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Guias e Dicas
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Imagenologia do Quadril, Manuais, Projetos, Pesquisas de Física

Artigo sobre algumas das prinicpais patologias que acometem a região pélvica e fêmur proximal.

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2010

Compartilhado em 25/05/2010

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4.3

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Baixe Imagenologia do Quadril e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Física, somente na Docsity! Radiol Bras 2001;34(6):347–367 347 Artigo de Revisão IMAGENOLOGIA DO QUADRIL* Romeu Côrtes Domingues1, Rômulo Côrtes Domingues2, Lara Alexandre Brandão3 Os autores apresentam os métodos de imagem no estudo do quadril, dando ênfase à ressonância magné- tica, mostrando a alta eficácia deste método no diagnóstico das principais patologias osteoarticulares e musculotendíneas. Unitermos: Ultra-sonografia. Tomografia computadorizada. Ressonância magnética. Quadril. Articulação coxofemoral. Bacia. Imaging findings of the hip. The authors review the imaging methods for the study of the hip, emphasazing the magnetic resonance imaging, and show the efficacy of this method in the diagnosis of the main osteoarticular and musculoten- dinous diseases. Key words: Ultrasound. Computed tomography. Magnetic resonance imaging. Hip. Hip joint. Pelvis. Resumo Abstract * Trabalho realizado nas Clínicas IRM – Ressonância Mag- nética e CDPI – Clínica de Diagnóstico por Imagem, Rio de Janeiro, RJ. 1. Médico Radiologista e Diretor das Clínicas IRM e CDPI. 2. Médico Radiologista da Clínica CDPI e Diretor da Clíni- ca Multi-Imagem e Ressonância. 3. Médica Radiologista das Clínicas IRM e CDPI. Endereço para correspondência: Dr. Romeu Côrtes Domin- gues. Rua Capitão Salomão, 44, Humaitá. Rio de Janeiro, RJ, 22271-040. E-mail: romeucd@openlink.com.br. Recebido para publicação em 18/6/2001. Aceito, após revisão, em 22/6/2001. INTRODUÇÃO Embora a radiografia simples ainda seja o método inicial para o estudo por ima- gem do sistema osteoarticular, recentemen- te a ultra-sonografia (US), a tomografia computadorizada (TC) e a ressonância magnética (RM) têm sido cada vez mais utilizadas para o estudo complementar das estruturas ósseas, articulações e partes moles adjacentes(1). A US é um método bastante rápido, re- lativamente de baixo custo, amplamente disponível na maioria dos centros e com grande aplicação no estudo das anomalias de partes moles, apresentando, porém, li- mitação para o estudo das patologias ós- seas, além de ser um método operador-de- pendente. A TC oferece excelente detalhamento da anatomia óssea e articular, possibilitan- do reconstruções em vários planos, apre- sentando, porém, desvantagens, tais como a alta carga de radiação ionizante e a baixa resolução para estudo das anomalias de partes moles. Hoje em dia, a RM vem sendo cada vez mais solicitada para o estudo das patolo- gias osteoarticulares(2), sendo capaz de de- monstrar anomalias ósseas como osteomie- lite e processos infiltrativos da medula ós- sea mais precocemente do que os demais métodos de imagem, mostrando-se, ainda, bastante superior à radiologia convencio- nal e à TC no estudo das anomalias de par- tes moles, graças à sua excelente resolu- ção de contraste. A ressonância tem, ain- da, as vantagens de não utilizar radiação ionizante e ser capaz de produzir imagens nos diversos planos de corte e imagens tri- dimensionais da área estudada. Caso necessário, o contraste utilizado é paramagnético (gadolínio), o qual apre- senta incidência de reações alérgicas mui- to menor do que o contraste iodado, além de poder ser utilizado em pacientes com insuficiência renal(2,3). O ultra-som do sistema musculoesque- lético tem crescido muito por ser um mé- todo barato, obter imagens em tempo real, ser dinâmico, não precisar de sedação nos casos pediátricos e ser portátil. Geralmente os aparelhos são de alta re- solução, com transdutores lineares de alta freqüência, de 7,5 MHz, e, preferencial- mente, de 10 MHz. O ultra-sonografista tem que conhecer bem o aparelho, entender os princípios fí- sicos do ultra-som e saber bem a anatomia e a clínica. As principais indicações do ultra-som da articulação coxofemoral são: – Displasia articular nos recém-natos. Neste caso, se for diagnosticada e tratada precocemente, o prognóstico é excelente. O ultra-som mostra facilmente a cabeça femoral não ossificada, as margens ósseas do acetábulo e labro acetabular, podendo assim calcular o índice de cobertura da cabeça femoral, bem como realizar mano- bras dinâmicas (Figura 1). – É também um método excelente no diagnóstico da fricção do iliopsoas no tu- bérculo iliopectíneo, bem como da fáscia lata no grande trocanter. – Para identificar derrame articular, bem como espessamento da sinóvia nos casos de sinovite (Figura 2). – No diagnóstico e, principalmente, acompanhamento das lesões musculoten- díneas (Figura 3). O estudo ultra-sonográfico da articula- ção do quadril é realizado de forma dinâ- mica, obtendo-se imagens nos mais varia- dos planos de corte. O estudo tomográfico, graças à técnica moderna de TC helicoidal do tipo “multi- slice”, permite a obtenção de cortes no pla- no axial, com reconstruções nos planos co- ronal, sagital e oblíquos, oferecendo exce- lente detalhe anatômico osteoarticular. O exame de RM da articulação do qua- dril consiste, em nossa instituição, de se- qüências comparativas nos planos coronal e axial, nas imagens em T1 e T2 com su- pressão de gordura (STIR), e seqüências em T2 com supressão de gordura com es- pecial interesse para a articulação sintomá- tica, nos planos coronal e/ou sagital. A seqüência em T1 é particularmente útil para o estudo das patologias ósseas, facilmente demonstradas nesta seqüência, já que a medula óssea normal apresenta sinal hiperintenso devido à presença de Imagenologia do quadril 348 Radiol Bras 2001;34(6):347–367 1 – Ilíaco 2 – Cabeça femoral 3 – Acetábulo 4 – Cartilagem tri-radiada gordura. As seqüências em densidade pro- tônica e pesada em T2 com supressão de gordura e a seqüência STIR são excelen- tes para a detecção de edema na medular óssea, demonstração de anomalias articu- lares como sinovite e derrame articular, e estudo das anomalias musculotendíneas, do labro e do tecido celular subcutâneo(2,3). O objetivo deste artigo é discutir e ilus- trar a aplicação da radiologia convencio- nal, US, TC e RM na avaliação das condi- ções patológicas que envolvem a articula- ção do quadril. PATOLOGIAS ÓSSEAS 1. Contusão Contusões ósseas são relativamente fre- qüentes após traumatismos diretos ou in- diretos, sendo facilmente demonstradas pela RM como áreas de edema na medular óssea, de limites mal definidos, com sinal hipointenso nas seqüências em T1 e hipe- rintenso nas seqüências em densidade pro- tônica ou T2 com supressão de gordura e na seqüência STIR(2,3). A administração endovenosa do gado- línio não é necessária para o diagnóstico. A cintilografia óssea pode demonstrar au- mento da captação do radiofármaco, de aspecto inespecífico. 1 – Cabeça femoral 2 – Derrame articular 3 – Sinóvia espessada Figura 1. US na avaliação da displasia congênita do quadril. Figura 2. US do quadril direito mostrando líquido intra-articular e espessamento sinovial. Figura 3. Ruptura do músculo bíceps femoral, associada à presença de hematoma (A,B). Controle após 15 dias (C) e 25 dias (D). A B DC 1 2 3 4 1 2 3 Domingues RC et al. Radiol Bras 2001;34(6):347–367 351 Figura 9. As imagens por RM em T2 no plano axial mostram fratura por arrancamento da tuberosidade isquiática direita, com edema nas partes moles adjacentes. Figura 8. As imagens por RM em T2 no plano coronal mostram fratura por arrancamento da tuberosidade isquiática direita, com edema nas partes moles adjacentes. ➘➘ ➘ ➘ Imagenologia do quadril 352 Radiol Bras 2001;34(6):347–367 Figura 10. Fratura do acetábulo com luxação posterior da cabeça femoral. Figura 11. Queda há uma semana. RX normal. Domingues RC et al. Radiol Bras 2001;34(6):347–367 353 demonstradas pela radiologia convencio- nal (fraturas radiograficamente ocultas). Imagens axiais e sagitais oferecem me- lhor detalhe da morfologia da fratura do que as imagens no plano coronal. Fraturas do fêmur são classificadas co- mo intracapsulares (subcapital, transcervi- cal, base cervical) e extracapsulares (trans- trocantérica e subtrocantérica). A ressonância é particularmente útil na identificação das fraturas do colo femoral não deslocadas, que requerem tratamento cirúrgico mas não são detectadas pela ra- diografia simples. As imagens em T1 e STIR são bastante úteis para o diagnóstico das fraturas, de- monstrando edema na medular óssea, so- lução de continuidade na cortical, edema e/ou hematoma nas partes moles ao redor (Figuras 13 e 14). A administração endovenosa do gado- línio é útil para avaliar o estado perfusio- nal da cabeça femoral após as fraturas do colo, importante por causa da elevada in- cidência de osteonecrose pós-traumática da cabeça(2). d) Necrose avascular A radiografia convencional mantém sensibilidade para pequenas lesões, tornan- do-se definitivamente positiva após o de- senvolvimento de um halo esclerótico de- vido à reação óssea entre a isquemia e o osso viável. A especificidade da radiografia simples para alterações avançadas da osteonecro- se é alta e este exame continua sendo indi- cado na suspeição de osteonecrose. Se a radiografia mostra colapso subcon- dral, exames adicionais têm pouco valor, exceto para avaliação do lado oposto. Para o estudo de pacientes em que há suspeita de osteonecrose, foi proposta a seguinte seqüência: – Em todos os casos o estudo radioló- gico de alta qualidade deve ser feito; – se o estádio da osteonecrose identifi- cada for estádio III ou mais avançado, pros- seguir a investigação não trará grandes benefícios; – para o estádio II a ressonância é bem indicada para estimar o tamanho e o local preciso da lesão; – se a radiografia for normal e a suspei- ção forte, a RM tem indicação, em virtude da sua alta sensibilidade. A osteonecrose do quadril resulta de suprimento vascular insuficiente para a ca- beça femoral, sendo, na maioria das vezes, pós-traumática, geralmente relacionada a fratura do colo femoral ou luxação do qua- dril. A necrose relacionada ao trauma é ge- ralmente unilateral, enquanto a osteonecro- se não-traumática é bilateral em até 70% dos casos(2,3). A necrose avascular não-traumática pode ser idiopática ou estar relacionada ao uso de esteróides, doenças do colágeno, alcoolismo, pancreatite, obesidade, hemo- globinopatias, fenômeno disbárico e doen- ça de Gaucher. O diagnóstico precoce é essencial, com a finalidade de preservar a cabeça femoral. É muito comum o acometimento da porção ântero-lateral da cabeça femoral. A carti- lagem articular está intacta na fase inicial, sendo comum a evolução para artrose. A TC é menos sensível do que a RM na detecção da necrose avascular. O primeiro sinal de necrose na tomografia é o sinal do asterisco, que é uma condensação de tra- béculas, semelhante a uma estrela dentro da cabeça femoral(1). A TC provavelmente é superior à RM na necrose de longa duração para delinear a deformidade estrutural da cabeça femo- ral, caracterizada por fratura subcondral, colapso e fragmentos intra-articulares. A RM é mais sensível do que a TC para o diagnóstico precoce da necrose avascu- lar da cabeça femoral, mostrando sensibi- lidade de 97% e especificidade diagnósti- ca de 98%(2,3). É também eficaz em avaliar o estado da cartilagem articular, derrame articular e o estado da medula óssea, o que não é possível pela radiologia convencio- nal, tomografia e cintilografia. A RM pode mostrar irregularidade da superfície da ca- beça femoral, associada à presença de pe- quena área com sinal hipointenso na se- qüência em T1 no osso subcondral, indi- cativa de necrose (Figuras 15, 16, 17 e 18). Figura 12. Mesmo caso da figura 11. As imagens por RM em T1 (A) e T2 (B) no plano axial mostram fratura do acetábulo esquerdo. ➘ ➘ A B Imagenologia do quadril 356 Radiol Bras 2001;34(6):347–367 Figura 20. RX: osteonecrose da cabeça femoral direita com colapso. Figura 21. As imagens por RM em T1 no plano coronal mostram osteonecrose da cabeça femoral direita, com colapso e importante edema na medula óssea. Figura 22. As imagens por RM em T2 no plano coronal mostram osteonecrose da cabeça femoral direita, com colapso e importante edema na medula óssea. Domingues RC et al. Radiol Bras 2001;34(6):347–367 357 Finalmente, a necrose avascular da ca- beça femoral pode se apresentar inicial- mente como área mal definida de edema acometendo a cabeça, colo e região trans- trocanteriana do fêmur, aspecto semelhante ao observado no edema transitório do qua- dril(2). Uma das contribuições mais importan- tes da RM no diagnóstico da osteonecrose é a capacidade de detectar a lesão em pa- cientes em que a radiografia simples, a TC e a cintilografia são normais. Imagens de RM tridimensionais podem ser utilizadas para avaliar o volume do aco- metimento ósseo da cabeça femoral. 3. Deslocamentos A maioria dos deslocamentos do qua- dril são posteriores e estão associados à fratura da rima acetabular e/ou da cabeça femoral. As fraturas e deslocamentos do quadril podem complicar com artrite crô- nica e osteonecrose, sendo a TC e a RM úteis na sua identificação precoce. A res- sonância também é útil para a avaliação do nervo ciático, cuja lesão é observada em 8% a 19% dos deslocamentos posterio- res do quadril(1,3). 4. Edema e osteoporose transitória A osteoporose transitória do quadril é uma entidade de causa desconhecida que afeta freqüentemente o quadril esquerdo na mulher, mas pode ser bilateral no sexo mas- culino. Trata-se de uma doença autolimitada, na qual o paciente apresenta dor local e restrição dos movimentos na ausência de infecção ou trauma(2). Radiograficamente, o paciente com os- teoporose transitória mostra desminerali- zação localizada da cabeça femoral após três a seis semanas do início dos sintomas. As radiografias na fase inicial são nor- mais. A RM demonstra área mal definida de edema ósseo, com baixo sinal nas imagens em T1 e sinal hiperintenso nas imagens em T2 com supressão de gordura e STIR, a qual pode apresentar captação de contras- te, acometendo a cabeça, colo femoral e região transtrocantérica, podendo estender- se à porção proximal da diáfise (Figuras 23 e 24). Não há acometimento das partes moles ao redor e derrame articular é um achado comum. O quadro clínico e as alterações no exa- me de RM se resolvem em seis a dez me- ses(2). A correlação com a radiologia conven- cional é necessária para o diagnóstico pre- ciso, pois na ausência de osteoporose o termo mais apropriado é edema transitório do quadril. Áreas de edema mal definido na medu- la óssea também podem representar osteo- porose migratória, osteonecrose em fase inicial, processos inflamatórios como tu- berculose, lesão neoplásica (Figura 25) e reação de “stress”(2). A TC é pouco sensível para o diagnós- tico do edema/osteoporose transitória do quadril. A radiologia convencional não demons- tra as alterações. Figura 24. As imagens por RM em T2 no plano axial mostram desaparecimento do edema com tratamento conservador. Paciente assintomático. Figura 23. Dor no quadril esquerdo. As imagens por RM em T1 (A) e T2 (B) no plano axial mostram edema na cabeça femoral esquerda. A B Imagenologia do quadril 358 Radiol Bras 2001;34(6):347–367 5. Osteomielite A osteomielite ao redor do quadril re- sulta mais freqüentemente de dissemina- ção hematogênica ou com menos freqüên- cia de extensão por contigüidade a partir de um foco infeccioso na pele ou tecido subcutâneo adjacente. A RM é capaz de estabelecer o diag- nóstico mais cedo do que a radiologia con- vencional e a TC, apresentando sensibili- dade semelhante, porém maior especifici- dade do que a cintilografia(2,3). Na osteomielite aguda o papel da RM é detectar precocemente a alteração óssea, avaliar sua extensão e o comprometimen- to da articulação adjacente e das partes moles ao redor. A lesão óssea é demons- trada como área mal definida, com sinal hipointenso na seqüência em T1 e hiperin- tenso nas seqüências em T2 com supres- são de gordura, captante de contraste, aco- metendo a medular óssea (Figura 26). Reação periosteal caracterizada pela presença de hipersinal nas imagens em T2 adjacente à superfície óssea e impregna- ção de contraste pode ser evidenciada. Nas crianças e adolescentes, devido ao padrão de suprimento vascular, a osteomie- lite femoral comumente se localiza na re- gião metafisária, a qual é intra-articular, de modo que a infecção pode alcançar rapi- damente a articulação, determinando des- truição da cartilagem e sinovite(2,3). Figura 26. As imagens por RM em coronal T2 (A) e axial T2 (B) mostram osteomielite do fêmur esquerdo, com RX normal, em paciente de 18 meses de idade. A B Figura 25. As imagens por RM em coronal T1 (A) e axial T2 (B) mostram lesão na cabeça e colo do fêmur à direita (metástase de mama). A B Domingues RC et al. Radiol Bras 2001;34(6):347–367 361 A RM é superior à TC na avaliação do labro acetabular, principalmente com a uti- lização de bobinas de superfície ou de bo- bina “phase-array” com campo de visão restrito (FOV pequeno). A lesão do labro é tipicamente repre- sentada pela presença de sinal hiperinten- so nas imagens em T2 (Figuras 30 e 31), podendo ou não haver cisto ganglion para- articular e/ou intra-ósseo associado. Artrorressonância e artrotomografia po- dem ser utilizadas para confirmar o diag- nóstico(3), sendo mais eficazes do que a res- sonância convencional. ARTRITES 1. Osteoartrite A radiografia convencional é a primei- ra modalidade de imagem na suspeição de artrite ou infecção do quadril. A osteoartrite primária é identificada por redução do espaço articular, osteofito- se, esclerose e cistos subcondrais. Artrites inflamatórias mostram redução concêntrica do espaço articular, produzin- do migração axial da cabeça femoral, bem como erosões subcondrais. A avaliação da articulação sacroilíaca pela radiografia convencional é sempre difícil. A osteoartrite é a forma mais comum de degeneração da cartilagem articular, com incidência maior em pacientes idosos(1,3). A TC e a RM podem demonstrar redu- ção do espaço articular, esclerose e cistos Figura 30. As imagens por RM em T2 no plano coronal (A,B) mostram lesão labral esquerda. A B Figura 31. As imagens por RM em T2 no plano sagital oblíquo (A,B) mostram destacamento labral superior. A B ➘ ➘ ➘ Imagenologia do quadril 362 Radiol Bras 2001;34(6):347–367 subcondrais e osteófitos nas estruturas ós- seas adjacentes (Figuras 32 e 33). Cisto si- novial também pode ser observado. Afilamento e irregularidade da cartila- gem articular são melhor demonstrados na RM nos planos sagital e coronal nas se- qüências em densidade protônica ou pesa- da em T2 com supressão de gordura. A artrorressonância pode ser necessá- ria para a detecção de pequeninas lesões condrais. 2. Osteoartrite infecciosa A RM é um método bastante sensível para detectar a presença de derrame arti- cular, bem como a impregnação de con- traste na sinóvia e a alteração da intensi- dade de sinal das estruturas ósseas envol- vidas (Figuras 34 e 35). 3. Osteocondromatose sinovial A osteocondromatose é uma doença monoarticular idiopática que resulta de metaplasia sinovial, com formação de nó- dulos cartilaginosos que podem ossificar ou calcificar. Afeta geralmente as articulações do joe- lho, quadril ou cotovelo, sendo mais co- mum em pacientes jovens e adultos na 3ª e 4ª décadas de vida. A TC é útil na demonstração dos cor- pos livres intra-articulares, porém a RM permite a avaliação mais completa da arti- culação e detecção dos corpos livres carti- laginosos. As anomalias encontradas na RM dependem do estádio da doença. Nos casos de condromatose os nódulos não estão calcificados, apresentando sinal iso ou hipointenso nas imagens em T1 e hiperintenso nas imagens em T2(2,3). Os contornos lobulados, associados à presença de septos fibrosos com sinal hi- pointenso nas imagens em T2, geralmente permitem a distinção entre condromatose sinovial e derrame articular (Figura 36)(2). Figuras 32 (A,B) e 33 (C,D). As imagens por RM em T1 nos planos coronal (A,B) e sagital (C,D) mostram lesões subcondrais na cabeça femoral e acetábulo, associadas a redução do espaço articular. A B C D ➘ ➘ ➘ ➘ Domingues RC et al. Radiol Bras 2001;34(6):347–367 363 Figura 34. Artrite infecciosa. As imagens por RM em T2 no plano coronal mostram importante derrame articular à esquerda. Figura 35. Artrite infecciosa. As imagens por RM em T1 no plano coronal, após administração endovenosa de gadolínio, mostram alteração da intensidade de sinal da cabeça femoral à esquerda. Figura 36. Condromatose sinovial. As imagens por RM em T1 (A) e T2 (B) no plano coronal mostram formação expansiva na articulação coxo-femoral esquerda. A B ➘➘ Imagenologia do quadril 366 Radiol Bras 2001;34(6):347–367 rotas é demonstrada, podendo ser medido o “gap” entre os fragmentos (Figura 41). A tenossinovite é caracterizada pela presença de líquido na bainha tendínea. BURSITES As bursas do quadril que mais freqüen- temente se tornam inflamadas em atletas são(4,5): a) Bursa trocantérica – Torna-se infla- mada por causa da irritação repetitiva pro- vocada pelo deslizamento do tensor da fás- cia lata sobre o grande trocanter. É acha- do comum em corredores, causando dor na face lateral da raiz da coxa (Figura 42). b) Bursa isquioglútea – Sua inflamação resulta em dor na nádega e pode ser con- fundida com patologia da coluna lombar. c) Bursite do iliopsoas – Esta bursa lo- caliza-se profundamente ao músculo ilio- psoas e, quando inflamada, pode haver uma sensação audível causada pela passa- gem do tendão do iliopsoas sobre a emi- nência iliopectínea no púbis. Ultra-som, tomografia e ressonância mostram a bursa distendida e inflamada, contendo líquido hipoecóico ao ultra-som, hipodenso à to- mografia, e com intensidade de sinal se- melhante à de líquido em todas as seqüên- cias de ressonância (Figura 43). A síndrome do estalido do quadril tem sido associada à síndrome da banda ilio- tibial, com irritação da bursa trocantérica pela banda iliotibial. Corpos livres intra-articulares e lesão do labro devem ser considerados no diag- nóstico diferencial da síndrome do estalido do quadril. Figura 42. As imagens por RM em T2 nos planos coronal (A) e axial (B) mostram edema na bursa trocanteriana direita. A B Figura 41. As imagens por RM em T2 no plano coronal mostram ruptura completa do reto femoral esquerdo. ➘ ➘ ➘ ➘ Domingues RC et al. Radiol Bras 2001;34(6):347–367 367 SÍNDROMES DE COMPRESSÃO NEUROVASCULAR Vários de tipos de compressão neuro- vascular ocorrem ao redor do quadril, tais como(2,3): a) Síndrome do piriforme – Neste caso, compressão do nervo ciático é causada por alargamento, inflamação ou variações ana- tômicas do músculo piriforme (Figura 44). b) Compressão do nervo obturador no canal obturador. c) Compressão do nervo femoral na re- gião inguinal. Graças à resolução tecidual da RM, é possível demonstrar a localização dessas estruturas nervosas e as alterações nas par- tes moles ao redor. PRÓTESES Próteses metálicas totais e artroplastias podem produzir artefatos significativos na TC e RM, dificultando a avaliação das es- truturas ao redor. Dentre os metais, aquele que costuma produzir menos artefatos é o titânio, permitindo obter imagens de RM menos degradadas(3). REFERÊNCIAS 1. Haaga JR, Lanzieri CF, Sartoris DJ, Zerhouni EA. O quadril. In: Haaga JR, Lanzieri CF, Sartoris DJ, Zerhouni EA, eds. Tomografia computadori- zada e ressonância magnética do corpo humano. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1996:1285– 310. 2. Stoller DW, Maloney WT, Glick JM. The hip. In: Stoller DW, ed. Magnetic resonance imaging in orthopaedics & sports medicine. San Francis- co: Lippincott, 1997:93–202. 3. Resnick D, Kang HS. Pelvis and hip. In: Resnick D, Kang HS, eds. Internal derangement of joints. San Diego: Saunders, 1997:473–554. 4. Bergman AG, Fredericson M. MR imaging of stress reactions, muscle injuries, and other over- use injuries in runners. Magn Reson Imaging Clin N Am 1999;7:151–74. 5. Kneeland JB. MR imaging of sports injuries of the hip. Magn Reson Imaging Clin N Am 1999; 7:105–15. 6. Vanel D, Verstraete KL, Shapeero LG. Primary tumors of the musculoskeletal system. Radiol Clin North Am 1997;35:213–37. Figura 43. As imagens por RM em T2 no plano coronal (A) e T1 no plano axial (B) mostram a presença de líquido na bursa iliopsoas à esquerda. Figura 44. As imagens por RM em T2 no plano axial mostram edema no músculo piriforme direito. A B ➘ ➘ ➘ ➘
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