: Sim ( ) Não ( ) Qual: IDADE DE INÍCIO QUANTIDADE FREQUÊNCIA Sono: CAMPO 18 – HISTÓRIA CLÍNICA Nutrição. Verificar apetite e influência dos medicamentos no paladar, apetite e biodisponibilidade de nutrientes. Apresenta incontinência urinária? Sim ( ) Não ( ) Se possui diabetes, ela está controlada: Sim ( ) Não ( ) Utiliza diuréticos: Sim ( ) Não ( ) Apresenta incontinência fecal? Sim ( ) Não ( ) Habilidade postural. Apresenta tontura? Sim ( ) Não ( ) Apresenta instabilidade? Sim ( ) Não ( ) Verificar influência dos medicamentos na estabilidade postural e risco de quedas. Incapacidade cognitiva. Apresenta diminuição de memória? Sim ( ) Não ( ) Apresenta alteração de humor? Sim ( ) Não ( ) Apresenta outra alteração da cognição? Sim ( ) Não ( ) Descrever. Verificar influência dos medicamentos na capacidade cognitiva. CAMPO 19 –CLASSIFICAÇÃO DE RISCO (INFORMADO PELO MÉDICO) IDOSO FRÁGIL/DE ALTO RISCO ( ) Não ( ) Sim. Descrever condições relevantes. MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 84 20/04/2010 19:15:31 85 Instruções para o preenchimento do formulário de PRIMEIRA CONSULTA *Campos de preenchimento obrigatório no primeiro atendimento, conforme descrito no Fluxograma 1. Data do atendimento: data da primeira abordagem. Data da primeira consulta: a data da primeira consulta pode ou não ser a mesma da data do atendimento. Número do prontuário: será estabelecido de acordo com a unidade de atendimento. Esteja atento para evitar duplicidade de registro. Campo 1 - Identificação Dados de identificação pessoal do paciente. Campo 2 – Condição atual Queixa principal: descrever o incômodo/enfermidade/indisposição persistente no momento. Problemas de saúde: relatar a história clínica do paciente relacionada ou não à queixa principal. HAS, Diabetes mellitus, tuberculose e hanseníase: indicar se o paciente apresenta uma ou mais dessas condições. Campo 3 - História clínica Doenças anteriores: caso o paciente tenha tido alguma doença anterior, assinalar a opção, listar as doenças previamente adquiridas e datar o início e o fim (se for o caso). Cirurgias: caso o paciente tenha feito alguma cirurgia, marcar a opção, listar as cirurgias a que já foi submetido e datar. Internações: caso o paciente tenha se internado, marcar a opção, listar os motivos das interna- ções e datar. Distúrbios alimentares: indicar se o paciente apresenta ou já apresentou obesidade, bulimia, anorexia ou outro distúrbio. Campo 4 - Uso anterior de medicamentos Medicamento: nome completo do medicamento pela Denominação Comum Brasileira (DCB), ou na sua ausência, pela Denominação Comum Internacional (DCI) do medicamento que o paciente utilizava. Indicação: doença/condição para qual o medicamento anterior se destinava. Resposta: efetividade/segurança de tratamentos anteriores relatados pelo paciente. Duração do tratamento: duração do tratamento medicamentoso. Campo 5 - RAM e Alertas História de alergia a medicamentos e outros: relatar as histórias de alergias a medicamentos, bem como qualquer outra alergia. Reações adversas a medicamentos no passado: relatar as reações adversas a medicamentos apresentadas anteriormente pelo paciente. Outros alertas/necessidades especiais (visão/audição/mobilidade/deficiência física ou mental): relatar alguma situação apresentada pelo paciente que seja importante para sua avaliação, assim como suas necessidades especiais visuais, auditivas, de mobilidade e se o paciente apresenta alguma deficiência física ou mental. MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 85 20/04/2010 19:15:31 86 Guia do Cuidado Farmacêutico - Rede Farmácia de Minas Fatores de risco ou sinais de alerta para violência doméstica: relatar os fatores de risco ou sinais de alerta para violência doméstica segundo percepção pessoal do farmacêutico ou relato do paciente. CRIANÇA Campo 6 - História clínica Sono, vida escolar, história de violência doméstica: relatar informações gerais sobre o sono, a vida escolar e a história de violência doméstica segundo percepção pessoal do farmacêutico ou relato do paciente ou responsável. Triagem neonatal: relatar se durante a triagem neonatal foram detectadas as seguintes doenças: hipotireoidismo, fenilcetonúria, fibrose cística e anemia falciforme. No caso de lactente (criança amamentando): indicar se a mãe utiliza algum medicamento, suplemento alimentar, fitoterápicos e plantas medicinais. Verificar se há excreção do medicamento no leite materno e riscos potenciais para a criança. Apresenta doenças parasitárias? Indicar se apresenta doenças parasitárias. Caso esteja tra- tando, escrever o nome do medicamento, a posologia e a data de início e término do tratamento no formulário “Registro de uso atual de medicamentos”. Apresenta desnutrição? Indicar se apresenta desnutrição. Caso esteja tratando, escrever nome do medicamento, a posologia e a data de início e término do tratamento no formulário “Registro de uso atual de medicamentos”. Apresenta diarreia? Indicar se apresenta diarreia. Caso esteja tratando descrever nome do me- dicamento, posologia e data de início e término do tratamento no formulário “Registro de uso atual de medicamentos”. Apresenta tosse ou doença respiratória? Indicar se apresenta tosse ou doença respiratória. Caso esteja tratando descrever nome do medicamento, posologia e data de início e término do tratamento no Formulário “Registro de uso atual de medicamentos”. Apresenta doenças de transmissão vertical? Indicar se apresenta doenças de transmissão ver- tical. Caso esteja tratando, escrever nome do medicamento, a posologia e a data de início e término do tratamento no formulário “Registro de uso atual de medicamentos”. Apresenta anemia ferropriva? Indicar se apresenta anemia ferropriva. Caso esteja tratando, escrever nome do medicamento, a posologia e a data de início e término do tratamento no formulário “Registro de uso atual de medicamentos”. Campo 7 - Atividades cotidianas Atividade física: escrever as atividades realizadas segundo o tipo, a periodicidade e a duração. Campo 8 – Classificação de risco Indicar o grupo de risco da criança de acordo de acordo com os fatores de risco descritos na Linha Guia de Atenção à Saúde da Criança. Citar os fatores que embasam a classificação de risco. MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 86 20/04/2010 19:15:31 89 Atividades produtivas domésticas: relatar se a paciente realiza atividades produtivas domésticas. Atividades físicas e de lazer: relatar o tipo, a periodicidade e a duração das atividades físicas e de lazer realizadas pelo paciente. Campo 16 - Classificação de risco Indicar se a gestação é de alto risco. Em caso positivo, é importante mostrar se o pré-natal deve ser realizado pela equipe do PSF ou em serviço de referência. Citar os fatores que embasam a classi- ficação de risco. IDOSOS Campo 17 - Hábitos de vida Atividade de lazer: descrever as atividades de lazer realizadas pelo idoso. Atividade física: descrever as atividades físicas realizadas pelo idoso e relatar se são orientadas ou não pelo médico. Tabagismo: relatar se o paciente faz uso de cigarro ou similares, a idade de início, a quantidade utilizada e a frequência de uso. Uso de álcool: relatar se o paciente utiliza ou não álcool, a idade de início, a quantidade utilizada e a frequência de uso. Triagem de CAGE: aplicar o questionário de CAGE e avaliar se o paciente apresenta tendência ao alcoolismo. Uso de substâncias lícitas ou ilícitas: relatar se o paciente utiliza ou não substâncias lícitas ou ilícitas, a droga utilizada, a idade de início, a quantidade utilizada, a frequência de uso e se já fez tratamento. Sono: descrever os hábitos de sono do paciente. Campo 18 – História clínica Nutrição: verificar o apetite e relatar se os medicamentos em uso interferem no paladar, no apetite e na biodisponibilidade de nutrientes. Apresenta incontinência urinária? Indicar se apresenta incontinência urinária. Se tem diabetes, indicar se está controlada. Indicar se utiliza diuréticos. Apresenta incontinência fecal? Indicar se apresenta incontinência fecal. Habilidade postural. Indicar se apresenta tontura e instabilidade. Relatar medicamentos em uso que interferem na estabilidade postural e aumentam risco de quedas. Incapacidade cognitiva. Indicar se apresenta diminuição de memória, alteração de humor e outra alteração da cognição. Descrever as condições presentes. Relatar medicamentos em uso que interferem na capacidade cognitiva. Campo 19 - Classificação de risco Indicar se o idoso é frágil ou de alto risco. Em caso positivo, descrever as condições relevantes que o caracterizam como idoso frágil. MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 89 20/04/2010 19:15:31 90 Guia do Cuidado Farmacêutico - Rede Farmácia de Minas 5.2 Consulta subsequente CONSULTA SUBSEQUENTE Data do atendimento: Número do prontuário: CAMPO 1 – CONDIÇÃO ATUAL Queixa principal: História clínica: CAMPO 2 – MODIFICAÇÕES NOS HÁBITOS DE VIDA Dieta: Exercício físico: Outros: CAMPO 3 – CLASSIFICAÇÃO DE RISCO (de acordo com o ciclo de vida) MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 90 20/04/2010 19:15:32 91 Instruções para o preenchimento do formulário de consulta subsequente Data do atendimento: escrever a data daquele atendimento. Número do prontuário: será estabelecido de acordo com a unidade de atendimento. Esteja atento para evitar duplicidade de registro. Campo 1 - Condição atual Queixa principal: descrever o incômodo/enfermidade/indisposição persistente no momento. História clínica: relatar a história clínica do paciente relacionada ou não à queixa principal relatada. Nas consultas subsequentes, o paciente pode ter outras queixas, e o farmacêutico deve registrá- las e avaliá-las. Campo 2 - Modificações nos hábitos de vida Dieta: relatar se ocorreram modificações na dieta do paciente. Exercício físico: relatar se ocorreram modificações na prática de exercícios físicos. Outros: relatar outras modificações nos hábitos de vida. Campo 3 - Classificação de risco Classificar o paciente quanto ao seu grau de risco avaliando suas modificações nos hábitos de vida e suas queixas atuais. A classificação deve basear-se nos ciclos de vida. MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 91 20/04/2010 19:15:32 94 Guia do Cuidado Farmacêutico - Rede Farmácia de Minas 5.4 Registro de uso atual de medicamentos RE G IS TR O D E U SO A TU A L D E M ED IC A M EN TO S* D at a: N úm er o do p ro nt uá rio : CR M d o pr es cr ito r M ed ic am en to In di ca çã o A pr es en ta çã o e po so lo gi a pr es cr ita U so c or re to ? (E m c as o ne ga tiv o es pe ci fiq ue ) D ur aç ão d o tr at am en to D at a de in íc io d o tr at am en to Si m ( ) N ão ( ) Si m ( ) N ão ( ) Si m ( ) N ão ( ) Si m ( ) N ão ( ) Si m ( ) N ão ( ) Si m ( ) N ão ( ) Si m ( ) N ão ( ) Si m ( ) N ão ( ) Si m ( ) N ão ( ) Si m ( ) N ão ( ) Si m ( ) N ão ( ) Si m ( ) N ão ( ) D at a de re to rn o ag en da da : MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 94 20/04/2010 19:15:32 95 Instruções para o preenchimento do formulário de registro de uso atual de medicamentos Data do atendimento: escrever a data daquele atendimento. Número do prontuário: será estabelecido de acordo com a unidade de atendimento. Esteja atento para evitar duplicidade de registro. CRM do prescritor: indicar número do CRM do prescritor Medicamento: nome completo do medicamento pela DCB ou, na sua ausência, pela DCI. Indicação: doença/condição, a qual o medicamento se destina, de acordo com o relato do pa- ciente ou exames diagnóstico apresentado. Apresentação e a posologia prescrita: forma farmacêutica do medicamento e, horário, via de administração e dose prescrita. Uso correto: indicar se o paciente utiliza corretamente o medicamento e em caso negativo, es- pecificar como é a forma de uso (antes/durante/após as refeições; ingestão com água/outras bebidas; observações específicas sobre outras formas farmacêuticas). Duração do tratamento: indicar a duração prescrita do tratamento com o medicamento. Data de início do tratamento: indicar a data de início do tratamento com o medicamento. Data de retorno agendada: data agendada com o paciente para a próxima consulta. Registrar medicamentos prescritos e não prescritos, fitoterápicos, homeopáticos, plantas medi- cinais, complementos alimentares e vitamínicos. MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 95 20/04/2010 19:15:32 96 Guia do Cuidado Farmacêutico - Rede Farmácia de Minas 5.5 Avaliação Farmacêutica AV A LI A ÇÃ O F A RM A CÊ U TI CA N úm er o do p ro nt uá rio :_ __ __ __ __ _ CR M d o pr es cr i- to r Co nd iç ão O bj et iv o te ra pê u- tic o D at a da av al ia çã o M ed ic am en to Re su lta do s (m ar ca r c om si m o u nã o) O bs er va çõ es N ec es sá rio ( ) Ef et iv o ( ) Se gu ro ( ) N ec es sá rio ( ) Ef et iv o ( ) Se gu ro ( ) N ec es sá rio ( ) Ef et iv o ( ) Se gu ro ( ) N ec es sá rio ( ) Ef et iv o ( ) Se gu ro ( ) N ec es sá rio ( ) Ef et iv o ( ) Se gu ro ( ) N ec es sá rio ( ) Ef et iv o ( ) Se gu ro ( ) N ec es sá rio ( ) Ef et iv o ( ) Se gu ro ( ) N ec es sá rio ( ) Ef et iv o ( ) Se gu ro ( ) MIOLO_Guia do farmaceutico_200410_Tales.indd 96 20/04/2010 19:15:32
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