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PORTUGUÊS-Regência Verbal, Notas de estudo de Língua Portuguesa

Tentei confrontar os principais gramáticos da lígua portuguesa.

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 31/03/2010

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Baixe PORTUGUÊS-Regência Verbal e outras Notas de estudo em PDF para Língua Portuguesa, somente na Docsity! TIRANDO DÚVIDAS Reginaldo Gonçalves – DIREITO UNINORTE - 2010 1 PORTUGUÊS Regência Verbal Relembrando conceito... Para o estudo da regência verbal, é importante que você se lembre de alguns conceitos. Pronome Oblíquo Funcionam como Tipo de verbo Exemplo Admite voz passiva Exemplo o(s), a(s) Objeto Direto VTD Encontrei o tesouro. Encontrei-o. SIM Todos vaiaram o juiz. (voz ativa) O juiz foi vaiado por todos (voz passiva) lhe e lhes Objeto Indireto VTI O garoto obedeceu ao pai. O garoto obedeceu-lhe. NÃO OBS.: nem todo OI, pode ser trocado por LHE ou LHES. Eu gostei do jogo. Eu gostei-lhe. (ERRADO) Eu gostei dele. (CERTO) me, te, se, nos, vos objeto direto ou objeto indireto VTD, VTI ou VTDI Como é impraticável e desnecessário estudar a regência de todos os verbos que existem em português, vamos estudar alguns verbos cujas regências nos interessam. TIRANDO DÚVIDAS Reginaldo Gonçalves – DIREITO UNINORTE - 2010 2  Verbo Aspirar Verbo Sentido Tipo de verbo Regência (complemento) Preposição obrigatória Exemplo Voz passiva Uso do Pronome Oblíquo Aspirar Respirar, inalar (perfume, ar, etc) VTD Objeto Direto - A menina aspirou o gás tóxico. O gás tóxico foi aspirado pela menina. (voz passiva) A menina aspirou-O. (pronome oblíquo) Pretender, desejar VTI Objeto Indireto A Você aspirava Ao diploma. NÃO existe voz passiva. Sim, eu aspirava-lhe. (ERRADO) Sim, eu aspirava a ele. (CERTO) (esse verbo não admite o pronome lhe). Observação: É muito comum explorar a regência verbal em frases em que apresentam pronome relativo (que, quem, qual, onde, cujo, etc.). Nestes casos, se o verbo que aparece depois do pronome relativo exigir uma preposição, ela deverá ser colocada antes do pronome relativo. Você desconhece as vantagens A que aspiro. Você desconhece as vantagens Às quais aspiro. Macete: Estas são as pessoas - que aprecio DE que gosto A que me refiro EM que creio DE que Discordo TIRANDO DÚVIDAS Reginaldo Gonçalves – DIREITO UNINORTE - 2010 4  Verbo querer Verbo Sentido Tipo de verbo Regência (complemento) Preposição obrigatória Exemplo Voz passiva Uso do Pronome Oblíquo Querer Gostar, amar, querer bem VTI Objeto Indireto A Ele sempre quis Aos meus pais. Essas são as pessoas A quem queremos bem. NÃO existe voz passiva. Ela lhes queria. (ERRADO) Ela queria a eles. (CERTO) (esse verbo não admite o pronome lhe). Desejar, tomar posse. VTD Objeto Direto - O garoto queria o prêmio. O imóvel era velho, por isso ninguém o queria. O prêmio foi querido pelo garoto. (voz passiva) O garoto queria-O. (pronome oblíquo)  Verbo chamar Verbo Sentido Tipo de verbo Regência (complemento) Preposição obrigatória Exemplo Voz passiva Uso do Pronome Oblíquo Chamar Denominar, apelidar. VTI Objeto Indireto DE + A Todos chamavam DE louco Ao rapaz Todos chamavam louco Ao rapaz. NÃO existe voz passiva. Todos LHE chamavam de louco. (pronome oblíquo) VTD Objeto Direto - Todos chamavam de louco o rapaz. Todos chamavam louco o rapaz. O rapaz foi chamado de louco por todos Todos O chamavam de louco. (pronome oblíquo) Pedir para vir VTD Objeto Direto - Foi então que chamei os amigos. Chamei por meus amigos. Então, os amigos foram chamados por mim. (voz passiva) Então, chamei-Os. (pronome oblíquo) TIRANDO DÚVIDAS Reginaldo Gonçalves – DIREITO UNINORTE - 2010 5 Agora faça o seu próprio esquema, os acima citados são de minha autoria, adaptado da maneira que eu melhor assimilo. Siga o modelo ou crie novos. Ah! Manda pra mim. Veja a síntese do assunto, confrontado pelos melhores gramáticos do país.  SINTAXE DE REGÊNCIA Hoje, trataremos do assunto em epígrafe – SINTAXE DE REGÊNCIA. Há sempre nas orações elementos regentes e elementos regidos. Chamamos de regentes aos termos que pedem complemento e de regidos aos que complementam o sentido dos primeiros. Regente Artigo ou Preposição Regido Comprei - uma casa Dependo DE você Crença EM Deus Ávido DE carinho Insisto EM lutar Vejo O mar A sintaxe de regência estudará, portanto, as relações de subordinação ou dependência entre os elementos da oração. Em palavras mais simples: regência significa “uso ou não de preposição”. Veremos casos em que determinada palavra (substantivo, adjetivo, advérbio ou verbo) exige certa preposição ou tem o seu sentido modificado em virtude do emprego de alguma delas. Os complementos servem a nomes (substantivos, adjetivos ou advérbios) e a verbos – daí, a regência dividir-se em nominal e verbal. REGÊNCIA VERBAL – analisa o emprego e o significado dos verbos de acordo com a preposição do seu complemento indireto (ou a ausência da preposição no complemento direto). Nosso estudo terá por base, principalmente, as lições de Celso Pedro Luft presentes nas seguintes obras: Dicionário Prático de Regência Nominal - Editora Ática – 4ª edição - 2003; Dicionário Prático de Regência Verbal – Editora Ática – 8ª edição – 2002.  REGÊNCIA VERBAL E TRANSITIVIDADE O conceito de REGÊNCIA VERBAL passa necessariamente pela definição da TRANSITIVIDADE DO VERBO. Há verbos que bastam por si mesmos – são os verbos INTRANSITIVOS. Outros há que necessitam de informações suplementares, ou seja, do auxílio de uma expressão subsidiária, que se apresenta sob a forma de COMPLEMENTO. Esses são os verbos TRANSITIVOS. Aliás, essa denominação provém do conceito de TRANSITAR/TRÂNSITO. Se esse “trânsito” não encontra obstáculo algum, ele é DIRETO. O “obstáculo” é a preposição. Assim, quando não há preposição necessária (obstáculo), o verbo é TRANSITIVO DIRETO, ou seja, liga-se ao complemento diretamente (OBJETO DIRETO). TIRANDO DÚVIDAS Reginaldo Gonçalves – DIREITO UNINORTE - 2010 2 No caso de a preposição ser obrigatória, o verbo é classificado como TRANSITIVO INDIRETO e o complemento é antecedido de preposição (OBJETO INDIRETO). Em todo momento, mencionamos “preposição necessária” ou “obrigatória”. Isso porque há casos em que, mesmo sendo dispensável, a preposição é utilizada como recurso estilístico (exemplo 1 abaixo), como, por exemplo, para evitar ambigüidade, ou obrigatoriamente quando o objeto direto vier sob a forma de um pronome oblíquo tônico (exemplo 2). Nesses casos, o complemento é chamado de OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO. Exemplo 1 – Matou o caçador ao leão. – Sem a preposição, não saberíamos quem matou quem. Exemplo 2 – Nem ele entende a mim, nem eu a ele. – Os pronomes oblíquos tônicos exigem sempre a preposição, mesmo que exerça a função de objeto direto. Em determinadas construções, alguns verbos, mesmo acompanhados de complemento direto (OBJETO DIRETO), podem requerer um outro complemento, precedido de preposição (OBJETO INDIRETO). Esses verbos são os chamados TRANSITIVOS DIRETOS E INDIRETOS ou BITRANSITIVOS. Por fim, há também os que necessitam de uma informação adicional que venha a complementar o sentido ou alcance do objeto (direto ou indireto). Esses são os verbos TRANSOBJETIVOS. Essa “informação complementar” vem sob a forma de PREDICATIVO DO OBJETO. O predicativo do objeto pode estar ligado diretamente ao verbo (O júri considerou o réu inocente) ou por meio de uma preposição (Os médicos consideravam a doença como incurável.) Podem ser transobjetivos os verbos: chamar, considerar, julgar, reputar, supor, declarar, crer, estimar, tornar, designar, nomear, sagrar, coroar, encontrar, achar, deixar etc. C omo já ressaltamos antes, a transitividade de um verbo só pode ser definida na oração, de acordo com os elementos presentes na construção.  REGÊNCIA VERBAL E SIGNIFICAÇÃO DOS VERBOS Enquanto que os nomes (regência nominal) exigem uma e/ou outra preposição, não tendo seu significado alterado, alguns verbos, a depender da acepção que se deseje apresentar, podem exigir determinada preposição, aceitar mais de uma ou até mesmo dispensá-la. Ou seja, os substantivos e adjetivos podem reger diversas preposições sem que tenham seu sentido alterado. Já os verbos apresentam sentidos diferentes a depender da preposição que for utilizada. Essa é a diferença significativa entre regência nominal e verbal e é por isso que o estudo da sintaxe de regência verbal é bem mais complexo do que o de regência nominal. Em relação às provas de concursos públicos, o número de questões que envolvem aspectos de regência verbal é infinitamente maior que o de questões sobre regência nominal. Isso você irá perceber nos exercícios de fixação. TIRANDO DÚVIDAS Reginaldo Gonçalves – DIREITO UNINORTE - 2010 2 Esforça-se mas não consegue agradá-lo. E o que fazer na hora da prova? Analisar as demais opções e procurar identificar o posicionamento da banca – se tradicional (transitividade indireta) ou moderna (direta). De qualquer forma, se houver menção a “norma culta”, segue-se a sintaxe original (agradar a alguém). Aspirar a) No sentido de respirar, sorver, é transitivo direto. "Aspirava o cheiro das rosas abertas depois da chuva." (Rachel de Queiroz) b)No sentido de desejar, pretender, buscar, é transitivo indireto (com preposição A). "E quem mora no beco, só aspira ao beco." (Rachel de Queiroz) Não se diz aspiro-lhe, e sim aspiro a ele(s), a ela(s). Só encontra o amor quem a ele aspira. Assistir a) No sentido de ver, presenciar, estar presente, é transitivo indireto. Esse objeto indireto deve ser encabeçado pela preposição a, e se for expresso por pronome de 3ª pessoa, exigirá a forma a ele(s), ou a ela(s) (nunca lhe/lhes). Todos assistiam ao espetáculo (a ele). Vimos em nossa aula de verbos que os verbos transitivos apenas indiretos não se constroem na voz passiva porque só o objeto direto da ativa pode transformar-se no sujeito da passiva. Ainda se lembra disso? Pois é, agora a coisa vai complicar um pouquinho. Na linguagem coloquial, dada sua proximidade com os verbos VER, PRESENCIAR, OBSERVAR (todos eles transitivos diretos), é usual o emprego do verbo ASSISTIR (que, nessa acepção, é transitivo indireto) em voz passiva: A missa foi assistida por milhares de fiéis. De qualquer forma, segundo a linguagem culta formal, deve-se abolir essa construção. Para a prova, mais uma vez recomendamos cuidado: bancas tradicionais exigem os aspectos cultos da gramática, devendo ser respeitada a sintaxe original. Outras mais modernas podem aceitar a forma passiva. O jeito é analisar as opções e agir com bom senso. b) No sentido de prestar assistência, confortar, ajudar, proteger, servir, é transitivo direto OU indireto (indiferentemente). O médico assiste os doentes. Ele assistiu-lhe (ao doente) na enfermidade. Para lembrar: se for para prestar socorro, não importa a regência – assista o/ao acidentado de qualquer forma. c) No sentido de caber, pertencer de direito ou razão, é transitivo indireto. Não lhe assiste o direito de reclamar. d) No sentido de morar, constrói-se com preposição EM, sendo intransitivo. Aliás, essa é a sintaxe empregada aos verbos que indicam permanência (morar, residir, estar, situar-se). “Assiste em Lisboa.” (Caldas Aulete, citado por Celso Luft) TIRANDO DÚVIDAS Reginaldo Gonçalves – DIREITO UNINORTE - 2010 3 Atender a) Quando o complemento for pessoa, é transitivo direto ou indireto O diretor atendeu os/aos alunos. Se a preferência for pelo pronome (e não o substantivo), usa-se somente de forma direta o, a, os, as (e não lhe/lhes): O diretor os atendeu. b) Quando o complemento for coisa, é transitivo indireto. No entanto, modernamente é aceita também a forma direta para coisa. O governo não atende as/às reivindicações dos grevistas. Atenda o/ao telefone, por favor. Resumo: Modernamente, aceitam-se a sintaxe direta ou indireta, indistintamente. Se o complemento estiver expresso por um pronome, usa-se a forma direta (o,a, os, as). Chamar a) No sentido de chamar a presença de alguém, é transitivo direto: Eu chamei meu filho e pedi um favor. Ninguém o chamou aqui, seu moço. b) Na acepção de pedir auxílio ou atenção, é transitivo indireto, com a preposição por. "Gurgel tornou à sala e disse a Capitu que a filha chamava por ela." (M. Assis) c) Com o sentido de apelidar, dar nome, qualificar, admite as seguintes construções: Chamaram-no covarde. Chamaram-no de covarde. Chamaram-lhe covarde. Chamaram-lhe de covarde. Nessa construção, é um verbo transobjetivo, apresentando o complemento verbal (objeto direto ou indireto) e o predicativo do objeto (que pode vir acompanhado de preposição ou não). Esse é o único verbo transobjetivo que apresenta complemento indireto. Todos os demais possuem apenas objetos diretos. Custar a) No sentido de ser custoso, difícil, tem como sujeito aquilo que é difícil, podendo apresentar-se sob a forma de uma oração reduzida de infinitivo, que pode vir precedida da preposição a. Custa-me o seu silêncio. (O seu silêncio é custoso para mim.) Custa-me dizer que acendeu um cigarro. Custou-me muito a brigar com Sabina. Como vimos na aula sobre concordância verbal, quando o sujeito é representado por uma oração (sujeito oracional), o verbo permanece na 3ª pessoa do singular. Na linguagem cotidiana, dada a sua proximidade com “demorar” ou “ser difícil”, houve alteração na construção, atribuindo-se valor à pessoa (Custei a entender essa lição, Ele custou a chegar aqui.). TIRANDO DÚVIDAS Reginaldo Gonçalves – DIREITO UNINORTE - 2010 4 Essa inovação sintática, presente até em registros literários, segundo CEGALLA (Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa), ainda não foi sancionada pelos gramáticos. Para a prova, leve a sintaxe originária: Custou-lhe chegar aqui. Custou-me entender a lição. b) No sentido de causar, acarretar conseqüências, é transitivo direto e indireto. A imprudência custou-lhe lágrimas amargas. c) No sentido de indicar preço, é intransitivo. Esta casa custou trinta mil dólares. Informar, Avisar, Comunicar, Cientificar Agora, começamos a conhecer alguns verbos que admitem dupla regência, ou seja, indistintamente direta e indireta para coisa ou pessoa (serão chamados de flexíveis), e outros que apresentam somente uma forma para coisa e outra para pessoa (inflexíveis). Parece que estou falando grego, não é? Vamos, então, partir para os exemplos. Assim, o conceito fica claro. Dentre os verbos flexíveis, podemos destacar: INFORMAR: Eu posso informar alguma coisa a alguém (direto para coisa e indireto para pessoa) ou informar alguém de/sobre alguma coisa (direto para pessoa e indireto para coisa). O ministro informou o povo sobre as novidades na Economia. O ministro informou as novidades na Economia ao povo. AVISAR: Avisei o amigo do acidente. / Avisei o acidente ao amigo. Por isso, em construções de voz passiva, tanto a pessoa como a coisa podem exercer a função de sujeito paciente, porque qualquer desses elementos pode ser o objeto direto, indiferentemente: O amigo foi avisado do acidente. O acidente foi avisado ao amigo. Outros verbos não possuem essa “flexibilidade”. Vamos analisar alguns desses verbos inflexíveis COMUNICAR: Como o sentido originário desse verbo é “TORNAR ALGO COMUM (enfatiza-se a coisa em detrimento da pessoa). Assim, esse verbo apresenta a sintaxe direta para coisa e indireta para pessoa = COMUNICAR ALGO A ALGUÉM. Comunicamos ao diretor a decisão do grupo. Por isso, segundo a norma culta, condena-se a construção de voz passiva em que a pessoa se apresente como sujeito, uma vez que ela exercia a função de objeto indireto da voz ativa. Somente a coisa pode ser o sujeito paciente: A decisão do grupo foi comunicada ao diretor. (e não: O diretor foi comunicado da decisão do grupo) CIENTIFICAR: O sentido de CIENTIFICAR é TORNAR ALGUÉM CIENTE (enfatizase a pessoa em detrimento da coisa). TIRANDO DÚVIDAS Reginaldo Gonçalves – DIREITO UNINORTE - 2010 7 (A) O pai do candidato foi comunicado do ocorrido; (B) Os professores são muito obedecidos pelos alunos; (C) O chefe foi substituído pelo novo funcionário; (D) O presidente Juscelino foi sucedido por Jânio Quadros; (E) A peça será acontecida no dia 28 de agosto. O gabarito foi a letra C. Note que a banca da UFRJ não aceitou a forma passiva do verbo OBEDECER (opção B), considerando-a inadequada. Em relação aos demais verbos: a) o verbo COMUNICAR apresenta como objeto direto a COISA e indireto a PESSOA. Por isso, estaria incorreta a forma passiva de pessoa como sujeito paciente (O pai foi comunicado). c) o verbo SUBSTITUIR é transitivo direto – Uma pessoa substitui outra. Assim, é possível a construção passiva: O chefe foi substituído. Essa foi a resposta certa. d) na acepção de “ser o sucessor”, o verbo SUCEDER constrói-se com objeto indireto: Ele sucedeu ao pai na gestão dos negócios. Contudo, há registros clássicos da transitividade direta do verbo (sintaxe em desuso). Luft registra que “é compreensível certa inclinação por sucedê-lo na linguagem culta formal”, muito comum no português clássico, talvez por influência do verbo substituir. Note que a banca não aceitou a forma direta, considerando incorreta a construção de voz passiva O presidente Juscelino foi sucedido por Jânio Quadros. e) O verbo ACONTECER pode ser INTRANSITIVO (algo acontece) ou TRANSITIVO INDIRETO com a preposição a (algo acontece a alguém). Não há, pois, objeto direto para que se possa construir voz passiva. Pedir Trata-se de um verbo transitivo direto. Somente aceita o complemento regido pela preposição para quando houver subentendida, entre o verbo e a preposição, uma palavra como licença, autorização, permissão. Pedimos que sejam observadas as regras de convivência. Os alunos pediram para sair. (permissão para sair) Perdoar - Pagar – Agradecer Na língua culta, constroem-se com objeto direto em relação à coisa e objeto indireto em relação à pessoa. Perdoai-lhes, Senhor, porque não sabem o que fazem! Agradeci-lhe os presentes. Já paguei as contas a meus credores. Contudo, por influência de verbos do mesmo campo semântico – desculpar alguém / indenizar alguém– surgiu uma nova estrutura: objeto direto para a pessoa (perdoar alguém / pagar alguém), o que levou à possibilidade de construção passiva: Todos foram perdoados pelo rei (o rei perdoou todos). Neste mês, os empregados não serão pagos (a empresa não pagará os empregados). Preferir O verbo é transitivo direto e indireto (Preferir uma coisa a outra). "Capitu preferiu tudo ao seminário." (M. Assis) TIRANDO DÚVIDAS Reginaldo Gonçalves – DIREITO UNINORTE - 2010 8 Em virtude da proximidade semântica com querer, desejar (uma coisa mais do que outra), passou a ser comum na linguagem coloquial a forma preferir uma coisa mais do que outra ou preferir muito mais, construções condenadas pelos gramáticos. Para a prova, tenha sempre em mente a sintaxe original: PREFERIR ALGO A OUTRA COISA. Não há impedimento algum para a construção com somente o complemento direto: Prefiro os antigos moldes. Proceder a) No sentido de ter fundamento é intransitivo. Seu pedido não procede. b) Como portar-se, conduzir-se, é intransitivo também, sempre seguido de adjunto adverbial de modo. Sua esposa procedia brilhantemente em público. c) Na acepção de provir, originar-se, descender, usa-se com preposição de. A língua portuguesa procede do latim. d) Usa-se com preposição a (transitivo indireto) no sentido de dar início, realizar. Proceder-se-á ao início da sessão. Responder A regência primária apresenta complemento indireto, com a preposição a: Responder às cartas, às perguntas, ao questionário. Contudo, na língua vigente no Brasil, a sintaxe direta para coisa já está consagrada, ainda que repudiada pelos puristas. O verbo, nesse caso, pede objeto direto para coisa e indireto para pessoa (Responder algo a alguém). O objeto indireto pode se apresentar sob a forma de pronome (lhe/lhes). Não irei responder-lhe o pedido de casamento. Respondo as suas cartas.. Essa construção possibilita a voz passiva: As cartas foram respondidas. Simpatizar O verbo simpatizar não é pronominal. Pede objeto indireto regido da preposição com. Simpatizei com ela. (correto) Simpatizei-me com ela. (errado) Não simpatizei com ele nem com suas idéias. O verbo antipatizar apresenta o mesmo regime. A classe antipatizou com o novo professor. Visar a) No sentido de dirigir a pontaria, apontar arma de fogo contra algo ou alguém, é transitivo direto. Visei o alvo. TIRANDO DÚVIDAS Reginaldo Gonçalves – DIREITO UNINORTE - 2010 9 b) No sentido de pôr o visto em, é transitivo direto. As autoridades visaram o passaporte. c) Na acepção de ter em vista um fim, pretender, deve empregar-se de preferência com a preposição a, embora modernamente, devido à aproximação com verbos como buscar, pretender, objetivar (transitivos diretos), se acumulem exemplos com objeto direto. Nela visei, acima de tudo, ao bem da comunidade. O verbo visar já se constrói, nesse sentido, sem a preposição: Essa sociedade não visa lucro. Essa inovação ocorre, principalmente, quando o complemento vem sob a forma nominal de infinitivo. Eles visam alcançar suas metas. Vamos ver como a ESAF tratou do assunto: (TCU/ 2006) Assinale a opção que corresponde a erro gramatical. A precariedade dos serviços públicos é responsável por cerca de(1) 8% das barreiras ao crescimento do País. Esse impacto se deve aos(2) efeitos em cascata que as deficiências no setor público causam à economia. No Brasil, esses problemas parecem tão arraigados à rotina nacional que aparentam ser imutáveis. Não são. O Reino Unido está implementando uma reforma que visa o(3) aumento de produtividade e à melhoria da qualidade dos serviços públicos. O primeiro passo aconteceu com o estabelecimento de alguns princípios: • metas nacionais de desempenho, mensuráveis e disponíveis para comparação pelo público; • clara definição de responsabilidades entre as entidades públicas; • aumento de flexibilidade, por meio da(4) simplificação de processos e da redução da burocracia; • oportunidade de escolha por parte do público em relação aos provedores de serviços. A estimativa é que(5) essas reformas aumentem o PIB do País em 16 bilhões de libras. (Adaptado de Revista Veja, n. 49, p.154.) a) 1 b) 2 c) 3 d) 4 e) 5 O gabarito foi a letra c – o verbo visar, no sentido de objetivar, originalmente é transitivo indireto. Assim, em “uma reforma que visa o aumento de produtividade”, devemos inserir a preposição a: visa ao aumento de produtividade. Caso restasse alguma dúvida em relação à possibilidade de se construir sob a forma direta (modernamente aceita), a banca tratou de sepultá-la com a apresentação do outro objeto indireto: “visa (...) à melhoria da qualidade dos serviços públicos”. É assim que se faz prova: diante de uma questão cujo tema é polêmico, você deverá analisar com cuidado todas as possibilidades. Normalmente, bancas consagradas, como a ESAF, procurar fugir desse debate, indicando, de alguma forma, o seu posicionamento. TIRANDO DÚVIDAS Reginaldo Gonçalves – DIREITO UNINORTE - 2010 2 D) está consoante com a língua escrita padrão, mas divergente dos hábitos da língua falada no Brasil; 07 - (CESGRANRIO / PREF.MANAUS / 2004) Marque a opção em que a regência do verbo NÃO está adequada, conforme a norma culta. (A) O pesquisador agregou-se ao grupo da universidade. (B) O auxiliar inseriu os dados no computador. (C) A criança agradeceu os primos o presente. (D) A situação de crise influiu na decisão do conselho. (E) Eu entreguei o requerimento ao advogado. 08 - (NCE UFRJ/ ANTT / 2005) Assinale a opção que corresponde à melhor redação, considerando correção, clareza e concisão. (A) A parada o autorizava à cobrar um novo preço; (B) A parada lhe autorizava de cobrar um novo preço; (C) A parada o autorizava de cobrar um novo preço; (D) A parada o autorizava a cobrar um novo preço; (E) A parada lhe autorizava a cobrar um novo preço. 09 - (NCE UFRJ / INCRA / 2005) A alternativa em que o pronome LHE está mal empregado é: (A) Só lhe comuniquei de minha decisão ontem; (B) Não lhe desejo mal; (C) Deste ator só lhe conhecia a foto; (D) Vou apresentar-lhe meu amigo; (E) Atribuímos-lhe uma atitude negativa. 10 - (UnB CESPE/INSS/1998) Quanto à correção da substituição do trecho sublinhado pela forma apresentada em negrito, julgue os itens abaixo. 1. “Já fez sua declaração de imposto de renda? / Já a fez? 2. “Os decretos-leis (...) abanam o rabo negativamente” / Os decretos-leis (...) abanam-lhe negativamente 3. “Mas se tiveres alguma dúvida” / Mas se tiveres ela. 4. “Os decretos-leis tentam barrar um senhor distinto” / Os decretos-leis tentam barrá-lo 5. “Agora é só (...) encheres este formulário-sanfona” / Agora é só (...) o encheres 11 - (NCE UFRJ / INCRA / 2005) Muitos gramáticos condenam o uso de um mesmo complemento referido a verbos de regência diferente, o que ocorre em: (A) entrar e sair de casa; (B) contemplar e pintar a paisagem; (C) ler e memorizar o telefone; (D) conhecer e admirar a obra do artista; (E) precisar e gostar de boas companhias. 12 - (ESAF/AFC STN/2002) No passado, para garantir o sucesso de um filho ou de uma filha, bastava conseguir que eles tirassem um diploma de curso superior. Uma vez formados, seriam automaticamente chamados de “doutor” e teriam um salário de classe média para o resto da vida. De uns anos para cá, essa fórmula não funciona mais. Quem quiser garantir o futuro dos filhos, além do curso superior, terá de lhes arrumar um capital inicial. Esse capital deverá ser suficiente para o investimento que gerará um emprego para seu filho. Em relação aos aspectos textuais, julgue a asserção abaixo. a) A regência do verbo chamar empregada no texto(l.3) é considerada coloquial. A gramática ortodoxa recomenda, como mais formal, o emprego desse verbo como transitivo direto. 13 - (CESGRANRIO/TRANSPETRO/2006) Por meio de uma carta, os funcionários _______________ aos superiores. TIRANDO DÚVIDAS Reginaldo Gonçalves – DIREITO UNINORTE - 2010 3 Com respeito à regência, a forma verbal que preenche adequadamente a lacuna acima é: (A) chamaram. (B) convidaram. (C) cumprimentaram. (D) pressionaram. (E) responderam. 14 - (FCC / INSS MEDICO / 2006) Empregou-se de acordo com o padrão culto escrito a forma grifada em: (A)) Estava tão atrapalhado, que enviou a carta justamente àquele que nunca poderia tê-la recebido. (B) A atitude desequilibrada daquele jovem foi uma heresia aos idosos que ali estavam sendo homenageados. (C) Informou-lhe de que deveria fechar o contrato até o fim do dia. (D) Recuperou-lhe daquele distúrbio com a competência e dedicação que todos lhe reconhecem. (E) Ele foi investido com uma difícil tarefa de comando, da qual se desincumbiu com grande habilidade. 15 - (FUNDEC / PRODERJ / 2002) Como na frase “O nível de complexidade do Deep Fritz reside nas linhas de código que o constituem” (linhas 17-18), também as frases abaixo estão corretas quanto ao emprego do pronome o, menos em uma, em que o correto seria empregar o pronome lhe. Esta frase está na opção: A) Procurei um técnico para cientificá-lo de que havia um problema para resolver. B) Embora o problema fosse de difícil solução, o computador o resolveu. C) Vou procurar o técnico para certificá-lo que o problema já foi resolvido. D) O cientista comentou que a empresa o contratou para resolver problemas complexos. E) A empresa que construiu o computador resolveu doá-lo para um museu. 16 - (ESAF / Analista IRB/2004) Identifique a letra em que uma das frases apresenta erro de regência verbal. a) Atender uma explicação. Atender a um conselho. b) O diretor atendeu aos interessados. O diretor atendeu-os no que foi possível. c) Atender às condições do mercado. Os requerentes foram atendidos pelo juiz. d) Atender o telefone. Atender ao telefone. e) Ninguém atendeu para os primeiros sintomas da doença. Ninguém se atendeu aos primeiros alarmes de incêndio. 17 - (UnB CESPE/DEFENSOR/2004) Analise a correção da assertiva abaixo. Em “Por conseqüência, a morte de um idioma implica perda imensurável a um país e, inclusive, à humanidade, pois perde-se, além da forma básica de comunicação, uma cultura com todas as suas expressões, como folclore, história, musicalidade, religião etc.”, o emprego da preposição que antecede os termos “um país” e “humanidade” é exigido pelas regras de regência segundo as quais está empregado o verbo implicar. 18 - (UnB CESPE / AGU / 2002) A impunidade que daí deriva não está ligada, pois, a diferenças sociais que impliquem que nem todos sejam iguais perante a lei, mas tão-só a que todos se submetem a ela como se vestissem roupas muito maiores que as devidas. A sociedade moderna é democraticamente relaxada. Com base no trecho acima, julgue a assertiva. Em “a diferenças sociais” (l.1), “a que todos” (l.2) e “a ela” (l.3), as três ocorrências da preposição “a” devem-se à regência da palavra “ligada” (l.1). 19 - (ESAF/TFC SFC/2000). TIRANDO DÚVIDAS Reginaldo Gonçalves – DIREITO UNINORTE - 2010 4 Assinale a opção que corresponde a erro gramatical. Outro mito muito em voga(A) é de que(B) a globalização torna(C) a vida das pessoas muito mais instável. Isso é só parcialmente verdade. As economias estão muito mais competitivas hoje em boa parte do mundo, o que(D) pode passar uma sensação maior de instabilidade. Um recente estudo do Banco Mundial, no entanto, mostra que(E) não há nenhuma evidência de aumento da instabilidade em termos de crescimento de PIB e de consumo privado na América Latina. (Adaptado de Exame, 1/11/2000, p.141) a) A b) B c) C d) D e) E 20 - (ESAF/TRF/2003) Assinale a opção em que o trecho do texto foi transcrito com erro de sintaxe. a) As empresas do setor imobiliário que deixaram de prestar contas das transações realizadas em 2002 vão ser alvo de investigação da Receita Federal. Imobiliárias, construtoras e incorporadoras tinham prazo limitado para entregar a Declaração de Informação sobre Atividades Imobiliárias- Dimob. b) A estimativa é de que metade das empresas não declarou, mas o coordenador geral de Fiscalização da Receita acredita que muitas delas ainda vão cumprir a exigência. Até o prazo foram entregues 21.395 declarações, mas nos registros da Receita constam em cerca de 40 mil empresas que estariam obrigadas a declarar. c) O coordenador diz que os dados da Dimob serão confrontados com as informações da declaração das empresas e das pessoas físicas. O coordenador afirma ainda que as informações serão cruzadas com os dados da CPMF, que têm sido instrumento indispensável ao trabalho de fiscalização do órgão. d) Na declaração, as imobiliárias só devem informar as operações realizadas no ano passado. As empresas que não tiveram atividades em 2002 estão desobrigadas de prestar contas. Quem deixou de entregar a declaração no prazo pagará multa mínima de R$ 5 mil por mês-calendário. Em caso de omissão ou informação de dados incorretos ou incompletos, a multa será de 5% sobre o valor da transação. e) Essa declaração foi criada em fevereiro de 2003 para identificar as operações de venda e aluguel de imóveis. A Receita quer saber, por exemplo, a data, o valor da transação e a comissão paga ao corretor. No ano passado, foram fiscalizadas 495 empresas do setor, cujas autuações somaram R$ 1,2 bilhão. (Adaptado de www.receita.fazenda.gov.br, 5/06/2003) 21 - (UnB CESPE / AGU / 2002) Analise a assertiva a seguir. A substituição do trecho “A minha firme convicção é que” (R.25) por A minha firme convicção é a de que estaria em desacordo com as exigências de formalidade da norma culta escrita. 22 - (UnB CESPE/Banco do Brasil/2002) Analise a proposição abaixo. O verbo “conferem”, em “o BB adotou medidas que conferem maior transparência às decisões internas e às movimentações da empresa no mercado bancário” está empregado no texto com a mesma regência e com sentido equivalente ao que está empregado no seguinte exemplo: Os dados do relatório final do BB conferem com aqueles divulgados pela imprensa no decorrer da semana. 23 - (UnB CESPE/CEF/2006) Julgue o item que se segue. No trecho “que a família ensine a criança, desde pequena, a saber lidar com dinheiro e a se envolver com o controle dos gastos”, o verbo ensinar rege um complemento com preposição e um sem preposição. 24 - (FCC/TCE MA – Analista/2005) ... os portos da Amazônia têm um sistema de braços flutuantes... TIRANDO DÚVIDAS Reginaldo Gonçalves – DIREITO UNINORTE - 2010 3 07 – C Ainda que você se lembrasse da polêmica do verbo agradecer (opção c), a banca facilitou a sua vida: apresentou dois complementos diretos. Segundo a norma padrão, a forma adequada seria: A criança agradeceu aos primos o presente (indireto de pessoa, direto de coisa). 08 – D Esse é mais um verbo que apresenta dupla possibilidade de regência: pode-se autorizar alguém a algo (direto de pessoa e indireto de coisa) ou autorizar algo a alguém (direto de coisa e indireto de pessoa). De qualquer forma, a preposição é a, e não “de”. Eliminamos, assim, as opções b e c. Na opção e, a banca sugere dois complementos indiretos: lhe e a cobrar um novo preço, enquanto que na opção a coloca um acento grave antes de um verbo (que não pode ser antecedido de artigo definido feminino – crase é o assunto da próxima aula). Por isso, a única opção correta é mesmo a letra d – “A parada o autorizava (direto de pessoa) a cobrar um novo preço (indireto de coisa)”. 09 – A O verbo comunicar é transitivo direto para coisa e indireto para pessoa (Comunicar algo a alguém). Assim, o erro não está necessariamente no emprego do pronome lhe, mas na colocação de uma preposição antes do objeto direto: Só lhe comuniquei minha decisão ontem. Não há, no Dicionário Prático de Regência Verbal, de Celso Pedro Luft, abono para a construção “Comunicar alguém de algo”, só “Comunicar algo a alguém”. Na opção c, há um excelente exemplo do pronome oblíquo com valor possessivo, mencionado na questão 4: Só conhecia a foto do ator = Só conhecia a sua foto / a foto dele = Só lhe conhecia a foto. O pronome não está complementando o verbo, mas se referindo ao nome (foto). Nas demais opções, também está correto o emprego do pronome oblíquo: b) Não desejo mal a ele; d) Vou apresentar meu amigo a ele; e) Atribuímos a ele uma atitude negativa. 10 – C / E / E / C / C Estão incorretas as substituições propostas nos itens 2 e 3: Item 2 – O verbo abanar é transitivo direto (abanam o rabo). Assim, o pronome que deve ser usado é “o”, e não o “lhe”. Após verbos terminados de forma nasal (com –m, -õe ou –ão, como em abanam), os pronomes oblíquos átonos (o, a, os, as) recebem a letra n: abanam-no. Essa lição consta do comentário à questão 24 da Aula 2 – Verbo. Se você já a tiver esquecido, volte a estudá-la. Item 3 – Iremos tratar do emprego dos pronomes oblíquos. Por ora, iremos nos ater a registrar que os pronomes ele, ela, eles, elas, quando oblíquos, devem estar necessariamente acompanhados de preposição. O correto seria: Mas se a tiveres. 11 – A Essa questão trata do emprego de verbos de regências diferentes em relação a um mesmo complemento. Nesses casos, é recomendável a seguinte construção: entrar em casa e sair dela. As demais opções apresentam verbos de idêntica regência, podendo ser usado apenas um complemento para ambos. 12 - Item INCORRETO. O verbo CHAMAR, na acepção apresentada, é um verbo transobjetivo, ou seja, além do objeto, exige um predicativo do objeto. Ao contrário de todos os demais verbos transobjetivos, o verbo chamar, segundo a norma culta, pode ser tanto transitivo direto quanto indireto, sem que o seu significado seja alterado. Em suma, com o sentido de apelidar, qualificar, tachar, o complemento verbal do verbo chamar tanto pode ser um objeto direto (Chamou fulano de mesquinho / Chamou-o de mesquinho) quanto um objeto indireto, com a preposição a ou o pronome lhe (Chamou a fulano de mesquinho / Chamou-lhe de mesquinho.). TIRANDO DÚVIDAS Reginaldo Gonçalves – DIREITO UNINORTE - 2010 4 Por sua vez, o termo “mesquinho”, que, no exemplo acima, se refere a “fulano” (objeto direto/indireto), exerce a função de predicativo do objeto (direto/indireto) e pode vir ou não precedido de preposição – Chamou fulano (de) mesquinho / Chamou a fulano (de) mesquinho. Na construção de linha 3, o verbo chamar é transitivo direto e está construído em voz passiva (“seriam automaticamente chamados de ‘doutor’...”). Por isso, são dois os equívocos: 1. afirmar que o verbo chamar, na construção, não seria transitivo direto – ele é transitivo direto, sim, e por isso possibilita a voz passiva; 2. considerar que a norma culta recomenda apenas a forma direta (admitem-se as duas transitividades – direta ou indireta). 13 – E Agora, o verbo chamar (opção a) significa convocar, solicitar a presença, é transitivo direto. Também apresentam essa transitividade os verbos convidar, cumprimentar e pressionar. Já o verbo responder, como vimos, requer complemento indireto, com a preposição a. Portanto, é o único que pode preencher a lacuna: Por meio da carta, os funcionários responderam aos seus superiores. 14 – A O verbo enviar apresenta, na construção, bitransitividade: objeto direto (a carta) e indireto (àquele). Na aula sobre crase, veremos que o encontro da preposição a (exigida pelo verbo) com o pronome demonstrativo aquele forma crase. Os erros das demais opções são: b) o substantivo heresia rege a preposição contra. Essa é uma das raras questões de regência nominal. c) o verbo informar apresenta dois complementos indiretos – um deles deve ser modificado. Há duas possibilidades: informou-o de que deveria fechar ou informou-lhe que deveria fechar. d) O verbo recuperar é pronominal com valor reflexivo: recuperou-se daquele distúrbio. Está correto o emprego do verbo reconhecer, na seqüência: no sentido de assegurar, é transitivo direto e indireto – todos lhe reconhecem a competência e dedicação. 15 – C O verbo certificar é mais um exemplo de dupla possibilidade de regência, assim como informar, avisar: a sintaxe originária é certificar alguém de alguma coisa (direto para pessoa e indireto para coisa); contudo, acabou evoluindo para certificar algo a alguém (direto para coisa e indireto para pessoa). A banca explorou esse conceito. a) O objeto direto é relativo a pessoa (representado pelo pronome oblíquo o), enquanto que o indireto, referente a coisa (de que havia um problema). b) O verbo resolver é transitivo direto (o computador resolveu o problema). Está correto o emprego do pronome oblíquo o no lugar do nome. c) Agora, ao contrário da opção a, o objeto direto do verbo certificar se referiu a coisa (que o problema já foi resolvido). Assim, referente a pessoa, deve-se empregar o pronome oblíquo lhe (objeto indireto), e não o pronome o. Está incorreta a construção. Essa é a resposta. d) O verbo contratar apresenta objeto direto de pessoa (contratar alguém) e indireto, regido pela preposição para. Está correta a construção. e) O verbo doar apresenta transitividade direta (doar alguma coisa), sendo cabível o pronome oblíquo o. Em resumo – para objetos diretos, use os pronomes o/a/os/as; para objetos indiretos, use os pronomes lhe/lhes, salvo nos casos em que só se aceitam as formas “a ele(s)/a ela(s)”. 16 - E Essa questão é praticamente uma aula de regência verbal do verbo atender. Todos os exemplos apresentados nas opções da questão foram retirados do livro de Celso Pedro Luft (obra citada no início da aula). Sobre a regência do verbo atender: TIRANDO DÚVIDAS Reginaldo Gonçalves – DIREITO UNINORTE - 2010 5 1. o verbo será facultativamente transitivo direto ou transitivo indireto (neste caso, regendo a preposição a) nas seguintes acepções:- no sentido de dar ou prestar atenção – “Atender a um conselho” (opção a),”Atender uma explicação” (opção a), “O diretor atendeu aos interessados” (opção b); Luft ressalta que, se o complemento for um pronome pessoal referente a PESSOA, só se empregam as formas objetivas diretas – “O diretor atendeu os interessados” ou “aos interessados”, mas somente “O diretor atendeu-os.”. - na acepção de tomar em consideração, considerar, levar em conta, ter em vista – “Atender às condições do mercado.” (opção c); - com sentido de responder – “Atender ao / o telefone (opção d); 2. na acepção de conceder uma audiência , é transitivo direto e, por isso, possibilita a construção na voz passiva – “Os requerentes foram atendidos pelo juiz” (opção c); 3. no sentido de acolher, deferir, tomar em consideração, é transitivo direto – “O diretor atendeu-os no que foi possível” (opção b) ; 4. no sentido de atentar, reparar, é transitivo indireto, podendo reger as preposições a, para, em – “Ninguém atendeu para os primeiros sintomas da doença” (opção e). A única forma incorreta é “Ninguém se atendeu aos primeiros alarmes de incêndio.”. O sentido é o da letra e (atentar, reparar), que, por ser transitivo indireto, não admite construção de voz passiva (“Ninguém se atendeu...”). 17 – Item INCORRETO. O verbo implicar, na acepção de acarretar, é transitivo direto, segundo a norma culta. Esta sintaxe foi respeitada no segmento em comento – “a morte de um idioma implica perda...”. As expressões “a um país” e “à humanidade” são regidos pelo substantivo perda (“perda ... a um país e, inclusive, à humanidade”). Portanto, a assertiva encontra-se INCORRETA. 18 – Item INCORRETO. Mais uma vez, a banca tenta confundir o candidato. Ainda que não tenha sido objeto da questão, merece destaque o emprego culto do verbo implicar, com a transitividade direta (“diferenças sociais que impliquem que...”). Afirma o examinador que os três elementos indicados (a diferenças sociais, a que todos, a ela) estão sendo regidos pelo adjetivo ligada. Em relação aos dois primeiros, isso é verdade (“não está ligada, pois, a diferenças sociais ..., mas tão-só *ligada+ a que todos se submetem...”). Em virtude de o termo regente ser um adjetivo, temos aí um caso de regência nominal. Contudo, o terceiro elemento atua como complemento verbal de submeter: “... todos se submetem a ela [a impunidade] como se vestissem roupas muito maiores que as devidas.”. Ao contrário dos demais, esse é um caso de sintaxe de regência verbal. Por esse motivo, está incorreta a assertiva. 19 - B No período “Outro mito muito em voga é de que a globalização torna a vida das pessoas muito mais instável”, há duas orações, quais sejam: • “Outro mito muito em voga é de” – oração principal • “que a globalização torna a vida das pessoas muito mais instável.” – oração subordinada à principal. A preposição “de” (sublinhada acima), que antecede a conjunção “que”, é exigida pelo substantivo “mito” (mito de alguma coisa). Contudo, a ausência da repetição desta palavra ou de sua substituição por um pronome acarretou a falha de coesão textual, acabando por deixar a preposição sozinha, sem termo ao qual pudesse se ligar. Há duas possibilidades de correção e, conseqüentemente, de classificação da oração subordinada: 1ª possibilidade: - “Outro mito muito em voga é o de que a globalização torna a vida das pessoas muito mais instável.” 1ª oração - “Outro mito muito em voga é o de” - oração principal (o pronome demonstrativo “o” representa o substantivo “mito” e passa a ser o termo regente da preposição de)
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