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Universidade Nove de Julho
FINANÇAS CORPORATIVAS
Os direitos desta obra foram cedidos a Universidade Nove de Julho
2 FINANÇAS CORPORATIVAS Este material é parte integrante da disciplina “Finanças Corporativas” oferecido pela UNINOVE. O acesso às atividades, as leituras interativas, os exercícios, chats, fóruns de discussão e a comunicação com o professor devem ser feitos diretamente no ambiente de aprendizagem online. 5 FINANÇAS CORPORATIVAS Estoques ...................................................................................................................................64 Contas a receber.......................................................................................................................65 A função de Crédito...................................................................................................................65 Cobrança...................................................................................................................................65 Capital de Giro – Capital Circulante Líquido ..............................................................................66 Introdução .............................................................................................................................66 Capital Circulante Líquido..........................................................................................................66 Situações do Capital Circulante Líquido ....................................................................................67 Fontes de Financiamento ..........................................................................................................67 Fontes de Capital de Giro..........................................................................................................67 Planejamento Financeiro – Visão Integrada do Fluxo de Caixa.................................................68 Introdução .............................................................................................................................68 Fluxo de Caixa ..........................................................................................................................68 Manutenção do Saldo de Caixa.................................................................................................69 Fontes de Financiamento em Curto Prazo.................................................................................69 Introdução .............................................................................................................................69 Financiamentos Externos ..........................................................................................................70 Desconto de Títulos...................................................................................................................70 Empréstimos para Capital de Giro.............................................................................................71 Conta Garantida ........................................................................................................................71 Principais Aplicações de Fundos ...............................................................................................71 Introdução .............................................................................................................................71 Aplicação Sobras de Caixa........................................................................................................71 Caderneta de poupança ............................................................................................................72 Aplicações de renda fixa............................................................................................................72 Fundos mútuos de renda fixa ....................................................................................................72 Títulos da dívida pública ............................................................................................................73 Aplicações de renda variável.....................................................................................................73 Conclusão .................................................................................................................................73 BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................75 6 FINANÇAS CORPORATIVAS AULA 01 • CONCEITOS BÁSICOS E AREAS DE ATUAÇÃO Introdução Não podemos perder de vista que existe um componente financeiro em todas as decisões de negócio. Este fato obriga todos os executivos, inclusive aqueles que atuam em áreas tidas como não financeiras, a ter conhecimentos que lhes permitam transitar com algum conforto nesta área. No mundo atual, é impossível uma pessoa fazer uma carreira em negócios sem uma base em administração financeira. No entanto, esta função empresarial nem sempre teve a importância que tem nos dias de hoje. Inicialmente voltada para os aspectos legais nas fusões e aquisições empresariais e nas diversas formas de levantar capitais, vem evoluindo para uma posição extremamente sofisticada na empresa moderna. A função financeira corresponde aos esforços despendidos objetivando a formulação de um esquema que seja adequado à maximização dos retornos dos proprietários das ações ordinárias da empresa, ao mesmo tempo em que possa propiciar a manutenção de um certo grau de liquidez. Na verdade, a função financeira dentro de uma empresa está diretamente relacionada com a decisão de se fazer um investimento e à decisão de se fazer um financiamento, sem esquecer que estas duas funções principais estão interligadas. Seguem alguns aspetos relacionado à Administração Financeira, segundo diversos autores: a) Administração financeira cuida de planejamento, análise de investimentos, política de crescimento, financiamento, contabilidade, etc. (Lima Netto, 1978). b) Segundo Sanvicente (1987), o objetivo básico implícito nas decisões de administração financeira é a maior rentabilidade possível sobre o investimento efetuado por indivíduos ou instituições caracterizados como proprietários acionistas ordinários, no caso de uma sociedade anônima. Entretanto, é feita uma ressalva à rentabilidade máxima, desde que não seja comprometida a liquidez da empresa. c) Segundo Lima Netto (1978), a análise de investimentos tem os seguintes métodos: Período de Pagamento, Lucro Médio, Valor Presente, Valor Futuro, Taxa de Retorno 7 FINANÇAS CORPORATIVAS Interna e Benefício/Custo. A decisão de investimento é feita em cima de alguns métodos, citados a seguir e descritos; nem todos são recomendáveis, mas são incluídos, devido ao seu grande uso na prática. • Período de pagamento – consiste em medir o número de períodos em que se paga um investimento, e existem duas variantes desses métodos. A primeira consiste em medirse quantos anos o lucro acumulado paga o capital. Outra variante do método consiste em considerarse toda a geração de fundos do projeto, no caso, lucro líquido mais depreciação. A segunda variante é preferível, pois considera a depreciação. • Lucro Médio – consiste em calcular o Lucro Líquido Médio de um investimento durante todos os seus períodos e dividir este lucro pelo investimento. • Valor Presente – consiste em calcular o Valor Presente do fluxo de fundos do investimento, a uma certa taxa de juros. Os investimentos de maior valor presente são preferidos. O problema crucial é a escolha da taxa de juros, devendo ser usada a taxa mínima alternativa. • Valor Futuro – é bem parecido com o método de valor presente, exceto pelo fato de que se comparam valores futuros nas alternativas. • Taxa de Retorno Interna – O valor presente de um investimento depende da taxa de juros considerada. Em quase todos investimentos considerados na prática existe uma taxa de juros, em alguns casos mais que uma, e o valor presente do investimento é zero. Histórico Nos anos 30, época de grandes crises financeiras, era natural que a função financeira estivesse voltada para falências e concordatas. No momento seguinte, voltase para a regulamentação do mercado de títulos, com o intuito de evitar novos desastres. Neste período, começam a tomar forma melhores controles internos e métodos mais sofisticados de preparação de relatórios financeiros, com a finalidade de demonstrar com maior fidelidade a posição real das empresas. Já nos anos 50, o foco muda para o valor das empresas e a melhor forma de escolher investimentos em ativos e formas de financiamento para maximizar o valor das empresas. 10 FINANÇAS CORPORATIVAS • Análise/ gerência de crédito • Administração de fundos de pensão • Gerência de câmbio Objetivos e Funcões da Administração Financeira Introdução A administração financeira pode ser exercida nas mais diversas organizações: indústria, comércio ou serviços; empresas estatais ou privadas; voltadas ou não para lucro; governo, escolas, hospitais, clubes recreativos, ONGs e outras. Suas funções principais são planejamento, controle, orçamento, previsões, fluxo de caixa, investimentos, financiamentos, crédito, cobrança, câmbio, operações bancárias e gerenciamento de risco. Ao exercer essas funções, o administrador financeiro procura responder a questões como: quais investimentos devem ser feitos? Quais fontes de financiamentos devem ser utilizadas? Qual deve ser a política de remuneração dos acionistas? Estamos agregando valor aos acionistas? Existem inúmeros enfoques da administração financeira, destacandose os de retorno, risco, liquidez, endividamento, eficácia operacional, alavancagem, valor, fusões e aquisições, mercados financeiro e de capital, mercados futuros e de opções. Objetivos da administração financeira De acordo com Ross (1998), é objetivo normativo da empresa" maximizar o valor de mercado do capital dos proprietários existentes". Esse objetivo deve atender também a um desejo mais específico do acionista: a remuneração de seu capital, sob a forma de distribuição de dividendos. A maximização do lucro, tida por muito tempo como o objetivo principal da empresa, é objetivo impreciso, pois ações tomadas para maximizar os lucros atuais podem diminuir os lucros futuros e viceversa. A maximização da riqueza é mais precisa porque envolve o conceito de valor presente líquido da empresa, incorporando conceitos de risco e de custo de capital. Nas instituições não voltadas ao lucro, existem outros objetivos que não a maximização da riqueza. No entanto, essas organizações não prescindem da boa administração, pois precisam garantir sua solvência financeira. 11 FINANÇAS CORPORATIVAS Funções financeiras O Quadro 1 apresenta as principais funções da administração financeira, agrupadas em duas grandes áreas: tesouraria e controladoria. No Brasil, de modo geral, as funções de tesouraria são exercidas pelo gerente financeiro, e as funções de controladoria são exercidas pelo controller. Essas funções surgem e se expandem ou desaparecem dependendo das necessidades de cada empresa, variando segundo sua natureza, porte e estágio de desenvolvimento. Quadro 1. Funções do Administrador Financeiro Tesouraria Controladoria • Administração de caixa • Administração de custos e preços • Administração de crédito e cobrança • Auditoria interna • Administração do risco • Contabilidade • Administração de câmbio • Orçamento • Decisão de financiamento • Patrimônio • Decisão de investimento • Planejamento tributário • Planejamento e controle financeiro • Relatórios gerenciais • Proteção de ativos • Desenvolvimento e acompanhamento de sistemas de informação financeira • Relações com acionistas e investidores • Relações com bancos As funções financeiras podem ser de curto ou longo prazo. As funções financeiras de curto prazo envolvem a administração do caixa, do crédito, das contas a receber e a pagar, dos estoques e dos financiamentos de curto prazo. A empresa precisa dispor de recursos suficientes para saldar os compromissos com fornecedores, salários, tributos e demais contas. Para tanto, os recebimentos das vendas e/ ou prestação de serviços aos clientes precisam ocorrer simultaneamente ao vencimento dos compromissos. Quando existem prazos diferentes entre os recebimentos e os pagamentos, na maioria das vezes a empresa precisa buscar recursos no mercado financeiro, por meio de empréstimos ou da aplicação dos recursos excedentes. A administração financeira de curto prazo também é chamada de administração do capital O objetivo da administração financeira é maximizar a riqueza do acionista. 12 FINANÇAS CORPORATIVAS circulante. No curto prazo, o administrador financeiro preocupase ainda com o planejamento tributário. O hiato entre recebimentos e pagamentos originase nas políticas de concessão de crédito a clientes e obtenção de crédito junto a fornecedores; diferentes prazos legais para pagamentos de salários e tributos; diferentes políticas de estocagem e diferentes ciclos de produção dos produtos vendidos e serviços prestados. As funções financeiras de longo prazo envolvem as decisões financeiras estratégicas, tais como orçamento de capital, estrutura de capital, custo de capital, relacionamento com investidores entre outras. No longo prazo, as decisões financeiras envolvem a obtenção de recursos para projetos e investimentos e a definição dos critérios a serem adotados para a escolha entre investimentos alternativos. O administrador financeiro é responsável pela saúde econômica e financeira da empresa. Conceitos financeiros básicos Introdução: objetivo das empresas A maioria dos estudantes acredita que o objetivo das empresas é o lucro. Na realidade, o lucro é apenas um meio. O objetivo real das empresas é a maximização de seu valor em longo prazo – daí o lucro ser um meio e não o fim. Os investimentos são feitos com a expectativa de um retorno alinhado com os riscos assumidos. Este retorno deve ser alcançado através da produção de resultados econômicos e financeiros – lucros e caixa – adequados por um extenso período de tempo. A contabilidade define esta situação através do Postulado da Continuidade, que considera a empresa como uma entidade em continuidade, ou, de forma mais simples, considera a empresa como sendo um empreendimento que foi realizado com a finalidade de manterse em funcionamento. Atividades empresariais De um modo geral, podemos agrupar as atividades de uma empresa como a seguir: 15 FINANÇAS CORPORATIVAS AULA 02 • RISCO E RETORNO Introdução Os investidores, de um modo geral, estão conscientes de que retorno e risco caminham sempre juntos. Cabe ao gerente financeiro decidir qual o nível que irá obter do retorno, dentro de determinados limites que está disposto a aceitar do risco. Retorno A primeira variável a ser examinada em qualquer investimento é o retorno. Retorno é o resultado – ganho ou perda – de qualquer investimento em um período. O que estamos dizendo é que um investimento qualquer muda de valor no decorrer do tempo, seja um aumento ou uma redução no seu valor. O retorno de um investimento normalmente é medido sob a forma de porcentagem, e não em valores monetários. Exprime a variação do valor do investimento acrescido de qualquer retorno em caixa que este tenha rendido no período. Assim, podemos exprimir esta variação como a seguir: Onde: I0 Investimento inicial (no tempo 0) I1 Valor final do investimento (investimento no tempo t) Ct Lucro corrente (fluxo de caixa, dividendos, ou juros) recebido do investimento no tempo t kt taxa de retorno do investimento durante o tempo t I0 Ct I0) – (I1 kt + = 16 FINANÇAS CORPORATIVAS Veja um exemplo de cálculo do retorno de um investimento. Observe que o retorno está intimamente ligado aos valores de mercado do investimento através do tempo. Exemplo: A empresa NRM efetuou um investimento de R$ 1.000,00 em ações. No final do período do investimento estas ações estavam valendo R$ 1.400,00; a empresa recebeu de dividendos destas ações o valor de R$120,00. Qual seria a taxa de retorno deste investimento? kt = ??????? I0 = R$ 1.000,00 I1 = R$ 1.400,00 Ct = R$120,00 Risco “Risco total de um investimento é a variabilidade total dos retornos previstos em torno do retorno médio.” (Hélio Paula Leita) “Risco é o grau de incerteza associado a um investimento.” (A. A, Gropelli e Ehsan Nikbakht) “Risco é o desvio dos resultados esperados em relação a uma média ou valor esperado.” (A. A, Gropelli e Ehsan Nikbakht) “Risco é a chance de perda financeira.” (Lawrence J. Gitman) “Risco é a possibilidade de que algum acontecimento desfavorável venha a ocorrer.” (J. Fred Weston e Eugene F, Brigham) Determinados investimentos apresentam resultados maiores que outros. Os resultados menores estão relacionados a riscos menores. Os executivos financeiros, de um modo geral, preferem riscos mais baixos, mesmo que isto represente retornos menores. Este raciocínio é lógico se considerarmos que os recursos investidos por eles pertencem aos investidores e, por conseguinte, precisam ser protegidos. Uma das formas de se analisar o risco é dividilo em dois componentes: • Nível de risco – é a comparação do risco entre dois ativos 1.000 120 1.000) (1.400 0,52 ou 52% I C ) I – (I k 0 t 0 1 t = + = + = 17 FINANÇAS CORPORATIVAS • Risco de prazo – o risco aumenta com o tempo de aplicação dos recursos. Não há dúvida de que o prazo de um investimento tem uma grande influência sobre o risco deste mesmo investimento. Veja abaixo uma tabela comparando diversos investimentos – a tabela (Gropelli, 2002: 78) mostra a mensuração para títulos do governo americano com diferentes prazos de resgate, e como o risco se altera com os prazos: Prazo de Resgate Taxa Livre de Risco (%) Prêmio pelo Risco (%) RiscoTotal Letras do Tesouro 90 dias 5 0 5 Notas do Governo 1 ano 5 2 7 Obrigações do Tesouro 20 anos 5 4 9 Obrigações do Tesouro 20 anos 5 5 10 Esta tabela ajuda a avaliar os méritos relativos dos ativos. Gropelli (2002) assim se expressa: “Um estudo dos retornos desses ativos indicaria que os preços dos títulos de curto prazo são menos voláteis que os dos de longo prazo. As chances de inadimplência para os títulos de curto prazo são menores que para os de longo prazo. Conseqüentemente, o risco atribuído aos títulos de curto prazo é menor que o atribuído aos títulos de prazos mais longos e incertos.”. O risco de uma carteira de investimento pode ser dividido como abaixo: • Risco sistêmico – é o risco que se origina nas flutuações da economia como um todo. • Risco não sistêmico – relacionase a um empreendimento ou a um setor. O risco sistêmico b (ou Beta) é diversificável, enquanto o risco não sistêmico ou a (Alfa) não é diversificável. Segundo William Sharpe, professor da Universidade de Stanford, e Prêmio Nobel de Economia de 1990, somente o risco sistêmico paga prêmio. O risco não sistêmico é diversificável, e, por este motivo, não paga prêmio. Avaliação do risco Podemos analisar o risco empregando a análise de sensibilidade e a distribuição de probabilidades para verificar o comportamento dos retornos. Desta forma, podemos ter uma visão 20 FINANÇAS CORPORATIVAS Ativo B Retorno % Probabil. Retorno Médio Dispersão Variância Variância Ponderada k p m k – m (k m) 2 (k m)2 * 2 Pessimista 4 0,25 1,00 (4,00) 64 16,00 + provável 0,50 6,00 Otimista 12 0,25 5,00 4,00 64 16,00 Média 20 12,00 128 32,00 Intervalo 16 Total 1,00 Risco (Desvio Padrão) s = ((km) 2 * p) 1/2 s = 5,6569 Sem qualquer dúvida, o investimento A deverá ser escolhido, uma vez que seu desvio padrão é menor. Exercícios 1. Como pode ser dividido o risco de uma carteira de investimento? a) pode ser dividido em nível de risco e risco de prazo. b) pode ser dividido em risco sistêmico e risco nãosistêmico. c) pode ser dividido em alto e baixo risco. d) pode ser dividido em risco permanente e risco periódico. 2. Qual dos itens a seguir normalmente é medido sob a forma de percentual e exprime a variação do valor do investimento acrescido de qualquer retorno em caixa que este tenha rendido no período: a) Taxa de juros de um investimento. b) Risco de um investimento. c) Retorno de um investimento. d) Taxa de risco de um investimento. 3. Assinale a alternativa correta: a) a forma mais aceita de determinar o risco de um investimento é calcular os desvios dos retornos em relação a um retorno médio esperado. b) em hipótese alguma, o desvio padrão dos retornos prováveis de um investimento em relação ao investimento médio é a medida de risco do investimento. c) a forma mais aceita de determinar o risco de um investimento é calcular os desvios dos retornos em relação a um retorno mínimo esperado. 21 FINANÇAS CORPORATIVAS d) os estudos feitos até hoje mostram que não há formas de determinar o risco de um investimento. 4. Assinale a alternativa correta: a) Não há dúvida de que o prazo de um investimento tem uma pequena influência sobre o retorno e o risco deste mesmo investimento. b) Não há dúvida de que o prazo de um investimento não tem nenhuma influência sobre o risco deste mesmo investimento. c)Não há dúvida de que o risco de um investimento tem uma grande influência sobre o prazo deste mesmo investimento. d)Não há dúvida de que o prazo de um investimento tem uma grande influência sobre o risco deste mesmo investimento. Respostas dos Exercícios 1. Como pode ser dividido o risco de uma carteira de investimento? RESPOSTA CORRETA: B 2. Qual dos itens a seguir normalmente é medido sob a forma de percentual e exprime a variação do valor do investimento acrescido de qualquer retorno em caixa que este tenha rendido no período: RESPOSTA CORRETA: C 3. Assinale a alternativa correta: RESPOSTA CORRETA: A 4. Assinale a alternativa correta: RESPOSTA CORRETA: D 22 FINANÇAS CORPORATIVAS AULA 03 • MERCADO FINANCEIRO Sistema financeiro nacional Introdução O Sistema Financeiro Nacional – SFN tem por finalidade intermediar os fluxos de recursos entre os diversos participantes do mercado financeiro. Foi criado pela Lei 4595 de 31 de dezembro de 1964, com a seguinte constituição: • Conselho Monetário Nacional • Banco Central do Brasil • Banco do Brasil S/A Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (este nome foi posteriormente trocado para Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES).Demais instituições financeiras públicas e privadas. Posteriormente, com a Lei 6385 de 7 de dezembro de 1976, o Sistema Financeiro Nacional foi completado com a criação da Comissão de Valores Mobiliários – CVM. O Conselho Monetário Nacional, o Banco Central do Brasil, o Banco do Brasil, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e a Comissão de Valores Mobiliários são as chamadas Autoridades Monetárias, e têm a função de regular e fiscalizar o mercado. Evolução histórica Até 1965: a) predominância do setor monetário Razões: 1) Lei estabelecia teto máximo da taxa de juros de 12% a.a. 2) Lei impossibilitava correção dos débitos pela variação cambial ou do preço do ouro b) taxas de inflação crescentes, particularmente depois de 1957. c) carência de recursos para empréstimos de longo prazo. d) criação do BNDE em 1952 – infraestrutura. 25 FINANÇAS CORPORATIVAS d) Controlar o crédito sob todas as formas; e) Efetuar o controle dos capitais estrangeiros; f) Ser o depositário das reservas oficiais de ouro e moeda estrangeira; g) Fiscalizar as instituições financeiras; h) Conceder autorização de funcionamento, instalação, transformação, fusão e incorporação de instituições financeiras. Comissão de Valores Mobiliários: de acordo com o art. 8 o da lei 6385, à Comissão de Valores Mobiliários cabe disciplinar e fiscalizar o mercado de capitais. Mercado de Capitais: mercado de ações de debêntures – além de fomentar seu desenvolvimento, compete ainda à CVM fiscalizar a emissão e negociação de títulos emitidos pelas sociedades anônimas, de forma a permitir um funcionamento adequado das bolsas de valores. Banco do Brasil: o Banco do Brasil S/A é essencialmente um banco múltiplo, participando normalmente do mercado financeiro. Além disto, o art. 19 da lei 4595 especifica que o Banco do Brasil também agirá como instrumento da execução da política creditícia e financeira do Governo Federal. Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social: definido no par. 2 o do art. 22 da lei 4595 como o principal instrumento da execução de política de investimentos do Governo Federal. Figura 2. Estrutura Sistema Financeiro Nacional 26 FINANÇAS CORPORATIVAS Instituições financeiras De acordo com a lei 4595, as instituições financeiras dividemse em públicas e privadas. De acordo com o art. 22, as Instituições Financeiras Públicas são os órgãos auxiliares da execução da política de crédito do Governo Federal. As Instituições Públicas terão suas atividades reguladas pelo CMN ao qual deverão submeter seus programas de recursos e aplicações. Por outro lado, as instituições financeiras privadas deverão ser constituídas unicamente sob a forma de sociedade anônima, sendo a totalidade de seu capital com direito a voto sob a forma de ações nominativas. Esta norma não se aplica, no entanto, às cooperativas de crédito. As instituições financeiras podem se apresentar sob os seguintes tipos: • Bancos Comerciais: formando a base de todo o sistema financeiro. Representam os intermediadores financeiros cujo objetivo principal é levantar os recursos necessários 27 FINANÇAS CORPORATIVAS para financiar as operações em curto e médio prazos de pessoas físicas e jurídicas. Prestam também uma variedade de serviços, como cobrança de títulos e recebimento de tributos. Realizam também operações de câmbio. • Caixas Econômicas: são essencialmente instituições com objetivos sociais que concedem empréstimos e financiamentos a programas e projetos habitacionais, assistência social, saúde, educação e outros de cunho semelhante. Além destas operações, também agem como bancos comercias. São parte do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo e do Sistema Financeiro da Habitação. A Caixa Econômica Federal é a administradora dos Recursos do FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. • Bancos de Investimento: são basicamente intermediadores de fundos de médio e longo prazos para financiamento de capital fixo ou de giro. Não podem captar recursos através de depósitos, mas apenas através de CDB’s – Certificados de Depósito Bancário ou venda e cotas de fundos de investimento. • Sociedades de Arrendamento Mercantil: são as empresas de leasing. Seus recursos são captados principalmente através de empréstimos em médio e longo prazo, e financiam as operações de arrendamento mercantil. Mercados Financeiros Classificação Segmentos Prazos Fim Tipo intermed Monetário Curtíssimo e curto Controle da liquidez monetária da economia, suprimentos momentâneos de caixa Bancária e não bancária Crédito Curto, médio e aleatório Financiamento do consumo e capital de giro das empresas Bancária e não bancária Capitais Médio, longo e indeterminado Financiamento de capitais fixo, de giro e especiais (habitação) Não bancária Câmbio À vista e curto Conversão de valores em moedas estrangeiras e nacional Bancária e auxiliar (corretoras) O mercado financeiro se divide em: (1) Mercado monetário (2) Mercado de crédito (3) Mercado de capitais 30 FINANÇAS CORPORATIVAS Exercícios 1. Assinale a alternativa correta, levandose em consideração a divisão do mercado financeiro: a) Mercado de futuros e Mercado a termos. b) Mercado de capitais, Mercado de cambio, Mercado futuro e Mercado de crédito. c) Mercado monetário, Mercado de crédito, Mercado de capitais e Mercado de Câmbio. d) Mercado monetário, Mercado de crédito imobiliario, Mercado de capitais e Mercado de Câmbio. 2. Assinale a alternativa onde temos as operações mais comuns no mercado de crédito: a) Empréstimos para capital de giro, Conta garantida, Adiantamento de contrato de câmbio, Repasses de recursos externos, Financiamento de importações e Financiamento de serviços e bens de consumo duráveis. b) Empréstimos para capital de giro, Adiantamento de contrato de câmbio, Financiamento de importações e Financiamento de serviços e bens de consumo duráveis. c) Empréstimos para capital de giro, CDB e RDB, Poupança, Repasses de recursos externos, Financiamento de importações e Financiamento de serviços e bens de consumo duráveis. d) Empréstimo pessoal, Conta Corrente, Adiantamento de contrato de câmbio, Repasses de recursos externos, Financiamento de importações e Financiamento de serviços e bens de consumo duráveis. 3. No mercado de capitais os principais meios de financiamento são: a) BNDES, CDI, CDB e RDB. b) ações, debêntures e notas promissórias (commercial papers). c) ações preferenciais, debêntures, Dbonds e titulos publicos. d) ações, ouro, certificados bancarios, debêntures e moeda estrangeira. 4. Não faz parte do Sistema Financeiro Nacional: a) Banco Central e CVM. b) Banco do Brasil e Caixa Economica Federal. c) Corretora de títulos e valores mobiliarios e corretora de imóveis. d) Bancos Multiplos e Bancos Comerciais. Respostas dos Exercícios 1. Assinale a alternativa correta, levandose em consideração a divisão do mercado financeiro: RESPOSTA CORRETA: C 2. Assinale a alternativa onde temos as operações mais comuns no mercado de crédito: RESPOSTA CORRETA: A 3. No mercado de capitais os principais meios de financiamento são: RESPOSTA CORRETA: B. 4. Não faz parte do Sistema Financeiro Nacional: RESPOSTA CORRETA: C 31 FINANÇAS CORPORATIVAS AULA 04 • CONTABILIDADE FINANCEIRA Contabilidade Conceito Diversos são os conceitos apresentados para a contabilidade. Apresentamos a seguir alguns deles. • Contabilidade é a ciência que estuda e controla o patrimônio das entidades, mediante o registro, a demonstração expositiva e a interpretação dos fatos nele ocorridos, com o fim de oferecer informações sobre sua composição e suas variações, bem como sobre o resultado econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial (Franco, 1982). • A contabilidade é a ciência que estuda e controla o patrimônio das entidades (pessoas e organizações), em seus aspectos qualitativos (físico) e quantitativos (monetários). Para tanto, utilizase de um conjunto de conhecimentos, leis, princípios e métodos próprios, no sentido de estudar, registrar, controlar e demonstrar as evoluções ocorridas no patrimônio. • Sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade com relação à entidade objeto de estudo. Objeto da contabilidade O objeto da contabilidade é o estudo do patrimônio, geralmente constituído por um conjunto de bens, direitos e obrigações pertencentes a uma determinada entidade, avaliado em moeda. A Contabilidade estuda o patrimônio sob dois aspectos: o qualitativo (tipo de item que compõe o patrimônio: caixa, estoques, contas a pagar) e o quantitativo (mensuração monetária dos itens que compõem o patrimônio). 32 FINANÇAS CORPORATIVAS Objetivo da contabilidade O objetivo da contabilidade é permitir o estudo e o controle dos fatos decorrentes da gestão do patrimônio das entidades. Finalidade A contabilidade deve prover os usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização. Análise econômica: capital, patrimônio, receitas e despesas. Análise financeira: fluxo de caixa e capital de giro. Análise física: estoques, número de ações. Análise de produtividade: lucro por ação, depósitos por cliente, custo por produto. Principais categorias de usuários São inúmeros os usuários das informações contábeis, tendo em vista que a complexidade do mundo atual não permite que tenhamos pleno controle sobre os destinatários das informações geradas e tornadas públicas. Para fins didáticos, poderíamos citar os principais usuários como sendo: • administradores, diretores e executivos: permite o uso da informação contábil no processo de tomada de decisão, servindo como instrumento de apoio à decisão. • Sócios e/ ou acionistas: permite aos investidores do capital na entidade acompanhar o desempenho obtido pelo seu investimento na entidade em estudo. • Bancos, financiadores e investidores: permite obter informações patrimoniais, econômicas e financeiras com vistas a avaliar o potencial das garantias oferecidas quando da concessão de empréstimos e de aplicações de recursos na entidade. • Fornecedores: permite saber se o cliente terá condições de honrar os compromissos com as compras efetuadas. • Empregados: permite saber se a organização em que trabalha lhe proporciona segurança e garantia de recebimento do seu salário. 35 FINANÇAS CORPORATIVAS pagamento deverá ser efetuado na data de vencimento. Como exemplo de obrigações exigíveis, temos as dívidas com fornecedores (compras a prazo), os empréstimos bancários, as dívidas para com funcionários (salários a pagar), as dívidas para com o governo (impostos a pagar), as contas a pagar (água, energia elétrica, telefone, aluguel, etc.). Patrimônio Líquido: é a parte do patrimônio que efetivamente sobra para o seu proprietário, após somar bens e direitos e subtrair do total das obrigações. Também pode ser denominado de situação líquida ou riqueza líquida. Este enunciado pode ser representado pela seguinte equação: Aspectos qualitativo e quantitativo do patrimônio Todos os relatórios elaborados a partir da contabilidade e de sua escrituração deverão ressaltar esses dois aspectos: • Qualitativo: consiste em qualificar, dar nomes aos elementos componentes do respectivo relatório, permitindo que se conheça a natureza de cada um; • Quantitativo: consiste em atribuir, aos respectivos elementos, seus valores em moeda. Representação gráfica do patrimônio Podemos representar o patrimônio por um gráfico em forma de “T” No lado esquerdo, denominado lado do Ativo, são classificados os elementos positivos (Bens e Direitos). No lado Direito, denominado lado do Passivo, são classificados os elementos negativos (Obrigações). Representase pelo seguinte gráfico: Patrimônio Líquido = Bens + Direitos () Obrigações 36 FINANÇAS CORPORATIVAS Balanço patrimonial Introdução No tópico anterior, vimos que a equação patrimonial é representada pela diferença entre a soma dos bens e direitos menos as obrigações, que resultará na situação líquida ou patrimônio líquido. Por dedução, temos que a soma dos bens + direitos, comparada com a soma das obrigações + patrimônio líquido, dará uma relação de igualdade. O demonstrativo contábil que representa esta relação de igualdade é o BALANÇO PATRIMONIAL. De acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade, o Balanço Patrimonial pode ser assim conceituado: O balanço patrimonial é a demonstração contábil destinada a evidenciar, quantitativa e qualitativamente, numa determinada data, o Patrimônio e o Patrimônio Líquido da entidade. O Balanço Patrimonial é constituído pelo Ativo, pelo Passivo e pelo Patrimônio Líquido: a) O Ativo compreende as aplicações de recursos (destino dos recursos) representados pelos bens e direitos. b) O Passivo compreende as origens de recursos (de onde vêm os recursos), representados pelas obrigações para com terceiros (dívidas). c) O Patrimônio Líquido compreende os recursos próprios da Entidade e seu valor é a diferença entre o valor do Ativo e do Passivo (Ativo menos Passivo). Portanto, o valor do Patrimônio Líquido pode ser positivo, negativo ou nulo. O Patrimônio Líquido negativo pode ser também denominado de Passivo a Descoberto. 37 FINANÇAS CORPORATIVAS Desta forma, o gráfico do balanço patrimonial será assim representado: Considerando os aspectos qualitativo e quantitativo do Balanço Patrimonial, resultará em uma demonstração em que, obrigatoriamente, deverá haver um equilíbrio perfeito entre o Ativo (lado direito) e o Passivo (lado esquerdo). Note que o Passivo é resultante da soma das obrigações (exigíveis) e do Patrimônio Líquido, que são as obrigações da entidade para com os seus sócios (não exigível). Desta forma, este enunciado resultará no seguinte gráfico: O Patrimônio Líquido, portanto, é a medida exata da riqueza patrimonial à disposição dos seus acionistas ou quotistas. As três situações possíveis de existência de Patrimônio Líquido podem ser representadas pela seguinte equação: Nota: Pela Legislação Brasileira (Lei 6.404/76), o conjunto do Passivo corresponde ao Passivo Exigível (obrigações) mais o Patrimônio Líquido. Dessa forma, sempre que falarmos em Passivo, abordaremos o conjunto de obrigações exigíveis e não exigíveis (Passivo mais Patrimônio Líquido). 40 FINANÇAS CORPORATIVAS Classificação dos componentes patrimoniais O quadro 1 mostra de forma bastante sucinta as principais características dos componentes patrimoniais, sua composição e características peculiares a cada um dos elementos. Ativo Passivo Bens (máquinas, terrenos, dinheiro, veículos, mercadorias, etc.); Direitos (contas a receber, duplicatas a receber, impostos a recuperar, etc.). Obrigações (Contas a pagar, impostos a recolher, salários a pagar, etc.). Aplicação dos recursos. Origem dos recursos. Uso dos recursos. Fonte dos recursos. Dispostos em ordem decrescente de liquidez.* Dispostos em ordem decrescente de exigibilidade.** Características: Propriedade da empresa; Representa benefícios presentes e futuros para a entidade; Mensurável monetariamente. Dividese em capital próprio (nãoexigível) e capital de terceiros (exigível); O capital próprio é conhecido como Patrimônio Líquido e representa a parcela do Ativo da entidade que não pertence a terceiros. Natureza do saldo das contas: devedor. Natureza do saldo das contas: credor. Quadro 1 – Características dos componentes patrimoniais Exercícios 1. A liquidação de uma dívida é uma operação que: a) Diminui e aumenta a Patrimônio Líquido. b) Diminui o Passivo e o Patrimônio Líquido e aumenta o Ativo. c) Diminui o passivo e o Ativo. d) Aumenta o Ativo e diminui o Passivo. 2. Qual das alterações abaixo é determinada pela compra de um veículo a prazo, na soma do Balanço Patrimônio? a) Aumento do Ativo e diminuição do Passivo. b) Diminui o Passivo e o Patrimônio Líquido e aumenta o Ativo c) Aumento do Ativo e aumento do Passivo d) Não altera a soma do Passivo nem a do Ativo 3. Qual a definição de Patrimônio Líquido? a) Conjunto de bens, direitos e obrigações de uma empresa ou pessoa física. b) É a medida eficiente da verdadeira riqueza. Patrimônio líquido é igual a soma dos bens e direitos menos as obrigações. c) É a verdadeira riqueza, ou seja, o valor do capital social da empresa. d) É a diferença entre Ativo e Passivo, mais as obrigações. 41 FINANÇAS CORPORATIVAS 4. Determine o capital de terceiros: a) Capital b) Títulos a pagar c) Capital + Títulos a pagar d) Capital + Lucros acumulados Respostas do Exercícios 1. A liquidação de uma dívida é uma operação que: RESPOSTA CORRETA: C 2. Qual das alterações abaixo é determinada pela compra de um veículo a prazo, na soma do Balanço Patrimônio? RESPOSTA CORRETA: C 3. Qual a definição de Patrimônio Líquido? RESPOSTA CORRETA: B 4. Determine o capital de terceiros: RESPOSTA CORRETA: B 42 FINANÇAS CORPORATIVAS AULA 05 • ANALISE DOS DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS Análise horizontal e vertical Introdução A análise dos Demonstrativos Contábeis nasce da necessidade, principalmente dos financiadores, de determinar a situação econômicofinanceira das empresas tomadoras de empréstimos, para se decidirem pela concessão ou não de financiamentos, bem como para determinar os níveis de garantias necessárias para suportar as operações financeiras. Internamente, esta ferramenta é utilizada pela direção das empresas para analisar o desempenho e indicar possíveis pontos fracos ou oportunidades. Serve também para suportar decisões de investimentos ou programas de crescimento. Os acionistas utilizamse destas análises para determinar a rentabilidade e o valor da empresa, de modo que possam escolher adequadamente onde irão investir. Análise horizontal Nesta análise, buscamos acompanhar a evolução das várias contas dos demonstrativos contábeis ao longo do tempo. Colocamos os relatórios lado a lado e comparamos os valores e a forma com que evoluem de um período para outro. Normalmente, tomase por base o relatório do exercício mais antigo – base 100 – e calculase a evolução percentual dos demais períodos em relação a este período base. Análise vertical Por outro lado, na análise vertical, nosso objetivo é examinar a importância relativa de cada conta dentro do total para que tenhamos uma visão da importância de cada uma delas nos períodos sob análise. 45 FINANÇAS CORPORATIVAS Índice de Endividamento IE = Ativo do Total Exigível do Total Este índice mostra o percentual dos Ativos, que é financiado por capitais externos. Naturalmente, quanto menor for este índice, menor será a dependência da empresa em relação ao mercado. Grau de Imobilização do Patrimônio Líquido IPL = Líquido Patrimônio Permanente Ativo Observe que este índice é calculado sobre o Ativo Permanente. Indicanos quanto do Patrimônio Líquido está sendo dirigido para aquisição de Permanente, o que poderá prejudicar a própria liquidez da empresa. Ou seja, este índice nos indica quanto está sendo investido no giro dos negócios. Análise por índices: índices de liquidez e rotação Introdução A maioria das pessoas acredita que o prejuízo é o causador da falência. Naturalmente, uma empresa com prejuízos seguidos por um longo tempo terá um problema de fluxo de caixa e, eventualmente, poderá tornarse incapaz de solver seus compromissos, o que irá conduzila à falência. Assim, o que realmente causa a bancarrota é a incapacidade de saldar os compromissos, ou seja, a falta de liquidez. Por seu turno, os índices de rotação relacionamse com o giro dos ativos. Medem a eficácia da empresa em gerir seus ativos em curto prazo. Todos nós sabemos que o dinheiro varia de valor com o tempo, ou seja, com o decorrer do tempo, irá render o valor definido pelo tempo em que foi empregado e a taxa de juro que foi negociada entre as partes. Assim, é importante que os ativos girem de forma a se transformar em caixa o mais rápido possível, para que possam então ser investidos. 46 FINANÇAS CORPORATIVAS Índices de liquidez Estes índices têm a ver com a capacidade da empresa de honrar seus compromissos, ou seja, sua capacidade de pagamento. Liquidez Geral LG = Prazo Longo em Exigível Circulante Passivo Prazo Longo em Realizável Circulante Ativo + + Este índice leva em consideração todos os ativos da empresa, sem considerar seu prazo de maturação, comparando estes ativos com todas as suas obrigações, também sem considerar seus prazos. Ou seja, este índice mede a capacidade geral da empresa de saldar seus compromissos. É importante, no entanto, levar em conta que poderá haver um grande descasamento de prazos, o que irá conduzir o índice a conclusões errôneas. Liquidez Corrente LC = Circulante Passivo Circulante Ativo Neste caso, estamos comparando duas grandezas mais próximas, ou seja, os prazos estão mais próximos – estamos comparando ativos com prazo de maturação semelhante ao prazo de vencimento dos passivos. Estamos medindo a capacidade que a empresa tem de saldar seus compromissos em curto prazo. Liquidez Seca LS = Circulante Passivo Estoques Circulante Ativo Nesse caso estamos subtraindo os Estoques do total dos ativos circulantes, isto porque, apesar de os Estoques serem parte integrante do Ativo Circulante, devemos levar em conta que normalmente é o de realização mais lenta, pois, na melhor das hipóteses, ainda deverá ser vendido – transformado em contas a receber – para então transformarse em caixa. Assim, tomando uma posição mais conservadora, excluímos os Estoques, para então calcularmos uma nova posição de liquidez. 47 FINANÇAS CORPORATIVAS Índices operacionais • Prazo médio de recebimento (prazo médio de contas a receber) Não podemos deixar de observar que o saldo da Conta Duplicatas a receber representa o saldo das contas em aberto dos clientes no encerramento do período contábil; assim, será mais representativo se utilizarmos o saldo médio de duplicatas a receber. Neste caso, utilizamos uma média aritmética simples entre o saldo inicial e o saldo final do ano corrente: Este índice nos mostra o tempo médio em que as duplicatas são recebidas. É um índice importante, quando comparado com o prazo normal de vendas; serve para medir também a eficácia do departamento de cobrança. Outra ferramenta importante para mensurar a eficácia do departamento de cobrança é a análise do Contas a Receber por idade – accounts receivable age analysis – que nos dá uma visão global dos recebíveis da empresa de acordo com sua idade. Um excelente instrumento de análise e controle dos recebíveis é a Análise do Contas a Receber por idades ou Age Analysis. Este relatório nos mostra a composição de nosso Contas a Receber sob o ponto de vista do prazo de vencimento. • Prazo Médio de Pagamentos Como no caso anterior, vamos calcular o saldo médio da conta de Fornecedores: Nota: usamos 365 dias caso queiramos fazer o cálculo sobre o ano civil. Caso seja usado o ano comercial, o valor é 360 dias. PMP = Compras 365 X es Fornecedor PMR = Vendas 365 X receber a Duplicatas Saldo Médio = 2 exercício do final Saldo exercício do inicial Saldo + 50 FINANÇAS CORPORATIVAS Giro dos ativos Este índice mede a eficiência dos ativos. Revela a capacidade da empresa em produzir vendas com sua base de ativos. Lucro por ação O Lucro Após o Imposto de Renda é aquele que está à disposição da Assembléia Geral para distribuição entre os acionistas e indica qual o ganho de cada ação após a dedução do Imposto de Renda. Índices de retorno Os investidores vêem a empresa como um investimento, e, na realidade, desejam medir qual retorno vêm obtendo deste investimento – o Retorno do Investimento RI, ou usando a denominação mais utilizada Return on Investment, o conhecido ROI. A receita da empresa resulta diretamente da combinação de seus ativos. Assim, estoques, recebíveis, imobilizado e todos os ativos irão produzir as receitas e, conseqüentemente, os lucros. A idéia é medir qual o retorno – lucro – que é obtido com a estrutura de ativos – investimentos. A fórmula da Dupont Desenvolvida pela Dupont Corporation, esta abordagem trabalha ao mesmo tempo os Índices de Balanço e os Índices de Rentabilidade. Relaciona a rentabilidade sobre as vendas com o retorno dos ativos que já descrevemos. Existem algumas variações entre os autores quanto qual o resultado a ser utilizado – alguns preferem o lucro líquido e outros preferem o lucro operacional. Vamos utilizar, neste LPA = ações de Número renda de imposto o após Lucro GA = Total Ativo líquidas Vendas 51 FINANÇAS CORPORATIVAS trabalho, o lucro operacional antes dos juros, por ser mais representativo, já que não inclui resultados estranhos às operações, tais como receitas e despesas financeiras e resultados não operacionais. Já conhecemos estas duas fórmulas; o que a Dupont fez foi relacionar estes dois índices de forma a obter o Retorno do Investimento. Assim, substituindo, temos: O resultado de um empresa depende da margem e do retorno sobre os ativos – dependendo do ramo, o resultado será obtido através da margem ou do retorno sobre os ativos. Exercícios 1. Assinale abaixo a alternativa que representa os principais índices de análise de estrutura de capitais: a) Índice de inflação, Índices de Estrutura de Capital e Índices de Liquidez. b) Índices de Rentabilidade, Índices de Operações, Índices de Estrutura de Capital, Índices de Liquidez e Índice de relevância patrimonial. c) Índices Índices de Rentabilidade e Índices de Operações. d) Índices de Estrutura de Capital, Índices de Liquidez, Índices de Rentabilidade e Índices de Operações 2. Assinale abaixo a alternativa correta sobre os índices de liquidez: a) Estes índices têm a ver com a capacidade da empresa de honrar seus compromissos, ou seja, sua capacidade de pagamento. b) Estes índices têm a ver com a capacidade da empresa de analisar a rotatividade dos seus estoques em relação às vendas. c) Estes índices têm a ver com a capacidade da empresa de captar recursos de terceiros. d) Estes índices têm a ver com a capacidade da empresa de administrar seus direitos, ou seja, sua capacidade de recebimento. 3. Qual dos itens relacionados mede a eficiência dos ativos e revela a capacidade da empresa em produzir vendas com sua base de ativos: a) Margem Bruta e Margem Operacional. b) Giro do Ativo. c) Índices de retorno. d) Lucro por ação. 4. Assinale abaixo a alternativa correta sobre Análise Horizontal: a) Busca acompanhar a evolução dos vários demonstrativos contábeis ao longo do tempo. ROI = Margem Líquida X Giro do ativo total ROI = Ativos líquidas Vendas líquidas x Vendas l operaciona Lucro 52 FINANÇAS CORPORATIVAS b) Busca acompanhar a evolução das várias contas dos demonstrativos contábeis ao longo do tempo. c) busca acompanhar a evolução das contas do ativo circulante ao longo do tempo. d) busca acompanhar os demonstrativos contábeis ao longo do tempo. Respostas dos Exercícios 1. Assinale abaixo a alternativa que representa os principais índices de análise de estrutura de capitais: RESPOSTA CORRETA: D 2. Assinale abaixo a alternativa correta sobre os índices de liquidez: RESPOSTA CORRETA: A 3. Qual dos itens relacionados mede a eficiência dos ativos e revela a capacidade da empresa em produzir vendas com sua base de ativos: RESPOSTA CORRETA: B 4. Assinale abaixo a alternativa correta sobre Análise Horizontal: RESPOSTA CORRETA: B 55 FINANÇAS CORPORATIVAS Todos os projetos possuem os dois primeiros componentes, porém, em alguns, não existe o fluxo de caixa residual. Determinação do investimento inicial Referese às saídas de caixa relevantes a ser consideradas quando se avalia um gasto de capital proposto, ocorrendo em uma data zero. O fluxo de caixa que deve ser considerado quando da determinação do investimento inicial associado a um gasto de capital é o custo instalado do novo ativo, os recebimentos (se houver) depois do IR, decorrentes da venda de um antigo ativo, e a variação (se ocorrer) de capital de giro líquido. Se não houver custos de instalação, ou caso não seja substituição de um ativo, então o preço de compra do ativo será o investimento inicial. Exemplo: Custo instalado do novo ativo () recebimentos depois do IR com a venda do antigo ( ou +) variação de capital de giro líquido (=) Investimento Inicial Onde: Custo instalado do novo ativo = Custo do novo ativo + custos de instalação () recebimentos depois do IR com a venda do antigo ativo = Recebimentos com a venda do antigo ativo ( ou +) imposto sobre a venda do antigo ativo ( ou +) variação de capital de giro líquido • Custo do novo ativo: é o desembolso para aquisição; • Custos de instalação: custos para colocar um ativo em funcionamento; • Custo instalado do novo ativo: é igual ao somatório do custo do novo ativo + custo de instalação. Este custo é passível de depreciação. 56 FINANÇAS CORPORATIVAS • Recebimentos depois do IR com a venda do ativo antigo: correspondem à diferença entre o produto da venda do antigo ativo e os pagamentos ou devoluções de IR relacionados a sua venda; • Recebimentos com a venda do antigo ativo: é igual ao fluxo líquido de entrada, gerado pela venda, depois de deduzido o gasto incorrido no processo de remoção do ativo (despesas de limpeza e remoção). • Variação do capital líquido: é a diferença entre a variação dos ativos circulantes e a dos passivos circulantes; se essa diferença for negativa, é tratada como entrada inicial, e se for positiva, é tratada como saída inicial. 57 FINANÇAS CORPORATIVAS AULA 07 • ANALISE DE INVESTIMENTOS Decisão de investimentos: valor presente líquido (vpl) Outra técnica, um pouco mais sofisticada, é usualmente utilizada pelas empresas o valor presente líquido, pelo qual se leva em conta o valor do dinheiro no tempo. Valor presente líquido O valor presente líquido (VPL), também denominado de valor atual líquido (VAL) ou, ainda, net present value (NPV) "...é a representação de um saldo hipotético (positivo, nulo ou negativo) dos valores envolvidos no empreendimento, transladados equivalentemente para o instante inicial e comparados, no mesmo instante, com uma aplicação financeira em que os mesmos valores são aplicados 'a uma taxa mínima de atratividade, durante um prazo igual' à vida útil do empreendimento". O valor presente líquido é obtido subtraindose o investimento inicial de um projeto do valor presente de suas entradas de caixa, descontados a uma taxa igual ao custo de capital da empresa. O valor presente líquido (VPL) é a diferença entre o valor de mercado de um investimento e seu custo. Como calcular o VPL através de uma calculadora financeira HP 12c: Investimento Inicial = R$ 50.000 Taxa de mínima de atratividade = 10% Fluxo 1. 30.000 2. 30.000 3. 20.000 4. 15.000 60 FINANÇAS CORPORATIVAS A taxa interna de retorno (TIR) é a taxa de desconto que é igual ao valor presente líquido das saídas ao valor presente das entradas. A TIR é a taxa intrínseca de retorno do projeto. Critérios de decisão Assim como no valor presente líquido, existem critérios para decidir se o projeto deve ou não ser aceito, segundo sua TIR: k = custo do capital. Se TIR > k, o projeto deverá ser aceito. Se TIR < k, o projeto deverá ser rejeitado. Se TIR = k, é indiferente aceitar ou rejeitar o projeto. Um investimento vale a pena quando cria valor para seus proprietários. Por exemplo, suponha que você compre uma casa usada em mau estado de conservação por $25.000 e gaste outros $25.000 em reformas para consertála. Ao final, seu investimento seria $50.000, porém, ao colocála à venda, percebe que seu valor de mercado é de $60.000, superando seu custo ($50.000) em $10.000. Então, você agiu como um administrador, gerando valor em seu negócio. Estimação do valor presente líquido Imagine que estamos pensando em começar a produzir e vender um novo produto. Podemos estimar o custo de implantação desse negócio com precisão razoável, porque sabemos o que será necessário para iniciar a produção. Será um bom investimento? Vai depender se o valor do novo negócio será maior que o custo de implantação. Porém, um novo negócio pode não ser tão fácil como comprar e vender uma casa usada. É praticamente impossível observar o valor de mercado de investimentos semelhantes. Então procuraremos estimar os fluxos de caixa futuros que esperamos que o novo negócio gere, para, em seguida, aplicar o procedimento para descobrir a TIR e comparála à nossa taxa de atratividade, descobrindo, assim, se o investimento será ou não viável. 61 FINANÇAS CORPORATIVAS Suponha que a receita bruta de nosso negócio seja de R$20.000,00 por ano. Imaginando que tudo saia conforme o esperado, e os custos desembolsados sendo de R$14.000,00 por ano, teremos uma entrada líquida de R$6.000,00. A liquidação do negócio será em 8 anos. O lançamento do projeto será de R$30.000,00. Utilizando uma taxa de desconto de 15% em novos projetos, responda: através do critério da TIR, esse é um bom investimento? Por quê? Utilizando uma HP 12c Digite Tecle Tecle Tecle n 0 30.000 CHS g Cfo 1 6.000 g Cfj 2 6.000 g Cfj 3 6.000 g Cfj 4 6.000 g Cfj 5 6.000 g Cfj 6 6.000 g Cfj 7 6.000 g Cfj 8 6.000 g Cfj 9 6.000 g Cfj 15 i f NPV f irr Resultado: VPL(NPV) = (1.370,50) Resultado: TIR(IRR) = 13,70% OU Digite Tecle Tecle Tecle 0 30.000 CHS g Cfo 6.000 g Cfj 9* g Nj 15 i f NPV f irr * número de vezes que se repete o valor 6.000 Resultado: VPL(NPV) = (1.370,50) Resultado: TIR(IRR) = 13,70% 62 FINANÇAS CORPORATIVAS Após alimentar a máquina com os dados acima, aperte f e depois IRR, o resultado será 13,70%. Significa que não é um bom investimento, uma vez que o IRR é menor que a taxa de atratividade (custo de oportunidade). Dessa forma, é preferível deixar o dinheiro aplicado a 15% ao ano, ou aplicálo em outro projeto. 65 FINANÇAS CORPORATIVAS Contas a receber Duas das funções mais importantes do gerenciamento do ativo circulante são as funções de crédito e de cobrança. São exatamente estas funções que garantem que os valores devidos à empresa sejam recebidos dentro dos prazos negociados, assegurando, assim, o fluxo de caixa necessário para as operações da empresa. A função de Crédito A maioria das vendas das empresas é realizada a prazo – tanto para outras empresas, quanto aos consumidores finais. Estas vendas resultam no Contas a Receber – que podem também receber o nome de Fornecedores, ou mesmo Duplicatas a Receber. O risco de inadimplência destas operações depende de uma análise de crédito do comprador. Esta análise deve ser feita antes da efetivação da venda ao cliente. Estas análises devem incluir levantamentos comerciais e financeiros dos clientes através de revisões de seus relatórios financeiros e levantamento de sua Ficha Cadastral. Devese acompanhar cuidadosamente a evolução financeira e comercial dos clientes de forma a assegurar pagamentos pontuais. Podese obter informações cadastrais utilizando o serviço de entidades especializadas, como SCPC – Serviço Central de Proteção ao Crédito, da Associação Comercial de São Paulo, ou Centralização de Serviços Bancários – SERASA. Existem também empresas privadas especializadas neste serviço, como a multinacional Dun & Bradstreet. Além disso, é essencial a existência de uma Política de Crédito clara e bem definida que permita um acompanhamento adequado dos clientes, o que irá resultar em recebimentos dentro do prazo negociado. Cobrança Junto com a política de crédito, devese colocar em prática uma política de cobrança. A análise de crédito deve acompanhar as expectativas de cobrança, de forma que, quando se antecipe uma dificuldade de cobrança junto a determinado cliente, a análise de crédito seja mais rígida. 66 FINANÇAS CORPORATIVAS De modo geral, a utilização da cobrança bancária é a forma mais eficaz de realizar as cobranças. Mais barata, segura e efetiva que a cobrança em carteira. Nesta sistemática, o banco toma para si a parte mais desagradável da cobrança, tirando da empresa esta função, que pode trazer resultados desagradáveis no relacionamento com o cliente. Neste caso, a empresa define as condições dentro das quais as cobranças deverão ser realizadas, cabendo ao banco cumprir estas instruções, permitindo que as empresas mantenham boas relações com seus clientes. Capital de Giro – Capital Circulante Líquido Introdução Já vimos anteriormente que o Ativo Circulante é formado pelos bens e direitos com maturação até o término do exercício social subseqüente (Lei 6404/76 art. 179). Ou seja, os ativos classificados neste grupo devem tornarse em caixa dentro deste período. A gestão destes valores é essencial para a sobrevivência da empresa e deve ser realizada de forma cuidadosa para certificar que os vencimentos das exigibilidades sejam equacionados com a maturação dos recebíveis, de forma que haja um casamento de prazos. Assim, é extremamente importante um gerenciamento adequado dos estoques e recebíveis. Capital Circulante Líquido Também chamado de Capital de Giro Próprio, o Capital Circulante Líquido (CCL) é o resultado da subtração do Ativo Corrente menos o Passivo Corrente. Alguns autores usam o termo Capital de Giro para definir o Ativo Circulante. Desta forma, o Capital de Giro Próprio é aquela porção do Ativo Circulante não comprometida com o Passivo Circulante. É o que resta após o pagamento de todos os passivos em curto prazo – ou seja: é o valor que pode ser investido em longo prazo – uma vez que as responsabilidades em curto prazo já foram liquidadas. Tamanha é sua importância, que em seu livro Contabilidade Empresarial o Professor Marion se refere ao Capital Circulante Líquido como sendo a “saúde da empresa”. (MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. 10ª ed., São Paulo: Atlas, 2003). CCL = Ativo Circulante – Passivo Circulante 67 FINANÇAS CORPORATIVAS Situações do Capital Circulante Líquido Capital circulante líquido positivo – ativo corrente maior que o passivo corrente. Este espaço representa a parte do Ativo não Corrente que é financiada pelo capital próprio. Capital circulante líquido negativo – ativo corrente menor que o passivo corrente. Este espaço representa a parte do Ativo não Corrente que é financiada pelo Passivo Corrente. Fontes de Financiamento Como já discutimos anteriormente, os Passivos representam as fontes de financiamento da empresa. Fontes de Capital de Giro Acima vemos que os passivos circulantes são a fonte de financiamento de curto prazo. Destas fontes, temos aquelas que são geradas normalmente pelas operações, como as contas a pagar a fornecedores, salários a pagar e impostos a recolher. Por seu turno, outras são provenientes das atividades de financiamento, tais como empréstimos e financiamentos bancários e títulos descontados. De um modo geral, as fontes de financiamento são onerosas, o que significa que têm um custo, uma vez que resultam em encargos financeiros. Em alguns casos, como os financiamentos e empréstimos bancários, estes custos financeiros estão claramente definidos, sendo inclusive registrados em contas específicas de despesas financeiras. Em outros casos, como contas a pagar a fornecedores, estes custos financeiros são incluídos no valor de aquisição. No entanto, existem outras fontes de financiamentos em curto prazo que não são onerosas. Dentre estas fontes, podemos mencionar as contas de salários a pagar, encargos e impostos a recolher (este últimos, se recolhidos até o vencimento) e as provisões de Folha de Pagamento: provisão para férias e provisão para décimoterceiro salário. Em casos de descompassos entre recebimentos e pagamentos, a empresa poderá recorrer a financiamentos externos em curto prazo – a um custo financeiro adequado. 70 FINANÇAS CORPORATIVAS Por caixa devemos entender os recursos disponíveis. Por questão de controle interno, consideramos como disponíveis apenas os depósitos bancários à vista. Não estamos considerando as aplicações financeiras de liquidez imediata, uma vez que sua remuneração não cobre sequer os impostos. Financiamentos Externos Ao observar que a empresa irá atravessar um período de escassez de caixa, é necessário que se lance mão de financiamentos em curto prazo para cobrir os períodos em que o saldo de caixa não for suficiente para cobrir os pagamentos. A seguir, iremos discutir brevemente as principais fontes de financiamento de curto prazo. É importante observar que esta lista não inclui todas as possibilidades existentes no mercado, e representa apenas uma definição rápida. Desconto de Títulos Sem dúvida, esta é a forma de financiamento preferida pelos gestores financeiros brasileiros. De um modo geral, é realizado a uma taxa de juros mais baixa, uma vez que o banco tem garantias bastante grandes. Podemse descontar duplicatas ou notas promissórias – presentemente, tendo em conta os usos e costumes, o cheque vem sendo usado como título de crédito, o que o torna também descontável. O cedente – sacador – transfere ao banco o direito de receber o título – seja ele qual for, recebendo em troca o valor facial do título descontado por uma taxa negociada entre as partes. No vencimento, o devedor – sacado – paga ao banco, o qual baixa a responsabilidade do sacador. É importante observar que, caso o sacado não liquide o título no vencimento, o banco debita de volta na conta do sacador o valor do título. Fica claro que o risco do banco é realmente muito pequeno, o que normalmente conduz a taxas de juros mais baixas. 71 FINANÇAS CORPORATIVAS Empréstimos para Capital de Giro Nesta operação, é feito um contrato entre o banco e o tomador do empréstimo definindo os detalhes da operação, como valor, taxa de juros, prazo e as garantias. Estas normalmente são promissórias, avalizadas por sócios ou diretores. A negociação pode também ser efetuada com garantias adicionais como duplicatas, hipotecas e penhor mercantil. As garantias dependerão naturalmente da classificação da empresa no banco. Conta Garantida Descrevendo de uma maneira simplificada, esta operação é, na realidade, um cheque especial para pessoas jurídicas. É definido pelo banco um limite que ficará à disposição da empresa, a qual poderá sacar livremente até o limite determinado até o final do contrato. Os encargos são cobrados pelo tempo em que o limite é utilizado. A grande vantagem desta operação é que permite ao tomador gerenciar melhor suas necessidades de caixa. Principais Aplicações de Fundos Introdução Já deve ter ficado muito claro que não se deve deixar saldo de caixa ocioso. O caixa fica exposto à inflação e vai perdendo poder de compra. No Brasil, os investimentos de curtíssimo prazo têm uma remuneração excessivamente baixa, não cobrindo normalmente os impostos pagos. Assim, o Tesoureiro precisa administrar com muito cuidado seu fluxo de caixa para evitar sobras de caixa de valores altos por períodos de tempo muito curtos. Para períodos de tempo mais longos, pode lançar mão de investimentos outros, com taxas de remuneração mais atraentes. Aplicação Sobras de Caixa As eventuais sobras de caixa devem ser aplicadas numa tentativa de minimizar a exposição do caixa. Após analisar o fluxo de caixa projetado, o tesoureiro deverá determinar 72 FINANÇAS CORPORATIVAS quando terá sobras de caixa, seu valor e por quanto tempo esta situação irá perdurar. O tesoureiro deverá, então, definir qual aplicação deverá ser feita. Aplicações Financeiras Renda Fixa Renda Variável Caderneta de poupança Por tradição do mercado, os investimentos denominados “Investimentos sem Risco” têm a remuneração mensal de 0,5% (meio porcento), que em juros simples significa 6% (seis porcento ao ano). A Caderneta de Poupança no Brasil é um investimento sem risco. Tratase de um investimento que normalmente não é utilizado pelas empresas, no entanto pode servir para abrigar eventuais sobras de caixa de valores significativos por períodos curtos, que de outra forma teriam de ficar expostos. Aplicações de renda fixa São títulos emitidos pelas instituições financeiras por prazos determinados. As taxas de juros podem ser prefixadas ou pósfixadas. No primeiro caso, a taxa de juros é pactuada no momento do investimento, cabendo ao investidor assumir o risco de uma eventual subida da taxa de juros. No caso oposto, a taxa será pactuada no vencimento do investimento. Os CDBs são endossáveis, o que significa que podem ser transferidos para terceiros. Dentro deste mesmo grupo, temos o Recibo de Depósito Bancário – RDB – cuja única diferença para o CDB é o fato de não serem endossáveis. Fundos mútuos de renda fixa São fundos administrados por entidades especializadas, normalmente ligadas a um banco comercial. Estas entidades cobram uma taxa de administração. O investidor adquire um número de cotas de Patrimônio Líquido do fundo. Caso haja resgates antecipados, os rendimentos retidos