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Guias e Dicas
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Saiba mais sobre educação Fisica-Lauro Pires Xavier Neto e Jeane Rodella Assunção, Notas de estudo de Educação Física

Este livro pequeno no tamanho, mas grande no conteúdo, certamente fará parte do acervo bibliográfico dos cursos de Licenciatura Plena em Educação Física e, eu, pessoalmente, o recomendarei para os meus alunos de graduação e pós-graduação lato senso, pois, neste livro o aluno poderá iniciar-se nas idéias de pensadores fundamentais da produção cientifica da área, como: Go Tani, João Batista Freire de quem tive o prazer de ser aluno, Eleonor Kunz, Nahas, Guedes e Guedes, Farinatti,

Tipologia: Notas de estudo

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Baixe Saiba mais sobre educação Fisica-Lauro Pires Xavier Neto e Jeane Rodella Assunção e outras Notas de estudo em PDF para Educação Física, somente na Docsity! Site: LAURO PIRES XAVIER NETO JEANE RODELLA ASSUNÇÃO Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ Coleção SAIBA MAIS SOBRE EDUCAÇÃO FÍSICA LAURO PIRES XAVIER NETO Prof. Auxiliar da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) - disciplina de Estágio Supervisionado Escolar do Curso de Educação Física. Mestrando do Curso de Educação Popular da Universidade Federal da Paraíba. Pesquisador da Linha de Estudos e Pesquisa em Educação Física/Esporte e Lazer (LEPI I i faculdade de Educação (FACED) da Universidade Federal da Bahia (UFBA). JEANE RODELLA ASSUNÇÃO Graduanda de Educação Física da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) Profª de ensino fundamental e médio de Educação Física da (acuidade e Colégio Santo Agostinho (FACSA) de Ipiaú/BA. Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ AGRADECIMENTOS Aos nossos pais que sempre estiveram presentes em todos os momentos da nossa caminhada. Ao Professor Wilson Aragão pela forma criteriosa e didática de expor seus pensamentos. Ao Professor Francisco Máuri de Carvalho pela coragem e força na construção de uma sociedade sem classes. A Professora Celi Taffarel pela luta vigorosa e diária em favor das classes menos favorecidas. Ao Professor Ivaldo Gomes pela coerência. A Neiry Delânia pelo olhar carinhoso e atencioso, sempre presente neste nosso longo caminhar. Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ ÍNDICE APRESENTAÇÃO.............................................................................................. 7 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9 AS CONCEPÇÕES DA EDUCAÇÃO FÍSICA .................................................. 12 ABORDAGEM DESENVOLVIMENTISTA..................................................... 13 ABORDAGEM CONSTRUTIVISTA .............................................................. 15 ABORDAGEM CRÍTICO - EMANCIPATÓRIA .............................................. 17 CRITICA AS ABORDAGENS........................................................................... 21 DESENVOLVIMENTISTA............................................................................. 21 CONSTRUTIVISTA ...................................................................................... 22 CRÍTICO-EMANCIPATÓRIA ........................................................................ 23 ABORDAGEM DA APTIDÃO FÍSICA / SAÚDE............................................ 23 CRÍTICA A ABORDAGEM DA APTIDÃO FÍSICA / SAÚDE ......................... 26 ABORDAGEM.................................................................................................. 29 CRÍTICO - SUPERADORA .............................................................................. 29 POSSIBILIDADES DA PRÁTICA PEDAGÓGICA: O ENSINO DO BASQUETEBOL............................................................................................... 36 A PROPOSTA CRÍTICO-SUPERADORA..................................................... 37 A PROPOSTA DESENVOLVIMENTISTA..................................................... 40 A PROPOSTA CONSTRUTIVISTA .............................................................. 41 MODELO DE REPRODUÇÃO OU PERSPECTIVA DE TRANSFORMAÇÃO?44 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 48 Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ APRESENTAÇÃO A produção do conhecimento a cerca do ensino de Educação Física tem crescido significativamente nas últimas duas décadas, provavelmente em função da implantação de vários programas de pós-graduação no Brasil. Os quais têm contribuído, de forma decisiva, para enfrentar e superar o debate sobre uma prática de ensino dessa disciplina voltada, apenas, para o desenvolvimento dos músculos e das atividades desportivas e assim, consolidando uma práxis mais acadêmica e fundada em parâmetros científicos. Esse processo que gerou a publicação de alguns excelentes textos resultantes de pesquisas científicas em forma de livros, e que, teve como um de seus marcos a publicação do trabalho organizado pelo "Coletivo de Autores" forjou uma nova geração de professores de Educação Física. Lauro Pires Xavier Neto e Jeane RodelIa Assunção, autores destas reflexões sobre as concepções da Educação Física fazem parte dessa nova geração que "sem medo de ser feliz", pensam, refletem e pesquisam, produzindo novos conhecimentos a cerca dos paradigmas postos e, ultrapassando as fronteiras da falsa neutralidade cientifica, se posicionam criticamente sobre estas concepções, contextualizando-as, identificado-as suas raízes históricas e apresentado um exemplo didático concreto da utilização dessas ramificações teóricas. Com humildade, simplicidade e sem grandes pretensões, como podemos ver em suas palavras, ainda na introdução, "Não temos a pretensão, nesse momento, de nos aprofundar nas relações da macro economia com a Educação Física e suas teorias radicais (raiz) de conhecimento, portanto lançamos ao leitor uma análise preliminar das concepções propositivas (sistematizadas e não-sistematizadas) da disciplina e desejamos que a leitura realizada seja posta sob o olhar crítico, percebendo que a educação física não é algo solto, difuso, desatento da realidade imposta pelo políticas da macro economia - assim como a escola não o é." Entretanto, eles produziram um valioso trabalho de pesquisa que merece a atenção de qualquer estudioso de nossa área, não só pelo conteúdo acadêmico, mas também pela forma didática de sua organização. Ao dar início a leitura você, caro leitor, poderá observar que, às vezes os autores dão a impressão de terem abandonado a idéia principal. Mas logo se vê que aquela derivação foi intencional. Trata-se de uma opinião inserida com muita segurança por quem não quer se omitir e sabe que as concepções do ensino de Educação Física no Brasil, também foram social e historicamente produzidas no seio de uma sociedade estratificada em classes sociais e, portanto permeadas pela ideologia hegemônica nesse modo de produção. Este é, talvez, o maior mérito deste livro: não se restringir ao debate superficial das concepções. Bem mais abrangente, eles as integram nas problemáticas da sociedade capitalista e assim, contribuem para o grande esforço de poucos para fazer das práticas docentes desenvolvidas no ensino Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ homem e homem outro vínculo que não o do frio interesse, o do insensível 'pagamento em dinheiro" Chossudovsky (1999) consegue mapear a ação do capitalismo mundial a partir das relações de países na América, Ásia e África com o Fundo Monetário Mundial (FMI) e o Banco Mundial (BM). Através da análise da macroeconomia percebemos as condições objetivamente concretas entre os homens, e suas relações materiais. Os dados estatísticos do BM revelam que 18% da população mais rica detêm 78% da economia mundial. Esses dados estatísticos apontam mais que números, eles são o reflexo de uma política econômica voltada para o lucro, obtido através do suor dos trabalhadores, a partir de um Projeto Histórico Capitalista (PHC). Chos-sudovsky faz uma análise da situação brasileira, a partir da dívida externa, passando pelo Plano Collor, Consenso de Washington e o Governo Neoliberal de FHC. Compreendemos que o PHC tem um caráter determinista e vincula as nossas relações pessoais ao desastre econômico mundial. Recentemente o Governo dos Estados Unidos lançou a Doutrina Bush4, buscando adotar uma série de medidas e princípios no sentido do fortalecimento do imperialismo norte- americano. O documento propõe, entre outras medidas, a implantação da Área de Livre Comércio das Américas5 (ALCA) e o fortalecimento das políticas assistencialistas aos países endividados. No seio dessas contradições impostas pelo sistema capitalista de produção encontramos a luta dos trabalhadores historicamente constituída. Luta essa marcada pelo sangue de milhões de pessoas que sonharam com a liberdade e com a implantação de um Projeto Histórico que atendesse aos anseios da maioria da população. Assim podemos nos deparar com escola, inserida na sociedade capitalista, e as suas possibilidades a partir das políticas educacionais e da realidade concreta dos professores que no seu dia-a-dia podem afirmar uma pedagogia que atenda ou não aos interesses da grande parte da população. Portanto, o que aparenta ser uma digressão torna-se elemento fulcral na análise da perspectiva do que venha ser (ou as possibilidades metodológicas) da Educação Física escolar, pois como afirmou Saviani (2002), "não é possível, portanto, compreender radicalmente a história da sociedade contemporânea sem se compreender o movimento do capital". Temos a noção que a Educação Física é apenas um pequeno elemento dentro dessa análise conjuntural maior. Porém, as concepções de ensino da Educação Física sofreram e sofrem os impactos da política educacional (econômica), fato esse que podemos perceber nos seus principais autores e proposições pedagógicas que iremos analisar nas próximas páginas, que se enveredam por bases epistemológicas distintas evidentemente ligadas aos projetos de sociedade que acreditam a partir das classes sociais que pertencem. Não teríamos a pretensão, nesse momento, de nos aprofundar nas relações da macro economia com a Educação Física e suas teorias radicais (raiz) de conhecimento, portanto lançamos ao leitor uma análise preliminar das 4 Sobre a Doutrina Bush ver "The National Security Straltgy of The United States of America". setembro, 2002 5 Sobre a ALCA. consultar Sader (2001) e Campanha Nacional Contra a ALÇA (2002). Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ concepções propositivas (sistematizadas e não-sistematizadas) da disciplina e desejamos que a leitura realizada seja posta sob o olhar crítico, percebendo que a Educação Física não é algo solto, difuso, desatento da realidade imposta pelo políticas da macro economia - assim como a escola não o é. Uma análise mais elaborada pode ser pensada pelo leitor, a partir das matrizes epistemológicas citadas nessa obra, das concepções da Educação Física, porém não discutidas a fundo. Entender a proposta crítico- superadora a partir do olhar do materialismo histórico-dialético, assim como a obra foi concebida, é perceber que a circunstância histórica exigia aquilo, já que a Educação Física estava inundada por proposições relacionadas com a fenomenologia e o positivismo e correntes filosóficas que não tratavam da escola sob o olhar da classe trabalhadora. Percebe-se que este livro tem como objetivo trocarem miúdos as concepções de Educação Física, levando ao professor um detalhamento da relação concreta forjada no cotidiano da sala de aula, a partir do aprofundamento das propostas crítico-superadora, crítico-emancipatória, aptidão física e saúde, construtivista e desenvolvimentista. Cabe agora o olhar do professor sobre sua prática cotidiana e seu engajamento, a partir da sua realidade concreta (da escola pública) e das condições materiais diretamente relacionadas com a comunidade onde a escola está inserida e os seus alunos, para então perceber (ou não) as possibilidades da Educação Física vinculada a um projeto histórico de sociedade (matriz do conhecimento), com os objetivos, conteúdos, metodologia e avaliação de sua reflexão-ação bem alicerçados. Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ AS CONCEPÇÕES DA EDUCAÇÃO FÍSICA A metodologia de ensino é uma área que está em constante evolução, é muito discutida entre os profissionais da Educação, porém é quase unânime um pensamento: ela precisa evoluir. Evoluir no sentido de superar os destinos que sua prática toma, que é, quase sempre o de justificar o sistema vigente, o mesmo sistema social que permite que os seus professores ganhem baixos salários, que sustenta a ideologia dominante, que articula ações deliberadas para que os nossos alunos não reflitam de modo crítico. A luta pela sobrevivência (da classe trabalhadora), assim como a luta para conseguir uma vaga na escola pública com ensino cheio de falhas não lhes permite e não lhes fornece elementos necessários para formar uma opinião crítica, que os levem a reflexão acompanhada de ações capazes de mudar sua atroz realidade. A Educação Física brasileira foi trabalhada ao longo dos anos em nossas escolas de várias formas seguindo modelos trazidos de outros países, especificamente do continente europeu, como Suécia, tendências passam a buscar um olhar crítico e um objeto de estudo na Educação Física no intuito de compreender o ser humano em sua totalidade. Na realidade o que existiu nas décadas de 80 e 90 foi uma efervescência da teoria da Educação Física, em que várias correntes de pensamento estruturaram suas bases teóricas a partir de um viés epistemológico. Dentro deste contexto surgem várias propostas no que se refere à Educação Física escolar. Estas propostas vêm ampliar o debate da Educação Física no que diz respeito a seus conteúdos, objetivos, prática pedagógica, etc. Desta forma, estas teorias serão analisadas a partir de um modelo de sociedade que irão defender, definindo os objetivos da Educação Física no processo de formação dos indivíduos. De acordo com estudos já desenvolvidos sobre as abordagens da Educação Física, tem-se a seguinte definição: propositivas (sistematizadas e não-sistematizadas) e as não-propositi vas. Temos as seguintes abordagens e os seus principais autores, segundo esquema montado por TAFFAREL, Castellani Filho e Assis Oliveira: Concepções não-propositivas: 1. Abordagem Sociológica (BETTI, BRACHT, TUBINO); 2. Abordagem Fenomenológica (SILVINO S ANTIN e WAGNER WEY MOREIRA); 3. Abordagem Cultural (DAÓLIO). Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ evitando-se o que denominam de imediatismo e da busca do produto, como afirma Go Tani (1988): Professores que não respeitam as limitações na capacidade de processamento de informações dos alunos caem, frequentemente, no imediatismo. Transmitem informações que ultrapassam as capacidades reais de processamento dos alunos e esperam performances bem-sucedidas a curto prazo. Para estes professores, o importante é o resultado e não o processo de aprendizagem. Para identificar o erro do aluno é preciso conhecer as etapas da aquisição das habilidades motoras básicas. O reconhecimento do erro deve ser realizado através da observação sistemática das fases de aquisição de cada uma das habilidades motoras, de acordo com a faixa etária. No processo avaliativo são identificados os aspectos relativos à observação do movimento perfeito. O professor deverá observar e corrigir quando o aluno não estiver executando os movimentos corretamente, e é a partir da observação que o mesmo obterá este feedback de informações necessárias a sua intervenção. De acordo com GoTani: Este feedback não existe apenas para informar que os alunos cometeram erros de performance. Ele fornece importantes informações com relação às mudanças que os alunos necessitam introduzir no seu plano motor, para que, na próxima tentativa, a diferença entre o desejado e o manifestado seja próximo de zero. A partir desta avaliação aprimora-se a técnica da habilidade motora, principal mente pela repetição do gesto. ABORDAGEM CONSTRUTIVISTA Na concepção Construtivista com ênfase na psicogenética, encontraremos como autor brasileiro JOÃO BATISTA FREIRE (Pedagogia de Futebol, 1998; De corpo e alma, 1991; Educação de corpo inteiro, 1989), com seus estudos baseados nas idéias de JEAN PIAGET. O próprio Freire, segundo DAÓLIO (1998:90), recusa o rótulo de construtivista que lhe é imputado, afirmando possuir uma visão de mundo que coincide com as teorias construtivistas, mas insistindo ser muito mais que isso. Esta abordagem construtivista tem se infiltrado no interior da escola e o seu discurso está presente nas diferentes segmentações do contexto escolar. Esta proposta é apresentada como uma opção metodológica, em oposição às linhas anteriores da Educação Física na escola, especificamente à proposta mecanista, caracterizada pela busca do desempenho máximo e de padrões de comportamento, sem considerar as diferenças individuais, sem levarem conta as experiências vividas pelos alunos, com o objetivo de selecionar os mais habilidosos para competições esportivas. Esta concepção dá ênfase aos aspectos psico-social-afetivo-motor. Esta relação leva em consideração o jogo como forma de desenvolvimento da Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ condição humana. Temos então uma preocupação de uma teoria que avança em relação às propostas mecanicistas da Educação Física e que buscam compreender a criança enquanto ser social e criativo. Desta forma, o aprendizado se estabelece a partir da relação do sujeito com o mundo. DARIDO, reporta-se a proposta construtivista observando que: No construtivismo a intenção é a construção do conhecimento a partir da interação do sujeito com o mundo, numa relação que extrapola o simples exercício de ensinar e aprender... conhecer é sempre uma ação que implica em esquemas de assimilação e acomodação num processo de constante reorganização. O desenvolvimento da aula deverá proporcionar ao educando a descoberta de suas possibilidades, a exploração do espaço, o reconhecimento de si em relação ao outro e do seu corpo em movimento, oferecendo-lhe situações que desperte para variações, procurando incentivá-lo, já que o estimulo é fator de grande importância na aprendizagem, trabalhando também a socialização utilizando atividades em grupo. Na abordagem construtivista o jogo enquanto conteúdo /estratégia tem papel privilegiado. É considerado o principal modo de ensino- aprendizagem, um instrumento pedagógico, pois enquanto joga e brinca a criança aprende. Sendo que este aprender deve ocorrei num ambiente lúdico e prazeroso para a criança. As propostas de avaliação caminham no sentido da avaliação não punitiva, vinculada ao processo de auto-avaliação, como afirma FREIRE(1991:18) (...) a mesma deve ser tanto qualitativa quanto quantitativa, não devendo privilegiar a técnica e levar cm consideração aspectos psicomotores"... Esta avaliação deverá levar em conta a condição do aluno em relação ao grupo deve contemplar os aspectos emocionais, afetivo, intelectuais, etc. Na orientação da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas (CENP, que tem como colaborador o professor João Batista Freire), a meta da construção do conhecimento é evidente quando propõe como objetivo da Educação Física “respeitar o universo cultural do aluno, explorar a gama múltipla de possibilidades educativas de sua atividade lúdica espontânea, e gradativamente propor tarefas cada vez mais complexas e desafiadoras com vista a construção do conhecimento". Freire considera também a corrente psicomotora, segundo DARIDO, pois percebe que: Esta proposta foi estimulada não só pelo construtivismo na Educação Física escolar, que é um fato recente, mas principalmente pelas discussões realizadas nas décadas passadas, 70 e 80, relacionadas a proposta apresentada por Le Boulch (1983) denominada de psicomotricidade. Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ Nesta perspectiva de aprendizagem devem ser considerados os aspectos psico-sociais tendo o jogo como um instrumento lúdico no processo de construção do conhecimento. O professor tem função não diretiva valorizando assim o trabalho em grupo e as relações interpessoais menos hierarquizadas, colaborando com o desenvolvimento moral e social. Dentro desta perspectiva o aluno terá a possibilidade de se reconhecer enquanto ser social, sujeito na construção desse jogo, e de suas possibilidades em relação à execução do movimento diante deste contexto. ABORDAGEM CRÍTICO - EMANCIPATÓRIA Essa concepção tem suas bases nas reflexões feitas por Eleonor Kunz, em sua primeira publicação - Educação Física: Ensino e Mudança (1991) e após diversos encontros, seminários, congressos, etc., que resultaram na publicação do livro - Transformação Didático - Pedagógica do Esporte (1994), que traz essa concepção de ensino para socialização dessas "reflexões / produções" com os professores de Educação Física. É uma proposta para a Educação Física escolar "centrada no ensino dos esportes”, visando fornecer aos professores, que atuam nessa área, elementos para que eles possam superar os modelos atuais de ensino dos esportes na escola, que são pautados no rendimento e nos moldes que se apresentam na mídia, utilizando-se de uma matriz teórica crítica para orientar suas ações pedagógicas. Para isso o autor lança mão, em suas fundamentações / reflexões, de autores como: Bracht (1992); Trebels (1983); Habermas (1981); Teóricos da Escola Frankfurt (Marcuse, Horckheimere Adorno). Na tentativa de proporcionar aos professores a possibilidade de ensinar o esporte em suas aulas, com o intuito de promover a "formação de sujeitos livres e emancipados", os mesmos devem utilizar uma metodologia de ensino que segundo KUNZ (1994:15) é "baseada na concepção Pedagógica crítico - emancipatória e didática comunicativa para o ensino dos esportes na Educação Física escolar". E esclarece, para que haja um melhor entendimento, que é necessário assumir essa concepção em todo o agir pedagógico: Uma teoria pedagógica no sentido crítico – emancipatória precisa, na prática, estar acompanhada de uma didática comunicativa, pois ele deverá fundamentar a função do esclarecimento e da prevalência racional de todo agir educacional implica sempre, numa racionalidade comunicativa. (Idem: 29). A concepção crítico - emancipatória pressupõe que a metodologia do professor ao ensinar o esporte, deve estar pautada em "ações comunicativas” que no sentido de emancipação do aluno deve dar-lhe, através da prática e problematização do mesmo, a capacidade de agir racionalmente, fazendo uma reflexão crítica sobre suas ações. Isso se torna possível a partir do momento em que o aluno atinge a "maioridade", que acontece num Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ Vê-se que o conteúdo para o ensino dos esportes na Educação Física não pode ser apenas prático. O ensino pretendido como afirma KUNZ (op. cit., 37): (...) não é um ensino FECHADO que se concentra na aprendizagem de destrezas técnicas para o rendimento esportivo, e nem o ensino ABERTO para entender, na maior parte, os interesses do aluno. Este deve ser um ensino que se movimenta constantemente em um ABRIR E FECHAR de suas relações metodológicas. Nota-se que ensinar o esporte numa perspectiva crítico- emancipatória é buscar dentro do próprio esporte suas contradições e relacioná-las com a realidade dos praticantes deste esporte. Porém, não é tão simples assim, pois a imagem que os alunos trazem para dentro da escola é a imagem que vem sendo construída por uma sociedade capitalista há muitos séculos. Então, o professor deve agir intencionalmente, buscando emancipar os seus alunos, "libertando-os deles mesmos". Segundo o autor, se a Educação Física conseguisse introduzir com competência e organização a formação de indivíduos críticos com perspectiva emancipatória, poderia iniciar um processo concreto de redimencionamento da educação do jovem no Brasil e ser imediatamente acompanhada pelas demais disciplinas escolares, pois na verdade, só existe uma formação crítico-emanci patória da escola e não de uma disciplina. TABELA 01 - PROPOSTAS CRITICO EMANCIPATÓRIA PARA EDUCAÇÃO FÍSICA Fundamenta-se nas categorias trabalho, interação e linguagem (teoria crítica) relacionando-as ao processo de ensino (conteúdo, método, objetivos) da Educação Física. TRABALHO INTERAÇÃO LINGUAGEM ASPECTO DOS CONTEÚDOS Ter acesso a conhecimentos e informações de relevância e sentido para a aquisição de habilidade ao esporte de acordo com o contexto. Ter acesso a relação esportivo-cultural, vinculados à cultura do movimento do contexto social. Ter acesso a conteúdos simbólicos e lingüísticos que transcendem o contexto esportivo. ASPECTO DOS OBJETIVOS Possibilitar o acesso a estratégias de aprendizagem, técnicas, habilidades específicas e de capacidades físicas. Capacitação para assumir conscientemente papeis sociais e a possibilidade de reconhecer a inerente necessidade de se movimentar. Aperfeiçoamento das relações de entendimento de forma racional e organizada. ASPECTO DOS OBJETIVOS Capacitar para o mundo dos esportes, movimentos e jogos de forma efetiva e autônoma com vista à vida futura relacionando ao lazer e ao tempo livre. Capacitar para um agir solidário, cooperativo e participativo. Desenvolver capacidades criativas, implorativas, além da capacidade de discernir e julgar de forma crítica. COMPETÊNCIA OBJETIVA SOCIAL COMUNICATIVA Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ CRITICA AS ABORDAGENS Poderíamos resumir nossas críticas ao elemento pedagógico de que as abordagens desenvolvimentista, construtivista e crítico-emancipatória não se apresentam enquanto propositivas sistematizadas, não conseguem afirmar por completo a Educação Física na escola, pois não elaboram uma seriação ou ciclos de conhecimento. Acreditamos que esses elementos não convencem uma crítica afirmativa, pois podemos observar vários professores que conseguem, através das obras de GO Tani, Freire e Kunz, sistematizar conhecimentos da prática pedagógica em Educação Física na educação básica de uma forma geral. Acreditamos que a intenção da crítica às abordagens apresentadas passa pela reflexão de qual projeto de sociedade está se pensando, nesse sentido concordamos com Carvalho (1991:49) quando afirmou que muitos professores da área "procuram grosso modo ignorar nossa realidade concreta, realidade sócio-econômica, misantrópica e heteróclita, na qual "vivem" de modo ignóbil mais de 80% da população brasileira". Nossa preocupação é evitar o discurso da neutralidade pedagógica, intencionalmente forjado para desvirtuar o debate da realidade social e somar com o coro dos incautos professores que acreditam na Educação Física como uma redenção dos seus problemas pessoais. O Coletivo de Autores (1992) inicia seu debate fazendo a seguinte questão: a que classe social pertencemos? Podemos afirmar que os discursos contidos nas abordagens da Educação Física possuem uma intencionalidade pedagógica vinculada a um projeto de sociedade que estará contribuindo com a hegemonia de uma classe social. E o professor através de suas aulas, a partir de uma determinada abordagem, estará reforçando o discurso embutido nas bases epistemológicas da abordagem escolhida em sala de aula. E importante que o professor tenha claro esses elementos no momento do planejamento escolar, no momento de discussão do Projeto Político Pedagógico da escola - pois não existe uma escola, um sistema escolar neutro. Assim as críticas que seguem fazem parte de um entendimento que vivemos numa sociedade dividida em classes, onde a escola (e a Educação Física) podem reproduzir o ideário da classe dominante, esvaziando a luta dos contrários e afirmando uma postura ideológica bem definida. DESENVOLVIMENTISTA Sua preocupação está relacionada com o crescimento e desenvolvimento da criança tendo como ponto de partida e chegada, o movimento a partir de modificações neuro-psicológicas. Podemos chamar essa abordagem de Educação do Movimento, pois privilegia a aprendizagem motora através de estágios de desenvolvimento preestabelecidos e que devem ser alcançados pelos alunos através das orientações do professor que assume uma postura diretiva na condução das aulas e que é o responsável para indicar Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ aos alunos como o movimento deve ser efetuado esperando a performance bem sucedida. O professor transmite o conhecimento através de programações individuais e corrige o aluno quando este não executa os movimentos corretamente. Nessa abordagem tenta-se aprimorar a técnica da habilidade motora pela repetição dos gestos técnicos e tem como finalidade a adaptação e a busca do rendimento, seleção e iniciação esportiva. Não compreende a criança como um ser social e criativo, inserida na realidade do sistema capitalista repleta de contradições, estabelecendo os chamados Padrões Fundamentais de Movimento que todos os alunos, de acordo com sua faixa etária, devem alcançar independentemente de sua condição social. Acreditamos que essa abordagem foi predominante nas escolas durante a década de 80 e 90, afirmando um caráter estereotipado da Educação Física no sentido de caracterizá-la enquanto esporte, rendimento e performance, através de exercícios repetitivos e automatizados. A abordagem desenvolvimentista despreza totalmente a concepção materialista da história e afirma-se enquanto base epistemológica com o positivismo, não se preocupando com a formação de cidadãos críticos e participativos para a construção de uma sociedade mais democrática e mais justa. CONSTRUTIVISTA Essa abordagem busca superar os preceitos apregoados na desenvolvimentista, mudando o foco da Educação do Movimento para a Educação pelo Movimento, com o objetivo de formação da personalidade do aluno, retirando a ênfase nos padrões de desenvolvimento motor. O aluno é mais participativo a partir do posicionamento não-diretivo do professor, buscando apreender através do jogo valores de socialização, respeito mútuo e amizade. Acreditamos no avanço teórico da Educação Física a partir da divulgação mais ampliada dessa abordagem, feita principalmente por João Batista Freire, inclusive com a inserção de várias matérias na Revista Nova Escola. Porém a práxis pedagógica proposta pelo construtivismo está longe da realidade das escolas públicas brasileiras, não existindo nessa abordagem uma preocupação, nem ao menos latente, em discutir as possibilidades das aulas de Educação Física frente a situação de sucateamento, pobreza e exclusão social. Um caso bem concreto - trata-se do Futebol aos Pares - jogo bastante difundido que traz duplas de mãos dadas para a realização do futebol convencional - que prega uma maior participação dos alunos na atividade do futebol, ao mesmo tempo que favorece as discussões a respeito da construção das regras do jogo. Tem-se que a partir desses elementos exista uma discussão sobre a formação de um aluno crítico e participativo (esses termos tornam-se inclusive um jargão), mas na verdade não existe uma análise aprofundada sociedade capitalista e sim uma discussão a respeito das possibilidades de ascensão pessoal dentro do sistema, sem questioná-la Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ (...) pelo contrário, torna-se necessário adquiri-lo e reconstruí-lo de forma individualizada constantemente ao longo da vida, apontando para o fato de que a saúde é educável, podendo ser tratada em um contexto didático - pedagógico. GUEDES e GUEDES afirmam que a inclusão de determinadas disciplinas pertencentes à área do ensino no currículo escolar, deve-se alicerçar na valorização e relevância de seus objetivos em direção a uma formação integral e consciente dos educandos, despertando nos mesmos a consciência para a necessidade de se adequar ao momento histórico em que vivem, fazendo com que sejam portadores de uma capacidade crítica e reflexiva ajustada a uma sociedade moderna e democrática, em que as atividades motoras passam a adquirir grande relevância na medida em que toma-se necessário de alguma forma "compensar os efeitos nocivos dos estilo de vida provocados pela sociedade moderna". Segundo os autores a Educação Física, enquanto parte de um currículo, deve ater-se a essência de sua função e não se deixar supostamente direcionados à formação de cidadãos de extraordinária competência social, cultural e política, pois, se assim o fizerem, não serão capazes de contribuir para levarem os educandos futuramente a apresentarem uma vida produtiva, criativa e bem sucedida. Os autores alertam que: “ A Educação Física deve ser encarada pelos professores no meio escolar como uma disciplina concreta, de uma escola concreta, para alunos concretos, cidadãos de um mundo concreto”. Sendo que ao fazerem sugestões para a Educação Física escolar realizam uma crítica à tendência da Educação Física esportiva na escola e as propostas pedagógicas da Educação Física que tem como objetivo trabalhar com elevadas doses de intelectualismo. De acordo com GUEDES e GUEDES (1994) o tempo livre de nossas crianças e adolescentes resume-se: (...) a brincadeira passiva sem nenhum envolvimento motor, ou ainda que não é recomendável viver em sociedades onde mais de 40% das causas de mortes são provocados por um estilo de vida pouco saudável em termos de hábitos de atividades motoras e alimentação. Desta forma é preciso que a escola assuma sua função educacional, intervindo decisivamente na tentativa de procurar modificar a atual realidade. O conteúdo para a Educação Física escolar no ensino fundamental e médio, deve ter elementos que deverão nortear a atuação dos professores em unidades de ensino. Nestas unidades o professor, em princípio, deverá ser capaz de diagnosticar e acompanhar os níveis de crescimento, composição corporal e desempenho motor dos educandos, assim como ser detentor de conhecimento sobre o funcionamento morfo-funcional do organismo humano. O conhecimento priorizado para a formação dos educandos deverá estar relacionado às atividades que possam permitir aos mesmos a aquisição de hábitos saudáveis de vida, que serão adquiridos valendo-se da prática regular de atividades físicas (brincadeiras recreativas, jogos e competições esportivas). Mas, de acordo GUEDES e GUEDES, o objetivo das mesmas será a aquisição e manutenção da aptidão física, que virá por meio da formação do Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ hábito da prática regular de exercícios físicos, que deverá se prolongar para além dos anos de escolarização. CRÍTICA A ABORDAGEM DA APTIDÃO FÍSICA / SAÚDE Para iniciarmos a crítica da concepção da Aptidão Física/ Saúde dentro da proposta de GUEDES e GUEDES, utilizaremos os trabalhos de autores que estabelecem uma crítica no sentido de aprofundar discussões à fórmula que vem sendo usada e de associar a Educação Física a aptidão física e à promoção da saúde: SOARES (1994): DELLA FONTE (1996) e (1997); MAIA (1996)e (1997); FERREIRA (1997) e (1998). Observa-se a forma com que os autores se utilizam do termo crianças e adolescentes. Utilizam-se destes termos sem se darem conta que criança e adolescente são conceitos e como tal, são abstrações que buscam homogeneizar uma realidade heterogênea. Estes conceitos quando não contextualizados ficam sem condições de informar que crianças e adolescentes seriam estas, criando assim classes homogêneas e universais, distantes das condições objetivas de vida em que estão inseridas, restando perguntar se os 13 e 15% a que GUEDES e GUEDES estão se referindo como portadores de exigências motoras satisfatórias, são as crianças e adolescentes filho da classe média-alta, ou da classe assalariada e/ ou sub-assalariada? OLIVEIRA (1994:163), lembra que: "... a criança do proletariado e a criança da burguesia não vivem sua condição de criança de maneira semelhante ". Então como esperar que apresentem as mesmas características? Quanto às exigências motoras mínimas satisfatórias pergunta-se: Quem exige? Baseado em quais parâmetros? Com que finalidade? Satisfatórias para quem? Se não podemos considerar que existe crianças e adolescentes com as mesmas características, como esperar que apresentem os mesmos padrões motores exigidos como o mínimo? FARINATTI (1995:17), diz que: "Quanto às exigências motoras mínimas estabelecidas para a saúde satisfatória, questiona o mesmo fato, pois, GUEDES e GUEDES não detalham quais exigências seriam estas". Na proposta de GUEDES e GUEDES pretende-se fazer com que os professores de Educação Física criem mecanismos que levem os educandos a percebem a importância de adotar um estilo de vida saudável mas, como adotar um estilo de vida saudável quando as condições de vida da maioria não permite que tenham acesso a uma alimentação balanceada e a um sistema de saúde que possa atender sua necessidade mínima? O "moderno" conceito utilizado por GUEDES e GUEDES (1994:5), para definir o que é saúde, ainda não deixa de ser uma concepção vaga de abordar o problema saúde - doença, pois não levam em conta as condições concretas de existência das pessoas que possuem saúde e das que não as possuem, pois segundo MAIA (1997: 256), "... ler saúde e ter condições concretas de prevenir ou tratar doenças e não apenas não estar doente". Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ Quanto à proposta do autor de individualizar a busca da saúde, entende-se como uma responsabilidade individual, levando a entender que se um indivíduo esforçar-se ele se tornará saudável, mas caso não consiga ele será o único responsável. Outra possibilidade de compreensão seria que, se a busca de saúde passa a ser uma busca individualizada, todas as formas lutar/buscar essa saúde também serão individualizadas: um problema que é social passa a ser enfrentado individualmente, e não coletivamente, entendendo assim que, esta proposta retira a possibilidade de se entender que saúde - doença é também um problema social. MAIA (1996:76), refere-se a GUEDES e GUEDES como autores alinhados a uma vaga interpretação sobre o que seja saúde, pois: (...) continuam a reforçar a idéia de que é a ignorância da população brasileira, principalmente de crianças e adolescentes, a responsável pelo seu próprio perfil de saúde, pois, consideram que muitos sintomas não são nada a mais que uma conseqüência (natural) de estágios mais avançados de maus hábitos de saúde, (grifos do autor) Desta forma, fica a impressão de que há uma relação direta de causa e efeito entre saúde - doença e atividade física. Por exemplo: prático atividade física terei saúde; não prático atividade física terei doenças. Isto pode ser evidenciado quando os autores orientam que se faça atividade física para compensar os efeitos nocivos praticados pelo estilo de vida da moderna sociedade, ou seja, no lugar de buscar eliminar as causas que provocam os efeitos nocivos, busca-se formas de se adaptar aos efeitos. Ataca-se os efeitos e não as causas deixando entender que o problema está no indivíduo e não fora dele. GUEDES e GUEDES (op. cit., p. 6) enfatizam que não se pode querer transformar / mudar a sociedade através da escola e ao mesmo tempo se contradizem ao anunciar que a escola deve assumir sua função corrigindo as falhas da sociedade procurando modificar a atual realidade. Mas, há que se perceber que a atual realidade a qual os autores referem-se, não é a realidade representada pelas moléstias sociais decorrentes do regime capitalista, e sim a falsa realidade de que o individuo é o responsável exclusivo pelo seu estado de saúde ou doença. Segundo a afirmação de LUCKESI (1994:49): Na transformação social temos claro que não se dará via instituição escolar, mas ação coletiva e organizada dos setores explorados da sociedade, apesar disso, acreditamos na instituição escolar como um campo de ação política com amplas possibilidades estratégicas de tomar parte nessa transformação. Assim ela pode ser uma instância social, entre outras, na luta pela transformação da sociedade, na perspectiva de sua democratização efetiva e concreta, atingindo os aspectos não só políticos, mas também sociais e econômicos. Na busca de uma ''nova" proposta pedagógica para a Educação Física, GUEDES e GUEDES (Ibid: 7) criticam as pedagogias que buscam atuar de modo a dar aos educandos altas doses de intelectualismo. Fazem a crítica por perceberem que estas não têm como principal foco de atuação aos aspectos anatomo-fisiológicos do movimento humano, mas sim uma ótica de Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ lutas, esportes, na ginástica etc., por conseguinte é esse o conteúdo da Educação Física. A obra referida tem como objetivo trazer elementos básicos para a elaboração de uma teoria pedagógica para a elaboração de um programa de ensino. De acordo ao COLETIVO DE AUTORES (Idem: 18) a teoria pedagógica: (...) é a explicação elucidativa sobre o que se entende por pedagógico e didático, para daí se abordar o conhecimento na escola. O programa específico, por sua vez significa uma dada organização do conhecimento selecionado. A metodologia deve ser compreendida como uma maneira de se posicionar, de enxergar um determinado fenômeno levando em conta suas relações com a totalidade social sem perder de vista o singular. Teremos, então, a compreensão dos conteúdos da Educação Física e suas relações com o contexto social percebendo-os como linguagem social e historicamente construída. Levando em conta a luta histórica das classes sociais esta pedagogia tentará servir os anseios de uma das classes sociais, devendo servir à grande maioria da população, ou seja, a classe trabalhadora, tendo em vista as suas necessidade de construir uma sociedade verdadeiramente justa, a qual atenda os interesses imediatos e históricos da classe trabalhadora, das camadas populares, que corresponde aos anseios de emprego, salário digno, alimentação, transporte, habitação, saúde, educação, enfim, condições para a produção de sua existência. Esta pedagogia levanta questões de poder, interesse, esforço e constatação. Acredita que qualquer consideração sobre a pedagogia mais apropriada deve versar, não somente sobre questões de como ensinar, mas também sobre como adquirirmos estes conhecimentos, valorizando a questão da contextualização dos fatos e do resgate histórico. Do mesmo modo, DARIDO (1999: 24), afirma: Esta percepção é fundamental na medida em que possibilitaria a compreensão por parte do aluno, de que a produção da Humanidade expressa uma determinada fase que houve mudanças ao longo do tempo. De acordo com COLETIVO DE AUTORES a pedagogia crítico - superadora tem características especificas. Ela é diagnostica porque pretende ler os dados da realidade, interpretá-los e emitir um juízo de valor. Este juízo é dependente da perspectiva de quem julga. É judicativa porque julga os elementos da sociedade a partir de uma ética que representa os interesses de uma determinada classes social. Para ampliação de seu entendimento sobre a escola, o COLETIVO DE AUTORES estabelece o conceito de currículo ampliado. Este conceito buscará estender a compreensão sobre o currículo que deverá ser compreendido para além dos muros da escola, pois a reflexão pedagógica será Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ implantada a partir do contexto do aluno, do conhecimento que o aluno traz de sua realidade cotidiana, para confrontá-los com o saber escolar, passando por estabelecer uma relação entre a teoria geral do conhecimento com a psicologia cognitiva. Esta estrutura fundamentará a reflexão pedagógica no processo de escolarização. Os referidos autores destacam: Neste projeto a função social do currículo é ordenar a reflexão pedagógica do aluno de forma a pensar a realidade social desenvolvendo determinada lógica. Para desenvolvê-la, apropria-se do conhecimento científico, confrontando-o com o saber que o aluno traz do seu cotidiano e de outras referências do pensamento humano: a ideologia, as atitudes dos alunos, as relações sociais, dentre outros. No entanto, o que determinará a amplitude deste currículo será o que o COLETIVO DE AUTORES (1992) chama de eixo curricular. Este eixo representa as referências em relação às bases epistemológicas, sociológicas, filosóficas, etc., sendo responsável assim pela amplitude desta reflexão, delimitado o que à escola pretende explicar. A concepção de eixo curricular defendido deverá dar conta da constatação, interpretação, compreensão e explicação da realidade social. A partir deste eixo curricular é que se estabelece o quadro curricular, ou melhor, o conjunto de disciplinas necessárias ao desenvolvimento de uma lógica dialética. Desta maneira, uma disciplina só se justifica no contexto escolar quando colabora com o entendimento da totalidade social. Esta estrutura se apresentará de forma concreta a partir da dinâmica curricular: Trata-se de um movimento próprio da escola que constrói uma base material capaz de realizar um projeto de escolarização do homem. Esta base é construída por três pólos: trato com o conhecimento, organização escolar e a normalização escolar. No trato com o conhecimento busca-se orientar científica e metodologicamente como se desenvolverá o conhecimento durante a ação pedagógica. O sentido é de criar condições para assimilação do conhecimento preocupando-se com fatores como: seleção, organização, seleção lógica e metodológica. Do mesmo modo, LIBÂNEO (1985: 39), destaca: O trato com o conhecimento reflete a sua direção epistemológica e informa os requisitos para selecionar, organizar sistematizar os conteúdos de ensino. Pode-se dizer que os conteúdos de ensino emergem dos conteúdos culturais universais, constituindo-se em domínio de conhecimento relativamente autônomos, incorporados pela humanidade e reavaliados permanentemente em face da realidade social. A seleção, organização, sistematização lógica metodológica deverá estar em compasso com os princípios epistemológicos, filosóficos, sociológicos traçados na estruturação do eixo curricular. O COLETIVO DE AUTORES (Ibid: 31-33) estabelece assim, alguns critérios para escolha e tratamento dos conteúdos: Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ 1. A RELEVÂNCIA SOCIAL DOS CONTEÚDOS, deve indicar o sentido e significado para a reflexão pedagógica bem como colaborar com o processo de compreensão da realidade e de seus determinantes sócio - históricos. 2. A CONTEMPORANEIDADE DO CONTEÚDO, nesta perspectiva serão considerados, ou privilegiados, os conteúdos considerados mais modernos, bem como, e neste mesmo caminho, a construção da ciências e tecnologia. Os autores ressaltam que os conteúdos clássicos nunca perdem a sua contemporaneidade por se firmarem como fundamentais. 3. A ADEQUAÇÃO ÀS POSSIBILIDADES SÓCIO-COGNOSCITIVA DO ALUNO, deve ser considerado a realidade do aluno, o conhecimento que eleja traz de seu contexto social, seus conhecimentos anteriores ao da escola e a sua capacidade cognoscitiva. 4. A SIMULTANEIDADE DOS CONTEÚDOS ENQUANTO DADO DA REALIDADE, neste caso os conteúdos devem ser oferecidos de forma simultânea, negando e etapismo e colaborando com um entendimento do todo. Desta forma, o que mudaria de uma unidade para a outra seria a amplitude deste conhecimento, favorecendo ao aprofundamento das referências do real no pensamento. 5. A ESPIRALIDADE DA INCORPORAÇÃO DAS REFERÊNCIAS DO PENSAMENTO, compreende que as formas de organizar o pensamento vão se ampliando à cada momento que o aluno encontra novas referências no pensamento e esta apreensão não se estabelece de forma linear, mas sim em espiral e vai se ampliando. 6. A PROVISORIEDADE DO CONHECIMENTO, entendido enquanto representação do real no pensamento não está em constante evolução e por isto não deve ser considerado como absoluto ou imutável, mas sim, como construção histórica da humanidade, deve então ser considerado desde a sua gênese para que o aluno compreenda a sua construção histórica e a partir daí a si mesmo enquanto sujeito histórico. A concepção de currículo no COLETIVO DE AUTORES busca romper com as teorias tradicionais ao ponto que pensa no currículo em suas relações tanto com toda a estrutura e organização escolar quanto com o aluno, seu conhecimento e a realidade social que o cerca e o seu contexto sócio - histórico. Como afirma LIBÂNEO: (...) os conteúdos são realidades exteriores ao aluno que devem ser assimilados a não simplesmente reinventados, eles não são fechados refratários às realidade sociais, pois não basta que os conteúdos sejam apenas ensinados, ainda que bem ensinados é preciso que se liguem de forma indissociável a sua significação humana e social. Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ através de um esforço coletivo na construção de um projeto político - pedagógico. A partir de dados obtidos da observação das aulas de Educação Física o COLETIVO DE AUTORES verifica que a avaliação tem sido entendida e tratada, predominantemente, por professores e alunos para atender exigências burocráticas expressas em normas da escola, atender a legislação vigente e selecionar alunos para competições e apresentações tanto dentro da escola, quanto com outras escolas. Ainda segundo os autores (op.cit, p. 99), geralmente a avaliação é: (...) feita pela consideração da "presença" em aula, sendo este o único critério de aprovação e reprovação, ou então, reduzido-se a medidas de ordem biométrica: peso, altura, etc., bem como de técnicas: execução de gestos técnicos, "destrezas motoras", "qualidades físicas", ou, simplesmente, não é realizada. A avaliação de acordo ao COLETIVO DE AUTORES, deve observar o projeto histórico, ou seja, a sociedade na qual estamos inseridos e a que queremos construir, para superar as práticas avaliativas existentes na educação, redefinindo valores e normas que norteiam a avaliação na Educação Física escolar, buscando não apenas aspectos quantitativos, mas também, os qualitativos, que se revelam no projeto histórico e nas práticas dos professores e alunos, que acontecem durante o processo pedagógico. Ainda segundo os autores destacam-se "o sentido da avaliação do processo ensino - aprendizagem em Educação Física é o de fazer com que ela sirva de referência para a análise da aproximação ou distanciamento do eixo curricular que norteia o projeto pedagógico da escola ". O que se pretende é deixar evidente que a avaliação não deve se reduzir a medir, comparar, classificar, selecionar alunos e muito menos reduzir a análise de condutas esportivo-motoras, a gestos técnicos ou táticos. A avaliação implica em conhecer a realidade, traçar planos de ação e ampliar referências reflexivas críticas sobre a formação humana, identificamos a necessidade de ampliação da avaliação para além de um mero sistema de juízos. Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ POSSIBILIDADES DA PRÁTICA PEDAGÓGICA: O ENSINO DO BASQUETEBOL Entendendo que a Educação Física Escolar brasileira passa atualmente por formas distintas no processo ensino-aprendizagem, conforme debatido nos capítulos anteriores, pretendemos nesse momento alicerçar o cotidiano da prática pedagógica através da análise das possibilidades de ensino-aprendizagem de um esporte coletivo, no caso específico o basquetebol, mas que poderíamos ter escolhido o futebol, handebol, futsal e até mesmo qualquer modalidade individual (natação e atletismo), ou qualquer outra proposta pedagógica vinculada, por exemplo, a cultura corporal (dança, ginástica, luta, capoeira). O importante é podermos perceber que existem diferentes correntes de pensamentos, baseados em diferentes autores nacionais, que estabelecem as concepções de ensino propositivas (sistematizadas e não-sistematizadas) e não-propositivas. A partir dessas concepções, os professores de Educação Física podem organizar objetivos e princípios pedagógicos distintos dentro do seu processo ensino escolar, como no caso do ensino de uma modalidade esportiva. Pretendemos, então, apontar propostas metodológicas do ensino do basquetebol nas concepções desenvolvimentista, construtivista e crítico-superadora, estabelecendo objetivos, metodologia e avaliação para cada concepção de ensino. Para tanto, utilizou-se a pesquisa bibliográfica fundamentando as concepções pedagógicas através de autores que se definem enquanto corrente de pensamento na educação física escolar. Como resultados percebemos que cada concepção de ensino respalda uma linha diferente de pensamento ideológico, acarretando diferenciação nos objetivos e princípios metodológicos que o professor pode utilizar em sala de aula. Concluímos que a concepção desenvolvimentista pode ser melhor utilizada para a apropriação do gesto técnico de alguma modalidade esportiva, a construtivista para o desabrochar da personalidade da criança e a crítico-superadora para estabelecer laços concretos de mudanças sociais. O presente texto consistirá na elaboração de uma narrativa que abordará o esporte coletivo basquetebol, envolvendo suas origens, características, perspectivas pedagógicas de ensino, contemplando seus objetivos, conteúdos, metodologia e avaliação. Na narrativa das perspectivas pedagógicas iremos analisar três perspectivas de trabalho pedagógico e suas formas de ensino-aprendizagem. O basquetebol é um esporte coletivo onde busca-se o controle da bola usando apenas as mãos, a fim de atingir o objetivo final que é arremessá- la na cesta e marcar ponto. A criação do esporte é datada de 1891, pelo canadense Naismith, que através de condições específicas de espaço físico, clientela e material, propôs uma atividade que pudesse ser realizada em local coberto e por um grande número de praticantes, surgindo assim o basquetebol (NOGUEIRA, 1995). Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ Para podermos analisar e propor objetivos e princípios pedagógicos do esporte, devemos inicialmente contextualizar o debate atual da educação física sobre as diferentes perspectivas pedagógicas. A partir de CASTELLANI FILHO (1998), encontramos o trabalho de ASSIS DE OLIVEIRA (2001) que apontaram a discussão sobre os fundamentos teórico-metodológicos e dividiram as correntes pedagógicas existentes na Educação Física em duas concepções: não-propositivas e proposítivas. Segundo CASTELLANI FILHO (1998) as teorias não-propositivas são aquelas que tratam da Educação Física sem nortear parâmetros ou princípios metodológicos. As propositivas não sistematizadas são aquelas que delimitam uma prática, porém, não sistematizam uma perspectiva metodológica. CASTELLANI FILHO não relata sobre as propostas propositivas sistematizas, mas tem-se como aquelas que apresentam princípios metodológicos. Iremos desencadear a reflexão desse texto nas intenções propositivas e suas divisões - não sistematizadas e sistematizadas. Nas propostas não sistematizadas buscaremos aprofundar os objetivos e princípios pedagógicos das concepções Desenvolvimentista e Construtivista, com ênfase psicogenética (buscando entrelaçar com a teoria Psicomotora). Já nas propostas sistematizadas abordaremos a Crítico-superadora. DAIUTO (1991) afirmou que o ensino do esporte pode “ser praticado ou conduzido com finalidades diversas e os objetivos a serem alcançados podem ser diferentes”. A PROPOSTA CRÍTICO-SUPERADORA A proposta Crítico-superadora está teoricamente formulada na obra intitulada "Metodologia do Ensino da Educação Física", composta por um COLETIVO DE AUTORES (TAFFAREL; ESCOBAR; VARJAL; BRACHT; CASTELLANI FILHO; SOARES). Tal proposta caracteriza-se como "uma pedagogia emergente, que busca responder a determinados interesses de classe”, e entende a Educação Física como "uma disciplina que trata, (...), do conhecimento de uma área denominada de cultura corporal", trabalhando com temas definidos como jogo, esporte, ginástica, dança. Esses temas, também chamados de conteúdos devem viabilizar “a leitura da realidade estabelecendo laços concretos com projetos políticos de mudanças sociais". Assim no ensino do basquetebol podemos perceber as diferenças de interesses de quem ensina e de quem o pratica. O COLETIVO DE AUTORES (1992) relata um exemplo em que o professor de basquete vê num jogo a luta entre duas equipes adversárias, onde a vencedora terá os melhores atletas, mais técnicos (nos gestos de driblar, passar, arremessar, fintar), mais hábeis e consequentemente mais treinados técnica e taticamente, o que possivelmente trará repercussões profissionais e/ou financeiras para o professor. Enquanto que para o aluno os gestos contemplam outras necessidades pessoais como a ludicidade, a auto- estima, o prazer de jogar, ou seja, refletem sua história de vida e seu momento atual. Nesse instante é que a prática da cultura corporal se diz contraditória e dialética, formando o arcabouço teórico para que se possa ensinar um determinado esporte. Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ social, o trabalho coletivo, o redimensionamento do processo de ensino, através do critério das diferenças individuais de cada aluno. Metodologicamente propomos, baseados GOMES DA SILVA (1996), três momentos de avaliação: diagnostica, formativa e somativa. A primeira servirá de conhecimento do grupo, seus anseios e níveis de consciência social. Sobre os níveis de consciência social nos remetemos a MEDINA (1983), que relata três tipos de consciência: intransitiva, transitiva ingênua e transitiva crítica. A avaliação formativa buscará verificar se os conteúdos estão adequados e se o grupo está conseguindo atingir suas necessidades. Enfim, a avaliação somativa, que definirá quantitativamente o avanço do aluno, para poder dar uma referência no seu processo de evolução de sua consciência social. A PROPOSTA DESENVOLVIMENTISTA Na proposta Desenvolvimentista, encontramos a obra "Educação Física Escolar: fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista" (GO TANI et ai, 1988). Também chamada de Educação do Movimento essa proposta pretende ordenar os movi mentos no aluno, baseado nos processos de crescimento, de desenvolvimento e de aprendizagem motora (GOMES DA SILVA, 1996). Portanto, as questões fisiológicas são evidentes para o desenvolvimento da atividade motora. A proposta Desenvolvimentista pretende adequar as insuficiências motoras do indivíduo, bem como ordenar movimentos inconsistentes e desordenados e corrigir desvios na progressão de aquisição de habilidades motoras. Como referência do domínio motor, o trabalho de GO TANI (1988), baseou-se na taxionomia do desenvolvimento motor de HARROW (1983) que apresentou os seguintes níveis: Movimentos reflexos, habilidades básicas, habilidades específicas e comunicação não-verbal. Nas habilidades específicas é que podemos delimitar metodologicamente o basquetebol e seus fundamentos, que se caracterizam como "atividades motoras voluntárias mais complexas e com objetivos específicos como o arremesso à cesta e a bandeja do basquetebol”. Portanto podemos definir como objetivos de ensino do basquetebol o eficaz aprendizado dos fundamentos, através do gesto técnico preciso, o amadurecimento dos padrões motores de movimento, a automatização da técnica de arremessar, driblar, fintar e passar. Para o ensino do basquetebol nessa proposta, faz-se necessário conhecer a parte teórica do gesto técnico, como é o caso do arremesso, onde o executante deve colocar o ''pé esquerdo para frente na direção em que se intenciona arremessar; o quadril então gira e os ombros, também giram, com o braço do arremesso permanecendo atrasado; o úmero gira medialmente e o antebraço é estendido com uma ação de açoite; a bola é arremessada num Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ ponto pouco acima da cabeça, com o braço quase estendido" GO TANI (1988). Numa seqüência metodológica este seria o último estágio do desenvolvimento do arremesso, assim, deve-se levar o aluno do estágio 1 ao 4 (no caso do arremesso), corrigindo os gestos motores. Na habilidade motora específica de driblar, podemos encontrar três níveis de desenvolvimento: estágio inicial (bola controlada com ambas as mãos, variação do salto da bola); estágio elementar (leve inclinação para frente, bola elevada ao nível do peito); estágio maduro (bola eleva-se à altura da cintura, extensão do braço, pulso e dedos). Percebemos que a proposta Desenvolvimentista valoriza a performance do aluno, buscando o desenvolvimento hierárquico das habilidades. Como parte da metodologia do ensino do basquetebol podemos traçar a linha de trabalho diretiva, através de comando, tarefas e programação individual. Para explicitar tal procedimento escolhemos a programação individual para a habilidade específica do drible, onde cada aluno recebe uma bola e individualmente pratica o drible após a demonstração do técnico. O aluno deverá apoiar a mão do drible sobre a bola, com os dedos apontando para frente, tronco ligeiramente inclinado à frente, pernas em afastamento ântero-posterior, sendo que à frente se coloca a perna oposta a mão do drible. A bola é empurrada de encontro ao solo, com um movimento de extensão de braço, os movimentos serão contínuos e o olhar se voltará para frente e não para a bola. O processo avaliativo se dará através do feedback, que servirá de análise "dos erros de performances dos alunos" (GO TANI, 1988). O feedback fornece também importantes informações com relação às mudanças que os alunos necessitam introduzir no seu plano motor. A avaliação pode ser feita sugerindo a resposta a duas perguntas: o objetivo foi alcançado? O movimento foi executado conforme planejado? A resposta é básica e objetiva, sim ou não, e a partir dessa avaliação aprimora-se a técnica da habilidade motora, principalmente pela repetição do gesto. A PROPOSTA CONSTRUTIVISTA Na concepção Construtivista com ênfase na psicogenética, encontraremos como autor brasileiro JOÃO BATISTA FREIRE (Pedagogia do Futebol, 1998; De corpo e alma, 1991; Educação de corpo inteiro, 1989), com seus estudos baseados nas idéias de JEAN PIAGET. Iremos buscar, também, idéias da corrente psicomotora, que segundo GOMES DA SILVA (1996) a psico-motricidade faz parte das propostas de ensino da educação física, aqui estudada a partir das teorias de LE BOULCH, VAYER e FONSECA e tem como objetivo da educação "o de favorecer um desabrochar humano que permite ao homem situar-se, e agir no mundo em transformação através de: - um melhor conhecimento e aceitação de si; - um melhor ajustamento da conduta; Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ - uma verdadeira autonomia e o acesso a responsabilidade no âmbito social. (LE BOULCH, 1983: 17). Enfatizando ainda que "o ato motor não é um processo isolado e só tem um significado se estiverem relação com a conduta de toda personalidade” (Op. cit. 17). Nesta compreensão, o ensino do basquete, assim como outras modalidades, não pode ser desenvolvida tendo como objetivo principal o esporte de rendimento, já que não é o rendimento o fim desta proposta, mas, a aprendizagem levando-se em consideração os aspectos psico-social-afetivo- motor, ou seja, o movimento realizado dentro de um contexto e tendo como base o estado psico-afetivo do aprendiz. Deste modo não se pode perceber e/ou considerar o movimento no sentido mecânico, como exige o esporte de resultados. FREIRE (1998) coloca que o ensino do esporte deve fazer com que o aluno aprenda a "conviver em grupos, a construir regras, discutir e até discordar dessas regras, a mudá-las, com rica contribuição para seu desenvolvimento moral e social.” Afirma também que a pedagogia do ensino do esporte favorece uma conversa sobre os acontecimentos da aula em situações desafiadoras, estimulando a criatividade e soluções de problemas. Isso quer dizer que ao aprender a bandeja no basquetebol o aluno poderá fazer parte do processo pedagógico, através da interação com o professor e com o grupo, colocando suas dúvidas e sentimentos na execução do fundamento. Para FREIRE (1998) a importância não é na formação do atleta e sim no desenvolvimento da condição humana. O ensino técnico repetitivo também é negado nessa proposta, onde suas práticas deverão trazer prazer ao aluno. Outro aspecto a ser considerado é a postura do professor. Por se tratar de uma proposta que procura dar ao aluno condições de desenvolvimento a partir de suas próprias experiências e descobertas, não condiz com uma atitude diretiva, definida mas, aberta e flexível. Sobre este aspecto LE BOULCH (1983) diz: "O papel do educador não é ode administrar de modo diretivo, mas levando em conta os problemas particulares colocados pelo grupo de alunos, escolher nessa nomenclatura os meios educativos que parecem serem mais eficazes'(Op. cit. 18) Para o ensino do basquete tendo como proposta pedagógica a Psicomotora os objetivos terão, portanto, que levar em consideração o ser em todos os aspectos já citados, e não apenas a realização do gesto mecânico, ou seja ao trabalhar o passe, por exemplo, é necessário antes ter como base a percepção do corpo e suas possibilidades, proporcionar o conhecimento do corpo, suas partes, o todo, o outro (o colega, a bola), a coordenação dos movimentos (coordenação dinâmica), o reconhecimento do espaço (percepção espacial, temporal e espaço-temporal), sendo estes, alguns dos conteúdos da proposta Psicomotora e essenciais para um desenvolvimento harmonioso do indivíduo e consequentemente na aprendizagem de qualquer modalidade esportiva. Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ participativos e com autonomia de pensamento e ação. Assim, poderá se pensar numa Educação Física comprometida com a formação integral do indivíduo. Dessa forma pode -se enfatizar o papel relevante que a Educação Física tem no processo educativo. Se realmente nos pretendemos educadores, precisarmos repensar nossa prática educativa, e temos que fazê-lo continuamente. Não podemos continuar sendo ingênuos diante desse quadro avassalador, fruto de um sistema social e político que atende somente aos interesses de uma minoria. A Educação Física deve passar por uma transformação no interior da escola. Deve ser interpretada como manifestação de cultura, deve ser historicizada criticamente. O professor deve ter claro quais os valores a construir no caráter e personalidade de seus alunos; buscar o princípio de jogar com, no lugar de jogar contra; permitir-lhes interagir, não na condição de consumidores passivos, mas como sujeitos capazes de contribuir de forma participativa crítica e criativa dessa dimensão cultural; o aluno tem que ser parceiro ativo e participativo nas tomadas de decisões; o professor aceita as contribuições dos alunos e os conhecimentos que eles trazem do seu cotidiano; possibilita acertos, mas não condena os erros; instala entusiasmo, confiança e melhora a auto-estima. Passa-se do individualismo para o companheirismo (cooperação mútua com compromisso com a coletividade); da performance (aptidão física) para o desenvolvimento integral do aluno; da desigualdade para a igualdade e respeito. Deve valorizar princípios como: cooperação, a solidariedade, a autonomia e democracia. A Educação Física escolar deve ser uma prática social que permita a construção coletiva do conhecimento a partir da criação e recriação de regras e formas alternativas de praticá-lo. Deve permitir a liberdade na expressão de movimentos, onde o gesto técnico é apenas uma referência e não padrão de movimento considerado "correto". Deve enfim, ser um instrumento de interpretação, análise e constatação da realidade, à medida que permite a contextualização e reflexão sobre sua prática, caracterizando dessa forma a aprendizagem social através da Educação Física. O que estamos tentando dizer com isso, é que devemos nos esforçar na superação da velha dicotomia teoria/prática buscando uma proposta metodológica que seja capaz de construir um comprometi mento com o projeto de sociedade que queremos alcançar. Devemos, como tarefa desafiadora repensar as propostas metodológicas no sentido dos valores que promovem, entendendo a necessidade de preparar os alunos na escola para repensar sua inserção social, buscando a autonomia, a liberdade, a democracia, a justiça e a ética "não só como consciência em si, mas sobretudo como consciência para si" (MARCASSA: 1999). Acreditamos que este é o momento de reflexão da Educação Física. Passados mais de 10 anos da publicação do "Coletivos de Autores", que recebeu críticas da direita reacionária e da esquerda revolucionária, encontramos publicações da LEPEL (Linha de Estudos da Celi Tafarel) que tem discutido, principalmente, a Educação Física e suas relações com o movimento social. Foram publicados, também, livros sobre a temática do lazer (principalmente) Marcellino e houve o surgimento de novos autores, como é o Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ caso do Victor Melo. Mas nesses 10 anos ocorreu o fortalecimento das políticas neoliberais, o agravamento da situação econômica dos trabalhadores e o debate dos teóricos ditos "Pós-modernos". Diante desse quadro desolador continuamos acreditando nas possibilidades de luta da classe trabalhadora, no sentido da construção de uma nova sociedade, com uma outra base econômica. Quais as possibilidades da escola diante de tantos desafios? E a Educação Física? Podemos verificar que, especificamente em Pernambuco, a abordagem crítico-superado ganhou espaços durante a gestão do Governo Miguel Arraes, mas encontrou resistência por parte de outros setores e professores. Isso nos leva a pensar que peculiaridades políticas, por região, podem afirmar e reproduzir o modelo educacional que privilegia uma minoria, através da escola. Tão salutar o debate travado pelos teóricos da Educação Física, mas que por vezes não consegue se materializar, devido a própria estrutura do sistema e seus aparelhos de dominação. É evidente que não acreditamos ser a Educação Física uma panacéia de todos os males da sociedade, ao contrário, a experiência nos tem mostrado a dificuldade dessa disciplina cm se afirmar no interior da escola. Somente a organização popular, afirmada pela consciência de classe, poderá realizar de fato a transformação social, e assim, gostaríamos de concordar com as idéias do coletivo de autores que formulam a possibilidade da Educação Física afirmar seu discurso no sentido da desmistificação da realidade capitalista, não num sentido doutrinador, mas numa perspectiva verdadeiramente transformadora, superando velhas práticas que mistificam e encobrem as possibilidades de organização da classe trabalhadora. Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ Tabela 1 Características das Abordagens da Educação Física Escolar DESENVOLVIMENTIST A CONSTRUTIVISTA CRITICO- EMANCIPATORIO APTIDÃO FÍSICA/ SAÚDE CRÍTICO SUPERADORA PRINCIPAIS AUTORES GoTani João Batista Freire Eeonor Kunz Nahas; Guedes e Guedes: Farinatti V.Brachr. L Castellani C. Taffarel; C. Soares M. Escolar. E Varjal. OBRAS/ AUTORES Educação Física Escolar uma abordagem desenvolvimentista. Educação de corpo inteiro e Pedagogia do Futebol. Educação Física Ensino e Mudanças; Transformação dático- pedagógica do espoite. Sugestões de conteúdos programáticos pêra programas de Educação física escolar direcionados à promoção da Saúde. Metodologia do Ensino de Educação Física. BASE TEÓRICA Biomecânica/Fisiologia Psicologia Teoria sociológica da razão comunicativa Matriz biológica Aptidão tísica Sociologia OBJETIVO Adaptação Construção do conhecimento Movimento humano, o esporte e suas transformações sociais. Qualidade de vida; estilo de vida ativo e saudável. Transformação serial TEMÁTICA PRINCIPAL Habilidades motoras básicas e específicas Aprendizagem e desenvolvimento motor. Esquema corporal Aplicam movimento Conscientemente; refuncionalizar o movimento. Exercícios: ginástica; jogos; competiçõe esportivas s Cultura corporal CONTEÚDO Habilidades básicas, habilidades especificas. Jogo simbólico, jogo de regras, coordenação, lateralidade. 0 movimento humano por meio do esporte Prática regular de atividades físicas. Jogo, esporte, dança, ginástica, luta, capoeira ESTRATÉGIAS/ METODOLOGIA Repetição dos gestos técnicos Resgatar o conhecimento do aluno Solucionar problemas Estratégia didática com as categorias de ação trabalho, interação e linguagem·. Formação do hábito da prática regular de exercícios tísicos Problernatização AVALIAÇÃO Habilidade, processo de observação sistemática do movimento perfeito. Feedback Não punitivo, processo de auto-avaliação. No processo ensino- aprendizagem Considerar a classe social. Observação sistemática SINONÍMIA Educação do Desenvolvimento Educação pelo movimento Cultura do movimento Cultura corporal BASE EPISTEMOLÓGICA Positivismo Fenomenologia Fenomenologia Materialismo Dialético
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