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Apostila Laboratorio Fisica1 Teoria De Erros, Notas de estudo de Engenharia Industrial

Apostila com o conteúdo sobre a teoria de erros e seus estudos

Tipologia: Notas de estudo

Antes de 2010

Compartilhado em 09/11/2009

tiago-gales-1
tiago-gales-1 🇧🇷

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Baixe Apostila Laboratorio Fisica1 Teoria De Erros e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia Industrial, somente na Docsity! Laboratório de Física – 2009-1 LABORATÓRIO DE FÍSICA CONTEÚDO INFORMAÇÕES SOBRE O CURSO .................................................................. PÁG. ERROS E DESVIOS.............................................................................................. ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS ..................................................................... INCERTEZAS ....................................................................................................... CÁLCULOS SEM PROPAGAÇÃO DE INCERTEZAS ..................................... CONSTRUÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE GRÁFICOS .................................... ANÁLISE GRÁFICA – RETA MÉDIA – COEFICIENTE ANGULAR ............. GRÁFICOS EM PAPEL MONO-LOG ................................................................. ANEXO – O METRO PADRÃO .......................................................................... LISTA DE EXERCÍCIOS ..................................................................................... 1 Laboratório de Física – 2009-1 DESENVOLVIMENTO DO CURSO A Primeira aula está reservada para um estudo introdutório à teoria dos erros. Parte de uma aula dedicada a realização de experiências será utilizada para explicar e manipular gráficos em papel milimetrado e em papel mono-log, com vistas ao tratamento dos dados obtidos no Laboratório. Como exercício poderá ser utilizado um experimento simples, aproveitando partes da experiência A1. Nas demais aulas serão realizadas sete experiências, divididas em duas unidades, com quatro aulas práticas em cada uma das unidades. Os alunos serão distribuídos em grupos de três, e cada grupo desenvolverá uma experiência em cada aula. CONTEÚDO DA APOSTILA Na sua parte inicial, o texto trata, de forma simples, o assunto que será abordado nas três primeiras aulas: conceitos de Erro, Desvio, Incerteza, Algarismos Significativos, bem como o trabalho com gráficos no tratamento de dados experimentais. O texto contém os roteiros de sete experiências, os modelos das folhas de dados, bem como uma sugestão para a elaboração dos cálculos e confecção do relatório de cada uma das experiências. CÁLCULO DA MÉDIA PARCIAL A média parcial será calculada por meio três notas: teremos uma provas parcial (P), dois testes (T1 e T2) e a terceira nota é a média dos relatórios (MR). O critério para obtenção da média parcial (MP) envolve duas condições que apresentamos como “Condição 1” e “Condição 2”. A prova parcial (P) será aplicada depois que todos os grupos passarem por todos os roteiros, ou seja, no final do semestre. ______________ MP = [(3P + T1 + T2)/5 + MR] / 2 ________________________________________________ PROVAS A prova P tem o objetivo de aferir a habilidade em lidar com cálculos numéricos, algarismos significativos, incertezas, construção e interpretação de gráficos. Além disso, a prova constará na forma de relatório completo, referente a uma das experiências do semestre corrente. Será aplicada, sempre que possível, no horário da aula de cada turma. 2 Laboratório de Física – 2009-1 Quando afirmamos que a aceleração da gravidade vale 9,79 m/s2 em nosso laboratório, trata-se de seu valor absoluto ou aquele que mais se aproxima do que pode ser considerado o seu valor real? Nestas condições tem sentido falar-se no valor verdadeiro de uma grandeza? Conforme teremos oportunidade de estudar, carece de sentido falar-se em valor real na maioria das medidas. Apesar de não podermos encontrar o valor real de determinada grandeza podemos adotar, através de critérios que estudaremos oportunamente, um valor que mais se aproxime do valor real, como é o caso da aceleração da gravidade acima citado. Neste caso, ao efetuarmos uma medida, falamos em Desvios e não em Erros. Os Desvios podem ser apresentados sob três formas: a) Desvio Absoluto : é a diferença entre um valor obtido ao medir-se uma grandeza e um valor adotado que mais se aproxima do valor real. Na prática, trabalha-se na maioria das vezes com desvios e não com erros. DESVIO ABSOLUTO = VALOR MEDIDO – VALOR ADOTADO b) Desvio Relativo : é a relação entre o desvio absoluto e o valor adotado como o mais próximo do valor real desta grandeza. O desvio relativo nos dá, de certa forma, uma informação a mais acerca da qualidade do processo de medida e nos permite decidir, entre duas medidas, qual foi o processo de medida de melhor qualidade (ver ex. 8). DESVIO RELATIVO = DESVIO ABSOLUTO / VALOR ADOTADO c) Desvio Relativo Percentual : é obtido, multiplicando-se o desvio relativo por 100 %. DESVIO RELATIVO PERCENTUAL = DESVIO RELATIVO × 100% •Quando um mesmo operador efetua uma série de medidas de uma grandeza, utilizando um mesmo instrumento, as medidas obtidas terão valores que poderão não coincidir na maioria das vezes, isso devido a fatores pessoais e acidentais. A teoria para o tratamento estatístico de dados demonstra que: O valor que mais se aproxima do considerado correto ou real, é a Média Aritmética dos Valores (Vm). Exemplo 6: Um operador, ao medir o comprimento de um tubo com uma régua milimetrada, encontrou os seguintes valores: L1 = 1,2314 m, L2 = 1,2315 m, L3 = 1,2314 m, L4 = 1,2313 m. Neste caso, o valor considerado mais próximo do real é: L m = ( 1,2314 + 1,2315 + 1,2314 + 1,2313 ) / 4 = 1,2314 m Exemplo 7: Adotando-se para a aceleração da gravidade, em determinado local, o valor 9,80 m/s2 e obtendo-se experimentalmente, no mesmo local, o valor de 9,90 m/s2, o desvio de que está afetado esta grandeza será: 5 Laboratório de Física – 2009-1 - Desvio Absoluto = (Valor Obtido - Valor Adotado) = (9,90 - 9,80) = 0,10 m/s2 - Desvio Relativo = (Desvio Absoluto / Valor Adotado) = 0,10 / 9,80 = 0,01 - Desvio Relativo Percentual = (Desvio Relativo.100 %) = 1% Exemplo 8: Um operador efetuou, com o mesmo instrumento, a medida do comprimento dos segmentos AB e CD mostrados na figura abaixo. Em cada um dos casos é conhecido o valor mais provável de cada medida. A B C D Neste exemplo, observa-se que apesar da medida de CD apresentar um desvio absoluto maior (0,6), seu desvio relativo percentual é menor (3%). Então, entre essas medidas, qual seria aquela cujo processo de medida foi de melhor qualidade? 1.2. ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS A necessidade de utilizarem-se instrumentos de medidas leva-nos a conceituar o que chamamos de algarismos significativos. Vejamos alguns exemplos: a) Utilizando-se de uma régua centimetrada (dividida em centímetros), conforme ilustra a figura, podemos observar que o comprimento AB pode ser avaliado em 8,3 cm. Observe que, sendo o comprimento do segmento AB = 8,3 cm, temos os algarismos 8 e 3, onde 8 é exato e 3 é avaliado (observe que um segundo observador poderia considerar 8,2 cm ou 8,4 cm). Por esse motivo denominamos o algarismo 3 de duvidoso. Assim, uma grandeza medida deve apresentar um algarismo chamado de avaliado ou duvidoso, além dos algarismos exatos. Então, podemos esquematizar o conceito de algarismos significativos, da seguinte forma: ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS = EXATO(S) + DUVIDOSO (o último) 6 Segmento CD: Valor Obtido: 19,4 cm Valor Mais Provável = 20,0 cm Desvio Absoluto = 0,6 cm Desvio Relativo % = 3% Segmento AB: Valor Obtido = 8,00 cm Valor Mais Provável = 8,40 cm Desvio Absoluto = 0,40 cm Desvio Relativo % = (0,40/8,40).100% ≈ 5% Laboratório de Física – 2009-1 b) Se utilizarmos uma régua comum, milimetrada, para medir o mesmo segmento, podemos ter uma situação conforme está ilustrado a seguir, numa visão ampliada de uma parte da régua e desse segmento AB. Neste caso podemos avaliar o seu comprimento: AB = 8,26 cm: aqui, os algarismos exatos são 8 e 2 ao passo que o duvidoso é 6, uma vez que a sua obtenção surgiu de uma apreciação do experimentador. χ ) Se utilizássemos um paquímetro, poderíamos obter para a grandeza em foco um valor de 8,271 cm. Neste caso, quais os algarismos duvidosos e quais os exatos? Já um micrômetro nos permitiria obter um valor que poderia ser 8,2713 cm. Veja agora um resumo da medida de AB com os diferentes instrumentos: Instrumento Menor Divisão Comprimento (cm) N.º de Algarismos Significativos Régua em cm Régua comum Paquímetro Micrômetro 1 cm 0,1 cm 0,01 cm 0,001 cm 8,3 8,26 8,271 8,2713 2 3 4 5 O instrumento de menor divisão poderá medir a mesma grandeza com um número maior de algarismos significativos. Evidentemente poderíamos utilizar outros métodos para mensurar esta grandeza e obtermos uma precisão melhor. Mas, estaríamos chegando ao verdadeiro valor da grandeza? Ou apenas nos aproximando de seu valor mais provável? Desta forma, precisamos prestar atenção no seguinte: •Quando efetuarmos uma medida qualquer, devemos apresentar o valor da grandeza com todos os seus algarismos significativos, inclusive o último que é duvidoso; •Podemos apresentar uma grandeza de várias formas, desde que não alteremos o número de seus algarismos significativos. Em relação a esta última observação, veja o exemplo a seguir (ex. 9). Exemplo 9: Um estudante determinou a massa de um objeto: obteve m = 0,02130 kg. Esta grandeza foi obtida com 4 algarismos significativos (2,1,3 e 0). Observe que o zero à direita é significativo (surgiu de uma avaliação) ao passo que os da esquerda não. Assim poderíamos escrever também: m = 2,130Ε10-2 kg = 2,130Ε10 g = 21,30 g = 21,30Ε10-3 kg 7 7 8 9 BA 1 mm Régua milimetrada: AB = 8,26 cm Laboratório de Física – 2009-1 s ± ∆ s = a ± ∆ a + b ± ∆ b + c ± ∆ c + ... (1) s = s = a + b + c + ... (2) Subtraindo (2) de (1): ± D ± ∆ s = ± ∆ a ± ∆ b ± ∆ c ... Adotaremos o critério mais desfavorável, isto é, consideraremos que todas as incertezas possuam o mesmo sinal e, assim, obteremos a seguinte relação para a incerteza absoluta da soma ou subtração: ± ∆ s = ± ( |∆ a| + |∆ b| + |∆ c| + ... ) Em resumo: Exemplo 10: Medindo-se com uma régua milimetrada, em duas etapas, o comprimento de um tubo, foram obtidos os seguintes valores, juntamente com as incertezas adotadas pelo operador: L1 = (1,0000 ± 0,0004) m e L2 = (0,0123 ± 0,0004) m Assim, o comprimento do tubo, pelo critério mais desfavorável seria: L = L1 + L2 = (1,0000 + 0,0123) ± (0,0004 + 0,0004) = (1,0123 ± 0,0008) m Exemplo 11: Para medir o comprimento total de um pêndulo (fio + esfera) usou-se uma régua milimetrada para medir o comprimento do fio e um micrômetro para medir o diâmetro da esfera. Observam-se os valores indicados abaixo, juntamente com as incertezas adotadas pelo operador: 1 PROPAGAÇÃO DE INCERTEZAS NA SOMA OU SUBTRAÇÃO: s ± ∆ s = s ± (|∆ a| + |∆ b| + |∆ c| + ... )  fio = 2,1000 m  =  fio +  esf.  esf. = 0,021354 m ∆  fio = ± 0,0005 m Incertezas adotadas pelo operador ∆  esf. = ± 0,000002 m  fio  esf. Laboratório de Física – 2009-1 A soma dos comprimentos é  = 2,121354 m e a soma das incertezas absolutas é ∆  = 0,000502 m. Observe que o algarismo 3 é duvidoso, portanto, se já não existe certeza nesta casa decimal, não tem sentido apresentar os algarismos 5 e 4 no resultado da soma. O comprimento do pêndulo será então: L =  ± ∆  = (2,1214 ± 0,0005) m Observe que, neste caso, torna-se desnecessário utilizar, juntamente com uma régua, um instrumento de precisão como é o caso do micrômetro. b)Multiplicação, Divisão, Radiciação e Potenciação Estas operações poderão ser englobadas na forma de um monômio: F = K ⋅ A ⋅ Bα ⋅ Cβ Demonstra-se teoricamente que a incerteza relativa ± ∆ f / f poderá ser colocada em função das incertezas relativas das grandezas que a compõe pela seguinte fórmula (critério mais desfavorável): logo, a incerteza absoluta será: onde: A = a ± ∆ a B = b ± ∆ b C = c ± ∆ c K = k ± ∆ k = uma constante que não depende de medição. f = k ⋅ a ⋅ b α ⋅ c β e F = f ± ∆ f , então: Uma situação simples ajuda a entender a origem da equação (3). Seja F = B2 onde B = b ± ∆ b, K = A = C = 1 e α = 2. Então, F = b2 ± 2 b ∆ b + (∆ b)2 Se ∆ b for uma quantidade pequena em comparação com b, podemos desprezar (∆ b)2 em comparação com 2 b ∆ b, resultando: 1 ± Δf f =±  ∣ Δk k ∣ ∣ Δa a ∣∣α Δb b ∣∣ β Δc c ∣  ± Δf =± f ×  ∣ Δk k ∣∣ Δa a ∣∣ α Δb b ∣∣ β Δc c ∣  f = k ⋅ a ⋅ b α ⋅ c β ) c c β b b α a a k k (ffff ∆+∆+∆+∆×±=∆± (3) Laboratório de Física – 2009-1 F = b2 ± 2 b ∆ b f ∆ f Portanto, O que explica a presença do fator α no terceiro termo entre parênteses da equação (3) ou o fator β do quarto termo da mesma equação. • Discussão de K (constante) A constante K poderá aparecer nas seguintes formas: 1) Número formado por quantidade finita de dígitos (número exato) Neste caso a incerteza absoluta é nula; 2) Número que matematicamente comporte infinitos dígitos (irracional, dízima). Neste caso a incerteza absoluta dependerá da quantidade de dígitos adotada. Se utilizarmos uma calculadora que opere com dez dígitos, teremos π = 3,141592654. O último dígito foi arredondado pela máquina; está afetado por uma "incerteza" de uma unidade (no máximo ∆ π = 0,000000001). Exemplo 12: Para o cálculo do volume de uma esfera, foi dado o raio da mesma: R = r ± ∆ r = (232,0 ± 0,1) mm Neste caso podemos calcular seu volume utilizando a calculadora citada acima, sem nos preocuparmos com a incerteza que afeta o número. V = 4/3 π R3 , expressão que pode ser representada por: V = K1 K2 R3 , onde K1 = constante exata (porquê?) e K2 = constante irracional ∆ k1 = 0 ∆ k2 = ± 0,000000001 ∆ r = ± 0,1 mm De acordo com a equação (3): 1 Δf f = ± 2 Δb b = ± α Δb b ± Δv v =±  0 ∣ 0,000000001 3,141592654 ∣∣3 0,1 232,0 ∣  ± Δv v =±  ∣ Δk1 k 1 ∣∣ Δk 2 k 2 ∣∣3 Δr r ∣  Laboratório de Física – 2009-1 1.6.1. Algarismos Significativos nos Resultados Quando se trabalha com uma grandeza sem explicitar a sua incerteza, é preciso ter em mente a noção exposta no texto referente ao conceito de algarismo significativo. Mesmo que não esteja explicitada, você sabe que a incerteza afeta “diretamente” o último dígito de cada número. Para verificar esta afirmação, sugerimos que se assinale com um traço todos os algarismos cuja ordem seja superior ou igual à ordem de grandeza da incerteza. Nos exemplos abaixo, considere significativos os algarismos assinalados: ___ ___ a) 186,3 ± 1,7 → 186 ou 1,86.102 b) 45,37 ± 0,13 → 45,4 ou 4,54.10 ____ ____ c) 25231 ± 15 → 25231 ou 2,523.104 ____ d) 6 ± 0,002 → 6,000 ± 0,002 → 6,000 As operações que você efetuar com qualquer grandeza darão como resultado um número que tem uma quantidade "bem definida" de algarismos significativos. 1.6.2. Multiplicação e Divisão Exemplo 14: 2,3 × 3,1416 × 245 = 1,8.103 O produto dos três números deu como resultado 1,7702916 X 103; mantivemos, todavia, apenas dois algarismos em virtude da grandeza representada pelo número 2,3 ter apenas dois algarismos significativos. O número 1,7702916 foi arredondado para 1,8 porque seu terceiro dígito (7) é maior do que 5. 1.6.3. Adição e Subtração Exemplo 15: 1 Mantém-se no resultado uma quantidade de algarismos idêntica à da grandeza com menor número de dígitos - Exprime-se a soma e/ou subtração dos números, fatorando-se a maior potência de dez; - Verifica-se, então, qual desses números tem o algarismo duvidoso de maior ordem; - O algarismo duvidoso do resultado estará nessa mesma ordem. Laboratório de Física – 2009-1 a)2,247 X 103 + 3,25 X 102 = (2,247 + 0,325) X 103 → 2,572 X 103 Neste exemplo, os algarismos duvidosos em cada uma das parcelas pertencem à mesma ordem, à dos milésimos. b) 3,18 X 104 + 2,14 X 102 = (3,18 + 0,0214) X 104 = 3,2014 X 104 → 3,20 X 104 Observe que os algarismos duvidosos em 3,18 e 0,0214 pertencem a ordens distintas: respectivamente centésimos e décimos de milésimos. Neste caso, o resultado da soma será significativo até a ordem dos centésimos apenas. 2550,0 + 0,75 = 2550,75 → 2550,8 Aqui o número 0,75 foi arredondado para 0,8. Observe que os algarismos duvidosos em 2550,0 e 0,75 também pertencem a ordens distintas, décimos e centésimos, respectivamente. O resultado da soma será significativo até a ordem dos décimos. 1.6.4. Regra para os arredondamentos Como regra geral adiciona-se uma unidade ao último algarismo significativo, se o dígito seguinte a ele for maior ou igual a 5. Mantém-se o último algarismo significativo inalterado se o dígito seguinte a ele for menor do que 5. ATENÇÃO •Após identificar os algarismos significativos, assinale-os e efetue os cálculos com um ou mais algarismos além dos necessários. Porém, não perca de vista o número de algarismos significativos resultantes de cada operação intermediária, assinalando-os também. •Na apresentação dos resultados devem permanecer apenas os algarismos significativos, isto é, os assinalados com um traço. Observe ainda que, dentre os algarismos assinalados como significativos, a incerteza afeta “diretamente” o de menor ordem. •Note, por exemplo, que se a incerteza for maior do que 5 unidades nesta menor ordem, necessariamente o algarismo de ordem precedente a esta será também afetado. Em vista disto, ao comparar dois valores resultantes de cálculos, os quais você espera que sejam iguais, os algarismos de ordem precedente à última podem eventualmente diferir de uma unidade. CONSTRUÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE GRÁFICOS 1 Laboratório de Física – 2009-1 2.1. INTRODUÇÃO A apresentação de dados numéricos na forma de gráfico é uma técnica usada em muitas áreas, não somente por físicos e engenheiros. A larga utilização de gráficos (dados tabulados dispostos num plano cartesiano) deve-se à facilidade de obtenção de informação a partir deles. Os gráficos permitem uma visualização imediata do comportamento das variáveis do fenômeno estudado. Por exemplo, o gráfico da figura 1 foi construído a partir dos dados apresentados na tabela 1. Pode-se verificar a facilidade de obtenção de informações através do gráfico comparado com a tabela. Além deste aspecto, existem duas outras vantagens na utilização de gráficos: a)Geralmente é possível obterem-se rápida e facilmente, através da análise gráfica, informações cuja obtenção por outras técnicas poderiam ser trabalhosas. Por exemplo, considere o problema da determinação analítica, através da tabela 1, do instante para o qual a velocidade é máxima, e do valor dessa velocidade. Por outro lado, é simples obter-se estas respostas através do gráfico. A utilização de gráficos constitui uma maneira muito fácil de se obter outros valores das variáveis dependentes e independentes, através de interpolação e extrapolação. b)As técnicas de gráfico são extremamente úteis na comparação de dados teóricos e experimentais. Isto pode ser realizado de duas maneiras: b1) Através do gráfico traçado a partir de dados experimentais, podemos estabelecer a relação matemática entre as variáveis e compará-la com a relação teórica; 1 Laboratório de Física – 2009-1 Deverá estar de acordo com os algarismos significativos dos dados e deverá ser escolhida de maneira que facilite a interpolação e que permita que todos os pontos experimentais fiquem contidos no papel, de forma a que o gráfico ocupe todo o papel e não fique comprimido em um canto. As escalas devem ser de fácil leitura; para tanto sugerimos a seguinte regra: •À variação de uma unidade do algarismo menos significativo da escala (o de menor ordem) faça corresponder 1, 2, 5 ou 10 divisões no papel milimetrado, de forma que o gráfico ocupe a maior área possível no papel, além de facilitar a leitura de valores intermediários. Veja os exemplos a seguir (a experiência forneceu dois algarismos significativos): O gráfico ocupará maior extensão do papel no caso c); veja as posições ocupadas pelos números 2,0 e 3,0 nos casos a), b) e c). d)Barras de incertezas Os valores experimentais deverão ser representados com suas respectivas incertezas indicadas por meio de barras simétricas em relação ao ponto assinalado e de comprimento total igual ao dobro da incerteza. Veja a figura 4. 2 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0 7.0 8.0 2.0 3.0 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 2.0 3.0 2.0 2.2 2.4 2.6 2.8 3.03.2 2.0 3.0 a) b) c) Laboratório de Física – 2009-1 2.3. ANÁLISE GRÁFICA A análise gráfica é muito útil, pois permite, em muitos casos, descobrir a lei que rege um fenômeno físico. O conhecimento dessas leis é muito importante para a elaboração de modelos teóricos que expliquem o fenômeno. Imagine que estivéssemos tentando verificar como varia o comprimento (L) de uma barra metálica em função da temperatura (T). A fórmula que dá o novo comprimento da barra após um acréscimo δ T na temperatura é: L = L0 (1 + α δ T ) = L0 + α L0 δ T (4) Sabemos que, em escalas lineares, uma reta é sempre descrita por uma equação do tipo: Y = m X + b (5) A inclinação da reta fornece o valor do coeficiente angular (m) da reta. A interseção da reta com o eixo dos Y fornece o valor de b, o coeficiente linear da reta, se o eixo Y passar por x = 0. Comparando a expressão (4) com a (5) vemos a correspondência entre suas respectivas variáveis e parâmetros constantes: L ---------- Y (variável) δ T ---------- X (variável) L0 ---------- b (constante) α L0 ---------- m (constante) Note que só podemos determinar equações de retas com papéis que tenham escalas lineares, como o milimetrado, por exemplo. 2 Laboratório de Física – 2009-1 Os parâmetros que determinam a equação de qualquer outro tipo de curva não podem ser obtidos facilmente com esse tipo de papel. Outros tipos de papéis com escalas monologarítmicas e dilogarítmicas são utilizados nesses casos. Chamamos a atenção para o fato de que a inclinação da reta, tg(Θ), dependerá da particular escala adotada nos eixos, mas o valor do coeficiente angular não depende da escala adotada. Para a determinação do coeficiente angular da reta (m = α L0 ) deve-se, portanto, levar em conta a escala utilizada. Os pontos obtidos na experiência devem ser marcados no papel milimetrado. Traça-se a seguir uma reta média (fig. 5). Os métodos analíticos para a obtenção desta reta não serão estudados nesta disciplina. A reta média deve ser traçada usando-se uma régua transparente; •As escalas devem ser construídas conforme as instruções contidas nas folhas anteriores deste texto, referentes à construção e interpretação de gráficos; •O número de algarismos escritos na escala deverá corresponder ao número de algarismos significativos obtidos na experiência, exceto nos casos em que a menor divisão do papel não o permita. 2.3.1. Coeficiente angular da reta média Para avaliar o coeficiente angular da reta média escolha dois pontos sobre a reta conforme sugerem os pontos P e Q, na figura 6. 2 Laboratório de Física – 2009-1 2.3.3. Incerteza do Coeficiente Linear da Reta Média (± ∆ b) No gráfico da figura 7, prolongando-se as duas diagonais AC e BD do quadrilátero ABCD, até que elas interceptem o eixo Y, obtem-se dois pontos neste eixo que chamaremos, respectivamente, de b sup. e b inf.. A incerteza do coeficiente linear da reta média será dada por: 2.3.4. Casos particulares de cálculo da Incerteza do Coeficiente Angular Caso a: As barras de incerteza nas medidas de x e y são todas iguais e a reta média passa sobre todos os pontos experimentais. Neste caso, nas medidas de x e y, os erros acidentais são desprezíveis ou nulos. O coeficiente angular da reta pode ser obtido diretamente dos pontos inicial e final utilizando-se a expressão para determinar o coeficiente angular dessa reta com os pontos P e Q substituídos por F (último ponto à direita) e I (primeiro à esquerda): Esta expressão é do tipo m = (a ± ∆ a) (b± ∆ b) –1, com: a = YF – YI b = XF – XI ∆ a = ∆ YF + ∆ YI ∆ b = ∆ XF + ∆ XI Observe-se que utilizamos o critério mais desfavorável, somando as incertezas na subtração de duas grandezas, como estudamos anteriormente (página 6). Utilizando a expressão (3) para a propagação de incertezas (página 11): Se as incertezas no valor de cada grandeza forem iguais, isto é, se ∆ yP = ∆ yQ = ∆ y e ∆ xP = ∆ xQ = ∆ x, obtemos para a incerteza do coeficiente angular da reta média nesta situação específica: 2 m =  yF− y I   x F− xI  Δm m = Δa a  Δb b ou seja, Δm =  Δa a  Δb b  m=  Δy FΔy I y F−y I  Δx FΔx I x F− xI  y F− y I xF− x I ±Δm= ± 2 Δy m Δx  x F − x I Δm= Δy FΔy I xF− x I  m Δx FΔx I xF− x I ±Δb=± 1 2 bsup−b inf  Laboratório de Física – 2009-1 A equação (7) poderá ser utilizada apenas no caso de todos os pontos caírem sobre a reta; a equação (7) é muito útil quando não é possível traçar as barras de incerteza, se elas forem menores do que a menor divisão da escala, por exemplo. Se as incertezas forem diferentes entre si, ∆ y e ∆ x serão as médias aritméticas dos vários valores de ∆ y e/ou ∆ x. Caso b: As barras de incerteza nas medidas de x e y são todas nulas (incertezas menores que a menor divisão da escala adotada), e a reta média não passa sobre todos os pontos experimentais (figura 8). Neste caso, para se determinar a incerteza do coeficiente angular, traçam-se duas retas médias auxiliares com os conjuntos de pontos que caem fora da reta média, como mostra a figura 8, isto é: - uma reta média auxiliar passando pelo conjunto de pontos acima da reta média; - a outra passando pelo conjunto de pontos abaixo da reta média. Tal como anteriormente (figura 7), podemos obter o quadrilátero ABCD e a expressão para a incerteza do coeficiente angular da reta média (± ∆ m) que será dada, também, pela equação já estudada (6). Figura 8: Gráfico para determinação da incerteza do coeficiente angular da reta média, quando não é possível traçar as barras de incerteza e existem pontos experimentais fora da reta. 2.4. GRÁFICOS EM PAPEL MONO-LOG3 O gráfico da figura 9 representa a função: 3 No texto nos referimos a logaritmos na base 10; os logaritmos podem ser convertidos para a base e. 2 (7) Laboratório de Física – 2009-1 log (Y) = log (Y0) + λ X Escolhe-se para origem de Y uma potência de dez (10 ± N). No exemplo da figura 9 escolheu-se o valor 0,10 para origem de Y. A escala no eixo Y foi construída de tal forma que a distância de qualquer ponto deste eixo até a origem é proporcional à diferença entre log (Y) e log (0,10). Observe que Y nunca se anula nesta escala. Porquê? O eixo log (Y) não existe no papel mono-log. A escala no eixo log (Y) é linear e foi desenhada apenas para esclarecer a construção da escala Y, que é não linear. A cada número gravado na escala Y corresponde, na escala linear log(Y ) , outro número: o logaritmo de Y na base 10. 2 Laboratório de Física – 2009-1 EXERCÍCIOS 1) São dados: A = a ± ∆ a = ( 1,60 ± 0,01) B = b ± ∆ b = ( 3,15 ± 0,07) C = c ± ∆ c = ( 2,8037 ± 0,0002) Calcule, algebricamente e depois numericamente, com incerteza: a) A + B b) A – C c) AB d) A + BC h) cos (A) com A em graus i) cos (A) com A em radianos j) ln (B) k) log (B) 2) Calcular com o n.º correto de algarismos significativos e dar a resposta em notação científica: a) (2,72 × 0,0026 × 7318 ) / (3,93 × 38,1) c) 5473,4 mm – 4,2 m e) 35,254 m + 4,7 cm g) π × e b) 2,14 × 106 + 2,14 × 104 d) 2532 – 32 f) 35,254 cm + 4,7 m h) π / V luz no vácuo 3) Considere a tabela abaixo. Ela apresenta as posições sucessivas de um certo objeto, em movimento retilíneo e uniforme. Tempo (s) ± ∆ t = ± 0,0001 s 0,1400 0,2000 0,3200 0,4400 0,5200 0,6400 Posição (mm) ± ∆ x = ± 1 mm 341 364 397 438 459 467 Marque os pontos em papel milimetrado, trace a reta média e obtenha a velocidade do objeto (coeficiente angular da reta). Desenhe as barras de incerteza e obtenha (v ± ∆ v). 3 23 CBA + f) C B A + g) C B A +e) Laboratório de Física – 2009-1 Referências Bibliográficas 1 - HELENE, A. M. O.; VANIN, V. R. Tratamento Estatístico de Dados em Física Experimental. 2ª. Edição. São Paulo: Edgard Blucher, 1991. 2 - Física Experimental I: Laboratório de Física. 2008. 66f. Apostila. Departamento de Física, Centro de Ciências Exatas, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2008. Agradecimentos à coordenação das disciplinas de Física Experimental I (do Departamento de Física, Centro de Ciências Exatas, Universidade Federal do Espírito Santo) pela permissão de uso da apostila [2]. 3
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