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Guias e Dicas
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História do Tratamento da Dor em Crianças: Mitos e Realidades, Notas de estudo de Enfermagem

Nesta unidade de estudo, abordaremos a história do manejo da dor em crianças, seus mitos e realidades. Desde a antiguidade até o presente, a dor sempre acompanhou o homem e foi objeto de estudo em várias áreas da ciência. Conheça como os conceitos sobre a dor evoluiaram ao longo dos tempos e como isso influenciou o seu tratamento na infância.

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 27/04/2010

luciene-de-fatima-g-santos-8
luciene-de-fatima-g-santos-8 🇧🇷

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Baixe História do Tratamento da Dor em Crianças: Mitos e Realidades e outras Notas de estudo em PDF para Enfermagem, somente na Docsity! Núcleo Temático I - Unidade de Estudo 1 Uma abordagem Histórica do manejo da dor em crianças Caro aluno Nesta primeira unidade vamos conhecer mais um pouco sobre a dor1 da criança. Todos nós já experimentamos a dor quando éramos crianças. A dor é aquilo que você sente quando se machuca, é uma sensação desagradável, mas só recentemente começamos a entender os mecanismos da dor. Você sabe que a dor constitui-se em uma das principais razões que levam os pais e familiares das crianças a procurarem os serviços de saúde? Afinal, uma criança chorando chama a atenção dos pais, que procuram saber o que há de errado com ela, pois o choro pode ser um sinal de dor. Afinal, quem nunca na vida caiu no chão e ralou o joelho? Quem jamais sentiu uma dor de dente? Ou dor de cotovelo? A dor não é confortável, ela incomoda, atrapalha a brincadeira, faz chorar. Dessa forma, para assistir integralmente a criança e sua família, devemos conhecer as situações de dor, desconforto e estresse da criança, objetivando seu bem estar e qualidade de vida. Para tanto, é imprescindível conhecermos o contexto em que a dor da criança está inserida. Por isso, essa primeira unidade de estudo tem como objetivo discutir o processo histórico da dor da criança, seus mitos e realidade. Caro aluno, como você pode perceber, nesse primeiro contato abordaremos o que consideramos fundamental para uma atuação profissional mais qualificada, no que se refere ao manejo da dor. Assim, que tal começarmos pela abordagem histórica da dor? Durante muito tempo, os profissionais de saúde não se preocupavam com a dor das crianças, muito menos do recém-nascido. Pensava-se que os recém-nascidos não sentiam dor e apenas expressavam sua ansiedade em situações que poderiam parecer dolorosas. A dor quando sentida não era recordada e, por ser subjetiva, não era possível mensurá-la. A exposição aos opióides predispunha a criança a se tornar dependente e a depressão respiratória ultrapassava em importância o alívio a dor. Por tudo isso, vale a pena conhecer um pouco sobre a história da dor ao longo dos tempos. A dor sempre acompanhou o homem em sua trajetória pelo mundo. Ela é contada de diferentes maneiras, e sua abordagem também era relatada de diferentes formas. Precisamos ter conhecimento sobre a história da dor para melhor compreensão do seu manejo na criança. Para muitos, ela era percebida como sinal de castigo, culpa, exigindo dos sofredores uma postura passiva, de aceitação. Para outros, era vista como um teste de heroísmo, uma benção dos deuses. Seja a dor física ou psíquica, os primeiros relatos aparecem da Bíblia quando Adão e Eva foram expulsos do Paraíso e foram castigados. Adão deveria trabalhar para obter o sustento e Eva daria à luz sentindo dores. Você lembra dessa história? Hoje, a dor tem sido objeto de estudo de várias áreas da ciência. A busca pela sua compreensão significa qualidade de vida para a criança, ou seja, ela se torna objeto do cuidado. Em meio a tantas histórias vamos contar algumas. Que tal? Antigamente, os egípcios consideravam a dor como punição dos deuses. Eles acreditavam que o coração e os vasos sanguíneos estivavam envolvidos no fenômeno doloroso e utilizavam o ópio para uma gama de situações, inclusive dor de dente. Na Grécia antiga, o cérebro e os nervos eram considerados os responsáveis pelo processamento da dor. Para os gregos, a dor era de origem traumática, ambiental ou castigo dos deuses. Era empírico o uso de ervas, música, astrologia, banhos. Na filosofia, a dor era considerada uma emoção. A relação mente-corpo ou alma-corpo foi observada por Aristóteles e Platão. Aristóteles (384-322 a.C.) considerava a dor uma experiência emocional, uma forma particular de emoção distinta dos cinco sentidos. Considerava que nem sempre a dor representava resposta a um doença e quais os sofrimentos a ela inerentes. (NIGHTINGALE, 1989, p.15). O trecho citado se refere às concepções de Florence: a doença é o ‘processo restaurador’ que a natureza instituiu, no qual se instala a dor e o sofrimento, ou ocorre a interrupção de todo o processo. Em relação aos sintomas, considera que nem sempre são provenientes da enfermidade, mas da falta de um ou de todos os seguintes fatores: ar puro, claridade, aquecimento, silêncio, limpeza, ou de pontualidade e assistência na ministração da dieta. (NIGHTINGALE, 1989, p.15). Sabemos que a dor se expressa e é reconhecida por meio de determinados padrões de comportamento. Quando alguém sofre dores comporta-se de uma forma característica e a palavra dor relaciona-se à descrição desse comportamento. As relações que existem entre a sensação, o comportamento e a descrição da dor são usados para ensinar às crianças a nomear a dor. Até a década de 1970, o conhecimento dos profissionais de saúde, principalmente os de enfermagem que atuam na assistência e no ensino sobre a dor e analgesia em crianças, era incipiente,, o que tornava a avaliação e o controle insatisfatórios. Por vezes, percebemos que os profissionais de saúde, incluindo os da enfermagem, tendem a subestimar a dor da criança. Portanto, o grande desafio da enfermagem, no cuidado à criança que sente dor, é que histórica e culturalmente a criança não era reconhecida como um sujeito, ou que a sua dor foi por anos desconhecida e subestimada. Precisamos reconhecer e respeitar a individualidade da criança! Sendo assim, o desafio é reconhecer que o alívio da dor é uma necessidade e um direito de todas as crianças. E nós, os profissionais de enfermagem necessitamos de conhecimentos sobre os métodos de controle, avaliação da dor e administração de medicamentos para oferecer uma assistência de alta qualidade. Além desses aspectos presentes na prática dos profissionais da saúde, ressaltamos a escassez de pesquisas sobre a dor, fator que permite o fortalecimento de mitos3 e concepções errôneas sobre a natureza do fenômeno da dor em crianças, os quais contribuem para que muitas delas ainda sofram com o não alívio da dor. Agora que você já tem um melhor entendimento sobre a dor ao longo da História, que tal clicar nos links abaixo? 1. http://pt.wikipedia.org/wiki/dor 2. http://www.dol.inf.br/ 3. http://www.comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=24&id=274 4. http://www.comciencia.br/comciencia/handler.php? section=8&edicao=24&id=272 E, para finalizarmos as discussões dessa unidade de estudos que tal revisarmos alguns pontos importantes? • A evolução do conhecimento no campo da ciência, medicina e ciências comportamentais trouxeram valiosas contribuições para o estudo na dor. • Nessa lógica, o manejo adequado depende do estabelecimento de uma relação positiva entre os profissionais de saúde, a criança e sua família. Você concorda? • As razões para o subtratamento da dor em recém-nascidos e crianças devem-se a alguns fatores, entre eles: os mitos, a escassez de pesquisas, os conceitos de tolerância, dependência física e psicológica e depressão respiratória decorrentes do uso de opióides no alívio da dor. • Os profissionais de enfermagem possuem alguma dificuldade em mensurar a dor. • O recém-nascido tem memória para a dor. • Os profissionais de enfermagem devem ter conhecimentos sobre os efeitos dos analgésicos administrados em crianças. Caro aluno, Viu como é importante conhecer o processo histórico da dor para uma atuação mais consciente? Conto com você na busca por essa qualidade! Na próxima unidade de estudo, abordaremos os aspectos gerais da anatomia, fisiologia e teoria da dor. Prepare-se para a nossa viagem...! Referências bibliográficas AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS. Committee on Fetus and Newborn and Section on Surgery. Canadian Paediatric Society and Fetus and Newborn Committee. 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