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Guias e Dicas
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Aspectos ambientais de uma refinaria, Notas de estudo de Química

Formas de controle e atuação do operador FONTE: www.tecnicodepetroleo.ufpr.br

Tipologia: Notas de estudo

Antes de 2010

Compartilhado em 29/03/2009

cabra-da-peste-8
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Baixe Aspectos ambientais de uma refinaria e outras Notas de estudo em PDF para Química, somente na Docsity! Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle 1 CURSO DE FORMAÇÃO DE OPERADORES DE REFINARIA ASPECTOS AMBIENTAIS DE UMA REFINARIA E RESPECTIVAS FORMAS DE CONTROLE 2 Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle 5 Apresentação É com grande prazer que a equipe da Petrobras recebe você. Para continuarmos buscando excelência em resultados, dife- renciação em serviços e competência tecnológica, precisamos de você e de seu perfil empreendedor. Este projeto foi realizado pela parceria estabelecida entre o Centro Universitário Positivo (UnicenP) e a Petrobras, representada pela UN-Repar, buscando a construção dos materiais pedagógicos que auxiliarão os Cursos de Formação de Operadores de Refinaria. Estes materiais – módulos didáticos, slides de apresentação, planos de aula, gabaritos de atividades – procuram integrar os saberes téc- nico-práticos dos operadores com as teorias; desta forma não po- dem ser tomados como algo pronto e definitivo, mas sim, como um processo contínuo e permanente de aprimoramento, caracterizado pela flexibilidade exigida pelo porte e diversidade das unidades da Petrobras. Contamos, portanto, com a sua disposição para buscar outras fontes, colocar questões aos instrutores e à turma, enfim, aprofundar seu conhecimento, capacitando-se para sua nova profissão na Petrobras. Nome: Cidade: Estado: Unidade: Escreva uma frase para acompanhá-lo durante todo o módulo. 6 Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle Sumário 1 ASPECTOS AMBIENTAIS DE UMA REFINARIA DE PETRÓLEO, FORMAS DE CONTROLE E ATUAÇÃO DO OPERADOR .................................................................... 7 1.1 Introdução ..................................................................................................................... 7 1.2 Evolução dos conceitos sobre proteção ambiental ........................................................ 7 1.3 O Planeta Terra e seus Recursos Ambientais (Naturais) .............................................. 8 1.4 Poluição Ambiental ..................................................................................................... 13 1.4.1 Poluição química .............................................................................................. 13 1.4.2 Poluição Térmica ............................................................................................. 14 1.4.3 Poluição Radiativa ........................................................................................... 14 1.4.4 Poluição Sonora ............................................................................................... 15 1.4.5 Poluição Biológica ........................................................................................... 15 1.5 Legislação Ambiental ................................................................................................. 15 1.6 Monitoramento Ambiental .......................................................................................... 18 1.7 Efluentes Atmosféricos ............................................................................................... 18 1.7.1 Sistema de Contaminação do ar ......................................................................... 18 1.7.2 Contaminantes Atmosféricos ........................................................................... 19 1.7.3 Aspectos atmosféricos da contaminação do ar ................................................ 20 1.7.4 Os efeitos da contaminação do ar .................................................................... 22 1.8 Efluentes Hídricos....................................................................................................... 24 1.8.1 Principais fontes de poluição hídrica em uma refinaria ................................... 24 1.8.2 Principais contaminantes encontrados nos efluentes hídricos de uma refinaria ............................................................................................... 25 1.8.3 Segregação de efluentes hídricos ..................................................................... 26 1.8.4 Tratamentos Localizados ................................................................................. 26 1.8.5 Estação de Tratamento de Efluentes Hídricos – ETEH ................................... 27 1.8.6 Tratamentos Secundários/Terciários ................................................................ 29 1.9 Resíduos Sólidos ......................................................................................................... 32 1.9.1 Introdução ........................................................................................................ 32 1.9.2 Resíduos Sólidos .............................................................................................. 33 1.9.3 Gerenciamento de resíduos sólidos .................................................................. 33 1.9.4 Alternativas de Disposição .............................................................................. 34 1.10 Atuação do Operador .................................................................................................. 40 Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle 7 1Aspectos Ambientais de umaRefinaria de Petróleo, Formasde Controle e Atuação doOperador 1.1 Introdução O homem, hoje, mais do que nunca, deve estar atento às alterações por ele provocadas no meio ambiente. Deve preocupar-se efeti- vamente, quando constatar qualquer rompi- mento, do equilíbrio, com a natureza, perse- guindo, então, soluções criativas e exeqüíveis. Assim é necessário ter sempre em mente que toda ação inteligente deve ser pensada e pla- nejada antes de ser praticada. Toda atividade humana deve, portanto, buscar, como finali- dade, o bem estar da comunidade, e, desta for- ma, torna-se óbvio que o conhecimento minu- cioso do ambiente em que vivemos constitui matéria de relevante interesse. Surge, então, à necessidade do respeito e culto à Ecologia, que deve ser posta entre as primeiras áreas no ramo das ciências. A Ecologia estuda, entre outros assuntos, a estrutura e o desenvolvimento das comuni- dades em suas relações com o meio ambiente e sua conseqüente adaptação a ele. Estuda, ain- da, os aspectos a partir dos quais os processos tecnológicos ou os sistemas de organização social interagem com as condições de vida do homem. A experiência constatou que a capacidade do homem em prever as conseqüências de um empreendimento em relação ao meio ambien- te, até há pouco tempo, era muito limitada. Al- gumas vezes, esta preocupação era relegada a um plano secundário. Como conseqüência, o avanço tecnológico, sem preocupação ecoló- gica provocou, muito freqüentemente, a alte- ração dos elementos naturais, atingindo, por vezes, situações irreversíveis, aniquilando- se bens essenciais à preservação da espécie. A sociedade, estruturada sobre o conceito de que os valores econômicos predominavam sobre todos os demais, começa a se modificar pela própria conscientização do homem, no sentido de que toda alteração do meio ambien- te deve sempre concorrer para a melhoria das condições de vida presente e das gerações futuras. Torna-se assim imperiosa, a qualquer cus- to, a manutenção do equilíbrio entre o homem e a natureza, como condição única de preser- vação e melhoria da qualidade de vida. Para tanto, deve-se agir de forma ordenada, visan- do controlar ou eliminar os agentes modifica- dores do meio ambiente. Esta filosofia de ação traduz a convicção de que a atividade indus- trial, bem equacionada, não é incompatível com a preservação do meio ambiente. A in- dústria será uma contribuição à qualidade de vida do homem, desde que orientada para tal. Tendo em vista as presentes considerações, é primordial que o homem exercite seus co- nhecimentos técnicos imensos para aplicá-los em benefício de sua própria sobrevivência, pois como a natureza não é uma fonte inesgo- tável de riquezas, deve ser preservada perma- nentemente. 1.2 Evolução dos conceitos sobre proteção ambiental No período pós-guerra, a maior preocu- pação era a retomada do crescimento econô- mico, a reconstrução dos países que sofreram grandes perdas e o suprimento de toda uma demanda reprimida de consumo da população economicamente ativa dos Estados Unidos. A consciência ecológica era ainda incipiente, priorizava-se a construção de novas indústrias. Os aspectos ambientais podem ser dividos em quatro fases distintas. O primeiro movimento na formação de uma consciência ambiental foi a preocupação sobre os recursos hídricos e o saneamento bási- co. Este estágio foi denominado de conscienti- zação. Somente nos anos 70, com o aumento sig- nificativo de indústrias poluidoras do ar e da água e com contaminações acidentais, o mun- do começou a se preocupar com os efeitos danosos da poluição. A Conferência de Estocolmo (1972) tra- tou, basicamente, do controle da poluição do 10 Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle Jazidas de Argila – Componente de granulação mais fina do solo, a argila é formada por uma mistura heterogênea de muitos materiais em proporções va- riáveis. Seus principais componentes são misturas de diversos silicatos e óxi- dos (de alumínio, magnésio, zinco, cál- cio, potássio). Pode apresentar-se nas cores cinza, preta, vermelha, rosa, ama- rela, marrom, verde e branca. Utiliza- da para a produção de tijolos, telhas, ladrilhos, pisos cerâmicos e porcelanas. A hidrosfera é constituída pelas águas do planeta que podem ser subterrâneas e super- ficiais. Partindo-se do núcleo em direção a su- perfície, antes de chegar a esta, são encontra- das (águas subterrâneas), formando os len- çóis freáticos e preenchendo os poros de ro- chas que dão origem aos aqüíferos subterrâ- neos. Dos lençóis e aqüíferos subterrâneos, as águas podem caminhar e chegar à superfície (águas superficiais), se encontrarem falhas, poros ou fraturas em rochas (fontes) ou sendo captadas artificialmente através de poços. Che- gando à superfície terrestre, as águas ocupam três quartos desta e formam os oceanos, ma- res, rios, lagos e geleiras. As águas dos oceanos e mares são salga- das, geralmente transparentes e, às vezes, com odor peculiar (maresia). As águas de rios e lagos são chamadas de “águas doces”, ou seja, possuem baixa salini- dade, que se define como a massa de sais dis- solvidos por quilograma de água. As geleiras existentes nos pólos e nos picos das montanhas são formadas por água em esta- do sólido, praticamente pura, pois apresentam quantidades muito pequenas de sais. Tal como a litosfera, a hidrosfera também é fonte importante de materiais para a sobrevivên- cia humana, dentre os quais o principal é a própria água potável, obtida das águas doces. Outros com- postos importantes também são extraídos da hi- drosfera, como, por exemplo, o sal marinho. A maior parte da superfície do planeta, cer- ca de 71%, é coberta de água. Cerca de 97% desta água está nos oceanos e não pode ser prontamente utilizada pelos seres humanos para consumo. Apenas 0,0092% da água do planeta faz parte de lagos, e 0,0001%, dos rios. A água em nosso planeta age de forma marcante, transportando substâncias, atuando na constituição de paisagens, na formação de diver- sos materiais e também sofrendo transformações. A água muda de forma, isto é, passa de um estado de agregação para outro, e ocupa não apenas a hidrosfera, mas também a litos- fera, a biosfera e a atmosfera. É importante ressaltar a diferença entre o processo de condensação e o de precipitação. A água na atmosfera provém da evaporação das superfícies líquidas, do solo e da vegeta- ção. Quando o ar úmido sobe para as camadas mais altas da atmosfera, onde a temperatura é mais baixa, a água se condensa na forma de gotículas. As nuvens são grandes aglomera- dos dessas partículas líquidas em suspensão. A precipitação ocorre quando gotículas de água em suspensão (névoa) começam a se juntar umas com as outras, dando origem a gotas maiores que caem na forma de chuva. As chu- vas são o resultado da evaporação de uma gran- de quantidade de água e de sua posterior con- densação e precipitação. A água que chega ao solo pode se infiltrar ou correr pela superfície, atingindo rios, lagos ou diretamente os ocea- nos, que são, em qualquer caso, o destino fi- nal de toda a água de chuva, seja pelo subsolo ou pelos rios. As principais transformações químicas na natureza envolvendo a água são: fotossíntese, na qual a água é reagente, e a res- piração, em que ela é sintetizada. A superfície terrestre está envolvida por uma camada gasosa, sem contornos definidos, mas que se estende por vários quilômetros de altitude: a atmosfera. O ar que respiramos é um fluido, geral- mente sem cheiro, incolor e compressível. É essencial à vida da superfície terrestre, onde se encontram diversos seres vivos, entre eles, Uma maneira de compreender o papel des- ta substância na natureza é por meio do ciclo da água, ou ciclo hidrológico. As transforma- ções que ocorrem em maior escala no ciclo hidrológico são: a evaporação, a condensação, o congelamento e a fusão. Precipitação Condensação Enxuradas Vegetação Rios Infiltração Oceanos Descarga Solo Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle 11 aqueles de formas microscópicas. Na tropos- fera (região mais baixa da atmosfera, que che- ga a cerca de 18 km de altitude), a atmosfera é formada por misturas de gases: nitrogênio (N2), constituinte mais abundante, oxigênio (O2), argônio (Ar), neônio (Ne), hélio (He), criptônio (Kr), xenônio (Xe), gás carbônico (CO2), além de quantidades variáveis de água (H2O), a umidade do ar. Dependendo da região, podem ser encontradas também partículas sólidas (poei- ra), gotículas de materiais líquidos como a água, formando a neblina, por exemplo; e ga- ses como o dióxido de enxofre (SO2), dióxido de nitrogênio (NO2), monóxido de carbono (CO), ozônio (O3), metano (CH4) e muitos outros. Com o aumento da altitude, o ar vai ficando cada vez mais rarefeito, pois diminui a quantidade total dos gases componentes. Entretanto a quantidade de certos gases aumen- ta. Na estratosfera (região seguinte à tropos- fera), a quantidade de ozônio, por exemplo, aumenta muito em relação à que existe na su- perfície. Com o aumento da altitude, a homo- geneidade aumenta, pois deixam de existir as partículas sólidas e líquidas. Torna-se mistura de uma só fase, a gasosa, enquanto que, na tro- posfera, o sistema é trifásico, com sólidos, como a poeira, líquidos, como as nuvens e gases constituintes do ar. O ar atmosférico tam- bém é fonte de materiais para a utilização hu- mana, entre os quais o oxigênio, o nitrogênio e os gases nobres. O oxigênio está presente no ar em con- centrações da ordem de 20% em volume. O oxigênio combina-se com a grande maioria dos elementos químicos conhecidos, formando óxidos, e é o elemento mais abundante do pla- neta – está presente na hidrosfera, litosfera e atmosfera. Nas condições ambientais, é parcial- mente solúvel em água, o suficiente para man- ter toda a vida aquática aeróbica, ou seja, que depende de oxigênio. O oxigênio puro tem grande importância na siderurgia (fabricação de aço). Na medicina (uso hospitalar) e em pro- cessos de soldas, como o realizado com os maçaricos oxi-acetileno. O nitrogênio é o componente mais abun- dante no ar atmosférico. Nas condições do am- biente, é relativamente pouco reativo quando comparado com o oxigênio. Essa é uma caracte- rística importante para a vida no planeta, pois se sua interação com o oxigênio, nessas condi- ções, resultasse em transformação química, não existiria oxigênio na atmosfera. Em tempera- turas mais altas, tais transformações ocorrem mais facilmente, e essa é a principal razão da queima de combustíveis em veículos emitir óxidos de nitrogênio, poluentes do ar. O nitro- gênio atmosférico é essencial à vida, pois é fonte de compostos nitrogenados indispensáveis a todos os seres vivos. Por interação com a ele- tricidade, proveniente dos raios durante chuvas, esse gás, água e oxigênio transformam-se em amônia e óxidos de nitrogênio, que por sua vez, arrastados pela água das chuvas e interagindo com os componentes do solo, originam com- postos como nitratos e sais de amônio, todos indispensáveis para que os vegetais possam pro- duzir aminoácidos e proteínas e conseqüente- mente, os animais possam dispor dessas subs- tâncias, por meio da cadeia alimentar. Com o crescimento populacional huma- no, a quantidade de compostos nitrogenados obtidos por esse processo natural tornou-se in- suficiente, e sua produção industrial passou a ser necessária para utilização como fertilizan- tes na agricultura. O nitrogênio, quando puro, no estado líquido, é amplamente utilizado em processos criogênicos, ou seja, resfriamento a baixíssimas temperaturas. Os gases nobres, hélio, neônio, argônio, xenônio, criptônio e radônio são assim cha- mados porque se acreditava que eram elemen- tos químicos inertes. Hoje, tal visão não mais é aceita. Todos os gases nobres existem na at- mosfera em baixas concentrações. Na superfície terrestre, há várias formas de vida na litosfera, na hidrosfera e na atmos- fera. Estas três regiões do planeta estão inti- mamente relacionadas entre si, constituindo a biosfera, a região em que há vida. Aceita-se hoje que, entre as condições planetárias bási- cas para que possa existir vida , seja essencial: – presença de água, no estado líquido, em quantidade suficiente; – energia solar em quantidade adequada, fornecendo luz e calor; – ocorrência de interações e transforma- ções entre materiais sólidos, líquidos e gasosos. Tais condições são essenciais para que os seres vivos possam se desenvolver e se repro- duzir, utilizando, transformando e produzin- do grande número e variedade de materiais dos quais dependem para sobreviver. Em seguida, alguns desses materiais serão exemplificados: – Carboidratos: Os vegetais produzem, a partir da fotossíntese, os chamados carboidratos ou hidratos de carbono: açúcares, amido e celulose. Têm como 12 Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle função fornecer parte da energia para a sobrevivência dos seres vivos, ou seja, função energética; – Óleos e gorduras: Têm como função armazenar energia para os organismos vegetais e animais; – Proteínas: As proteínas, misturas de composição variável, compõem um grupo de substâncias de fundamental importância na constituição da matéria viva. As proteínas, nos seres vivos, apresentam diversas funções, dentre as quais pode-se ressaltar: estruturação de tecidos e recuperação de lesões, atua- ção como catalizadores das relações biológicas (enzimas), funções hormo- nais, ação como anticorpos e composi- ção sangüínea. São polímeros (substân- cias formadas por muitos monômeros) resultantes da união de aminoácidos. De acordo com a visão sistêmica, a teia da vida consiste em redes dentro de redes. A tendência é de arranjar cada elo dentro do ou- tro, de forma hierárquica, de modo que os sis- temas menores estejam dentro dos maiores, conforme abaixo: Macromoléculas – Células – Tecidos – Órgãos – Sistemas – Indivíduos – Populações – Co- munidades – Ecossistema – Biosfera. Na verdade, não há “acima” ou “abaixo”, somente redes alinhadas dentro de outras re- des. As redes de seres vivos têm a capacidade de manter-se em equilíbrio, desde uma célula até a biosfera. Toda comunidade tem a capaci- dade de auto-regulação dinâmica, isto é, deve manter seu estado de equilíbrio e recuperá-lo logo, se houver alguma perturbação no seu habitat. Contudo, o homem pode provocar al- terações drásticas a ponto de afetar essa capa- cidade de equilíbrio. Para a ecologia, é muito importante ver a natureza como uma rede. Desequilíbrios ambientais localizados podem afetar todo o equilíbrio da rede. É interessante lembrar que, de acordo com a hipótese de Gaia, a própria terra comporta- se como um ser vivo e faz parte desta rede. Em uma comunidade, é a diversidade de seres vivos que fornece indicações do equilíbrio em que ela se encontra. Porém, para atingir esse estágio de maior equilíbrio, chamado de comuni- dade clímax, ela passa por estágios sucessivos. Quando atinge o último, é possível afirmar que esta passou a estável, compatível com as con- dições da região, mantendo a diversidade bio- lógica, conservando o mesmo tipo e número de espécies. Quanto maior o número de espé- cies, maior diversidade tem a comunidade. O termo biodiversidade começou a ser usa- do, na metade dos anos 80, pelos naturalistas que estavam preocupados com a rápida des- truição dos ambientes naturais e, conseqüen- temente, das espécies que neles viviam. A bio- diversidade ou diversidade biológica tem sido, então, relacionada somente ao número de es- pécies de um local. Os recursos biológicos são os próprios organismos ou mesmo elementos deles que tenham valor para a humanidade. Daí a importância que essa biodiversidade tem, sendo uma delas, o fornecimento de matéria prima para a fabricação de medicamentos. A biodiversidade regula o equilíbrio da natureza e o ciclo hidrológico, portanto contribui para a fertilidade e proteção dos solos, absorvendo e decompondo diversos poluentes orgânicos e minerais. Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle 15 em diferentes tecidos vivos e objetos. Fala-se em poluição radiativa quando atividades hu- manas ou acidentes, delas decorrentes, intro- duzem materiais radiativos no ambiente, e pro- vocam um aumento nos índices de radiação. Estas atividades estão relacionadas à extração e processamento de materiais radiativos; pro- dução, armazenamento e transporte de com- bustível nuclear, produção, uso e testes de ar- mas nucleares, operação de reatores nuclea- res; e uso de materiais radiativos na medicina, na indústria e na pesquisa. Os efeitos da radia- ção nos organismos vivos são, entre outros, mutações genéticas, câncer, necroses e altera- ções de metabolismo. Conforme a intensida- de e a natureza da radiação, ela pode ser fatal. 1.4.4 Poluição Sonora O som é um fenômeno físico ondulatório periódico, resultante de variações da pressão em meio elástico que se sucedem com regula- ridade. Pode ser representado por uma série de compressões e rarefações do meio em que se propaga, a partir da fonte sonora. Não há deslocamento permanente de moléculas, ou seja, não há transferência de matéria, apenas de energia. Ruído é “qualquer sensação sono- ra indesejável”. Há quem considere o ruído como “um som indesejável que invade o am- biente e ameaça nossa saúde, produtividade, conforto e bem estar”. A ação perturbadora do som depende de suas características, como in- tensidade/duração, bem como da sensibilida- de auditiva, um parâmetro variável de pessoa para pessoa. O trânsito é o grande causador do ruído na vida das grandes cidades. As característi- cas dos veículos barulhentos são o escapamen- to furado ou enferrujado, as alterações no si- lencioso ou no cano de descarga, as alterações no motor e os maus hábitos ao dirigir, como acelerações e freadas bruscas e o uso excessi- vo de buzina. A partida e a chegada de aviões a jato são acompanhadas de ruídos de grande intensidade, que perturbam, sobremaneira, os moradores das imediações. O ruído gerado pelas indústrias também pode atingir as comunidades vizinhas e preci- sa ser controlado. Normalmente, é feito o enclausuramento das grandes máquinas. A Resolução CONAMA Nº 001, de 08 de março de 1990 estabelece os padrões para con- trole de ruído. 1.4.5 Poluição Biológica Devido à precariedade da rede de esgotos sanitários em nosso país, grandes volumes de água contaminada com fezes humanas, restos de alimentos e detergentes são diariamente despejados sem tratamento em córregos, rios e mares, atingindo as formas de vida nesses ecossistemas aquáticos, além de comprome- ter seriamente a saúde humana. Os esgotos domésticos provocam três tipos de contami- nação das águas: – contaminação por bactérias: principal- mente por coliformes presentes nas fe- zes humanas, responsáveis pela gran- de incidência de diarréias e infecções. Porcentagem considerável da mortali- dade infantil no país é atribuída a doen- ças transmitidas através de água conta- minada; – contaminação por substâncias orgâni- cas recalcitrantes, ou de difícil degra- dação. Como exemplo, pode-se citar, os detergentes sulfônicos, cuja ação tóxica não é muito acentuada, mas os efeitos secundários são graves. Des- troem as células dos microorganismos aquáticos, o que impede a oxidação microbiológica dos materiais biodegra- dáveis contidos nos esgotos. Reduzem, também, a taxa de absorção de oxigê- nio, diminuindo a velocidade de auto- depuração dos rios; – eutrofização de lagos e lagoas, devido ao excesso de nutrientes, com cresci- mento excessivo de espécies não de- sejáveis em detrimento de outras espé- cies (desequilíbrio do ecossistema). 1.5 Legislação Ambiental No Brasil, a legislação ambiental teve iní- cio em 1934, através de dois decretos, um apro- vando o Código Florestal e o outro relativo ao Código da água. Relacionam-se, abaixo, os principais mar- cos da evolução da legislação ambiental bra- sileira. – 1973 – Criação, no âmbito do Ministé- rio do Interior, da Secretaria Especial do Meio Ambiente – SEMA. – 1981 – Política Nacional do Meio Ambiente, Constituição do Sistema Na- cional do Meio Ambiente (SISNAMA), Criação do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). 16 Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle – 1985 – Criação do Ministério do Desen- volvimento Urbano e Meio Ambiente. – 1988 – A Constituição Federal aborda a questão do Meio Ambiente, o con- trole da poluição e a disposição final de resíduos sólidos, de maneira abrangente definindo: Art. 225 – Todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Parágrafo 1 – Para assegurar a efetivi- dade desse direito, incumbe ao Poder Público: V– controlar a produção, a comerciali- zação e o emprego de técnicas, méto- dos e substâncias que comportem ris- co para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente. – 1989 – Extinção da SEMA e criação do Instituto Brasileiro do Meio Ambi- ente e dos Recursos Naturais Renová- veis (IBAMA), vinculado ao Ministé- rio do Interior, criação do Fundo Nacio- nal do Meio Ambiente (FNMA). – 1990 – Criação da SEMAM/PR (Se- cretaria do Meio Ambiente da Presidên- cia da República). – 1992 – Transformação da SEMAM/ PR em Ministério do Meio Ambiente (MMA). – 1993 – Criação, mediante transforma- ção, do Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal. – 1997 – Instituição da Política Nacio- nal de Recursos Hídricos e criação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, criação do Conse- lho Nacional de Recursos Hídricos. – 1998 – Lei nº 9.605, de 12 de feverei- ro – Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Medida Pro- visória nº 1.710, de 07 de agosto - Acrescenta dispositivo à Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre as sanções penais e administrati- vas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. – 1999 – Transformação do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal em Ministério do Meio Ambiente. Integram a estrutura básica do Minis- tério do Meio Ambiente, o Conselho Nacional do Meio Ambiente, o Conse- lho Nacional da Amazônia Legal, o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, o Comitê do Fundo Nacional do Meio Ambiente, o Instituto de Pes- quisas Jardim Botânico do Rio de Ja- neiro e até cinco Secretarias. Constitui área de competência do Ministério do Meio Ambiente, a política nacional do meio ambiente e dos recursos hídricos; política de preservação, conservação e utilização sustentável de ecossistemas, e biodiversidade de florestas; proposi- ção de estratégias, mecanismos e ins- trumentos econômicos e sociais para a melhoria da qualidade ambiental e do uso sustentável dos recursos naturais; políticas para integração do meio am- biente e produção; políticas e progra- mas ambientais para a Amazônia Legal; e zoneamento ecológico-econômico. – 2000 – Criação da Agência Nacional de Águas (ANA), entidade federal de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e de coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Conforme pode ser verificado, a política nacional do Meio Ambiente está estabelecida legalmente desde 1981. O Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) é constituído pelos órgãos e entidades da União, dos Esta- dos, do Distrito Federal, dos Municípios e pe- las Fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qua- lidade ambiental. O SISNAMA apresenta a seguinte composição: Conselho do Governo: Representado pe- los Ministros de Estado. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA): 25 membros dos ministérios. O presidente é o Ministro de Meio Ambiente. É o órgão consultivo e deliberativo do SISNAMA e tem, através de resoluções, estabelecido nor- mas e padrões ambientais, destacando-se a classificação das águas doces, salobras e sali- nas do território nacional, padrões de qualida- de do ar, padrões de emissões atmosféricas; o Programa Nacional de Controle da Qualidade Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle 17 do Ar (PRONAR), os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação do Impacto Ambiental e o Progra- ma de Controle da Poluição por veículos Automotores (PROCONVE). Órgão Central: Ministério do Meio Am- biente. Órgão Executor: Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Re- nováveis – IBAMA. Órgãos Seccionais: Órgãos Ambientais Estaduais. Órgãos Locais: Órgãos ambientais Mu- nicipais. A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recu- peração da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos inte- resses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os se- guintes princípios: – Equilíbrio ecológico; racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; proteção dos ecossistemas; controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamen- te poluidoras; acompanhamento do es- tado da qualidade ambiental; recupe- ração de áreas degradadas; proteção de áreas ameaçadas de degradação e edu- cação ambiental em todos os níveis de ensino. Tem como objetivos: a compatibilização do desenvolvimento econômico social, com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico; subsidiar a atuação institucional para o cumprimento das prescri- ções constitucionais relativas ao princípio de que a defesa e preservação do Meio Ambiente cabem ao poder público e à sociedade civil; assessorar as ações governamentais para a priorização de programas e projetos; promo- ver a captação de recursos internos e exter- nos; financiar atividades pioneiras no desen- volvimento de pesquisas. Em relação à Lei Federal Nº 9.605, de fe- vereiro de 1998, denominada “Lei dos Crimes Ambientais”, tomando como base a indústria, é importante ressaltar os seguintes itens: – esta lei trata das sanções penais e ad- ministrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente; – quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da con- duta criminosa de outrem, deixar de im- pedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la;. – as pessoas jurídicas serão responsabi- lizadas administrativa, civil e penal- mente, conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja co- metida por decisão de seu representan- te legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade; – a responsabilidade das pessoas jurídi- cas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato; – Penalidades. Causar poluição de qualquer natureza, em níveis tais, que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição sig- nificativa da flora (Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa). Tomar uma área, urbana ou rural, impró- pria para a ocupação humana. Causar poluição atmosférica que provo- que a retirada, ainda que momentânea, dos ha- bitantes das áreas afetadas, ou que cause da- nos diretos à saúde da população. Causar poluição hídrica que torne neces- sária a interrupção do abastecimento público de água de uma comunidade. Dificultar ou impedir o uso público das praias. Lançar resíduos sólidos, líquidos ou ga- sosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleo- sas, em desacordo com as exigências estabe- lecidas em leis ou regulamentos (Pena – re- clusão, de um a cinco anos). Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competen- te, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível. Produzir, processar, embalar, importar, ex- portar, comercializar, fornecer, transportar, ar- mazenar, guardar, ter em depósito ou usar pro- duto ou substância tóxica, perigosa ou nociva 20 Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle podem ser catalisadas pelas substâncias pre- sentes no líquido. A tabela a seguir mostra as diferenças de concentração típicas entre o ar limpo e o ar contaminado para os principais contaminan- tes atmosféricos. Comparação dos níveis de concentração entre o ar limpo e o ar contaminado Componentes Ar limpo Ar contaminado SO2 0,001 – 0,01 ppm 0,02 – 2 ppm CO 310 – 330 ppm 350 – 700 ppm CO2 1 ppm 5 – 200 ppm NO 0,001 – 0,01 ppm 0,01 – 0,5 ppm Hidrocarbonetos 1 ppm 1 – 20 ppm Partículas 10 – 20ug/m³ 70 – 700ug/m³ 1.7. 3 Aspectos atmosféricos da contaminação do ar Logo que são introduzidos na atmosfera, os contaminantes são submetidos ao processo de dispersão. Simultaneamente, seu transpor- te pelo vento e a formação de uma mistura tur- bulenta dão origem a uma série de reações químicas que transformam os contaminantes primários em secundários. Os aspectos atmosféricos da contamina- ção do ar podem ser divididos de acordo com os seguintes tópicos: – a química do ar; – a meteorologia; – o transporte e a dispersão dos contami- nantes. A química do ar compreende o estudo dos processos de transformação exercidos sobre os contaminantes atmosféricos. A duração des- tes processos pode variar desde alguns segun- dos até várias semanas. A meteorologia é o estudo da dinâmica, em particular, em relação à quantidade de movimento e de energia. As escalas meteoro- lógicas de movimento podem classificar-se da seguinte forma: Macroescala: fenômenos que ocorrem so- bre milhares de quilômetros, tais como as zo- nas de alta e baixa pressão, situadas sobre os oceanos e os continentes. Mesoescala: fenômenos que ocorrem so- bre centenas de quilômetros, tais como as bri- sas entre a terra e o mar, os ventos entre as montanhas e vales e as frentes migratórias de baixa e alta pressão. Microescala: fenômenos que ocorrem so- bre distâncias inferiores a 10 quilômetros, tais como a dispersão da fumaça de uma chaminé. Cada uma destas escalas de movimento desempenha um papel na contaminação do ar. Os efeitos micrometeorológicos ocorrem em questão de minutos e horas. Os mesome- teorológicos em horas ou dias e os macrome- teorológicos em dias ou várias semanas. Prever o transporte e a dispersão dos con- taminantes requer conhecimento dos efeitos dos ventos e da turbulência sobre o movimento das partículas ou moléculas de gás na atmosfera. Fundamentos de meteorologia A energia expendida nos processos atmos- féricos é derivada originalmente do sol. Esta transferência de energia do sol para a terra é feita por radiação do calor através das ondas eletromagnéticas. Uma parte desta radiação é refletida pelo topo das nuvens e pelas superfí- cies do solo e água da terra. A terra irradia energia em proporção à sua temperatura. Devido a essa temperatura, a emissão corresponde à região infravermelho do espectro. O dióxido de carbono (CO2), é um dos gases de maior importância, presentes na atmosfera, pois é invisível à radiação solar, mas absorve a maior parte da radiação infra- vermelho emitida pela terra, onde a energia calorífica é conservada. Este CO2, presente na atmosfera, é reciclado através dos oceanos e plantas, mas o desmatamento indiscriminado e a queima de cada vez mais combustíveis fosseis está au- mentando em muito as concentrações de CO2 na atmosfera. Respiração Fotossíntese CO2 da respiração O2 Fitóplancton Carvão mineral e petróleo CO2 da queima de combustivel CO2 Sedimentos Ca lcár io Matéria orgânica morta e decompositora Luz solar Sol 20% são absorvidos pela atmosfera 22% são refletidos pela atmosfera Gases do efeito estufa 17% escapam para a atmosfera 9% são refletidos pela superfície ou poeira e neblina 83% são seguros e reemitidos Radiação infravermelha 49% são absorvidos pela superfície Radiação infravermelha emitida por nuvens e gotas Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle 21 Para manter o balanço de calor da atmos- fera, existe a constante transferência de calor entre o Equador e os Pólos. Esta força de ba- lanço térmico é a principal causa do movimen- to atmosférico na terra. A porção da terra próxima ao Equador age como uma fonte de calor e, nos Pólos, como um absorvedor. Associados a esta circulação principal, existem os movimentos do ar provocados pela existência do gradiente de pressão. Existe uma força que empurra o ar das pressões mais altas (frio) para a mais baixa. O vento nada mais é do que o ar em movimento. Na camada inferior da atmosfera, esten- dendo da superfície até 2 km, a distribuição de temperatura varia consideravelmente, de- pendendo das características da superfície. Esta região, denominada baixa troposfera, é a de maior interesse na meteorologia da poluição do ar, uma vez que dentro dessa camada é onde ocorrem os fenômenos que interferem na dis- persão das poluentes atmosféricos. Na tropos- fera (0 a 18 km de altitude), existe uma varia- ção de temperatura com a altitude, mas, na baixa troposfera, esta taxa de variação não é observada e inversões de temperatura podem ocorrer. Uma vez que a atmosfera tem a tendência de aumentar ou diminuir os movimentos de ar através dos processos atmosféricos, seus efei- tos na poluição do ar são extremamente im- portantes. A estabilidade atmosférica é altamente dependente da distribuição vertical da tempe- ratura em função da altitude. Devido ao decréscimo de pressão com a altura, um volume de ar elevado a uma altitu- de maior, encontrará a pressão decrescida, ex- pandirá, e devido a esta expansão, resfriará. Se esta expansão se der sem perda ou ganho de calor, a troca é adiabática. Similarmente, um volume de ar forçado para baixo encontra- rá pressões altas, contrairá e aquecerá. A curva que fornece a taxa de aquecimen- to ou resfriamento é chamada curva adiabática seca, e não deve ser confundida com a varia- ção da temperatura com a altura num determi- nado momento, que é chamada de curva am- biente (real). A curva adiabática é função, prin- cipalmente, da temperatura do ar e da superfí- cie, sobre a qual ele está se movendo, e a troca de calor entre os dois. Se a temperatura decresce mais rapida- mente com a altura do que a adiabática seca, o ar é instável, se decresce mais lentamente é estável e se a variação permanece igual a cur- va adiabática seca, a atmosfera está em equilí- brio estável (neutro). A velocidade do vento é responsável pela diluição dos poluentes, ou seja, a concentra- ção de poluentes no ar é inversamente propor- cional à velocidade do vento. Devido à rugosidade do solo, a velocida- de do vento varia com a altura, é menor na superfície e cresce à medida que se afasta do solo. 10°C –55°C –35°C –1°C 100°C O3 NO+, O2+ NO+, O2+ , O + N2, O2, CO2, H2O ⇑ Termos fera Mesosf era Estrato sfera Tropos fera Nível do mar 18 km 37 km 55 km 74 km 93 km 111 km Ionosfera Altitude Regiões da atmosfera Algumas importantes espécies químicas Densidade do ar Veículos de vôo Temperaturas médias 22 Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle A dispersão vertical de poluentes do ar está relacionada diretamente, às variações da tem- peratura com a altura, que condiciona o grau de estabilidade atmosférica e por sua vez, a concentração e dispersão dos poluentes através dos movimentos verticais das camadas de ar. Maior decréscimo de temperatura com a altura implica em melhor dispersão e menor decréscimo em pior dispersão. O caso extre- mo é a inversão de temperatura, que confina os poluentes numa camada próxima ao solo, aumentando em muito a concentração. As plumas, emitidas por uma chaminé, tomam diferentes formas segundo a variação vertical de temperatura, quando comparada com a curva adiabática seca. Um dos principais objetivos da meteoro- logia, aplicada à contaminação do ar, é a pre- visão da dispersão dos contaminantes. Esta dispersão depende dos seguintes fatores: na- tureza física dos contaminantes (gás, partícu- la), velocidade e dispersão dos ventos, estabi- lidade atmosférica, nível de turbulência, con- dições de emissão (velocidade de saída), tem- peratura. 1.7.4 Os efeitos da contaminação do ar Existe evidência real de que a contamina- ção do ar afeta a saúde das pessoas e dos ani- mais, provoca danos à vegetação, deteriora os materiais, afeta o clima, reduz a visibilidade e a radiação solar. Alguns destes efeitos são mensuráveis, tais como os danos causados aos materiais e a redução de visibilidade, entretan- to a maioria deles é difícil de medir, como os danos causados à saúde humana e aos animais. Efeitos da contaminação do ar sobre as proprie- dades atmosféricas Os contaminantes do ar podem afetar as propriedades atmosféricas das seguintes formas: – redução da visibilidade; – formação de neblina; – redução da radiação solar; – alteração das temperaturas e distribui- ção dos ventos. Talvez o efeito mais visível da contami- nação do ar sobre as propriedades da atmosfe- ra seja a redução da visibilidade que acompa- nha, freqüentemente, o ar contaminado. A re- dução de visibilidade é esteticamente desagra- dável, assim como pode levar à situação de perigo. A visibilidade é reduzida devido aos efei- tos produzidos pelas moléculas gasosas e as partículas sobre a radiação visível: a absorção e a dispersão da luz. A dispersão da luz é a causa principal da falta de visibilidade. Efeitos da contaminação do ar sobre os materiais Os contaminantes atmosféricos podem afetar os materiais de forma a deteriorar sua composição química. As partículas ácidas ou alcalinas, em particular as que contêm enxo- fre, corroem os materiais. Efeitos da contaminação do ar sobre a vegetação Os contaminantes conhecidos como fito- tóxicos (substâncias nocivas para a vegetação) são o dióxido de enxofre e o etileno. O cloro, o cloreto de hidrogênio, o amoníaco e o mer- cúrio são menos tóxicos. Em geral, os conta- minantes gasosos penetram na planta, junto com o ar, durante o processo normal de respi- ração da planta, destruindo a clorofila e inter- rompendo a fotossíntese. Os danos podem variar desde uma redução na velocidade de crescimento até a morte da planta. Os sinto- mas aparecem nas folhas e, em muitos casos, é possível conhecer os contaminantes por meio dos sintomas específicos. Efeitos da contaminação do ar sobre a saúde hu- mana Considerem-se os mecanismos pelos quais os contaminantes podem afetar o corpo humano. Os contaminantes penetram no corpo hu- mano através do sistema respiratório. O siste- ma respiratório divide-se em sistema respira- tório superior (cavidade nasal e traquéia) e sis- tema inferior (bronquíolos e pulmões). Na en- trada dos pulmões, a traquéia divide-se em, duas árvores de brônquios, formados por uma série de ramificações de diâmetro cada vez mais reduzido. A árvore bronquial completa consta de mais de 20 bifurcações terminadas nos bronquíolos, cujo diâmetro aproximado é de 0,05cm. Nas extremidades dos bronquíolos, encontra-se um grande número de diminutas cavidades chamadas alvéolos. É através das membranas alveolares que o oxigênio do ar contido nas cavidades difunde-se aos vasos capilares do pulmão, enquanto o dióxido de carbono difunde-se em sentido contrário. Ape- sar dos alvéolos terem um diâmetro aproxi- mado de apenas 0,02 cm, apresentam uma su- perfície total para transferência de gás de apro- ximadamente 50 m², devido ao número de al- véolos existentes. Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle 25 1.8.2 Principais contaminantes encontrados nos efluentes hídricos de uma refinaria A tabela seguinte apresenta os principais contaminantes de efluentes hídricos de refinaria, sua origem e efeitos. Contaminante Origem Efeitos Óleos e Graxas Fenóis Mercaptans Sulfetos Cianetos Chumbo Mercúrio Cromo Zinco Amônia Fosfatos Nitrito e Nitrato – todos os estágios de processamento; – perda de óleo aceitável para o efluente hídrico: 0,1 a 0,4%. – tóxicos; – inibem os processos biológicos. – unidades de processo que trabalham com tempe- raturas altas e possuem fonte de oxigênio. – mal gosto (50 a 100 ppb); – mal cheiro (50 a 100 ppb); – tóxicos; – Concentrações acima de 5 ppm são prejudiciais aos peixes; – Concentrações acima de 1000 ppm alteram o crescimento de ratos. – petróleo; – unidades de processamento; – substituição de um hidrogênio dos hidrocarbone- tos pelo radical SH. – tóxicos; – mal cheiro; – reagem imediatamente com o oxigênio; – correntes contendo altas concentrações se descartadas em canaletas de drenagem emanam gases deste composto que são prejudiciais à saúde humana. – petróleo; – podem estar presentes na forma de sal devido à subs- tituição do hidrogênio por um radical positivo. – o gás sulfídrico (H2S) é tóxico, corrosivo e causa sérios problemas de odor e sabor; – letal aos peixes em concentração acima de 1 ppm; – demanda imediata de oxigênio que irá diminuir o oxigênio dissolvido nos cursos de água; – correntes contendo altas concentrações, se descartadas em canaletas de drenagem, emanam gases deste composto prejudiciais à saúde hu- mana, podendo ser letais. – unidades de processo que trabalham com tempe- raturas altas a partir do nitrogênio orgânico. – em condições de pH baixo, liberam gás cianídrico (HCN), altamente tóxico; não deve, por isso, ser descartado em canaletas de drenagem (pode ser letal). – petróleo; – etilação da gasolina (processo eliminado em todas as refinarias). – acumulativo; – toxidez aguda: queimaduras na boca, sede intensa, inflamação do tra- to gastrintestinal, ocasionando diarréias e vômitos; – toxidez crônica: náuseas, vômitos, dores abdominais diversas, parali- sia, confusão mental, distúrbios visuais, anemias e convulsões; – petróleo. – água de refrigeração (controle de corrosão). – Não é mais utilizado nas refinarias. – Cancerígeno quando na valência +6. – água de refrigeração (controle de corrosão). – essencial e benéfico para o metabolismo humano, pois a atividade da insulina e de diversos compostos enzimáticos depende da sua presença; – a deficiência nos animais conduz ao atraso do crescimento; – o teor é limitado na água devido ao sabor. – unidades de processo que trabalham com tempe- raturas elevadas, que rompem as moléculas do composto nitrogenado e fazem com que o nitrogê- nio orgânico ligue-se ao hidrogênio. – nutriente básico; – favorece o crescimento de algas em detrimento de outras espécies, provocando a eutrofização dos corpos d'água; – aderem à guelra dos peixes; – tóxica aos peixes, quando na forma não ionizada; – correntes contendo altas concentrações, se descartadas em canaletas de drenagem, emanam gases deste composto que são prejudiciais à saúde humana, podendo ser letal. – água de refrigeração e água de caldeira. – nutriente básico; – eutrofização dos corpos d'água. – alterações sangüíneas nas crianças (até três meses de idade). A hemoglobina alterada não transporta adequadamente o oxigênio, o que provoca a asfixia. – sistemas de tratamento biológico do efluente hídrico (nitrificação). – Caldeiras: Purga do sistema contém fosfato (o fosfato pode ser aproveitado como nu- triente nos sistemas de tratamento biológico); – Laboratório: A drenagem contém hidrocarbonetos e produtos químicos diversos. 26 Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle 1.8.3 Segregação de efluentes hídricos Nas refinarias, os efluentes hídricos gera- dos devem ser segregados em sistemas dis- tintos, já que sua mistura tende a dificultar os tratamentos. Esta segregação visa à minimi- zação de investimentos, devido à facilidade que pode propiciar ao tratamento final. Normalmente, existem cinco sistemas de coleta, conforme descrito a seguir: – Sistema de Efluentes de Processo – re- cebe os efluentes hídricos que tiveram contato com produtos (por exemplo: lavagem de trocadores de calor, drena- gem de bombas, drenos de torres); – Sistema de Efluentes Contaminados – recebe efluentes hídricos que podem ou não estar contaminados por produtos (por exemplo: água de chuva nos par- ques de armazenamento, tubovias, dre- nagem de tanques); – Sistema de Esgoto Sanitário – recebe águas de banheiro, cozinhas, etc; – Sistema de Soda Gasta – recebe efluen- tes hídricos oriundos do tratamento cáustico de produtos, bem como águas de lavagem do mesmo processo; – Sistema de Águas Ácidas – coleta con- densados de topo de torres de fracio- namento. De forma geral, pode-se dizer que todas as correntes originadas dentro dos limites de uma indústria devem sofrer tratamento. Entre- tanto, o tratamento depende não só do volume da corrente mas também de sua qualidade. Após separar as correntes em conjuntos semelhantes, deve-se estudá-las de forma a identificar os produtos nelas contidos e esta- belecer os tipos de tratamento a serem empre- gados. Existe para determinadas correntes, a ne- cessidade de tratamentos especiais dados a cada uma no próprio lugar onde ela aparece. Estes tratamentos são chamados de tratamen- tos “in loco” ou “in situ” e são empregados para águas contendo produtos demasiadamente tóxicos ou em concentrações elevadas. Os sistemas de coleta são direcionados para a Estação de Tratamento de Efluentes Hídricos – ETEH. Nesta estação, estão incluídas as fa- ses de tratamento primário, secundário e ter- ciário. É bom observar que nem todas as in- dústrias necessitam dos mesmos tratamentos. Assim, as ETEH diferem nos seus componen- tes, não só pelos fatos alinhados acima (vazão e qualidade), mas também pela profundidade a que se terá que levar o tratamento. Outro pon- to que cabe salientar é o fato de que, na maio- ria das vezes, a legislação local acaba por de- terminar a profundidade do tratamento, já que este será função dos níveis de poluentes pos- síveis de serem lançados nos corpos receptores. Os tratamentos primários têm como fina- lidade retirar os compostos em suspensão, tais como sólidos, óleos e graxas. Os tratamentos secundários removem, principalmente, compostos dissolvidos. Exis- tem diversas formas de tratamento secundá- rio, os métodos biológicos aeróbicos são os mais econômicos atualmente. Os processos terciários, também chama- dos de polimento, são especialmente dedica- dos a remover poluentes específicos. Os despejos industriais de refinarias pos- suem compostos instáveis, isto é, que, ao se- rem expostos ao ambiente, participam de rea- ções químicas e transformam-se em produtos estáveis. Como exemplo, podem ser citados os compostos orgânicos, que ao serem oxida- dos, formam, ao final do processo, CO2 e H2O. No tratamento biológico, a oxidação é feita por microrganismos que consomem os po- luentes como nutrientes, obtendo de sua me- tabolização a energia necessária para sobrevi- ver e reproduzir. Alguns produtos são de metabolização difícil, como o óleo. A maioria dos microrga- nismos não faz sua assimilação, conseguindo, algumas vezes, uma transformação parcial, que converte o óleo para compostos orgânicos oxi- genados e possibilita, assim, sua total degra- dação por outros organismos. Um outro ponto de importância refere-se à qualidade nutritiva dos efluentes hídricos. Para o desenvolvimento de qualquer organis- mo vivo, são necessários três nutrientes bási- cos – nitrogênio, fósforo e potássio – ao lado de nutrientes secundários e micro-nutrientes. Nos efluentes hídricos de uma refinaria, já existe, normalmente, o nitrogênio e até o potássio, então é necessária apenas a adição de fósforo. 1.8.4 Tratamentos Localizados Os tratamentos “in loco”, aplicáveis a uma refinaria de petróleo, serão descritos a seguir. Unidade de Tratamento de Soda Gasta Este tratamento possui duas etapas: oxi- dação e neutralização. Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle 27 A etapa de oxidação tem por finalidade oxidar NaSH (sulfeto ácido de sódio) e Na2S (sulfeto de sódio). Esta oxidação é feita atra- vés da adição de ar. A torre de oxidação é composta de quatro seções, cada qual provida de distribuidores, destinados a promover a mistura de solução de soda gasta com ar. O gás residual é incine- rado e a soda tratada é enviada para a etapa de neutralização. Nesta etapa, a soda gasta é mis- turada com um ácido forte. O ácido normal- mente usado é o ácido sulfúrico (H2SO4). O pH é ajustado para valores próximos de 7,0. Após a neutralização, a corrente é encaminha- da para a ETEH. Unidade de Tratamento de Águas Ácidas A finalidade da unidade de Tratamento de Águas Ácidas é remover o sulfeto de hidrogênio (H2S), amônia (NH3) e o ácido cianídrico (HCN). Água ácida (sour water) é um nome gené- rico, não muito adequado, devido ao pH, nor- malmente acima de 7,0. O pH freqüentemente alcalino, deve-se à presença de amônia. O processo utilizado para reduzir o teor de contaminantes dos condensados de vapor d'água das torres fracionadoras, a fim de per- mitir sua reutilização nas unidades de refino, ou seu descarte na rede de coleta, consiste em submeter a carga de águas ácidas a um siste- ma de aquecimento e de retificação ou esgota- mento, com vapor d'água. A injeção de vapor d'água na torre retifi- cadora tem duplo efeito, o de fornecer o calor necessário à vaporização dos contaminantes e o de reduzir a pressão parcial dos mesmos. O gás residual formado é queimado nos fornos e a água retificada é utilizada no pro- cesso de dessalgação, para lavagem do petró- leo e daí descartada para a ETEH. O arraste de hidrocarbonetos representa o maior problema para operação desta unidade, pois irá aumentar a pressão na retificadora, e reduzir, conseqüentemente, a eficiência de esgotamento. Temperatura e a pressão são variá- veis importantes no processo de retificação. A redução na pressão ou a elevação na tempe- ratura aumentará a eficiência de remoção dos contaminantes da carga. 1.8.5 Estação de Tratamento de Efluentes Hídricos – ETEH Todas as correntes poluídas, depois de coletadas em sistemas característicos e sepa- rados, são enviadas à Estação de Tratamento de Efluentes Hídricos, onde são submetidas aos tratamentos finais necessários à remoção dos poluentes, de modo a enquadrá-las nos pa- drões de qualidade definidos e pré-estabelecidos. Os tratamentos são divididos em primários, secundários e terciários ou de polimento. A equalização dos efluentes tem como objetivo minimizar ou controlar as variações de vazão e as concentrações dos poluentes, de modo que se atinjam as condições ótimas para os processos de tratamento subseqüentes e haja melhoras na eficiência dos tratamentos primá- rios, secundários e terciários. A equalização é geralmente obtida atra- vés do armazenamento das águas residuais num tanque de grandes dimensões, a partir do qual o efluente é bombeado para a linha de tratamento. Tratamentos Primários Sua finalidade é remover, por meios pu- ramente mecânicos, todas as substâncias que possam dificultar os tratamentos secundários e terciários. As substâncias mais importantes aqui removidas são os óleos, graxas e os sóli- dos. A primeira etapa neste tratamento é a re- moção de sólidos grosseiros, através de gra- deamento. Depois do gradeamento, a água é enviada ao separador de água e óleo. Os sepa- radores de água e óleo removem o óleo livre e os sólidos em suspensão. Não removem o óleo emulsionado. Essa remoção evita mais emul- sionamento, uma vez que a água deverá sofrer agitação durante seu processamento nos trata- mentos secundários. Separadores de Água e Óleo Os principais tipos são o API e o de Pla- cas Paralelas. Os modelos mais antigos eram do tipo API. Atualmente, é empregado o tipo placas, já que ele pode ser adaptado facilmen- te a caixas de tipo API já existentes, através de pequenas transformações, que permitem o aumento de sua capacidade. Separadores tipo API Seu princípio de funcionamento reside na separação natural do óleo por diferença de densidades, ao se utilizar uma caixa com flu- xo perfeitamente laminar. O óleo, por ser mais leve do que a água, vai para a superfície, en- quanto que os sólidos vão para o fundo por serem mais densos. O processo é contínuo e lembra o empregado no clarificador conven- cional. O óleo é coletado por um tubo flauta 30 Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle A reação geral da síntese orgânica pode ser expressa de maneira exatamente oposta à da respiração: 6 CO2 + 6 H2 O + 673 kcal ® C6 H12 O6 + 6 O2 A fonte de energia pode ser a luz, nos ve- getais clorofilados, em que, ocorre a fotossín- tese, ou pode ser uma reação de oxidação rea- lizada paralelamente ao processo de síntese, neste caso denominado-se de quimiossíntese. O fenômeno básico de todo processo de depuração biológica é a respiração. No caso de tratamento anaeróbio, trata-se de respira- ção anaeróbia, com conseqüente produção de gases combustíveis orgânicos, como subpro- dutos. No tratamento aeróbio, os subprodutos são água e gás carbônico. A matéria orgânica do despejo industrial serve de alimento a bactérias aeróbicas e anae- róbicas. Se a carga lançada a um corpo manter uma lagoa, por exemplo, não for muito eleva- da, o grande número de bactérias que será for- mada, por rápida produção, terá suficiente oxigênio dissolvido para suportar sua respira- ção e, nesta situação lagoa encontra-se aerada. Quando, entretanto a carga introduzida é muito grande em relação ao volume de oxigê- nio dissolvido, as necessidades respiratórias, que são proporcionais ao consumo de matéria orgânica levam à extinção total do oxigênio do meio, e disto resulta o aparecimento de con- dições anaeróbicas. A quantidade de oxigênio em uma lagoa não é fixa e nem está sujeita apenas a ser redu- zida. Há uma compensação por difusão a par- tir da atmosfera, através da superfície líquida. Mas esta é extremamente lenta, de modo que, embora a película superficial, diretamente em contato com o ar atmosférico, esteja sempre saturada de oxigênio, as camadas subjacentes permanecerão pobres, a não ser que uma gran- de turbulência fragmente essa película super- ficial, levando suas partículas a regiões mais profundas. Em lagoas, a turbulência é despre- zível, no entanto pode ser aumentada pelo emprego de aeradores. A classificação mais usada, para as lagoas de estabilização, é a que reconhece três tipos fundamentais: aeróbias, anaeróbias e faculta- tivas. Estas últimas, são lagoas em que se de- senvolvem processos anaeróbicos junto ao fun- do e aeróbios nas regiões mais superficiais. Processos Biológicos Anaeróbicos São aqueles em que não existe interferên- cia do oxigênio da atmosfera, isto é, não exis- te interferência de oxigênio livre dissolvido. A oxidação dos despejos é feita através de microrganismos que não utilizam o oxigênio atmosférico, e sim o que existe no próprio com- posto que vai degradar. É comum o metabolis- mo ser feito sem utilizar oxigênio nenhum. O método anaeróbico mais conhecido é o que se passa nas fossas sépticas. Estas, consti- tuem-se, simplesmente, de uma caixa fechada onde o despejo é introduzido e mantido por grande tempo de residência. Há formação de gases como metano (CH4), gás sulfídrico (H2S) e fosfina (PH3), que devem ser ventados para a atmosfera ou queimados. O método não deve ser usado como único, uma vez que não con- segue fazer a purificação completa do despe- jo. A tendência do método anaeróbico é trans- formar compostos químicos de cadeia orgâni- ca complexa em compostos de cadeia menor. Não devem ser usados como processo princi- pal em efluentes industriais como os de refi- naria. Esses métodos são às vezes usados como fonte geradora de metano para ciclos térmicos por motivos econômicos. Processos Biológicos Aeróbicos São os melhores e utilizam o oxigênio li- vre dissolvido, isto é, o oxigênio da atmosfera contido no despejo. O oxigênio é introduzido por meios naturais ou mecânicos, para então ser utilizado pelos microorganismos que le- vam os compostos químicos a CO2 e H2O prin- cipalmente. Dentre os métodos aeróbicos, al- guns de importância mais acentuada estão des- critos a seguir: Lagoas de Aeração Natural Também conhecidas como lagoas de es- tabilização, são seguras, de operação bastante simples, e pouco afetadas por variações brus- cas de carga. O tempo de residência é bastan- te alto – acima de 30 dias. Sua fonte de oxigênio pode ser o ar at- mosférico ou ainda a atividade dos organis- mos aquáticos clorofilados principalmente al- gas, através da fotossíntese. Devem ser rasas – 0,30 a 1,00 m – para que a luz e o oxigênio atinjam a todos os seus pontos. São bastante sensíveis à falta de luz, não operando com o mesmo desempenho à noite e em locais de clima frio. São pouco satisfatórias para despejos com alta carga Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle 31 orgânica ou produtos demasiadamente tóxicos. Não são aplicadas como método principal para efluentes industriais. Lagoas de Aeração Forçada Também conhecidas como lagoas aeradas, são bacias dotadas de aeradores mecânicos tipo cascata, superfície, borbulhadores, etc. Atual- mente, os equipamentos mais utilizados são aeradores mecânicos de superfície. Sua prin- cipal fonte de oxigênio é o ar atmosférico in- troduzido por meios mecânicos. A atividade de fotossíntese não apresenta, portanto, impor- tância. São lagoas que pouco dependem de fatores climáticos, como ventos e luz, dentre outros. Como os aeradores conseguem forçar o ar a profundidades bastante grandes e com taxas bastante elevadas, essas lagoas têm tem- po de residência mais baixo e profundidades maiores que as lagoas naturais – 1 a 10 dias e até 3 m. Uma das grandes desvantagens desse processo é o fato dele deixar sem reaproveita- mento os microorganismos especializados pro- duzidos no meio. Assim, existe sempre uma renovação dos mesmos o que impede um me- lhor desempenho. A remoção da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) nessas lagoas é de 3 a 8 vezes maior que a obtida em lagoas de aeração natural por unidade de área. Este tipo de lagoa pode ser subdividido em dois outros, como segue: a) lagoas de mistura completa – a po- tência de aeração é tal que permite a manutenção dos sólidos em suspensão. b) lagoas facultativas – a potência de aeração é tal que não consegue manter os sólidos em suspensão, acarreta, en- tão, na deposição de sólidos no fundo onde os mesmos sofrem decomposição anaeróbica, ou são removidos durante limpeza da lagoa e dispostos em Lan- dfarming. Lodos Ativados Basicamente, uma unidade de lodos ativados utiliza em sua fase de oxidação bio- lógica, os mesmos componentes de uma la- goa de aeração forçada, com a diferença fun- damental de que o tanque de aeração opera com uma concentração maior de microorganismos. Além disto, os microorganismos aí presentes são mais especializados que aqueles encontra- dos nas lagoas forçadas, como resultado do reciclo desses microorganismos do efluente para a fase de aeração. Devido a esta diferença o processo de lo- dos ativados necessita de um número muito maior de equipamentos do que nos processos com lagoa. Como a concentração de sólidos (microorganismos) no processo já é elevada, a aeração deve normalmente ser precedida de um clarificação ou até mesmo de filtração para remover os sólidos inertes. O processo de lo- dos ativados é modernamente o mais eficiente para despejos industriais, sendo entretanto de custo inicial e de operação elevados e bastan- te complexos. Assim como no processo de lagoas força- das, o processo de lodos ativados utiliza como equipamentos de aeração, aeradores de super- fície, borbulhadores de fundo ou borbulhado- res e agitadores. O efluente hídrico, antes de ser introduzi- do na tanque de aeração, é misturado com o lodo recirculado do processo e separado do decantador secundário. Tanto as Lagoas aeradas, quanto as uni- dades de Lodos Ativados são sistemas de biomassa em suspensão. Unidade de Biodiscos A unidade de biodiscos é composta, basi- camente, de cilindros rotativos imersos 40% nas piscinas, por onde passa o efluente a ser tratado. É um sistema de biomassa fixa. A biomassa se desenvolve se fixando nos discos do cilindro formando-se um biofilme. O acio- namento é feito por ar, que também é utiliza- do pelas bactérias para degradação da matéria orgânica e/ou da amônia. No caso de remoção de matéria orgânica, para qualquer sistema de tratamento é neces- sária a adição de fosfato. No caso da nitrifica- ção em Unidade de Biodiscos, é necessária também a adição de bicarbonato de sódio para manutenção da alcalinidade. As bactérias nitrificantes utilizam o carbono inorgânico em seu metabolismo. Em lagoas e Lodos Ativados, é importante a correção de pH, normalmente realizada através da adição de cal, para manu- tenção da alcalinidade através da retenção do CO2 produzido pelas bactérias no processo de respiração. 32 Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle 1.9 Resíduos Sólidos 1.9.1 Introdução A disposição final de resíduos sólidos tem se constituído num dos mais difíceis proble- mas de preservação ambiental. Até meados da década de setenta, a gera- ção e o descarte dos resíduos sólidos mereciam pouca ou nenhuma referência na legislação ambiental de quase todos os países. Não é de surpreender, portanto, a existência generali- zada de situações de disposições irregulares desses resíduos em todo o mundo. No Brasil, o primeiro regulamento legal sobre o assunto foi a portaria do Ministério do Interior – Minter 053 de 01/03/79. A geração de resíduos industriais, apesar das aparências contrárias, não é um fato alheio ao universo cultural da sociedade em que ela se dá. A mentalidade que aceita conviver com a geração desenfreada de resíduos, é a mesma que tolera a ineficiência e o desperdício. Por este motivo, o sucesso de qualquer programa de gerenciamento de resíduos, seja em comunidades urbanas, seja em indústrias, está intimamente ligado a um avanço cultural da população envolvida. Por maiores que se- jam os investimentos em instalações e máqui- nas, não haverá chance de progresso sem mudança de comportamento. A existência de estoque de resíduos indus- triais em situação irregular ou inadequada é uma realidade de âmbito mundial. Esses estoques são encontrados em praticamente todas as re- giões onde existam ou existiram atividades in- dustriais, anteriores à década de setenta. Eram disposições tidas como adequadas, mas que hoje, em função do avanço da legis- lação ambiental e da consciência, transforma- ram-se em problemas que requerem soluções a médio prazo. Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle 35 Atualmente, à luz das especificações dos derivados de petróleo, o principal (e pratica- mente único) meio de reaproveitamento de um resíduo é sua incorporação ao óleo combustí- vel. Nessa forma de reaproveitamento, o resí- duo desempenha o papel de diluente na redu- ção da viscosidade do óleo combustível. O teor máximo de diluente empregado gira em torno de 2% do volume total da mistura, geralmente limitado pelo ponto de fulgor. As drenagens de equipamentos para se- rem entregues à manutenção, assim como os produtos desviados por estarem fora de espe- cificação, muitas vezes, deixam de ser reapro- veitados por inexistência de interligações ade- quadas nas unidades de processo, que dispen- sem o uso da rede de drenagem oleosa. O aumento da taxa de reaproveitamento de resíduos, está intimamente relacionado com o seu não lançamento na rede de esgoto oleoso.O contato do resíduo com a água e os sólidos finamente divididos, sempre presen- tes nessa rede, acarreta a emulsificação parcial do mesmo. Um programa de reaproveitamento deve ser complementar ao programa de redução de geração. Em primeiro lugar, deve-se trabalhar pela não geração. Idêntico raciocínio deve pre- valecer quanto ao aperfeiçoamento dos pro- cedimentos de trabalho. A primeira tarefa é a introdução de proce- dimentos que reduzam a geração; novos pro- cedimentos e investimentos para aumentar o reaproveitamento devem ser analisados e de- cididos numa segunda etapa. Reprocessamento Consiste, essencialmente, no retorno do resíduo ao processo produtivo, como matéria- prima. O reprocessamento é sempre a alterna- tiva a ser examinada, após ser descartada a possibilidade de reaproveitamento. O reprocessamento de um resíduo deve ser fundamentado em critérios técnicos e econô- micos, uma vez que, além dos custos, deve-se considerar que o resíduo reprocessado pode estar deslocando do sistema produtivo igual volume de carga mais nobre. À vista da grande variabilidade de com- posição desses resíduos, principalmente no que se refere à água e sedimentos, é da maior im- portância que a refinaria disponha de insta- lações e procedimentos operacionais, que possibilitem destinações alternativas para os mesmos. A melhor forma de reprocessamento é aquela na qual o resíduo retorna ao processo produtivo logo em seguida à sua geração, na própria unidade em que se originou. Esta ope- ração, denominada reprocessamento interno, evita que a corrente desviada entre em contato com água e detritos, como ocorreria se atin- gisse a rede de drenagem oleosa. Além dos resíduos leves limpos, impró- prios ao reaproveitamento para incorporação ao óleo combustível (por apresentarem ponto de fulgor muito baixo), são candidatos natu- rais ao reprocessamento, os resíduos e mulsi- ficados, conhecidos genericamente como bor- ras oleosas. As principais fontes de borras oleosas de uma refinaria são as dessalgadoras, drenagens de tanques de petróleo e limpeza de equipa- mentos. O teor de BSW desses resíduos, variando de 20 a 60 %, já denota uma forte presença de emulsão. Outras características, associadas e decorrentes dessas, são de máxima importân- cia para o processamento desses resíduos: teor de cloretos e tendência à emulsificação. O reprocessamento dessas borras seria uma tarefa das mais simples, não fosse a pre- sença nas mesmas de uma fase emulsificada, bastante estável. Embora deva haver forma- ção de emulsão na rede de esgoto oleoso, a principal fonte dessa emulsão é o petróleo. A emulsão é resultante do encontro de substâncias geradoras naturais do próprio pe- tróleo, partículas sólidas em suspensão e água, submetidos à ação mecânica (agitação) nas di- ferentes etapas do processo produtivo e meios de transporte do petróleo até a refinaria. As partículas finas, sob certas condições, podem estabilizar emulsões. Este fenômeno é particularmente importante no caso de emul- sões de água em óleo, formadas durante os pro- cessos especiais de recuperação do petróleo. Envolvem contato direto de água, óleo e de partículas finas – provenientes da formação (argilas, sílica, precipitados formados “in situ”, etc) – que devem contribuir para a formação e estabilização de emulsões. Nas condições normais de produção de petróleo, a tendência mais forte é a formação de emulsões de água em óleo. Para prevenir a formação dessas emulsões ou desestabilizar as que venham a se formar, são adicionadas aos petróleos substâncias tensoativas. As substâncias tensoativas (solúveis em água) promovem a formação de emulsões de 36 Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle óleo em água e, conseqüentemente, sua pre- sença na região interfacial não favorece a es- tabilização de emulsões do tipo água em óleo. A afirmação acima levanta uma questão importante até agora pouco conhecida nas re- finarias: – os desemulsificantes químicos, empre- gados nas regiões de produção de pe- tróleo para eliminar emulsões de água em petróleo, favorecem a formação de emulsões de petróleo em água, que é, em termos de tratamento de resíduos, o maior problema das refinarias. No interior da refinaria, nas válvulas misturadoras das dessalgadoras, nos conden- sadores de topo e até nas torres retificadoras e seus respectivos trocadores de calor, existem contatos entre água e petróleo ou frações, em condições favoráveis à formação de emulsões. No escoamento dos resíduos líquidos, ao longo das redes de drenagens, até o recolhi- mento no SAO, a incorporação de sólidos finamente divididos – terra, poeira, areia – só agrava a tendência à emulsificação. Com tantos agentes favoráveis à sua for- mação e estabilização, não é de surpreender que, praticamente todas as refinarias da Petrobras, convivam com problemas crônicos relacionados à eliminação dos seus inventários de borras oleosas. A presença de uma fase emulsificada, com forte tendência a crescer após seu lançamento na rede de drenagem é inquebrável pelos pro- cessos tradicionais disponíveis na refinaria, monta o cenário conhecido como CICLO DA BORRA. Este fenômeno consiste na circula- ção da borra, sob a forma de emulsão, confor- me a seguinte seqüência: – a borra emulsificada, recebida com o petróleo de navio ou diretamente dos campos produtores, é drenada para o esgoto oleoso no parque de armazena- mento de cru da refinaria; – até chegar ao S.A.O, onde a emulsão é recolhida, o resíduo incorpora mais só- lido e mais água ao longo das canaletas; – após aquecimento, repouso e algumas drenagens, o resíduo retorna ao tanque de cru e daí é enviado para a unidade de destilação; – na unidade de destilação, ao ser sub- metido ao processo de dessalgação por lavagem com água, a emulsão reincor- pora a água que havia perdido nos pe- ríodos de aquecimento e repouso nos tanques de resíduo; – como essa emulsão não é quebrada pela ação do campo elétrico da dessalgado- ra, só tem como alternativa ser nova- mente drenada para a rede oleosa, jun- tamente com a salmoura efluente, ar- rastando mais óleo para a rede de dre- nagem; – na rede oleosa, a caminho do SAO, a emulsão entra em contacto com outros agentes emulsificantes (sulfetos e mer- captans oriundos de outras correntes) e estabilizadores de emulsão, tais como poeira e argila; – devido à ação dos novos emulsifican- tes e estabilizantes de emulsão, incor- porados na rede de drenagem, a massa de resíduo oleoso que chega ao SAO e é aí recolhida aos tanques, é maior do que o volume drenado dos tanques e das dessalgadoras; – nos tanques de resíduos, essa emulsão é submetida a aquecimento e drenagem da água separada, sendo em seguida enviado para os tanques de petróleo, fechando assim o ciclo. Mesmo após a desemulsificação desse re- síduo, seu reprocessamento numa unidade de destilação atmosférica ainda se apresenta pro- blemático, uma vez que suas características favoráveis à emulsificação não foram total- mente eliminadas: – retornando ao tanque de petróleo, ree- mulsificará, incorporando a água do lastro; – reinjetado diretamente na unidade, an- tes da dessalgadora, reemulsificará na válvula misturadora e sairá incorpora- do à água de lavagem da dessalgadora. O melhor e mais econômico caminho para eliminação das borras oleosas emulsificadas passa, necessariamente, pela quebra da emul- são, seja para a sua incorporação a um esto- que de produto acabado, seja para o reproces- samento do óleo recuperado. Decantação e centrifugação Geralmente, os resíduos recuperados no SAO são enviados para os tanques de resídu- os, onde são aquecidos e eventualmente dre- nados. Após período de aquecimento e decan- tação, são realizadas transferências para os tan- ques de petróleo a fim de serem reprocessados. Está comprovada a dificuldade em repro- cessar estas borras, após somente processo de aquecimento e decantação. As bibliografias Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle 37 consultadas recomendam ainda a execução de uma outra fase, como mais eficiente, a centri- fugação. A centrifugação, tanto é aplicada aos ca- sos em que há interesse na recuperação do óleo, como nas situações em que a redução do teor de água do resíduo facilitará sua incineração. A carga, antes de chegar à centrífuga, é aquecida e filtrada. A carga processada na centrífuga gera três correntes diferentes: – óleo limpo (recuperado), com BSW menor que 1%, que pode ser reproces- sado ou utilizado como óleo de corte de viscosidade de combustíveis; – água oleosa – esta corrente é gerada pela água contida na carga e parte da água de selagem; – borra oleosa – é uma corrente oriunda da descarga pelos bicos da centrífuga, composta basicamente de água, sólidos e óleo arrastado. As correntes de água oleosa e borras são misturadas e enviadas para um tanque de de- cantação. Após um tempo de decantação médio de 6 horas, obtêm-se três correntes: – borra decantada: a borra separada no tanque de decantação apresenta ainda um teor elevado de água e é enviada para Landfarming ou indústria cerâmica; – água decantada: parte da água é re- circulada para a centrífuga (como água de selagem) e o restante vai para o sis- tema de drenagem. – óleo decantado: o óleo decantado é reconduzido ao tanque de carga, ou al- ternativamente, ao tanque de resíduo limpo. Reciclagem Entende-se por reciclagem, o envio de um resíduo para reutilização em outra indústria, quer como matéria-prima, quer como fonte de energia ou, algumas vezes, até como carga inerte. Do ponto de vista da reciclagem, os resí- duos sólidos de refinarias subdividem-se em três grupos, em função das respectivas desti- nações citadas anteriormente. No primeiro grupo, são colocados os se- guintes materiais: papel, vidro, plástico, me- tais. Alguns catalisadores podem ser reutili- zados como fonte de micronutrientes na indús- tria de fertilizantes ou para recuperação de metais nobres. O segundo grupo é constituído pela bor- ras oleosas de baixa concentração de óleo, em geral menos de 20%. Para estes, nem sempre é econômica a purificação para o reprocessa- mento ou reaproveitamento, cabendo melhor sua utilização como energético auxiliar. O terceiro grupo é formado por catalisa- dor gasto de UFCC e outros possíveis resíduos minerais, tais como refratários e alguns iso- lantes térmicos isentos de amianto. Algumas alternativas de reciclagem desses resíduos de- verão estar condicionadas aos resultados dos testes de solubilização e lixiviação. A disposição deste último grupo de resí- duos, via indústria de cimento ou artefatos de cimento, na condição de carga inerte, é uma boa alternativa. Neste caso, o processo de des- carte leva em conta a quase total e definitiva imobilização do resíduo, agregado ao cimento. A reciclagem dos resíduos sólidos, de qualquer um dos grupos anteirormente descri- tos, por mais simples que seja, exige sempre um mínimo de gerenciamento e instalações de apoio. A identificação dos resíduos recicláveis, identificação dos locais e processos de origem, quantificação e caracterização dos mesmos são aspectos de muita importância. A segregação dos resíduos recicláveis e a organização das instalações para acumulação temporária tam- bém são vitais para o bom andamento do pro- grama de reciclagem. A segregação deve ser implantada no local da geração, e isto consti- tui um excelente recurso para a racionaliza- ção dos descartes. Geralmente, quando são misturados dois ou mais resíduos, basta que apenas um deles seja perigoso, para que toda a mistura resultante deva ser descartada como resíduo perigoso. Indústrias Cerâmicas A reciclagem de resíduos, sólidos via in- dústrias cerâmicas, está limitada aos resíduos oleosos, cujos componentes minerais sólidos sejam de granulometria próxima da argila. O descarte é feito pela adição do resíduo à argila. Durante a operação de cozimento das peças cerâmicas, a parte orgânica é queimada e a parte mineral fica incorporada à peça. A composição dos resíduos descartados deve ser tal que não comprometa os padrões de emis- são atmosférica da indústria e que seus produ- tos (telhas, ladrilhos ou blocos) sejam aprova- dos, quando submetidos a testes físicos e quí- micos. 40 Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle Aterro Industrial (Resíduos Perigosos) Em linhas gerais, um aterro para resíduos perigosos pode ser descrito como uma moda- lidade de disposição, que consiste na conten- ção dos resíduos em células, impermeabiliza- dos por meio de mantas plásticas contínuas, com monitorização das camadas de solo circundantes e do lençol freático da região. Após a célula estar preenchida é, então, recoberta com terra na qual se recomenda plan- tação de grama como medida de retenção do solo. A aplicação desse tipo de disposição é de exigência restrita aos resíduos da Classe I. É uma alternativa de destinação final de resíduos industriais, utiliza técnicas que per- mitem a disposição de resíduos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e mini- mizando os impactos negativos. Os aterros apresentam-se como forma de destinação mais barata e de tecnologia mais conhecida. Entretanto, cabe ressaltar que es- tes aterros não servem para disposição de to- dos os tipos de resíduos. O aterro industrial, geralmente, é destina- do para resíduos classe I (perigosos), mas pode também ser aplicado para resíduos classe II (não-inertes). São passíveis de disposição, resíduos cujos poluentes contidos podem so- frer alguma forma de atenuação no solo, seja por processos de degradação, seja por proces- sos de retenção (filtração, adsorção, troca iô- nica, etc.). Na implantação de um aterro industrial, devem ser consideradas algumas medidas de proteção ambiental, de forma a evitar impac- tos ao meio ambiente, tais como: – localização adequada; – elaboração de projeto criterioso; – implantação de infra-estrutura de apoio; – implantação de obras de controle de po- luição e – adoção de regras operacionais especí- ficas. Na maioria dos aterros industriais (para resíduos perigosos – classe I), no Brasil, pre- domina o conceito de impermeabilização to- tal, com a adoção de uma membrana sintética de PEAD na base do aterro para impedir a con- taminação do lençol freático. Aterro Sanitário O aterro sanitário é uma modalidade de disposição de resíduos sólidos no solo, median- te a observação de alguns critérios construti- vos e operacionais. A disposição pura e sim- ples, em terreno não preparado e sem cuida- dos operacionais, caracteriza o que se costu- ma chamar por lixão. A construção de um aterro sanitário deve contemplar medidas de controle da prolifera- ção de vetores (moscas, baratas, ratos, etc.), proteção e monitoramento do lençol freático, recolhimento e tratamento do chorume (líqui- do gerado pelo processo de decomposição da matéria orgânica) e dispersão segura dos ga- ses (basicamente metano), também oriundos da decomposição da mesma. 1.10 Atuação do Operador O operador de uma refinaria de petróleo deve ter sempre em mente os três pilares que sustentam a política ambiental. São eles: – atendimento à Legislação Ambiental; – prevenção da poluição; – melhoria Contínua. Para atender a estes itens, são necessárias as seguintes práticas: – conhecer e cumprir os procedimentos operacionais relativos às suas atividades; – conhecer os aspectos ambientais e im- pactos decorrentes de suas atividades; – levantar os aspectos e impactos ambien- tais e realizar análise preliminar de ris- co para atividades/tarefas não rotineiras; – conhecer e praticar as medidas de con- trole para evitar ou minimizar os im- pactos ambientais relativos às suas ati- vidades; – minimizar a geração de resíduos, sejam eles atmosféricos, hídricos ou sólidos; Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle 41 – comunicar à supervisão as anormalida- des verificadas durante a realização de suas atividades; – acompanhar os dados de monitoramen- to dos aspectos ambientais referentes às suas atividades ou sobre os quais tenham influência; – corrigir os desvios apresentados pelos resultados obtidos no monitoramento ambiental; – segregar resíduos sólidos industriais; – participar efetivamente da coleta sele- tiva de lixo. Exercícios 13. Qual a definição de Aspecto Ambiental? 14. Cite exemplos de aspectos e impactos que podem ser objetos de planejamento anual de uma empresa. 15. Quais os três grupos básicos de informa- ção para treinamentos em questões ambientais? 16. Em que formas podem ocorrer as susbtan- cias que contaminam o ar? 17. Quais as fontes de emissão mais impor- tantes que originam contaminação do ar? 18. Que reações químicas podem originar os contaminantes secundários do ar? 19. Que fatores contribuem para a formação de compostos secundários? 20. Em que escalas ocorrem os fenômenos metereológicos? 21. Quais os efeitos de contaminação do ar? 22. Por quais mecanismos a poluição do ar pode afetar o corpo humano? 23. Quais alguns efeitos que determinados contaminantes de água de refinaria podem oca- sionar 24. Quais as finalidade dos tratamentos primá- rios, secundários e terciários? 25. Quais as formas de tratamento do óleo re- cuperado nos Separadores de Água e Óleo? 26. Por que se adiciona coagulantes antes dos tratamentos em flotadores? 27. Quais as vantagens das lagoas de aeração forçada em relação as de aeração natural? 28. Quais os sistemas que utilizam biomassa em suspensão e biomassa fixa? 29. Que são resíduos sólidos de acordo com NBR 10004? 30. Onde podem estar ou ser gerados os dife- rentes resíduos sólidos de uma refinaria? 01. Quais podem ser as conseqüências de avan- ços tecnológicos sem a preocupação ecológica? 02. Quais são os grandes problemas ambien- tais que precisam hoje, serem revertidos ou contidos? 03. Quais os tipos de poluição que perturbam ou modificam os quatro ambientes? 04. Como a produção de energia por combus- tão pode ocasionar introdução de agentes quí- micos no ambiente. 05. Quais as formas de perturbações que usi- nas geradoras de eletricidade – termelétricas e nucleares podem ocasionar aos ambientes aquáticos? 06. Quais os efeitos das radiações nos orga- nismos vivos? 07. A ação perturbadora do som depende de quais características? 08. Quais os problemas de lançamento de es- gotos domésticos sem tratamento nos corpos de água? 09. Qual o objetivo da Política Nacional do Meio Ambiente, que existe desde 1981 no Brasil. 10. A que se relaciona o Monitoramento Am- biental? 11. O que é Gestão Ambiental? 12. Que principios podem ser levados em con- ta, para prevenir a poluição dentre de uma em- presa. 42 Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle 31. O que pode ocorre ao óleo combustível quando nele for adicionado resíduos acima de 2% do volume total da mistura? 32. Onde pode ser aplicado a centrifugação? 33. Que aspectos devem ser considerados para se efetuar Reciclagem de resíduos sólidos? 34. Como a Incineração pode ser usada para eliminar resíduos sólidos? 35. O que é Compostagem? 36. Em que consiste a Biodegradação? 37. Quais os aspectos a serem observados para a construção de aterros industriais para resi- duos perigosos? 38. Como deve ser construído um aterro sani- tário? 39. O que é cadastramento dos resíduos sólidos? 40. Que aspectos deve contemplar a atuação do operador de refinaria de petróleo? Anotações Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle 45 46 Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle Principios Éticos da Petrobras A honestidade, a dignidade, o respeito, a lealdade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios éticos são os valores maiores que orientam a relação da Petrobras com seus empregados, clientes, concorrentes, parceiros, fornecedores, acionistas, Governo e demais segmentos da sociedade. A atuação da Companhia busca atingir níveis crescentes de competitividade e lucratividade, sem descuidar da busca do bem comum, que é traduzido pela valorização de seus empregados enquanto seres humanos, pelo respeito ao meio ambiente, pela observância às normas de segurança e por sua contribuição ao desenvolvimento nacional. As informações veiculadas interna ou externamente pela Companhia devem ser verdadeiras, visando a uma relação de respeito e transparência com seus empregados e a sociedade. A Petrobras considera que a vida particular dos empregados é um assunto pessoal, desde que as atividades deles não prejudiquem a imagem ou os interesses da Companhia. Na Petrobras, as decisões são pautadas no resultado do julgamento, considerando a justiça, legalidade, competência e honestidade.
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