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Guias e Dicas
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Educação é poder ou conhecimento?, Notas de aula de Ciências Biologicas

Ana Paula Menezes de Freitas Pós-graduação em Educação Profissional 2013 Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio Pós-graduação (em curso) Orientação Educacional e Pedagógica 2013UCAM. Bolsista Pró-Gestão da Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz.

Tipologia: Notas de aula

2010

Compartilhado em 02/07/2010

CaciPerere
CaciPerere 🇧🇷

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Baixe Educação é poder ou conhecimento? e outras Notas de aula em PDF para Ciências Biologicas, somente na Docsity! A busca pela cientificidade nas ciências humanas... Maria Julieta Weber Cordova espaço michel foucault – www.filoesco.unb.br/foucault 1 Educação é poder ou conhecimento? Ana Paula Menezes de Freitas Pós-graduação em Educação Profissional – Escola Politécnica de Saúde menezes-freitas@uol.com.br Joaquim Venâncio Pós-graduação (em curso) Orientação Educacional e Pedagógica –UCAM. Bolsista Pró-Gestão da Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz. Resumo: A escolha do tema proposto para a análise surgiu das minhas constantes indagações, quanto à postura do educador que foi se transformando e perdendo seu estado revolucionário, diante de um processo coercitivo, tanto no seu discurso quanto nas próprias instituições, desde o 1º período de participação em uma instituição que tem como “chão” demarcado de poderes coercitivos ao conhecimento. Isto se relacionando a questão do poder exercido nas instituições escolares e a fragmentação da proposta que não vai de encontro com as nossas reais necessidades. Palavras-chave: Ética, Poder, Educação, Filosofia. A proposta inicial se dá como ponto principal o motivo que na maioria das repartições educacionais privadas pensam e reproduzem a educação através de diversos pensamentos elaborados e fincados a uma determinação de um único patamar ao qual o universitário poderia chegar e assim buscar Michel Foucault traduz como objetivo de ao mesmo tempo manter-se corpo produtivo e corpo submisso? Será que, apesar de estudarmos e analisarmos uma pedagogia preocupada com a necessidade do outro, estaremos construindo modelos para a dominação? Segundo Foucault (1979:129) “mas a monografia tomada menos como um estudo de um objeto particular do que como uma tentativa de fazer vir novamente à tona os pontos em que um tipo de discurso se produziu e se formou”. O autor em questão foi um dos que desafiou o poder estabelecido e que confirmou o discurso numa época que a razão era a fonte de existência humana, onde o saber e o poder estavam intimamente concatenados. Como o próprio no início de seus estudos tinha como linha de estudo de como os saberes foram construídos, sendo Strathern (2003:52): A busca pela cientificidade nas ciências humanas... Maria Julieta Weber Cordova espaço michel foucault – www.filoesco.unb.br/foucault 2 Foucault reconhecia que o mais importante aspecto do poder estava nas relações sociais. Indivíduos teriam o poder na forma de dominação e coerção’ mas mais importante, o poder estava também envolvido na produção e uso do saber. Em meio à complexidade da sociedade moderna, com sua multiplicidade de divisões de poderes, isso parece uma análise mais profunda. Será que as idéias sempre ficaram perdidas, por falta de essência por encontrar barreiras e diferenças? Como Foucault, de como se estrutura as idéias formuladas para as questões das transformações da humanidade, como: “... é difusa, claro, raramente formulada em discursos contínuos e sistemáticos; compõe-se muitas vezes de peças ou de pedaços, utiliza um material e processos de relação entre si. O mais das vezes, apesar da coerência de seus resultados, ela não passa de uma instrumentação multiforme” (Ibidem, p.26) Faço sempre presente a todos que quiserem fazer diferente, no sentido de tornar-se flexível na sua prática que primeiramente seja capaz de assumir sua incapacidade e ao mesmo tempo desvelar o mito que se faz da profissão educador e como se essa profissão fosse capaz de deter todo o saber, partindo dessa tentativa de refletir a qualquer certeza e incerteza que sustenta uma prática pedagógica. Com isso na tentativa estar rompendo o paradigma que o educador é aquele que só orienta e assiste em cima do muro a opressão de vida cotidiana de seus alunos. O conhecimento apresenta-se de diversas formas através de imagens que são reproduzidas aos sujeitos, como forma de mudança do seu real. Segundo Candeias (1998:131): “É na verdade de que a instrução, tal como está preparada, tem por fim, não fazer homens compreendedores dos seus direitos dentro da sociedade, mas autômatos que se prestem a soldados de defesa da sociedade, bolsas para o pagamento de imposto.” A elaboração desta monografia vem trazer a contribuição de Michael Foucault de como se entrelaçam e como caminham uma tentativa de mudança do ideário educacional. Como Foucault (1979:XIV) “ ...tanto o deslocamento do espaço da análise quanto do nível em que esta se efetua... o objetivo da análise é estabelecer relações entre os saberes......e não julgado a partir de um saber posterior e superior”, ou seja o homem ao A busca pela cientificidade nas ciências humanas... Maria Julieta Weber Cordova espaço michel foucault – www.filoesco.unb.br/foucault 5 segundo torna o ato de educar compensatório, assim resultante com uma mão-de-obra que pelo ao mesmo seja “educada para escrever seu nome”. A tentativa de mudança destes desafios da real mudança da educação quantitativa estabelece Foucault dentro da Microfísica dos poderes, com os quais seriam as regras que são embutidas subjetivamente, mas também tão objetivas em nosso código de sobrevivência que acabamos seguindo. Não somos educados para estar em constante metamorfose para a análise de como a realidade está inserida em nós. Exemplo claro deste fato é que não retomamos o que ficou implícito em nossa vida, tentamos a todo o momento fugir da questão que somos nós somos o sujeito, mas estamos sempre disponíveis a analisar o outro. Apenas as barreiras existem a significação de nossos atos, por isso nem todos terminarão a proposta da faculdade de pedagogia, pois este objetivo tem um preço, que significa inúmeras punições por ter ultrapassado além do que é permitido, como Foucault (1979:25) “Em si mesmas as regras são vazias, violento, não finalizado; elas são feitas para servir a isto ou aquilo, elas podem ser burladas ao saber da vontade de uns ou de outros” Sendo estes desafios que não estão sendo colocados em questão às propostas educacionais que se voltam para um indivíduo que se fragmenta, pois seu conhecimento é válido por instantes de segundos. O conhecimento já não é uma questão de sabedoria para assim estabelecer relações com o outro, mas sim o poder e a forma que eu posso manipular o outro. Antes de pensar em educação como um todo, temos que analisar os ramos educacionais, como o currículo na forma de manipulação e de poder, no sentido que foi modificado ao longo do tempo pelas políticas educacionais. Ou seja, devemos estar atentos às suas contradições e aos múltiplos olhares que englobam o ensino no decorrer das últimas décadas. Todas as questões educacionais estão voltadas para o indivíduo e a constante construção do conhecimento, onde este deve reconhecer a diversidade do mundo que o cerca, reconhecer que há diferenças sociais, políticas e culturais, e que ser diferente não significa ser antagônico. O que significa dizer que o respeito às diferenças é condição fundamental para vencermos as desigualdades e ampliarmos as oportunidades educacionais. Com isso a reprodução de teorias e métodos torna-se uma questão do nosso tempo, por que o momento faz-se surgir algo novo para tentar mudar o que não é A busca pela cientificidade nas ciências humanas... Maria Julieta Weber Cordova espaço michel foucault – www.filoesco.unb.br/foucault 6 acessível. E essas novas formas do pensar educativo, surgem diversas transformações para a alfabetização para com o domínio da codificação, das palavras e para uma leitura de mundo, onde cada qual se modifica na linguagem, cultura e no próprio pensamento. Como Jolivet (1995, p.185) “.....convém, antes de tudo, comparar o que fomos antes com o que somos hoje, a fim de compreender que se trata, menos de ultrapassar os outros, do que ultrapassar a si mesmo.” Podemos relacionar que a educação é uma ciência, porém está tornando-se inconsciente para uma alma que não tem consciência de si, onde os sujeitos foram educados e continuam sendo educados pelo mesmo sistema que forja o real princípio do saber aprender e aprender-significando, como Jolivet traduz de forma a “ciência sem consciência não é mais do que ruína da alma”. Esta ciência nos coloca em questão a que tipo de esquecimento transita-se entre as teorias e vice-versa para que a formulação destas tenha algum tipo de efeito ao qual estamos submetidos, para assim resultar em uma prática da sugestão, onde esta se tornar o ato de sugerir o domínio e não de proporcionar o aprendizado para o outro. Não podemos esquecer que a cada proposta ocorre, no sentido de “mudança de visão e de prática educativa”. Porém não se partia do que foi elaborado, mas sim um aproveitamento do início que era reformulado para assim dar novos rumos, com uma teoria tipo uma figura que quando não nos servem mais retiramos com algum defeito e colamos em um novo papel ou quando jogamos fora ainda fica rastro de seus pedaços. Segundo Chauí (2000:59): “Na medida em que a razão se torna instrumental, a ciência vai deixando de ser uma forma de acesso aos conhecimentos verdadeiros para tornar-se um instrumento de dominação, poder e exploração... a razão possa captar uma certa continuidade temporal e o sentido da história, surgindo em seu lugar a perspectiva do descontínuo, do contingente e do local; a existência de uma estrutura de poder que se materializa através de instituições fundadas, tanto na dominação quanto na liberdade...” Para Foucault a razão instrumental que a autora Marilena Chauí levanta é para o autor em (1979:18) “a razão é a discórdia entre as coisas, é o disparate”, sendo assim não há unicidade, então a educação está fundamentada que o ser humano que vai à escola para sempre esta sendo reaprovetável, onde a função principal é ser súdita de uma razão que ainda não está elaborada de acordo a levar todas as questões que envolvam as necessidades A busca pela cientificidade nas ciências humanas... Maria Julieta Weber Cordova espaço michel foucault – www.filoesco.unb.br/foucault 7 humanas, pois cada um tem uma razão como Foucault define Ibidem, p 160 que “de fato o poder em seu exercício vai muito mais ambíguo, por que cada um de nós é, no fundo, titular de certo poder e, por isso, veicula o poder” e principalmente a educação que usa a razão como forma de tornar-se uma orquestra para os professores, onde cada época e cada eventualidade todos regem suas funções independentes se a platéia aceita a harmonia do som emitido e os que vagam no mundo ficam fazendo do ensino uma loteria, onde se busca quem ganha mais e faz do ensino um mundo imaginário onde discursa que o aluno faz parte do processo de aprendizado. Então, parto da justificativa de que ocorre neste aspecto é que a educação nasce de um determinado objetivo, assim tornando um instrumento para que este sujeito tenha em suas mãos o poder de revolução. E a razão que vem se sustentando a não mudança para o ato educativo tornar-se flexível as diferenças. No sentido que Villela (2000:108-125) “... o domínio da leitura e da escrita poderia tornar-se um instrumento poderoso para essa organização.... a escola para o povo destinava-se mais a moralizar e disciplinar do que propriamente a instruir.” A educação brasileira torna-se figurativa por falta de essência, pois nem tudo nos é explicado, porém só as regras de conhecimento e a partir desse pressuposto somos “massa de manobra”. O que pude verificar nos estágios realizados foi a ausência do encontro da família- escola direcionados para o mesmo caminho, porém o que pude verificar com plena clareza que não há uma proposta alicerçada a um caminho que poderia estar se percorrendo para que ambas as partes não podasse seu espaço. Referindo-se que estas relações só estabeleceram de forma imediatistas, por que ocorre toda ideologia atrás de um pressuposto de um adulto, com isso não há uma análise que é educada para continuar tanto os caminhos de nossos pais e quanto educadores. Segundo Mannoni (1977:68): “O encontro família-escola ergueu o véu de uma mistificação mas roubou à adolescente o universo privado que era o seu. A aliança dos adultos não lhe deixa possibilidade alguma de fuga; sabe-se que ela é mentirosa, fabulosa etc. Como recuperar o lugar que ela conseguiria ocupar? Como fazer saber, a esses adultos, que a verdade se aloja na mentira- e que a querem a verdade é a própria palavra que se lhe confisca?” A busca pela cientificidade nas ciências humanas... Maria Julieta Weber Cordova espaço michel foucault – www.filoesco.unb.br/foucault 10 Para o autor, é muito mais que estabelecer uma regra, pois a reorganização ocorre freqüentemente com um único sujeito que detém todas as formas de expressão do outro. Logo, assim o tempo e o espaço são formas que terão inúmeras leituras de acordo com os procedimentos serem estabelecidas no momento disciplinar. É como ensinar, os sujeitos que ficam acorrentados por um certo período de tempo, depois são libertos para efetivamente pensar, enquanto o professor instrumentaliza o aprendizado e depois vão para o seu mundo irreal e qual vivem, pois não há uma união entre escola e vida. Tornando-se assim sujeitos que não acreditam em uma mudança real de oportunidade para todos, colocados como ter abstinência ao real vive-se num mundo ilusório, pois sua realidade já está construída e estabelecida. Como Zilberman in Viana (1944:56), que a oportunidade de um sujeito seria um espaço de socialização de saberes para uma construção efetiva de nós seres humanos. Ao contrário do que vem efetivando-se como a própria autora confirma os pressupostos de Foucault, como “as trajetórias humanas tem igualmente pontes convergentes do despertar para a vida a repressão do desejo, por que os planos e as pessoas falham ou porque as fantasias não correspondem à realidade”.Sendo assim Viana traduz Foucault o quer dizer a todo o momento que temos algo de escondido que passa na peneira as opiniões que não são socializadas, como “só ouvidos apurados ouviram o caminhar dos vermes roendo restos de vida”, assim Foucault busca em nosso interior a dificuldade e imposições colocadas frente a um sistema que a todo o momento converge a imparciabilidade de que o mundo apresenta-se como “ovelhas negras e tão mansas em nossa quietude”, referente ao pensamento de Foucault (1979:XIX) “disciplina é um tipo de organização do espaço. É uma técnica de destruição dos indivíduos através da inserção dos corpos em um espaço individualmente, classificatório, combinatório....a disciplina é um controle do tempo” Muito antes que se forme a liberdade de opinião nós já somos construídos, ou seja, o sistema que temos que carregar e ditar como razão é fincado em nossas raízes e aqueles que desafiarem o poder serão punidos ou ficarão para aqueles que virão de geração a geração transformar seus ideais de mudança. Ibidem, p. XXI “É o hospício que produz o louco como doente mental”. E que a escola “moderna”, consonância com seu tempo, propõe uma tarefa que se baseia em métodos para ensinar de forma mais rápida e segura. A busca pela cientificidade nas ciências humanas... Maria Julieta Weber Cordova espaço michel foucault – www.filoesco.unb.br/foucault 11 Podemos relacionar a questão do negro preso e negro “liberto”, esses dois momentos resumem-se a sua própria negação cultural e participação educativa como sujeito marginal, por que o único momento que se “apresenta” é na lei Leôncio de Carvalho que se constituía por idéias e programas pedagógicos direcionados ao ensino da noite, mesmo assim a Lei Saraiva retira todo esse “direito”. A relação clara deste contexto é o ensino médio no período da noite que é completamente articulado à margem da sociedade. Segundo Carneiro (1998:107): “...A re-identidade do ensino médio passa pela ruptura da ambigüidade entre academicismo e profissionalização. Busca-se a educação, não, o treinamento. O aluno vai-se educar a partir de uma nova base técnica que exige, crescentemente, uma progressiva capacidade no âmbito do pensamento lógico-abstrato. Com etapa terminal da educação básica, o ensino médio posiciona-se na perspectiva de uma escola básica reconceituada à luz da apropriação de inovações tecnológicas e organizacionais lastreadas por um substrato de conhecimento assegurado por uma formação básica comum e essencial” A educação hoje e sempre irá se fragmentar na sua proposta de mudança de contexto e da reavaliação dos sujeitos, enquanto não for ampliado o campo de visualização para a transformação do espaço e do tempo dos interesses do corpo docente, como para analisar questões que estão em ebulição a muito tempo: Por que os alunos não estão aprendendo? Educar para quê? Quem educa? Onde começa a educação? O que é aprender? Onde começa o aprender? Qual a minha posição quanto educadora na sociedade? Se pararmos para analisar com um educador, teremos respostas maravilhosas, no entanto totalmente desfragmentada e perdida no tempo com a realidade em que os sujeitos se encontram. Ser coerente é extremamente difícil, pois a cada dia afirmamos nossas incertezas para o outro. Podemos relevar a nossa condição social em que vivemos, por que a verdade nunca se apresentará de forma clara. Então parto do princípio que a educação nunca saiu de uma prática educativa que está voltada a tornar-se a cada minuto fora do compromisso de se perceber ao outro, que este me completa e que não realizo nada sozinho. Dando, assim o início de nunca garantiu a constante investigação de como está ocorrendo o processo de aprendizagem e investigação desses alunos. A busca pela cientificidade nas ciências humanas... Maria Julieta Weber Cordova espaço michel foucault – www.filoesco.unb.br/foucault 12 Como Mannoni (1977) que retifica seus ideais que não elaborar uma educação para disponibilizar uma receita única, mas propor um conhecimento que lhes forneça a dignidade de ler e interpretar o que está posto como claro e objetivo para nós sujeitos, como na escola ocorrem diversos conhecimentos que são digeridos no refeitório da instituição, onde se o ensino terminasse num prato de comida. Sendo a utopia vai neutralizar esses conflitos, por que o que está em questão é que a sociedade cria uma lenda e a partir disso, cria-se uma relação que vai surgir alguém para nos “salvar” da nossa situação de miséria. Sendo um fato natural que é ideológico na construção dessa dominação sobre os outros, como uma leitura que se fará com as categorias religiosas e dos poderes divinos e até mesmo para preservar a coesão da sociedade. Então esse paraíso que se criou entorno do sagrado e a descoberta do invisível, vai ser inserido no visível pelo europeu e suas concepções do que está escrito na Bíblia, assim passando a noção de que irão governar em Nome de Deus e até mesmo manter essa unidade e coesão. O contexto estipulado baseia-se na narrativa da fundação do Brasil, como a invenção do europeu, com isso seria dada um novo significado de sua realidade, não através do racional e sim o religioso, por que a sociedade não lê o mundo a partir do racional e sim do aspecto religioso. E assim muitas teorias, teóricos, projetos, leis enfim foram construídos para principalmente manter a unidade dos sujeitos em sociedade e pensamentos. Como para Durkheim que o mito não é neutro, carrega valores, idéias, ideais, facções de dominação, onde não se discute a idéia de classes de periferia e subúrbio. Traduzindo de forma coesa como Nidelcoff (1994:19): “Por isso, não se pode fazer uma mudança profunda na escola enquanto não se faça uma mudança social também profunda, que proponha novos ideais comunitários e pessoais como uma nova maneira de ver a realidade e a História”. A monografia é o detalhe de uma verdade que não está em lugar nenhum, mas sim possibilitando uma diretriz de coerência do que não se tem visto e percebido na educação. Logo, Foucault nos deixa nessa diretriz de que tudo que foi direcionado em nome de Deus, como forma de manipulação, pois não era educar ninguém, só era a cultura A busca pela cientificidade nas ciências humanas... Maria Julieta Weber Cordova espaço michel foucault – www.filoesco.unb.br/foucault 15 Pude perceber através desta pesquisa realizada ao que Foucault narra com as ambivalências que são construídas nos corpos em (1987:106): “Quanto aos instrumentos utilizados, não são mais jogos de representação que são reforçados e que se faz circular; mas formas de coerção, esquemas de limitação aplicados e repetidos. Exercícios, e não sinais: horários, distribuição do tempo, movimentos obrigatórios, atividades regulares, meditação solitária, trabalho em comum, silêncio, aplicação, respeito, bons hábitos. E finalmente, o que se procura reconstruir nessa técnica de correção não é tanto o sujeito de direito, que se encontra preso nos interesses fundamentais do pacto social: é o sujeito obediente, o indivíduo sujeito a hábitos, regras, ordens, uma autoridade que se exerce continuamente sobre ele e em torno dele, e que ele deve deixar funcionar automaticamente nele. Duas maneiras, portanto, bem distintas de reagir à infração: reconstruir o sujeito jurídico do pacto social- ou formar um sujeito de obediência dobrado à forma ao mesmo tempo geral e meticulosa de um poder qualquer” A educação é uma estrela que não tem luz própria, como Foucault em Ibidem, p. 155- 156 “....só recebem luz daquela parte do poder que lhes é concedida, ou do reflexo que mostram um instante”, onde sua iluminação assegura a garra do poder que exerce sobre os corpos, como o fato de ser visto sem cessar e de sempre poder ser visto, ao qual mantém o indivíduo no regime disciplinar. O pensamento de Foucault em Ibidem, p. 160, confirma que Vigiar e Punir e talvez educar é “Quanto mais o homem é detentor de poder ou de privilégio, tanto mais é marcado como indivíduo, por rituais, discursos, ou representações plásticas”. A busca pela cientificidade nas ciências humanas... Maria Julieta Weber Cordova espaço michel foucault – www.filoesco.unb.br/foucault 16 “Ser intelectual era um pouco ser a consciência de todos... Um novo modo de “ligação entre teoria e prática”, foi estabelecido. É o que eu chamaria de Intelectual “específico” por oposição ao Intelectual “Universal”. O intelectual era por excelência o escritor: consciência universal, sujeito livre, opunha-se àqueles que eram apenas competências a serviço do Estado ou do Capital (engenheiros, magistrados, professores) O professor e a universidade aparecem, talvez não como elementos principais, mas como “permutadores” Partindo da análise do Curso de Pedagogia, sua proposta é relevante no sentido de estar direcionada a uma nova visão de mundo e sociedade. Pois o núcleo central parte do questionamento das transições de educação. Logo resultando na exclusão e numa falsa perspectiva democrática nas instituições escolares. Quando mencionei a organização e estrutura do curso de pedagogia quis relacionar a desorganização de uma proposta curricular “flexível”, por que não foi proposto como uma construção. Por que vocês foram contra o principio da educação que é analisar o sujeito nas suas necessidades e não como um produto. Além disso, não adianta constatar “deficiências” de aprendizagem quando o “tempo para trabalhar aquele assunto, já se esgotou”. Michel Foucault ao mesmo tempo retoma o outro lado de uma moeda, por que esta dissertação busca analisar como principalmente ocorre uma trajetória de linhas educacionais, então se analisa um educadora e suas MICROFÍSICA de incoerências e na mesma moeda, podemos relacionar o que é realmente a formação de um educador quanto a nível superior, como esta mesma educadora já passou. Por isso, são propostas que não dilaceram nossa realidade, apenas buscam argumentos e não ações imediatas, portanto ficando sós na abstração dos fatos. A questão primordial para Foucault é que educar é rebater a estrutura padrão e o que somos, pois os valores que temos não foi algo que construímos. Mas está em busca do que poderemos ser, conseguindo no fim ser outra pessoa, daquilo que realmente colocamos como verdade, pois Foucault (1979:114): A busca pela cientificidade nas ciências humanas... Maria Julieta Weber Cordova espaço michel foucault – www.filoesco.unb.br/foucault 17 “A verdade aí não é aquilo que é, mas aquilo que se dá: acontecimento. Ela não é encontrada mas sim suscitada: produção em vez de apofântica. Ela não se dá por mediação de instrumentos, mas sim provocada por rituais, atraída por meio de ardis, apanhada segundo ocasiões: estratégia e não método.” E a todo o momento pensamos a Pedagogia à vida ou a conceitos?Outros estudantes virão como as escolas estarão longe de desaparecer como as cadeias, assim ambos surgirão com outros fins e outros protagonistas. Sendo que não será preciso que as instituições estejam vazias de intelectuais para que estejam desabitadas. Partindo de Ibidem, p.114“...a relação não é do objeto ao sujeito de conhecimento. É uma relação ambígua, reversível, que luta belicosamente por controle, dominação e vitória: uma relação de poder. Sendo assim a escola é uma estrutura lógica, pois é tácita ao marcar em seus sujeitos a forma correta de viver e reproduzir a sociedade existente, como Nidelcoff (1994:10 e 18) relata que “É inútil que nós, professores, tentemos ignorar a situação: as crianças chegam já com diferentes possibilidades, e as oportunidades que perderam são IRRECUPERÁVEIS.......a escola, como instituição, geralmente confirma e assegura a estrutura social”. Analisando a questão dual da educadora em questão quanto sua postura e identidade, busco a clareza que para Foucault (1979:29 e 34): “Cremos que nosso presente se cópia em intenções profundas, necessidades estáveis; exigimos dos historiadores que nos convençam disto. Mas o verdadeiro sentido histórico reconhece que nós vivemos sem referências ou sem coordenadas originárias, em miríades de acontecimentos perdidos....a dissociação sistemática de nossa identidade, bastante fraca contudo, que nós tentamos assegurar e reunir sob uma máscara, é apenas uma paródia: o plural o habita, almas enumeráveis nela disputam......não tem por fim reencontrar às raízes de nossa identidade” Em compasso ao Pensamento de Foucault traz a questão de como paulatinamente essa identidade tida como nossa de povo à nação foram construídas atrás de um véu, sem sua própria origem. Tendo com isso o exemplo mais claro é a questão é de ao mesmo tempo pertencer a uma humanidade e diferenciar-se desta, através de uma determinada origem não no aspecto global, como DAMATTA (2001:16)“ Mas como é que sei o que sou? Como posso discutir a passagem do ser humano que nasci ?. Para Stuart Hall a A busca pela cientificidade nas ciências humanas... Maria Julieta Weber Cordova espaço michel foucault – www.filoesco.unb.br/foucault 20 quando visualizei e refleti a fala da educadora ficou claro sua dicotomia, indecisão frente ao futuro maquiador e revelador de imposições que esperava essas crianças. Portanto, muitos desafios de homens haverão de surgir contra própria existência, para produzir e desconstruir saberes contra o todo processo maquiador que os próprios homens produziram para a dominação de outros homens, num processo de ação e reação. Neste espaço delimitado a educação torna-se mais uma relação de poder do que o próprio conhecimento, onde o homem não mais se estrutura na sua essência mais sim na sua existência como análise para suas descobertas e invenções. Referências bibliográficas CANDEIAS, Antonio “Modelos alternativos de escola na transição do século XIX para o século XX” in SOUZA, Cynthia Pereira, Catani, Denise Bárbara (Org.) [et al]: Práticas educativas, culturais, escolares a profissão docente. São Paulo: Editora Escritoras Editora, 131- 142p. CARNEIRO, Moacir Alves. LDB fácil: Leitura Crítico-Compreensiva: Artigo a Artigo. Petrópolis, Rio de Janeiro: Editora Vozes, 7º Edição, 220p. CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Editora Ática, 12º Edição, 440p. COETZEE, J. M. Desonra. Tradução de José Rubens Siqueira. São Paulo: Editora: Companhia das Letras, 246p. FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso: Aula inaugural no Collège De France, Promulgada em 12 de Dezembro de 1970.. 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